terça-feira, janeiro 30, 2018

A ciência e o sobrenatural

Em estudos de Física, enfatizamos o estudo das leis físicas. Utilizamos fenômenos para descobrir leis e leis para entender fenômenos. Enquanto se fazia isso qualitativamente, muito pouco progresso foi feito em milênios. No momento em que foi colocada em prática a ideia de alguns “malucos” como Galileu, o conhecimento explodiu em quantidade, qualidade e profundidade. Que ideia foi essa? A de que Deus fez tudo usando Matemática e que só aprendendo esses elementos matemáticos impregnados pelo Criador na própria natureza e utilizando-os para estudar a criação é que podemos fazer progressos significativos. Esse entendimento implica em que a Matemática tem um caráter transcendental, algo da própria natureza divina, parte da qual se revela na natureza (Rm 1:19, 20).

Os métodos matemáticos escritos na natureza para nós pelo Criador são o que os pioneiros acabaram chamando de Ciência. A Ciência foi descoberta com base em uma ideia baseada no sobrenatural. Hoje, mesmo estudando-se Matemática e sua relação com a realidade física a partir de uma base filosófica naturalista, ainda assim pesquisadores de ponta (mesmo ateus) percebem que ela é transcendental por natureza. Percebem isso mesmo sem pressupostos metafísicos, apenas estudando objetivamente o que encontram.

Notemos: uma coisa sobrenatural (a Matemática) serve de base para a Ciência. Então não se pode dizer que os métodos da Ciência são naturalistas porque eles são incompatíveis com o naturalismo. Como fugir disso e manter uma mente naturalista e antropocêntrica? Descarta-se a definição dos pioneiros e pensa-se em pesquisa comum como se fosse ciência. Essa “ciência” passa a ser apenas mais uma atividade humana baseada em considerações filosóficas. Pronto. Agora já podemos fazer de conta que estamos usando ciência naturalista, mas essa é a “falsamente chamada ciência”. A verdadeira, infinitamente mais eficiente do que a falsa, tem desafiado a intuição, desmascarado pressupostos filosóficos aceitos como verdades fundamentais por milênios, aberto à pesquisa realidades antes inimagináveis e nas quais o raciocínio humano comum é inútil, ensinado a colocar em prática leis físicas para gerar tecnologias, e, se tudo isso não bastasse, tornou possível provar a existência de Deus e estudar Seus atributos por meio de teoremas ontológicos, baseados em métodos matemáticos fundamentados em elementos matemáticos descobertos graças a pesquisas sobre o mundo natural. Esse último detalhe pode fazer parecer que a Ciência é naturalista à primeira vista, mas ela é algo transcendental por natureza.

Não é à toa que mesmo ateus usam Matemática até para explorar a possibilidade de outros universos. Isso é uma aceitação de que os métodos matemáticos da Ciência transcendem, no mínimo, este universo.

(Eduardo Lütz é físico e engenheiro de software)