terça-feira, novembro 28, 2017

Vaticano assume evoteísmo e deve reabilitar padre evolucionista

Em seu blog “Darwin e Deus”, no site do jornal Folha de S. Paulo, o jornalista Reinaldo José Lopes informou recentemente que será reabilitada a obra de Pierre Teilhard de Chardin (1881-1955), jesuíta francês que também foi paleontólogo e realizou uma série de estudos pioneiros sobre evolução humana na China. “Desde os anos 1960, as obras de Chardin estão marcadas com um ‘monitum’, ou advertência, da Congregação para a Doutrina da Fé, órgão responsável pela pureza doutrinária do catolicismo”, explica Reinaldo. “O que acontece é que diversos livros do religioso, que analisam o fenômeno evolutivo por um prisma teológico e religioso, fazem uma espécie de fusão ousada do cristianismo com o evolucionismo, o que deixou parte da Igreja Católica contrariada.”

Acontece que os membros do Conselho Pontifício para a Cultura, do Vaticano, acabaram de votar em peso em favor do fim do “monitum”, o que significa que o pensamento e a obra de Chardin realmente poderão ser reabilitados. “É de se esperar que o papa Francisco siga a recomendação porque fez uma menção elogiosa ao trabalho de seu colega jesuíta em sua encíclica ambiental, a Laudato Si”, prevê Reinaldo.

E assim vemos revelada claramente a posição ideológica católica evolucionista teísta segundo a qual Deus teria Se valido de processos evolutivos para trazer a vida à existência e ao seu estágio atual – sendo Deus, então, o criador da cruel seleção natural, do conceito de sobrevivência do mais apto e, claro, da morte como fator de “purificação” e seleção das formas de vida.

Ao esposar essa ideia, o Vaticano e o papa lançam por terra o relato da criação e, consequentemente, o santo sábado, memorial dessa criação realizada em seis dias literais de 24 horas. Isso sem contar que comprometem também a obra redentora de Jesus, afinal, se a história do pecado igualmente se encontra no relato alegórico do Gênesis, o que Jesus veio fazer aqui? Por que Ele morreu na cruz para expiar a culpa por algo que não aconteceu de fato? Por que Ele é considerado o segundo Adão, se o primeiro nem existiu?

Eu sua encíclica Laudato Si, o papa Francisco dedica um capítulo à defesa do descanso dominical como uma das possíveis soluções para o aquecimento global. Evidentemente que, para defender um dia que não é verdadeiramente um dia de repouso, o papa precisa tirar para escanteio o verdadeiro dia de repouso. Assim, nada mais conveniente que a teoria da evolução para contestar o relato bíblico e relativizá-lo a tal ponto que qualquer doutrina possa ser relida e redefinida ao bel-prazer dos teólogos evolucionistas do Conselho Pontifício para a Cultura.

A polarização se tornará cada vez mais evidente: de um lado estarão o “fundamentalistas” teimosos em sua defesa da interpretação literal dos primeiros capítulos da Bíblia e da vigência da lei de Deus (o que inclui o quarto mandamento); de outro estarão os teólogos liberais que relativizam e mitologizam o relato da criação, defendendo um dia de descanso criado pelo homem.

De que lado você estará?

Michelson Borges