segunda-feira, abril 03, 2017

As cartas que Freud tentou destruir

Respostas na infância
“Tenho de contar-te o lindo sonho que tive após o enterro”, escreveu Sigmund Freud a um amigo dias após a morte do pai. Encontrava-se no barbeiro e lia numa tabuleta: “É obrigatório fechar os olhos.” Em A Interpretação dos Sonhos, seu primeiro livro, desvendará ao público o sentido da frase: sentia-se obrigado a ser indulgente para com os erros do pai. A ternura para com Jakob Freud, patente nos escritos de Sigmund, ficou manchada por uma acusação. Ele teria abusado sexualmente de alguns dos filhos quando crianças. “Infelizmente, era um desses perversos”, confessou Freud a Wilhelm Fliess. “É a causa da histeria do meu irmão mais novo e de algumas das minhas irmãs.” Escrita a 11 de fevereiro de 1897, a carta é uma das muitas que o então obscuro médico de Viena enviara regularmente ao amigo, otorrinolaringologista em Berlim. Por essa altura, não formulara ainda a teoria do complexo de Édipo. Defendia que os abusos sexuais na infância eram a causa das neuroses. A partir dos relatos recorrentes das pacientes, julgava ser essa a causa da histeria. O misterioso mal, tão espalhado naquela Viena fim de século 19, remontava a esses acontecimentos traumáticos ocorridos na infância. Normalmente, eram infligidos às meninas pelo pai ou um irmão mais velho. Como acontecera com aquela paciente que um dia lhe entrou no consultório.

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