segunda-feira, janeiro 23, 2017

A Bíblia não é um livro científico, mas...

Um livro confiável
As diversas áreas de estudo e as ferramentas da ciência nos fornecem subsídios para ler e interpretar a Bíblia com outros olhos. Gosto de usar a metáfora dos “dois livros do Criador” conhecida originalmente pela afirmação do físico e astrônomo italiano Galileu Galilei. No ano de 1613, em uma carta de Galileu Galilei endereçada a Benedetto Castelli, Galilei disse que tanto a natureza quanto a Bíblia são obras de Deus; são, portanto, dois livros desprovidos de erro e não podem se contradizer.[1: p. 282] No entanto, para Galilei, a natureza e a Bíblia são dois livros escritos em linguagens diferentes, com finalidades diferentes, não se podendo lê-los da mesma forma. Por sua vez, em 1905 a escritora cristã Ellen White, a fim de demonstrar que não há conflito real entre ciência e Bíblia, disse o seguinte: “Na verdadeira ciência, nada pode haver que esteja em contradição com o ensino da Bíblia; uma vez que procedem ambas do mesmo Autor, a verdadeira compreensão delas demonstrará sua harmonia.”[2: p. 462] Concordo com os dois autores citados acima ao afirmar que ambos os livros se complementam.

Os “pais da ciência”, ao longo do tempo, partiram da Bíblia para investigar o cosmos e nosso planeta, assim como seus fenômenos, sem deixar de lado a submissão a Deus. O astrônomo inglês Sir Frederick William Herschel (1738-1822), que descobriu o planeta Urano, certa vez disse: “Todas as descobertas humanas parecem ter sido feitas com o único propósito de confirmar fortemente as verdades contidas nas Sagradas Escrituras.”[3] Embora a Bíblia não seja um livro científico nem tenha sido escrita com esse propósito, ela apresenta verdades que podem ser consideradas “científicas”. Quando a Bíblia é posta à prova em relação aos aspectos nela relatados, cedo ou tarde finalmente esses fatos são comprovados. A seguir, vejamos alguns desses “fatos científicos” que podem ser encontrados nas Sagradas Escrituras:

As correntes marítimas – No Salmo 8:8, o rei Davi já falava de “caminhos nos mares” (escrito 2.800 anos antes). Isso estimulou Matthew Maury, oceanógrafo e pesquisador marítimo, considerado o “pai da oceanografia moderna e da meteorologia naval”, a descobrir “rios submarinos”, ou seja, as correntes marinhas que hoje conhecemos e que influenciam a natureza por onde passam.

A Terra é redonda – Isaías 40:22 já se referia à Terra como sendo redonda. Mas só no século 15 grandes navegadores como Cristóvão Colombo o provaram na prática, confirmando mais uma vez que a Bíblia estava certa.

O ar tem peso – Jó 28:25 já afirmava que o ar tem peso. Embora a atmosfera seja invisível e aparentemente desprovida de peso, ela, na verdade, tem peso e massa. O barômetro, instrumento usado para medir a pressão atmosférica, só foi inventado em 1643, entretanto, a Bíblia já declarou antes disso que o ar (ou a atmosfera) tem peso.

O universo foi criado do nada – Hebreus 11:3 afirma que “pela fé compreendemos que o universo foi criado por intermédio da Palavra de Deus”. Esse ensinamento bíblico foi atacado tanto pela filosofia grega quanto pelo ateísmo moderno. Mas o descobrimento da relatividade geral na segunda década do século 20 foi seguido por estudos de suas consequências cosmológicas. Tais estudos indicavam que o universo (o espaço-tempo) teve uma origem e se expande desde então (modelo do Big Bang). As primeiras evidências observacionais dessa expansão foram reunidas em 1927 e depois confirmadas por observações independentes em 1929, apoiando o relato bíblico.

O planeta está suspenso sobre o nada – Jó 26:7 diz que “Deus suspende a Terra sobre o nada”. Isso era inadmissível naquela época, quando se pensava que a Terra era carregada pelo deus Atlas ou por um grande animal que o sustentava em seus ombros (1.500 a.C.). Jó, ao contrário, já sabia que a Terra não estava suspensa sobre nada que fosse material, mas sobre um vazio, exatamente como os satélites mostram o nosso planeta. Os naturalistas da época só descobriram que a Terra não era sustentada por nada em 1650.

