sexta-feira, janeiro 05, 2018

Folha concede espaço a ateu militante raivoso e a blasfemador

[Meus comentários seguem entre colchetes. – MB] Cadê seu Deus agora? Em lugar nenhum – a trabalheira é convencer os 98% da população que dizem acreditar na ideia do Criador, segundo pesquisa Datafolha de setembro, e assegurar “a verdadeira laicidade do Estado”. Eis as bandeiras da Atea (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos), que representa um de cada dez brasileiros, somando ateus (1%) e quem se declara sem religião ou agnóstico (8%). [Conheço agnósticos e até ateus que têm vergonha da Atea e não se sentem minimamente representados pela entidade, mas a Folha não quis tocar nesse assunto.] Em nome dessas causas, o grupo ajuizou dezenas de ações civis públicas contra o que considera serem atentados ao princípio de um Estado imune à interferência religiosa. A maioria desses processos questiona iniciativas evangélicas respaldadas pelo poder público. Caso, por exemplo, de uma ação contra o prefeito Marcelo Crivella e a cidade que gere, o Rio, “pela realização de eventos religiosos nas escolas da rede municipal”. Há outra contrária à instalação de um templo evangélico na sede do Bope, tropa de elite da PM-RJ. [Quando não se pode vencer no argumento, o jeito é partir para a truculência, para o sensacionalismo que garante espaço na mídia, para o deboche e o escárnio e para os processos judiciais.]

A investida judicial se estende a outros credos, como o católico (“doação de um terreno para imagens em Aparecida, SP”) e a umbanda (“construção de monumento à Iemanjá em Cidreira, RS”).

Mas a Atea também está na outra ponta da espada – como alvo do Ministério Público paulista, que já pediu a instauração de inquérito policial por postagens no Facebook da associação consideradas ofensivas e que poderiam incorrer na “prática de crime de ultraje a culto”. [Sim, eles são especialistas em atacar a fé dos cristãos e dos seguidores de religiões de matriz africana, mas nunca os vi apontando as armas para Maomé, por exemplo...] Em outras palavras: intolerância religiosa. É isso mesmo, admite o presidente da Atea, o engenheiro Daniel Sottomaior, 46 [foto acima]. “A gente quer odiar a religião, ela merece. Querem nos culpar por memes religiosos? Pois nos declaramos culpados desde já.” [O ódio nunca faz bem a ninguém, religiosos ou ateus. Pregar o ódio em uma sociedade já tão machucada por ele é um verdadeiro desserviço. Infelizmente, Sottomaior é um instigador de guerras e não promotor de diálogo. E como a imprensa precisa de “sangue” para vender jornais, concede-lhe espaço. A revista Veja também já fez o mesmo. Confira.]

Publicação recente traz a reportagem de um museu em Amsterdã com “a maior coleção de deformidades humanas” (fetos com deficiências guardados em jarros). A legenda: “Obrigado, Senhor!!!” [A velha tática satânica de culpar Deus pelo que Ele não causou: o pecado. Se uma mulher grávida, usando seu livre-arbítrio, consome drogas pesadas e o filho nasce com deformidades, de quem é a culpa? Obviamente que o exemplo é extremo e meramente ilustrativo, pois ocorrem problemas também com pessoas que não consomem substâncias perigosas. Ocorre que este mundo não é o ideal e justamente por isso Jesus prometeu voltar para nos devolver à condição de perfeição edênica. Mas se Deus não existe e o pecado é uma ilusão, por que os ateus da Atea vivem atribuindo a Ele o mal que há no mundo? É tipo assim: Deus não existe, mas eu O odeio! Os ateus não podem sequer ficar indignados com as mazelas do mundo e com o sofrimento das pessoas, afinal, são consequências naturais da evolução humana e da sociedade.]

