Em
estudos de Física, enfatizamos o estudo das leis físicas. Utilizamos fenômenos
para descobrir leis e leis para entender fenômenos. Enquanto se fazia isso
qualitativamente, muito pouco progresso foi feito em milênios. No momento em
que foi colocada em prática a ideia de alguns “malucos” como Galileu, o
conhecimento explodiu em quantidade, qualidade e profundidade. Que ideia foi
essa? A de que Deus fez tudo usando Matemática e que só aprendendo esses
elementos matemáticos impregnados pelo Criador na própria natureza e
utilizando-os para estudar a criação é que podemos fazer progressos
significativos. Esse entendimento implica em que a Matemática tem um caráter
transcendental, algo da própria natureza divina, parte da qual se revela na
natureza (Rm 1:19, 20).
Os
métodos matemáticos escritos na natureza para nós pelo Criador são o que os
pioneiros acabaram chamando de Ciência. A Ciência foi descoberta com base em
uma ideia baseada no sobrenatural. Hoje, mesmo estudando-se Matemática e sua
relação com a realidade física a partir de uma base filosófica naturalista,
ainda assim pesquisadores de ponta (mesmo ateus) percebem que ela é
transcendental por natureza. Percebem isso mesmo sem pressupostos metafísicos,
apenas estudando objetivamente o que encontram.
Notemos:
uma coisa sobrenatural (a Matemática) serve de base para a Ciência. Então não
se pode dizer que os métodos da Ciência são naturalistas porque eles são
incompatíveis com o naturalismo. Como fugir disso e manter uma mente
naturalista e antropocêntrica? Descarta-se a definição dos pioneiros e pensa-se
em pesquisa comum como se fosse ciência. Essa “ciência” passa a ser apenas mais
uma atividade humana baseada em considerações filosóficas. Pronto. Agora já
podemos fazer de conta que estamos usando ciência naturalista, mas essa é a “falsamente
chamada ciência”. A verdadeira, infinitamente mais eficiente do que a falsa,
tem desafiado a intuição, desmascarado pressupostos filosóficos aceitos como
verdades fundamentais por milênios, aberto à pesquisa realidades antes inimagináveis
e nas quais o raciocínio humano comum é inútil, ensinado a colocar em prática
leis físicas para gerar tecnologias, e, se tudo isso não bastasse, tornou
possível provar a existência de Deus e estudar Seus atributos por meio de
teoremas ontológicos, baseados em métodos matemáticos fundamentados em
elementos matemáticos descobertos graças a pesquisas sobre o mundo natural.
Esse último detalhe pode fazer parecer que a Ciência é naturalista à primeira
vista, mas ela é algo transcendental por natureza.
Não
é à toa que mesmo ateus usam Matemática até para explorar a possibilidade de
outros universos. Isso é uma aceitação de que os métodos matemáticos da Ciência
transcendem, no mínimo, este universo.
(Eduardo
Lütz é físico e engenheiro de software)