terça-feira, julho 17, 2018

Estromatólitos: evidências da hidrologia pré-diluviana (parte 1)

Os estromatólitos representam alguns dos fósseis mais enigmáticos encontrados ao longo do registro geológico da Terra. Eles são bastante comuns nas rochas sedimentares mais antigas, e atualmente são encontrados exemplares vivos apenas em locais específicos do planeta. Algumas condições especiais estão atreladas ao seu “florescimento”, incluindo uma química incomum da água. Cientistas uniformitaristas têm lutado para tentar entender e explicar a abundância deles nas rochas antigas e sua escassez atualmente. O livro Glossary of Geology[1] define estromatólito como “uma estrutura organo-sedimentar produzida pelo aprisionamento, cimentação e/ou precipitação de sedimentos resultantes do crescimento e metabolismo de micro-organismos, principalmente cianobactérias.” O resultado é uma espécie de filme microbiano que aprisiona lama, que ao longo do tempo pode formar uma estrutura rochosa estratificada. Tal estrutura não é composta de bactérias em si, mas se trata de uma fina camada de sedimentos formada por “precipitação mineral induzida biologicamente”.[2]

Estromatólitos foram identificados pela primeira vez no início do século 20 em rochas do Paleoproterozóico, em Ontário, Canadá, por Charles Walcott, ex-diretor do Serviço Geológico dos EUA. Ele inicialmente idealizou que aquelas estruturas amontoadas eram algum tipo de recife antigo formado por algas. Foi na década de 1950 que os paleontólogos determinaram que os estromatólitos se tratavam, de fato, do produto de atividade biológica.[3] Essa conclusão foi confirmada pela descoberta de estromatólitos vivos na Austrália, na mesma década. Apesar disso, autores recentes têm sugerido uma possível origem não biológica para alguns desses fósseis.[4, 5]

Cientistas evolucionistas afirmam que os estromatólitos representam algumas das mais antigas formas de vida que surgiram na Terra, datando-os com cerca de 3,7 bilhões de anos.[6] Os fósseis mais antigos, do Grupo Warrawoona, na Austrália, são datados pelos cientistas evolucionistas em cerca de 3,3 a 3,5 bilhões de anos. Exemplares são encontrados ao redor do mundo em rochas carbonáticas (geralmente dolomitos) do Arqueano e Proterozóico, e, em menor extensão, em rochas do Cambriano e posteriores. Cientistas tentam explicar o rápido declínio de estromatólitos em rochas posteriores ao Cambriano, atribuindo esse fato ao súbito aparecimento de organismos pastadores, que se alimentariam das cianobactérias.[2]



O ENIGMA EVOLUCIONÁRIO DOS ESTROMATÓLITOS 

Ao acreditarem que os estromatólitos evoluíram há cerca de 3,7 bilhões de anos, os cientistas evolucionistas criam um problema para si mesmos no que se refere ao processo de origem da vida na Terra. Como as cianobactérias poderiam ter evoluído tão rápido? A vida teria que ter surgido e desenvolvido processos como a fotossíntese e colonização em menos de 1 bilhão de anos, assumindo que o planeta Terra surgiu há 4,55 bilhões de anos. Esses cientistas também acreditam que entre 4,1 e 3,8 bilhões de anos atrás a Terra foi massivamente bombardeada por meteoritos, evento denominado como Último Grande Bombardeamento.[4] Esse episódio é descrito como uma época em que muitos impactos de meteoritos atingiram a Terra e a Lua. Esses impactos teriam danificado consideravelmente a recém-formada crosta terrestre e destruído quaisquer formas de vida que existissem antes de 3,8 bilhões de anos atrás. Dessa forma, os pesquisadores colocam a si mesmos contra a parede. Como é possível explicar a formação de atmosfera, oceanos, o misterioso processo da abiogênese e a capacidade de realizar fotossíntese em uma “janela” de apenas 100 milhões de anos? A fotossíntese por si só é um processo extremamente complexo. Para a visão evolucionista, esse é um período de tempo extremamente curto para que todo esse conjunto de eventos possa ter ocorrido.[7, 8] 

OS ESTROMATÓLITOS SÃO FÓSSEIS VIVOS 

Embora os cientistas evolucionistas afirmem que eles remontam a bilhões de anos, os estromatólitos mostram pouca ou nenhuma evidência de evolução e também nenhuma indicação de longa idade. Os estromatólitos modernos são considerados fósseis vivos, como o celacanto. Eles mostram ter prosperado sem qualquer mudança evolutiva. Até o ano de 1956, os cientistas consideravam que os estromatólitos fossem formas de vida extintas. Foi quando ocorreu a descoberta de estromatólitos vivos florescendo em Shark Bay, Austrália, em ambientes de águas hipersalinas. Desde então, eles têm sido identificados em ambientes marinhos hipersalinos nas Bahamas e em atois na região do Pacífico Central. Foram também encontrados em lagos e cursos d’água na Espanha, Canadá, Alemanha, França, Austrália, Japão, etc. Embora esses sejam corpos de água doce, todos eles têm uma química da água incomum que permite que os estromatólitos prosperem.[2, 9] Pesquisadores estão encontrando colônias de estromatólitos vivos em ambientes cada vez mais diferenciados. A última descoberta identificou-os florescendo em terra na Austrália, em um ambiente caracterizado como pântanos ligados à turfa.[2]

Bernadette Proemse e seus colegas da Universidade da Tasmânia, Austrália, foram os primeiros a identificar estromatólitos vivendo como “tapetes lisos de estruturas globulares amareladas e esverdeadas crescendo na superfície molhada das barreiras de tufa”.[2] Os estromatólitos não estavam submersos em água, mas se elevavam acima dela, em um ecossistema rico em cálcio e alimentado por nascentes. Essa descoberta demonstra que estromatólitos recentes podem ser mais comuns do que se imaginava anteriormente. Pode ser que os cientistas e pesquisadores não os estejam procurando em terra, perto de nascentes de água doce. Continua...

(Texto original: Tim Clarey, PhD. Tradução e adaptação: Hérlon Costa e Thiago Soldani)