Os quatro pontos cardeais – A Bíblia usa a expressão “extremidade da terra” como sendo “até à parte mais distante da terra”. Isso não sugere que a Terra seja plana ou que tenha beiradas. 1 Crônicas 9:24 diz: “Os porteiros estavam aos quatro lados; ao oriente, ao ocidente, ao norte, e ao sul.” Em Isaias 11:12 vemos: “E levantará um estandarte entre as nações, e ajuntará os desterrados de Israel, e os dispersos de Judá congregará desde os quatro confins da terra.” De igual modo, vemos em Jeremias 49:36 o seguinte: “E trarei sobre Elão os quatro ventos dos quatro cantos dos céus, e os espalharei na direção de todos estes ventos; e não haverá nação aonde não cheguem os fugitivos de Elão.”

A humanidade sempre se direcionou pelos astros. Os rumos dos ventos são conhecidos desde a Grécia Antiga. Durante a Idade Média, esses rumos ganharam nomes relacionados com as localidades próximas ao Mediterrâneo: Tramontana (norte), Greco (nordeste), Levante (leste), Siroco (sudeste), Ostro (sul), Libeccio (sudoeste), Ponente (oeste) e Maestro (nordeste). No século 14, os mapas portulanos começaram a usar essas direções de forma mais sistemática para navegação marítima.

As dimensões da arca de Noé – Em Gênesis 6, Deus revelou a Noé as dimensões da arca que ele deveria construir. Em 1609, em Hoor, na Holanda, um navio foi construído de acordo com essas medidas (30:5:3), revolucionando a engenharia naval. Em 2013, Cientistas da Física da Universidade de Leicester calcularam as dimensões para a construção da arca de Noé e descobriram que ela não poderia navegar, mas poderia flutuar com segurança devido à sua forma retangular, e acomodaria perfeitamente todos os tipos básicos. Thomas Morris, coautor do estudo, disse: “O que está relatado [na Bíblia] definitivamente funciona.” (Clique aqui para saber mais.)

A existência de Babilônia – Muitos estudiosos alegavam que a Babilônia era um reino fictício, fruto de uma “mitologia” bíblica, até que arqueólogos encontraram vários indícios de sua existência em artefatos que comprovavam o contexto bíblico e, mais tarde, acharam a própria cidade-estado que já foi uma das mais poderosas de sua época no mundo então conhecido, no atual território do Iraque. (Clique aqui e aqui para saber mais.)

Leis meteorológicas – A Bíblia descreveu o “ciclo” de correntes de ar dois mil anos antes de os cientistas o descobrirem: “O vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento, e volta fazendo os seus circuitos” (Eclesiastes 1:6). Atualmente, já está bem estabelecido cientificamente que o ar ao redor da Terra gira em gigantescos circuitos, no sentido horário em um hemisfério e no sentido anti-horário no outro hemisfério.

Ciclo da água – A água evapora de oceanos ou outras fontes e cai no solo em forma de chuva, neve ou granizo, alimentando os rios e nascentes (Jó 36:27, 28; Eclesiastes 1:7 e 11:3; Isaías 55:10; Amós 9:6). Cientistas já descobriram sobre isso, inclusive essas informações constam em livros didáticos de ensino fundamental. Já os gregos antigos acreditavam que era a água de oceanos subterrâneos que alimentava os rios. No século 18 ainda se acreditava nisso.

Fogo no interior da terra – Em Jó 28:5 é dito que “a terra, da qual vem o alimento, é revolvida embaixo como que pelo fogo”. Hoje já conhecemos bem a representação esquemática, presente em livros didáticos, do núcleo terrestre e sua composição magmática.

O barro e a origem da vida – A Bíblia também afirma que o homem foi formado do pó da terra (Gn.2:7) e do barro (Jó 33:6), fato este que era motivo de escárnio por parte dos darwinistas pelo menos até recentemente, quando os cientistas descobriram que os ingredientes necessários para fazer um ser humano podem ser encontrados no barro. Em 2003, uma pesquisa publicada na revista Science sugeriu que, tal como é relatado na Bíblia, a vida na Terra possivelmente tenha surgido do barro. Essa foi a forma mais “cientificamente correta” de dizer que a Bíblia acertou exatamente o alvo! Também é bom lembrar que, quando morremos, nosso corpo volta ao pó novamente (Gn 3:19). (Clique aqui para saber mais.)

A diabetes – Em Provérbios 25:27, o rei Salomão advertia que comer muito mel não é bom. O mel também contém sacarose (carboidrato), além de outros tipos de açúcar (frutose e glicose), sendo desaconselhado seu uso generalizado como substituto do açúcar comum. Hoje já se sabe que, em excesso, o mel, assim como o açúcar cristal e o mascavo, também engorda e faz subir o açúcar no sangue. A vantagem no uso do mel é que, enquanto o açúcar de mesa não contém vitaminas nem sais minerais, o mel possui. Estudo publicado em 2009 na International Journal of Food Sciences and Nutrition concluiu: “O consumo cauteloso desse alimento por pacientes diabéticos é recomendado.” Portanto, realmente funciona o conselho bíblico dado por Salomão.

