sexta-feira, fevereiro 03, 2017

Trump e a separação entre igreja e Estado

Uma união perigosa
O presidente norte-americano prometeu, nesta quinta-feira, destruir uma lei que limita a participação e o apoio a atividades políticas de grupos religiosos, garantindo que vai proteger a liberdade religiosa. “Vou acabar (com ela) e destruirei totalmente a ‘emenda Johnson’ e permitirei que os nossos representantes da fé falem livremente e sem temer represálias”, afirmou Donald Trump, no discurso proferido no National Prayer Breakfast, em Washington. Esse ato mistura política e religião e é realizado tradicionalmente na primeira quinta-feira de fevereiro. A chamada “emenda Johnson”, introduzida pelo então senador Lyndon B. Jonhson em 1954, que foi posteriormente presidente dos Estados Unidos (1963-1969), estabelece que os credos religiosos e outras organizações isentas de impostos não estão autorizados a fazer campanha ou apoiar abertamente candidatos a cargos políticos.

Em seu discurso, Trump alertou que a liberdade religiosa é “um direito sagrado”, que está atualmente “sob ameaça”, tanto nos Estados Unidos quanto no resto do mundo. “O terrorismo é uma ameaça fundamental à liberdade religiosa”, sublinhou.

Trump disse que sua administração fará “tudo o que é possível” para “proteger a liberdade religiosa” no país e que os Estados Unidos “devem ser sempre uma sociedade tolerante onde todos os credos sejam respeitados”.

Donald Trump defendeu que os norte-americanos têm que se sentir seguros e lembrou que começou a tomar “ações necessárias” para alcançar esse objetivo, numa aparente alusão à ordem para impedir temporariamente a entrada nos Estados Unidos de todos os refugiados e cidadãos de sete países de maioria muçulmana (Iraque, Irã, Líbia, Síria, Somália, Sudão e Iêmen).

“Nossa nação tem o sistema de imigração mais generoso do mundo”, e muitos querem aproveitar-se disso “para minar os valores que tanto queremos” ou com o propósito de “espalhar a violência”, denunciou.

O presidente norte-americano adiantou, sem pormenorizar, que “nos próximos dias, vai ser desenvolvido um sistema para garantir” que as pessoas autorizadas a entrar no país “abracem plenamente os valores de liberdade religiosa e pessoal”.

“Queremos que as pessoas entrem em nossa nação, mas queremos quem nos ama e aos nossos valores, não quem nos odeia”, afirmou.

Nota: O jornal The Independent, do Reino Unido, noticiou com exatidão as palavras do presidente norte-americano: “Donald Trump destruirá uma lei com 60 anos que separa Estado e igreja nos EUA”! Quando essa união se estabelece, as minorias religiosas sempre sofrem. Uma igreja (ou a união das que estão de acordo) passa a dominar o cenário político. A malignidade dessa união pôde ser vista na Idade Média, por exemplo, quando a igreja oficial teve poderes quase sem limites, condenando e punindo os “hereges” e discordantes. Num tempo em que as represálias e o ódio se voltam para os que são considerados “fundamentalistas, a igreja ter o apoio do Estado fará com que esses religiosos personas non gratas sejam cada vez mais hostilizados. O perigo estará nas generalizações insanas...

É interessante notar o movimento pendular da história orquestrada. Ao passo que o governo Obama favoreceu as pretensões da esquerda, em seu apoio a causas como o feminismo, o homossexualismo, o aborto e mesmo ao islamismo, entra agora em cena um governo de orientação direitista, procurando desfazer muita coisa feita pelo governo anterior e contando com o apoio de uma significativa parcela insatisfeita da população. O esquerdismo intenta contra muitos valores caros ao cristianismo, mas o direitismo religioso é duro, inflexível e perseguidor de minorias “não alinhadas”. Para os que querem viver fielmente os princípios bíblicos, será uma questão de fogo ou frigideira. A única esperança virá do Alto.


“No movimento ora em ação nos Estados Unidos a fim de conseguir para as instituições e usos da igreja o apoio do Estado, os protestantes estão a seguir as pegadas dos romanistas. Na verdade, mais que isto, estão abrindo a porta para o papado a fim de adquirir na América protestante a supremacia que perdeu no Velho Mundo” (O Grande Conflito, p. 573). 


“Quando as igrejas protestantes se unirem com o poder secular para amparar uma religião falsa, à qual se opuseram os seus antepassados, sofrendo com isso a mais terrível perseguição, então o dia de repouso papal será tornado obrigatório pela autoridade mancomunada da Igreja e do Estado. Haverá uma apostasia nacional que só terminará em ruína nacional” (Evangelismo, p. 234 e 235). 


“Quando o Estado usar seu poder para impor os decretos e amparar as instituições da Igreja – então a América Protestante terá formado uma imagem do papado e haverá uma apostasia nacional que só terminará em ruína nacional” (SDA Bible Commentary, v. 7, p. 976). 


“Devemos estudar os grandes sinais da estrada que indicam os tempos em que vivemos. [...] Devemos orar agora com o máximo fervor para estarmos preparados para as lutas do grande dia da preparação de Deus” (Carta 97, 1895).