segunda-feira, março 20, 2017

Cinto de castidade, Galileu e a Terra plana

Outra mentira iluminista
A imagem do cavaleiro medieval que parte rumo às Cruzadas e deixa para trás sua amada alegre e bonita, protegida por um cinto de castidade, não passa de uma mentira histórica e de um mito surgido no século 18 para ressaltar o obscurantismo medieval. Esse é o argumento da exposição “Histórias Secretas do Cinto de Castidade. Mito e Realidade”, que ficará em cartaz até agosto no Museu Katona József de Kecskemét, ao sul de Budapeste, capital da Hungria. Na mostra, aberta apenas para maiores de 16 anos, estão expostos 20 exemplos desses cinturões para explicar como o mito foi cunhado durante o Iluminismo. No museu, os visitantes se deparam com brutais objetos de cadeados e orifícios protegidos por dentes de metal, e a primeira pergunta que surge é como as suas usuárias poderiam sobreviver a eles. “O mito do cinto de castidade surgiu durante o Iluminismo para que esse movimento se afirmasse como superior à Idade Média, que seria a era da obscuridade”, explica Katalin Végh, subdiretora do Museu Katona József. A mitificação foi apoiada pela Grande Enciclopédia Francesa, editada a partir de 1751. O livro assegurava que o uso do cinto era generalizado na Idade Média. E o mito se consolidou como verdade. [...]

Seu uso difundido na Idade Média pode não passar de uma grande mentira, na qual se acreditou até a década de 1990. A lenda foi alimentada, em todos esses séculos, não só pelo populacho, mas também por especialistas, em artigos científicos e mesmo em museus. O próprio Museu de Medicina Semmelweis em Budapeste, de onde provêm os objetos expostos na nova mostra, reconhece a responsabilidade dos museus na criação desse mito e afirmou que essas instituições não só conservam o passado, mas às vezes também uma história imaginária. E o passado, como o presente, está sempre em mutação.

Instituições como o British Museum, de Londres, e o Germanisches Nationalmuseum de Nuremberg, na Alemanha, possuíam e expunham coleções de cintos de castidade até a segunda metade dos anos 90, quando pesquisadores passaram a buscar a data de fabricação dos acessórios e descobriram que eles não passavam de falsificações feitas no século 19.

Vários pesquisadores, como Benedek Varga, diretor do Museu de Medicina Semmelweis, questionaram o mito, realizando pesquisas históricas, literárias e científicas. A conclusão é que, na literatura medieval, inclusive em autores de textos eróticos, como Boccaccio e Rabelais, o cinto de castidade aparece muito poucas vezes e sempre com um claro sentido simbólico. O mito do cinto de castidade tem também a sua origem nos textos da Roma clássica sobre fitas, cinturões e cordas de castidade, e de Vênus. Mas, segundo os pesquisadores atuais, não são mais do que elementos simbólicos e metafóricos – e não descrições de objetos reais.

De fato, e é o que defende a mostra de Budapeste, basta observar os acessórios para perceber que seria impossível utilizá-los por um longo tempo. Por um lado, o uso dos objetos poderia causar ferimentos, inclusive mortais, e isso quando não impedissem a higiene pessoal a ponto de provocar infecções. Por outro, os cadeados poderiam ser abertos facilmente, o que depõe contra a ideia de assegurar a fidelidade da mulher na marra.


Nota: Talvez você esteja se perguntando por que coloquei Galileu e o mito da Terra plana lá no título. Já explico. Antes, vou comentar um pouco a notícia acima. Não é de hoje que se sabe que os iluministas fizeram de tudo para “queimar o filme” dos pensadores medievais e, especialmente, da igreja e dos religiosos. A Igreja de Roma cometeu barbaridades históricas? Sim, disso todo mundo sabe. A Inquisição, a caça às bruxas e a queima de livros são exemplos disso. Mas temos que reconhecer, também, a contribuição do catolicismo, por meio de seus mosteiros, no sentido de preservar muito da cultura e do conhecimento da Antiguidade. Os iluministas ateus, em seu afã de pintar a Idade Média como a “era das trevas” e os religiosos como seres de mente estreita, desceram tanto o nível que chegaram ao ponto de inventar e promover mentiras deslavadas. Uma foi essa dos cintos de castidade. Outra foi a deturpação do clássico embate entre Galileu e a igreja (leia detalhes aqui). A verdade é que o astrônomo italiano nunca se insurgiu contra a Bíblia. Assim como Copérnico e Newton, Galileu era profundamente religioso e respeitava as Escrituras Sagradas. O caso de Galileu foi contra o geocentrismo aristotélico abraçado pelos teólogos católicos. Portanto, Galileu foi contra Aristóteles, jamais contra a Bíblia, nem tampouco, necessariamente, contra a igreja. Mas era útil o mito de que a ciência brigou com a religião. Na verdade, muitos desavisados e outros mal-intencionados continuam divulgando o mito para manter o clima belicoso entre religiosos e cientistas. E quanto à Terra plana? É a mesma coisa. Leia este texto e depois volte aqui. Como você pôde perceber (se leu o texto), é falsa a ideia de que na Idade Média todo mundo achava que a Terra era plana e que a igreja teria contribuído para espalhar essa inverdade. Inverdade é afirmar isso. A Bíblia não fala em Terra plana (leia mais aqui e aqui). E esse mito também serviu para que os iluministas e, depois, os evolucionistas caracterizassem os crentes como ignorantes. Lamentavelmente, há pessoas em pleno século 21 servindo de “bobos úteis” do materialismo, defendendo novamente o mito da Terra plana. Pensam que estão “abafando” e defendendo a Bíblia, quando, na verdade, estão é servindo de joguete para, uma vez mais, desacreditar o cristianismo. [MB]