terça-feira, dezembro 12, 2017

Richard Dawkins é ateu mas acredita na Matrix

“Matrix” é o título de uma trilogia de ficção científica que estreou em 1999 e fez grande sucesso. Os personagens vivem sem saber em um mundo virtual controlado por máquinas (a Matrix). No texto a seguir, o professor universitário Bruno Ribeiro Nascimento destaca uma crença do ateu Richard Dawkins que chega perto da fé na Matrix:

“Leia essa citação de Deus, um Delírio, de Richard Dawkins: ‘Autores de ficção científica, como Daniel E. Galouye em Counterfeit World [Mundo Simulado], chegaram até a sugerir (e não consigo pensar em como poderia descartar a hipótese) que vivemos numa simulação de computador, criada por alguma civilização muito superior’ (p. 109). Respire fundo e leia novamente: ‘(...não consigo pensar em como poderia descartar a hipótese) que vivemos numa simulação de computador, criada por alguma civilização muito superior.’ Leia de novo: ‘(...NÃO CONSIGO PENSAR EM COMO PODERIA DESCARTAR A HIPÓTESE) QUE VIVEMOS NUMA SIMULAÇÃO DE COMPUTADOR, criada por alguma civilização muito superior.’

“A idolatria científica* é tanta que tem gente que acha normal esse tipo de insanidade numa obra que, em tese, pretende falar sobre a realidade. ‘Ele está apenas conjecturando’, ‘é apenas uma hipótese’; tem gente que diz coisa mais insana como: ‘E como você sabe que não está realmente numa simulação de computador?’

“Pois é, não estamos! E disso é possível ter certeza. E o homem que duvida dessa certeza precisa de um psiquiatra urgente. Não apenas é fácil descartar essa hipótese; chega a ser uma ofensa à racionalidade mantê-la ou dizer que não é possível descartar tal coisa. Acreditar na plausibilidade de qualquer loucura: eis o principal efeito colateral do naturalismo.

“Aqui, sigo Thomas Reid e G. K. Chesterton respectivamente: ‘Se isso for sabedoria, que eu fique iludido junto com o vulgo’ (Investigações Sobre a Mente Humana Segundo os Princípios do Senso Comum, p. 77). ‘O primeiro efeito de não acreditar em Deus é perder seu senso comum’ (O Oráculo do Cão].”

(*) Eu só não chamaria isso de idolatria científica, mas a tentativa de substituir a Ciência por filosofia barata, coisa que muitos fazem também no meio cristão, na tentativa de defender a verdade. Uns querem defender teísmo/criacionismo e outros o ateísmo/evolucionismo, mas os resultados tendem a ser perigosos de ambos os lados quando os fins justificam os meios.