terça-feira, dezembro 20, 2016

A importância da repetição no sucesso das mentiras

O fenômeno da "ilusão da verdade"
A máxima de que “basta repetir uma mentira para que ela se torne verdade” é uma das regras básicas da propaganda política, constantemente atribuída ao nazista Joseph Goebbels. Entre psicólogos, é conhecida como efeito da “ilusão da verdade”. Um experimento típico mostra como isso funciona: voluntários avaliam o quanto de verdade há em algumas afirmações triviais. Algumas delas são reais e outras são mentiras muito parecidas com a verdade. Após um intervalo de alguns minutos ou de algumas semanas, os participantes fazem o teste novamente, mas desta vez algumas das afirmações são novas. Os resultados mostram que as pessoas tendem a avaliar como sendo verdade afirmações que elas já ouviram antes, mesmo que sejam falsas. Isso porque simplesmente soam mais familiares. E assim, em um laboratório de alguma universidade ou instituto de pesquisa, parece estar a explicação para essa ideia de que basta repetir uma mentira para ela ser percebida como verdade.

Se você olhar à sua volta, vai perceber que todo o mundo - de publicitários a políticos - parece estar tirando partido dessa característica da psicologia humana. Mas se pudéssemos fabricar uma verdade apenas repetindo uma mentira, não haveria necessidade de tantas outras técnicas de persuasão que conhecemos. Um obstáculo é aquilo que já sabemos. Mesmo quando uma mentira parece plausível, por que deixaríamos de lado aquilo que sabemos só porque a ouvimos repetidamente?

Recentemente, uma equipe da Universidade de Vanderbilt, nos Estados Unidos, começou a testar como a “ilusão da verdade” interage com nossos conhecimentos anteriores. Eles usaram afirmações aos pares - uma verdadeira e outra falsa -, mas também as dividiram de acordo com a probabilidade de os participantes saberem a resposta. O grupo concluiu que a “ilusão da verdade” funcionou da mesma forma para as afirmações verdadeiras e para as falsas, o que sugere que o conhecimento anterior não evita erros de julgamento.

Para ter certeza de que estavam cobrindo todas as áreas, os pesquisadores então realizaram um estudo em que os participantes precisavam avaliar o grau de verdade de uma afirmação, de 1 a 6, e outro em que deviam apenas dizer “falso” ou “verdadeiro”. A repetição levou algumas afirmações ao topo da escala e aumentou as chances de classificá-las como verdadeiras - mesmo as frases falsas ganharam mais credibilidade.

A princípio, tudo isso parece ser uma enorme tragédia para a racionalidade humana. Mas precisamos olhar para os números quando interpretamos a ciência psicológica. O que os especialistas americanos de fato descobriram foi que a maior influência na decisão de um julgamento sobre uma afirmação ser verdadeira era justamente o fato de ela ser verdadeira.

A repetição não conseguiu mascarar a verdade - com ou sem ela, as pessoas ainda tinham mais propensão a acreditar nos fatos do que nas mentiras. Isso mostra algo fundamental sobre a maneira como atualizamos nossas crenças: a repetição tem o poder de fazer algo parecer mais verdadeiro, mas não se sobrepõe ao conhecimento.

Sendo assim, nos perguntamos: Por quê? A resposta está relacionada com o esforço necessário para sermos rigidamente lógicos sobre qualquer informação que nos chega aos ouvidos. Como precisamos fazer julgamentos rápidos, usamos atalhos - heurísticas que estão mais certas do que erradas. Confiar na frequência com que ouvimos algo é apenas uma estratégia. Qualquer universo onde a verdade é repetida mais vezes do que a mentira terá isso como pressuposto para se julgar uma afirmação.

Nossa mente é presa fácil para a “ilusão da verdade” porque nosso instinto é usar atalhos para fazer esse julgamento - isso funciona na maioria das vezes.

Agora que já conhecemos esse efeito, podemos ficar mais atentos. Uma boa maneira é se perguntar por que acreditamos no que acreditamos: Será que se trata de algo plausível porque é verdade ou apenas porque foi repetido várias vezes?

Mas outra maneira é reconhecer nossa obrigação de parar de repetir mentiras. Vivemos em um mundo onde os fatos são importantes e precisam ser importantes. Se repetirmos coisas sem nos preocuparmos com sua veracidade, estaremos apenas ajudando a fazer deste um mundo onde mentiras e verdades se confundem com facilidade.

Portanto, por favor, pense bem antes de repetir o que ouviu.

(Tom Stafford é psicólogo e cientista da cognição na Universidade de Sheffield, na Grã-Bretanha; BBC Brasil)

Nota: Agora imagine o estrago entre uma população que adora pensar por meio de atalhos, acostumada ao pensamento superficial, automático e não reflexivo; submetida à constante repetição de conceitos evolucionistas, espiritualistas e marxistas por meio de uma mídia comprometida com esse tipo de conteúdo/filosofia. Somente a verdade que liberta (João 8:32), levada no poder do Espírito Santo, tem poder para quebrar esse encanto quase invencível. Se uma mentira repetida mil vezes torna-se uma “verdade”, a verdade acompanhada do poder que lhe é peculiar pode afastar toda mentira. Escolha bem os conteúdos aos quais você será exposto. É bem melhor ter contato diário, constante com a verdade que liberta, do que com a mentira que ilude. Sugiro que você assista ao vídeo abaixo para ter uma ideia do que está envolvido nesse conflito ideológico que assola o planeta. [MB]