Alimentos limpos e imundos – Em Levítico 11, Deus fala sobre alimentos limpos e imundos. Hoje em dia, a Organização Mundial da Saúde tem regras estritas para a exportação da carne de porco, pelo fato de esta apresentar risco muito elevado de doenças. Já foi verificado também que outras carnes proibidas por Levítico, como mariscos e outros frutos do mar, também transmitem variedade de doenças. (Clique aqui para saber mais.)

Práticas de higiene – As leis de saúde dadas à nação de Israel incluíam regulamentos sobre se lavar depois de tocar num cadáver, isolar pessoas com doenças infecciosas e eliminar fezes humanas de forma segura (Levítico 11:28; 13:1-5; Deuteronômio 23:13). Por outro lado, na época em que esses regulamentos foram dados aos israelitas, os egípcios tratavam as feridas abertas com uma mistura que continha excremento humano.

Jejum e a longevidade – Os judeus e cristãos há milhares de anos se utilizam da prática do jejum para o benefício da saúde física e espiritual. O primeiro jejum coletivo na Bíblia aparece em Juízes 20:26: “Então todos os filhos de Israel, e todo o povo, subiram, e vieram a Betel e choraram, e estiveram ali perante o Senhor, e jejuaram aquele dia até à tarde.” Por muito tempo os céticos ridicularizaram os cristãos devido essa prática bíblica. Até que em 3 de outubro de 2016, a Assembleia Nobel no Instituto Karolinska premiou Yoshinori Ohsumi com o Nobel de Fisiologia ou Medicina por suas descobertas dos mecanismos de autofagia. Ele descobriu que o jejum ativa mecanismos de autodefesa das células que garantem a elas maior longevidade. O segredo está na autofagia, um mecanismo importante de autolimpeza que existe em todas as células de nosso corpo. Segundo explica Soraya Smaili, professora livre-docente da Escola Paulista de Medicina, “o jejum induz a autofagia [...] e a autofagia induz a longevidade. A busca agora é entender a conexão entre a autofagia ativada pelo jejum e a longevidade das células”. Smaili acrescenta que jejum adequado é aquele de 12 e no máximo 24 horas. Logo, o jejum tem o poder de desintoxicar o organismo e deixar a mente mais clara, daí porque ele faz parte das práticas espirituais. (Saiba mais aqui.)

Vinho e sua proibição – Existem vários termos na Bíblia que são traduzidos como vinho (suco de uva) ou bebida forte. Todos os vinhos embriagantes e as demais bebidas fortes são tidas na Bíblia como mortíferas (Pv 23:29-32) ou alvoroçadoras (Pv 20:1; Ef 5:18) e impróprias para o consumo daqueles que seguem a sabedoria e a justiça (Pv 23:20, 31, 32 e Pv 31:4). Só há um tipo de vinho que é bênção do Senhor: tyrosh, o puro suco da uva recém-espremida. Isaías 65:8 diz: “Assim diz o Senhor: Como quando se acha vinho (tyrosh) num cacho de uvas, dizem: Não o desperdices, pois há bênção nele.” Já os críticos e céticos da Bíblia por muito tempo ridicularizaram os que seguiam os conselhos bíblicos de não ingerir bebida alcoólica. A mídia frequentemente tem reportado que uma taça de “vinho” protege as pessoas contra as doenças do coração. Porém, estudo publicado na revista Science em 2006 revelou que a substância que realmente traz benefícios para o ser humano é o composto natural do suco da uva chamado de “resveratrol”. E, em 2012, pesquisa publicada na Circulation Research mostrou que apenas o vinho tinto “não alcoólico” faz reduzir significativamente os níveis de pressão arterial nos homens em comparação com os vinhos alcoólicos.

Quer conhecer mais fatos científicos contidos na Bíblia? Leia os seguintes livros:
Ray Comfort, Scientific Facts in the Bible: 100 Reasons to Believe the Bible is Supernatural in Origin (Newberry, FL: Bridge-Logos Publishers, 2001. 95p);
Magno Paganelli, Ciência e Fatos Bíblicos (Belo Horizonte, MG: Dynamus, 2004. 124p).

(Everton Alves)

Referências:
[1] Galilei, G. Lettera a Benedetto Castelli. In: Favaro, A. (Ed.). Edizione nazionale delle opere di Galileo Galilei. Firenze: Barbèra Editore, 1932 [1613]. v. 5, p. 281-8.
[2] White EG. The ministry of healing. Washington, D.C: Riview and Herald Publishing, 1905. 541p.
[3] Herschel J. In: Morris HM. Men of Science, Men of God. El Cajon, CA: Master Books, 1982, p.42.