quinta-feira, agosto 03, 2017

Cientista confirma modificação genética de embrião humano

Agora é oficial: estamos na era da modificação genética humana. A equipe da Universidade de Saúde e Ciência do Oregon, nos Estados Unidos, confirmou as notícias de que teriam modificado embriões humanos em laboratório, e já esperam iniciar os testes clínicos, que envolvem transplantar os embriões para estabelecer uma gravidez e monitorar o nascimento das crianças. O cientista cazaque Shoukhrat Mitalipov, que lidera o estudo, confirmou o feito, mas ele sabe que existem barreiras éticas em seu projeto, que talvez forcem a levar o estudo para fora do país. Se as leis dos Estados Unidos não permitirem os testes clínicos, ele afirma que “apoiaria a mudança da tecnologia para outros países”, ele afirmou. Mitalipov afirma que seu estudo tem como objetivo apenas trazer correções genéticas, e não aprimoramentos, como forma de tentar minimizar as implicações éticas do projeto. Os testes visavam apenas a substituir genes ligados a condições genéticas por outros saudáveis.

O cientista já vinha experimentando manipulações genéticas há bastante tempo. Em 2007, ele mostrou ao mundo os primeiros macacos clonados, e em 2013 ele clonou embriões humanos para criar células-tronco. Os embriões clonados só se desenvolveram por alguns dias antes de serem descartados.

Durante os experimentos, os cientistas modificaram dezenas de embriões humanos criados in vitro usando esperma doado de homens com doenças genéticas. Ao longo da experiência, os pesquisadores localizaram os genes responsáveis pela doença, substituíram esses genes por genes “saudáveis” e reintroduziram o genoma modificado nos embriões, efetivamente curando-os da doença.

Pesquisas semelhantes feitas na China esbarraram em dois problemas. Primeiramente, nem todas as células tinham seu DNA modificado; algumas delas mantinham o código genético antigo, resultando num problema que os cientistas chamaram de “mosaicismo”. Além disso, as alterações feitas pelos pesquisadores causaram também outros efeitos além dos desejados.

Mas a equipe de Natalipov diz ter corrigido esses dois problemas. De acordo com um cientista com conhecimento do projeto, “essa é a prova de que isso [essa técnica de edição genética] pode funcionar. Eu não acho que isso significa o começo de testes clínicos ainda, mas leva a questão mais longe do que qualquer outra pessoa já foi”.

Essa foi a primeira vez que cientistas norte-americanos utilizaram técnicas de edição genética em embriões humanos. Antes disso, técnicas desse tipo já haviam sido testadas, mas apenas na China. O país oriental já vinha experimentando a edição genética em embriões humanos desde pelo menos abril de 2015.

O motivo para a hesitação do ocidente em torno desse assunto é uma resistência da comunidade científica a pesquisas desse tipo por motivos éticos. O governo dos Estados Unidos já chegou a considerar que o CRISPR, uma ferramenta de edição genética comumente usada, pode ser considerada uma arma de destruição em massa. Além disso, há o medo de que esses experimentos possam abrir a porta para uma geração de “bebês customizados”. Uma vez que se torna possível editar o código genético dos embriões, torna-se possível também modificar as características físicas e psíquicas das pessoas, tais como aparência física e até mesmo traços de personalidade.


Nota: Embora, à primeira vista, um feito como esse apresente a possibilidade de cura de doenças genéticas e outras anormalidades, há que se considerar também as portas que se abrem para pesquisadores menos éticos e dispostos a “brincar de Deus”. Até que ponto as alterações poderão ser feitas? Quem vai regular isso, de fato? Que consequências isso pode trazer para a vida humana a longo prazo? Como pessoas geneticamente melhoradas poderão tratar as demais ou ser tratadas por elas? Quando leio sobre manipulação genética de embriões humanos me vem à mente o que Ellen White escreveu no século 19 como sendo um dos piores pecados que motivaram a destruição do mundo pelo dilúvio. Quer saber mais sobre isso? Leia este texto. [MB]