domingo, março 19, 2017

Carne podre: temos que dar mais valor ao que sabemos

Não é por falta de conhecimento
A revista Veja Rio desta semana divulgou o lançamento do livro Você Pode Ser Feliz Comendo, da terapeuta e pós-graduada em gastronomia funcional Karen Couto. Karen, que atende famosos como a atriz Alinne Moraes, diz ser uma pessoa “muito espiritualizada” e dá algumas dicas no livro, entre as quais esta: “Não misture frutas com comida, nem sucos. Esse é um ensinamento da Igreja Adventista, entidade que entende tão bem de alimentação quanto a medicina chinesa.” Não é a primeira vez que um famoso ou alguém que não pertence à Igreja Adventista fala da importância dos ensinamentos adventistas sobre saúde. No ano passado, o DJ KL Jay disse ter comprado um livro adventista de um colportor e deixado de comer carne depois da leitura do material (confira aqui). É como se as “pedras” estivessem clamando...

Na semana passada, a venda de carnes contaminadas, vencidas, com substâncias cancerígenas e misturadas com papel ganhou as páginas de jornais e revistas e tomou conta das redes sociais. Inúmeros memes foram criados quase instantaneamente, evidenciando mais uma vez a criatividade do brasileiro. O tema virou piada, mas a coisa é séria. Há mais de cem anos, a escritora inspirada Ellen White já havia dado o recado: “A carne nunca foi o alimento melhor; seu uso agora é, todavia, duplamente objetável, visto as moléstias nos animais estarem crescendo com tanta rapidez. [...] Quando os que conhecem a verdade tomarão atitude ao lado dos princípios corretos para o tempo e a eternidade? Quando serão fiéis aos princípios da reforma de saúde? Quando aprenderão que é perigoso usar alimentos cárneos? Estou instruída a dizer que, se em algum tempo foi seguro comer carne, não o é agora” (Conselhos Sobre o Regime Alimentar, p. 384).

A Sra. White já dizia, inclusive, que a carne contém elementos cancerígenos – isso que no tempo dela os animais viviam livres, comendo basicamente pasto. Os anos passaram e hoje existem inúmeros estudos que comprovam cientificamente os malefícios da dieta cárnea. Destaque para as pesquisas da Universidade de Loma Linda, na Califórnia, e o Estudo Advento, da USP.

O médico brasileiro Hildemar Santos é professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de Loma Linda, e escreveu em 2015 um artigo intitulado “A carne é fraca”, curiosamente, quase o mesmo nome da operação da Polícia Federal que desmantelou o esquema de venda e distribuição de carnes estragadas e contaminadas. Na época, o Dr. Hildemar lembrou que a Organização Mundial de Saúde havia apresentado um relatório colocando a carne processada na classe 1 de carcinogênicos, o que apontou como fator definitivo para o câncer do intestino carnes tipo salsichas, linguiças, presunto, bacon, hambúrguer e mortadela.

O mesmo relatório classificou a carne vermelha como fator provável para o câncer, e colocou a carne processada na mesma posição que o cigarro e o álcool como fatores cancerígenos definitivos. “A gordura saturada da carne aumenta o colesterol e a presença de ácidos graxos livres os quais bloqueiam os receptores celulares de insulina, causando aumento da glicose no sangue. As carnes defumadas e o churrasco, ou carne assada num sistema em que a gordura derrete, é superaquecida e produz fumaça que impregna a carne com benzopireno, o qual é uma das substâncias cancerígenas do cigarro”, explica o médico.

O Dr. Hildemar conta que um dia encontrou uma pessoa que admitiu: “Trabalho em um matadouro local [nos Estados Unidos] e tenho visto todo o tipo de animais mortos. Muitas vezes uma vaca é sacrificada porque está muito doente e sua carne é extraída e enviada para o açougue. Se a carne já está contaminada aí é enviada para a fábrica de salsichas ou carne processada, onde é misturada com químicos que tiram o cheiro, retornam a cor vermelha e mantêm a textura. Em minha opinião, esta é a causa de câncer: carne de vaca deteriorada, mas recuperada com químicos.”

Como se pode ver, a venda de carnes duvidosas não é privilégio do Brasil e é uma prática de longa data. Os últimos fatos divulgados na mídia apenas servem novamente de alerta e podem ajudar a motivar algumas pessoas a fazer mudanças em seu estilo de vida. Para os adventistas, isso não deveria ser novidade, afinal, há mais de cem anos sabemos que “cânceres, tumores e toda enfermidade inflamatória são causados em grande parte pelo alimento cárneo. Segundo a luz que Deus me deu, a predominância do câncer e dos tumores é em grande parte devida ao uso abundante de carne de animais mortos” (Ellen G. White, Conselhos Sobre o Regime Alimentar, p. 388, texto originalmente escrito em 1896).

É bom saber que pessoas que não pertencem à Igreja Adventista, como a terapeuta Karen Couto, estão reconhecendo o tesouro que Deus legou à Sua igreja e sendo beneficiadas por esse conhecimento. Quando será que os destinatários primários desse presente darão a ele o devido valor?

Michelson Borges