segunda-feira, setembro 10, 2018

Atualização sobre o período limite dilúvio/pós-dilúvio


Qual teria sido o exato momento em que o dilúvio terminou? O fim do dilúvio teria marcado qual período geológico correspondente a essa grande catástrofe? Durante décadas, os cientistas criacionistas têm debatido sobre o limite/fronteira em que o dilúvio teria terminado no registro geológico e dado início ao período pós-diluviano. A maioria dos cientistas criacionistas concorda que o limite entre o dilúvio e o período pós-diluviano está em uma das duas fronteiras: (1) no topo do período Cretáceo, conhecido como o limite K-Pg (anteriormente chamado de limite KT; ver figura abaixo),[1, 2] ou (2) no topo ou perto do topo do período Neógeno (Era Cenozoica Superior), em torno do nível da época Plioceno.[3, 4]

Essa época estaria próxima do período correspondente à “Era do Gelo” (conforme escala evolutiva do tempo geológico). Em termos bíblicos, a “Era do Gelo” teve lugar cerca de 120 anos após o dilúvio. O mais interessante é que uma pesquisa criacionista definiu essas camadas de rochas do Cenozoico Superior – correspondente às camadas da “Era do Gelo” – como sendo depósitos de inundação.[4]

A primeira ilustração de um modelo unificador apresentado em português, que tentou compatibilizar o limite KT como representando o fim do dilúvio e o começo do período pós-diluviano, foi publicada em 2002 no livro Uma breve História da Terra, de autoria do geólogo criacionista brasileiro Dr. Nahor de Souza Neves (ver figura abaixo).

Mas será mesmo que o limite dilúvio/pós-dilúvio estaria no período clássico chamado de KT (ou K-Pg)? Um estudo recente desenvolvido pelo geólogo Dr. Tim Clarey, financiado pelo Institute for Creation Research e publicado no periódico científico Creation Research Society Quarterly, aceitou o desafio de ir atrás dessa resposta.[5]

Em termos práticos, o geólogo descobriu que as rochas do Paleógeno e Neógeno (acima do limite K-Pg) foram depositadas - ao contrário do que se achava anteriormente - próximo do dia 150, no momento em que as águas do dilúvio estavam recuando/drenando. Portanto, a deposição e formação dessas camadas, agora, passam a fazer parte também do episódio diluviano.

Nesse artigo, o autor apresentou cinco observações geológicas principais que demonstram que o limite dilúvio/pós-dilúvio é muito maior do que o nível de K-Pg. Algumas dessas características são tão grandes e/ou incomuns em escala que as catástrofes locais pós-diluvianas não poderiam tê-las concebido (como se supunha anteriormente). Outras demonstram condições geológicas que só poderiam ter existido enquanto as águas do dilúvio ainda cobriam grandes porções dos continentes. Coletivamente, elas refutam fortemente a alegação de que o dilúvio terminou no nível estratigráfico da fronteira K-Pg.

1. O Whopper Sand. As companhias de petróleo descobriram a Whopper Sand no Golfo do México perfurando poços em profundidades de mais de dois mil quilômetros e mais de 320 km da costa (ver figuras abaixo). A única explicação razoável para esse leito de areia de mais de 30 metros de espessura que cobre grande parte das águas profundas do Golfo do México é um escoamento de água de alta energia – algo que se encaixa facilmente no modelo do dilúvio. Isso coincidiria com a mudança na direção da água descrita para o dia posterior ao dia 150 da inundação do ano do dilúvio. Taxas iniciais de drenagem, coincidindo com uma queda repentina no nível do mar no início da megassequência de Tejas, corresponderiam às camadas geológicas após o limite de K-Pg. As forças responsáveis ​​eram, provavelmente, de alto volume e altamente energéticas, fornecendo um mecanismo para transportar a espessa Whopper Sand em águas profundas.



2. A enorme quantidade de sedimentos de Tejas depositados globalmente. O volume de sedimentos de Tejas perde apenas para a megassequência de Zuni que terminou com o sistema Cretáceo, o suposto ponto alto do dilúvio. A tremenda quantidade de sedimentos Paleogênicos e Neogênicos em todo o mundo, que fazem parte da megassequência de Tejas, não pode ser facilmente descartada como produto de catástrofes locais. Esses sedimentos, e os fósseis que eles contêm, são mais bem explicados pela fase de vazante do dilúvio, à medida que as cadeias de montanhas e planaltos se elevavam. 

3. As camadas de carvão mais espessas e extensas são encontradas globalmente nos sedimentos de Tejas. Os carvões da Bacia do Rio Pó (PRB), que estão todos dentro das camadas rochosas do sistema Paleógeno, contêm as maiores reservas de carvão sub-betuminoso com baixo teor de enxofre do mundo. Pelo menos seis ou mais leitos de carvão no PRB excedem 30 metros de espessura, e alguns leitos individuais foram mostrados para se estender por mais de 120 km. Alguns desses leitos de carvão podem ter mais de 60 metros de espessura, como a camada de carvão de Big George. Esses leitos de carvão fazem parte da fase de recuo do dilúvio que transportou enormes esteiras de detritos de plantas e árvores. Eles foram derivados em grande parte de angiospermas que vivem em altitudes mais elevadas e, em seguida, as águas do dilúvio rapidamente as enterraram em enormes depósitos.

