Avessos por natureza |
O processo de
comer carne parece envolver um aspecto psicológico mais complexo do que se
imaginava. Garantindo de antemão não ser vegetariano, Jonas Kunst, da
Universidade de Oslo (Noruega), verificou que nós damos nomes às carnes que as
distanciam da sua origem animal como forma de negação. Todas as vezes que os
pratos são associados - por palavras ou imagens - aos animais de onde se
originaram, diminui a propensão das pessoas em consumi-los. “A apresentação da
carne pela indústria influencia nossa vontade de comê-la. Nosso apetite é
afetado tanto pelo que chamamos ‘o prato’ que comemos, quanto por como a carne
nos é apresentada”, disse Kunst. Os pesquisadores apresentaram aos voluntários
diversos pratos, como filés de frango e frangos inteiros, carne de porco e
porco assado inteiro, e imagens em que os animais assados apareciam com e sem
cabeça - e mediram a associação e a empatia dos voluntários com os animais. Em
cada caso, eles também perguntaram aos participantes se queriam comer a
refeição ou preferiam escolher uma alternativa sem carne - nenhum dos
participantes era vegetariano. Sempre que a associação com o animal era direta
ou mais fácil, diminuía a propensão dos voluntários em optar pelo prato com
carne.
“Carnes altamente
processadas tornam mais fácil distanciar-se da ideia de que se trata de um
animal. Os participantes também sentiram menos empatia com o animal. O mesmo
mecanismo ocorreu com o porco assado decapitado. As pessoas pensavam menos
sobre ele ser um animal, sentiram menos empatia e menos nojo, e se mostraram
menos dispostas a optar por uma alternativa vegetariana”, escreveram os
pesquisadores.
Nota: É
interessante notar que Ellen White, escrevendo no século 19, dizia que o uso
frequente da carne de animais mortos dessensibiliza o ser humano. Está aí mais uma
pesquisa confirmando isso, em parte. A verdade é que não fomos criados para nos alimentar de animais, afinal, a morte não deveria existir. A dieta que Deus estabeleceu para o ser humano, lá no Éden, consistia de frutas e sementes. A autorização para o uso da carne foi emergencial, após o dilúvio, o que não significa que o ser humano deveria continuar usando esse tipo de alimento permitido. Quanto mais voltarmos ao propósito de Deus, também nesse aspecto, melhor. [MB]