sexta-feira, fevereiro 23, 2018

Descoberta pode comprovar existência do profeta bíblico Isaías

O profeta Isaías é um importante personagem bíblico, tendo um livro próprio no Antigo Testamento e centenas de citações no Novo Testamento. De acordo com os textos sagrados, ele viveu no reino de Judá entre os séculos 8 e 7 a.C., durante os reinados de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, e teve participação na defesa de Jerusalém contra o cerco do rei assírio Senaqueribe. Entretanto, nenhuma evidência arqueológica de sua existência era conhecida. Até agora. “Aparentemente nós descobrimos a impressão de um selo que deve ter pertencido ao profeta Isaías, numa escavação científica, arqueológica”, celebrou Eilat Mazar, pesquisadora do Instituto de Arqueologia da Universidade Hebraica de Jerusalém. “Nós encontramos a marca de um selo do século 8 a.C. que deve ter sido feita pelo próprio profeta Isaías a apenas três metros de onde havíamos descoberto uma impressão de selo do rei Ezequias de Judá.”

A descoberta foi revelada nesta quinta-feira, em artigo publicado na revista Biblical Archaeology Review. O artefato foi encontrado num sítio arqueológico em Ophel, uma área entre o Monte do Templo e a Cidade de Davi, usada na antiguidade como complexo residencial da família real. Em escombros numa área adjacente a um edifício que funcionou como padaria real, os arqueólogos encontraram 34 pequenas peças de argila com impressões de selos, com os nomes de seus donos.

Os pedaços de argila tinham apenas um centímetro de diâmetro e alguns estavam bastante danificados. Entre as peças, uma traz o nome do rei Ezequias, cuja descoberta fora anunciada em dezembro de 2015. Os pesquisadores também conseguiram identificar sete impressões pertencentes a familiares de uma pessoa chamada Bes, provavelmente alguém importante na administração de Judá no período. Mas o artefato mais intrigante tinha a inscrição “Yesha’yah“, o nome em hebraico de Isaías, seguido pelas letras “N”, “V” e “Y”, as três primeiras para a palavra “profeta” em hebraico (Navi, soletrada como nun-beit-yod-aleph).

“Porque a peça está levemente danificada no fim da palavra NVY, não sabemos se originalmente ela terminava com a letra hebraica Aleph”, afirmou Mazar. “O que resultaria na palavra em hebraico para “profeta” e identificaria de forma definitiva como uma assinatura do profeta Isaías. A falta dessa última letra, entretanto, deixa em aberto essa possibilidade. O nome de Isaías, entretanto, está claro.

Segundo os textos sagrados, o reino de Judá era vassalo do reino assírio, mas Ezequias se rebelou. Para conter a revolta, Senaqueribe cercou Jerusalém com centenas de milhares de soldados em 701 a.C. Ezequias, então, procurou o conselho do profeta, que recomendou resistir ao cerco, seguindo as palavras de Deus.

“E quanto ao rei da Assíria, o seu exército não chegará a entrar em Jerusalém, nem disparará as suas armas ali, nem mesmo desfilará perante as suas portas, nem sequer construirá uma torre a partir da qual poderia atacar as suas muralhas. Regressará à sua terra pelo caminho por onde veio sem ter penetrado na cidade, diz o Senhor. Pela minha própria honra a defenderei, e pela memória do meu servo David”, conta o livro de Isaías. “Nessa noite o anjo do Senhor veio até o campo dos assírios e matou 185.000 soldados. Os que ficaram vivos, quando se levantaram pela manhã, ficaram estupefatos perante todos aqueles mortos na sua frente.”

O Antigo Testamento conta outros episódios em que Ezequias procurou Isaías, indicando que o profeta era bastante próximo e um dos principais conselheiros reais. “Se for o caso de a peça ser realmente do profeta Isaías, então não seria surpresa encontrá-la perto de uma pertencente ao rei Ezequias dada à relação simbiótica entre o profeta Isaías e o rei Ezequias descrita na Bília”, disse Mazar.

(O Globo) 

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