Dois posts em particular provocaram ira ao pegar carona em momentos de comoção global para questionar a fé de bilhões. Ante a foto de um menino sírio de três anos de rosto enterrado na areia, após se afogar tentando chegar à Grécia, a Atea fustigou: “Se Deus existisse, seria um canalha.” Dois dias após a tragédia aérea com a Chapecoense, nova provocação: uma foto do time rezando em campo e outra do avião destroçado, mais a legenda “pode confiar, amiguinho, Deus é fiel”. [Puro oportunismo insensível. Curiosamente, são as pessoas que mais sofrem as que mais manifestam fé e solidariedade. É muito fácil para o engenheiro Sottomaior, em sua sala refrigerada, ficar discorrendo nas redes sociais sobre Deus, a dor e o sofrimento humanos. Pergunte-se a um refugiado cristão que foge de terroristas islâmicos, ou a um africano que luta entre a vida e a morte por falta de alimento. Estes, sim, poderão lhe falar sobre a fé e o sofrimento.]

A Atea se desculpou depois “por não ter mostrado mais claramente como a religião se aproveita de momentos de dor como este para impedir o pensamento racional”. [Em outra evidência de total insensibilidade.]

À Folha Sottomaior lança uma metáfora para explicar sua birra com a “ficção divina”. “Digamos que um belo dia alguém evoque o Supremo Enxugador de Gelo, um ser incorpóreo. O movimento dá crias, começam as desavenças entre os grupos, o enriquecimento com enxugamento de gelo alheio, a ideia de que quem não enxugar gelo é mau. E, no fim, enxugar gelo não vai ajudar ninguém.” [Comparação descabida que ignora as muitas evidências da existência de Deus e de que a Bíblia é a revelação dEle. Danem-se a arqueologia, as profecias cumpridas, a história, a física, a biologia, as provas de que a religião faz bem à saúde, de que fomos criados para crer e de que os religiosos operam obras assistenciais em todo o mundo. Enxugar gelo é brigar com um Deus em quem não se crê e jogar para baixo do tapete os méritos da boa religião.] [...]

Sottomaior prega o ódio contra religiões e acha que isso não é sinônimo de intolerância contra seus adeptos (“ideias não têm direito, pessoas sim”). Ao mesmo tempo, critica o que julga ser preconceito contra os descrentes. [É preciso admitir que esse preconceito existe, mas não é promovendo um preconceito que se combate outro.]

Exemplos não faltam. O estudante paraense Jhonatas, 18, prefere omitir o sobrenome para não se indispor ainda mais com a família – que por pouco não o expulsou de casa por ser ateu. “Assistimos a uma reportagem sobre o terror do Estado Islâmico. Disse: ‘Fazem isso em nome de um deus que nem existe.’ Para eles era fase, eu tomaria jeito. Mas perceberam que eu não ia mudar e começaram a falar que quem não tem Deus no coração não ama ninguém.” [...] [Outro mal exemplo de tomar o todo pela parte. Quem disse que os membros do Estado Islâmico representam a totalidade dos religiosos? Muito pelo contrário: esse tipo de radical é a minoria. E se eu usar o mesmo argumento para dizer que o ditador da Coreia do Norte – ou outro doido comunista – representa os ateus de todo o mundo?]

“É preciso ter presente que o Estado é laico, mas a cultura brasileira é marcada pela religiosidade. O próprio Estado deve garantir a liberdade de expressão religiosa, não somente privada, mas também pública”, diz dom Sergio da Rocha, presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). “Quem combate as manifestações religiosas não contribui para a construção de uma democracia madura.”

Para Sottomaior, haverá sempre uma boia de salvação na América Latina: o Uruguai, onde 4 a cada 10 habitantes dizem não ter religião e os prédios públicos não exibem imagens religiosas. Definitivamente não graças a Deus. [Sottomaior devia falar também dos inúmeros prêmio Nobel judeus, da pujança científica e tecnológica de um dos maiores países cristãos do mundo (EUA) e por aí vai. A culpa de o Brasil ser o que é não é da religião cristã, mas isso todo mundo deveria saber.]


Nota: Causa-me revolta ver a Folha de S. Paulo concedendo tanto espaço para ateus militantes irados e até blasfemadores (confira aqui). A atitude de certos setores da mídia é a de dar um megafone às minorias e ignorar a voz da maioria. [MB]

Clique aqui e leia mais sobre as ideias e ações de Sottomaior. Leia também a crítica de um ateu ex-membro da Atea e sobre a tremenda insensibilidade da Atea quando do acidente envolvendo a equipe da Chapecoense.