segunda-feira, março 13, 2017

Podemos confiar na Bíblia?

Como ela chegou até nós?
Não é raro que alguém coloque em dúvida a confiabilidade na tradição escriturística que preservou a Bíblia até nossos dias. A principal razão da suspeita está no fato de que não temos nenhum original do texto bíblico, mas apenas cópias posteriores que supostamente teriam sido alteradas. O que muitos não sabem, porém, é que existe um acurado e exaustivo trabalho crítico-textual empregado em torno do texto bíblico. Neste artigo, vamos falar especificamente do Novo Testamento. Ao todo, são mais de 5.600 manuscritos neotestamentários, espalhados em museus e bibliotecas do mundo inteiro. Eles podem estar em forma de citações, códices, ou até mesmo fragmentos de 6 x 8 centímetros, como é o caso do Papiro 52, depositado na Biblioteca de Rylands, em Manchester. Mesmo que não tenhamos hoje nenhum texto original saído das mãos do escritor bíblico e que todos os manuscritos contenham variantes textuais a ponto de não existirem nem mesmo dois manuscritos perfeitamente iguais, podemos, ainda assim, dizer que foi possível conseguir reconstituir com precisão cerca de 90% do texto que saiu das mãos do autor. Os 10% restantes são elementos não tão importantes que ainda constituem fonte de discussão entre os especialistas. É o caso, por exemplo, do binômio Gadara/Gerasa, ou da terminação do evangelho de Marcos.

As duas edições manuais mais divulgadas atualmente e que contêm excelente aparato crítico dos textos são os famosos Nestlé-Aland The Greek New Testament, ambos conhecidos de qualquer especialista em colação textual, que é aquela comparação entre manuscritos com o fim de reconstituir qual seria o texto original. Mas, para não ficar apenas no campo das afirmações sem confirmações, eis alguns argumentos simples (fora do campo técnico) que confirmam a confiabilidade na transmissão do texto neotestamentário: