segunda-feira, novembro 27, 2017

Descoberta sugere que humanos conviveram com megafauna

Ferramentas de pedra, fogueiras e adornos recém-encontrados no Mato Grosso e datados de quase 30 mil anos [segundo a cronologia evolucionista] têm dado combustível a uma discussão histórica na arqueologia moderna: a data de chegada dos seres humanos às Américas. Há diferentes teorias, desde as que afirmam que o evento ocorreu há cerca de 12 mil anos até as que apostam em 100 mil anos ou mais [idem]. A descoberta recente foi feita no sítio arqueológico de Santa Elina, a 80 km de Cuiabá. Os arqueólogos responsáveis pelas escavações, Denis Vialou e Águeda Vilhena Vialou, do Museu Nacional de História Natural da França, afirmam que essa região brasileira já era habitada há pelo menos 27 mil anos.

Uma prova é a presença de mais de 300 objetos de pedra lascada, com serrilhados e retoques, que só poderiam ter sido feitos pela mão do homem, afirma Águeda, que realiza escavações na região da Serra das Araras desde 1995.

Outra prova da presença humana, segundo ela, são restos de fogueiras. O material encontrado foi datado por três métodos diferentes, envolvendo desde radiocarbono 14 até luminescência ótica. Segundo Águeda, o sítio de Santa Elina traz uma tripla raridade:“A primeira é que ocupações humanas pleistocênicas (entre 2,588 milhões e 11,7 mil anos atrás) são raras e por enquanto lá é o único local descoberto no centro do continente sul-americano.”

A segunda e a terceira raridades dizem respeito aos adornos encontrados: alguns foram feitos com ossos de preguiças-gigantes do gênero Glossotherium, já extinto. “É o primeiro caso no Brasil de uma perfeita associação do homem com a megafauna extinta”, explica ela. “Há a confecção de objetos simbólicos com ossos da megafauna, transformando-os em adornos.”

A discussão sobre a data de chegada da Humanidade às Américas remete aos tempos de Cristóvão Colombo, quando desembarcou no Caribe em 12 de outubro de 1492. Ele foi recebido pelos tainos, um povo amistoso, que o navegador genovês a serviço da Espanha achou que fossem indianos, pois estava convencido que havia chegado à Índia – e permaneceu com essa convicção até a morte. O descobridor da América não sabia, mas sua chegada ao continente marcou, na verdade, o reencontro de duas linhagens evolutivas do Homo sapiens, que estavam separadas havia pelo menos 50 mil anos [sic]: a sua própria, europeia, e a dos primeiros americanos, mongoloides, aparentados com os povos asiáticos. Desde então, persiste o mistério: Como e quando os povos encontrados por Colombo chegaram às Américas?

Teorias não faltam. A mais antiga e resistente é o modelo conhecido em inglês como Clovis-first (Clóvis-primeiro). Deve seu nome a um sítio arqueológico assim denominado, descoberto em 1939, no Novo México, Estados Unidos.

No local, foram encontrados artefatos de pedra lascada, datados de 11,4 mil anos. Segundo essa teoria, defendida principalmente pela comunidade arqueológica americana, a chegada teria ocorrido há cerca de 12 mil anos. Já o chamado “modelo das três migrações”, sugerido em 1983 por Christy Turner, se baseia num amplo levantamento de diversidade dentária, que concluiu ter havido três levas migratórias da Sibéria para a América.

A primeira, há 11 mil anos, teria dado origem a todos os índios das Américas Central e do Sul e à maioria dos povos nativos norte-americanos. A segunda teria chegado há 9 mil anos e originou os índios ancestrais dos Apaches e Navajos, sobretudo na costa pacífica do Estados Unidos e Canadá. A última seria bem mais recente, há 4 mil anos, e composta pelos ancestrais dos esquimós e povos aleutas (no Círculo Polar Ártico). [...]

Há ainda uma terceira teoria sobre a ocupação da América. Bem mais polêmica, ela foi proposta pela arqueóloga Niéde Guidon, com base em suas descobertas em vários sítios arqueológicos no sul do Piauí. Para ela, o homem chegou à região há nada menos que 100 mil anos[sic], vindo diretamente da África, cruzando o Atlântico, numa época em que o planeta também estava num período glacial, com o mar 120 metros abaixo de seu nível atual. [...]


Nota: Deixando de lado as hipóteses para o povoamento das Américas (porque nem os cientistas chegam a um consenso), é interessante notar a evidência não muito considerada de que seres humanos foram contemporâneos da megafauna, um tipo de vida maior, mais forte e exuberante que a atual e que alguns pesquisadores relacionam com o período antediluviano. Por enquanto foram encontrados apenas artefatos humanos. Quem sabe quando chegará o dia em que serão descobertos fósseis provando que o ser humano fazia parte dessa megafauna, sendo mais forte e mais alto que seus descendentes atuais? [MB]