segunda-feira, fevereiro 06, 2017

Ciência e religião combinam?

Sim, quando corretamente entendidas
O famoso químico ateu Peter Atkins, ex-professor de Oxford, declarou certa vez que “ciência e religião são coisas quase completamente incompatíveis”. Outros mais radicais diriam “completamente incompatíveis”. Será? A quem deveríamos dar mais crédito: ao pregador no púlpito ou ao cientista no laboratório? Existem três maneiras de resolver a questão: (1) Assumir que as duas jamais se conciliam, pois a ciência é baseada em fatos e evidências, enquanto a religião é baseada na fé e na ignorância; (2) assumir que elas se conciliam desde que cada uma fique na sua área sem uma dar palpite na área da outra; (3) assumir que a verdadeira religião não conflitará nunca com a verdadeira ciência, pelo contrário, ambas serão complementares.

Antes de optar por uma dessas respostas alternativas, é bom que você saiba que a ideia de conflito entre ciência e religião é uma invenção relativamente recente. Desde que a humanidade inventou a escrita, já se passaram aproximadamente mais de cinco mil anos de história. Em todo esse período, a maioria absoluta dos estudiosos da natureza estava em paz com Deus e não via problemas em enxergar na natureza a ação de uma divindade.

Mesmo quando nasceu a chamada ciência moderna no século 16, ela ainda andava de mãos dadas com o Criador. Foi somente a partir de 1860 que pequenos grupos de cientistas, liderados por Thomas H. Huxley, organizaram-se com o propósito de acabar com o domínio cultural do cristianismo, especialmente na Inglaterra.

Quer um exemplo? Você já ouviu contarem como Colombo teve de convencer os monarcas espanhóis de que ele não cairia no abismo se navegasse continuamente para o horizonte? Isso sempre soou como uma boa história, mas hoje os historiadores reconhecem que isso é um mito. Tal coisa nunca aconteceu. [Confira aqui.]

E quem criou ou pelo menos popularizou essa fantasia foram justamente dois autores, John Draper e Andrew White, cujo propósito era desacreditar a religião para as pessoas. Eles afirmavam que os cientistas diziam que a Terra era redonda, enquanto teólogos ensinavam que era quadrada. White, diga-se de passagem, fundou a universidade de Cornell, uma das primeiras instituições seculares de ensino da América.