4. A tremenda quantidade de crosta/expansão rápida do fundo do oceano. Esse evento continuou do outro lado da fronteira K-Pg e até o Plioceno, sem indicação de uma mudança significativa na velocidade. O modelo de subducção descontrolado para o dilúvio global, descrito pelo geofísico Dr. John Baumgardner, causou a formação de aproximadamente um terço da metade da crosta oceânica mundial durante a deposição da megassequência de Tejas (Paleoceno através do Plioceno). Além disso, os enormes terremotos gerados por esse movimento teriam sido devastadores para qualquer tipo de civilização humana após o dilúvio, se o limite dilúvio/pós-dilúvio estiver localizado no K-Pg.

5. A identificação de rochas carbonáticas depositadas em água ininterruptas do Cretáceo (abaixo do limite de K-Pg) e continuando para cima através dos estratos do Mioceno em grande parte do Norte da África e Oriente Médio, áreas ao sul do local de pouso para a arca na Turquia. As camadas contínuas de calcário do período de deposição do Cretáceo (megassequência de Zuni) até o topo do Mioceno (Upper Tejas) no Iraque são a coisa mais próxima para provar que o dilúvio ainda não havia terminado. Essas enormes regiões do Oriente Médio ainda estavam claramente submersas durante o Tejas. Se fossem depósitos pós-inundação, seria impossível os humanos se estabelecerem naquele tempo e construir a Torre de Babel.

Além disso, os esforços empreendidos pelo autor do estudo identificaram mais características geológicas que sustentam ainda mais que o limite dilúvio/pós-dilúvio está próximo do topo da megasequência Tejas, que engloba os sistemas geológicos Paleogeno e Neogeno. Um deles é o Arenito Ogallala, descrito recentemente em Acts & Facts.[6] As catástrofes locais pós-diluvianas não podem explicar esse leito de areia contínuo que cobre grande parte das Grandes Planícies. Deve ser parte da fase de recuo do dilúvio também.

Mas e quanto aos dinossauros? Há evidências de dinossauros que sobreviveram à suposta extinção da fronteira K-Pg há cerca de 65 milhões de anos (conforme escala evolutiva do tempo), correspondente ao fim do dilúvio, e foram fossilizados mais tardiamente. No livro Revisitando as Origens, de autoria do especialista em Paleontologia Everton Fernando Alves, são apresentadas algumas dessas evidências:

Em 2009, um estudo sugeriu que alguns dinossauros não aviários sobreviveram até o Paleoceno e, portanto, a extinção dos dinossauros teria sido gradual. [...] Em 2012, outro estudo usou um novo método de datação para analisar diretamente uma amostra de osso (não a rocha onde ele foi encontrado) de um dinossauro saurópode (Alamosaurus sanjuanensis) e determinou que esse osso tem 64,8 ± 0,9 milhão de anos, portanto, 700 mil anos mais jovem do que qualquer outro osso de dinossauro conhecido (relativo ao Paleoceno, primeira época do Paleógeno).[7:181-182]

Em 2015, um estudo desenvolvido pelo Dr. Tim Clarey explicou de que forma os dinossauros poderiam ter sobrevivido ao início da inundação e ter sido fossilizados em camadas mais tardias:

“Parece que os dinossauros foram capazes de sobreviver através do início do dilúvio no Ocidente simplesmente porque eles foram capazes de se reunir e se arrastar para os elevados terrestres remanescentes – lugares onde os depósitos sedimentares relacionados não são tão profundos – enquanto as águas da inundação avançavam. Dessa forma, os dinossauros conseguiram escapar do enterro no início do dilúvio.”[8]

Coletivamente, esses dados estabelecem que grande parte do Paleógeno e do Neogeno (conhecido anteriormente como Terciário) compôs a fase de recuo do grande dilúvio, colocando o limite dilúvio/pós-dilúvio no topo da megassequência de Tejas (Cenozóico Superior). Dados reais de rochas e outras evidências não apenas confirmam que houve um dilúvio global, como descrito na Bíblia, mas também nos ajudam a entender melhor seus estágios finais de deposição sedimentar. 

(Everton Alves)

Referências:
1. Austin SA, Baumgardner JR, Humphreys DR, Snelling AA, Vardiman L, Wise KP. Catastrophic plate tectonics: a global Flood model of earth history. In: Walsh RE (Ed.). Proceedings of the Third International Conference on Creationism. Pittsburgh, PA: Creation Science Fellowship, 1994, pp. 609-621.
2. Whitmore JH, Wise KP. Rapid and early post-Flood mammalian diversification evidences in the Green River Formation. In: Snelling AA (Ed.). Proceedings of the Sixth International Conference on Creationism. Pittsburgh, PA: Creation Science Fellowship, 2008, pp.449-457.
3. Oard MJ. Geology indicates the terrestrial Flood/post-Flood boundary is mostly in the Late Cenozoic. Journal of Creation 2013; 27(1):119-127.
4. Clarey T. The Ice Age as a mechanism for post-Flood dispersal. Journal of Creation 2016; 30(2):54-59.
5. Clarey TL. Local Catastrophes or Receding Floodwater? Global Geologic Data that Refute a K-Pg (K-T) Flood/post-Flood Boundary. Creation Research Society Quarterly 2017; 54(2):100-120.
6. Clarey T. Palo Duro Canyon rocks showcase Genesis Flood. Acts & Facts 2018; 47(7):10.
7. Alves EF. Revisitando as Origens. Maringá: NUMARSCB, 2018. 210p.
8. Clarey TL. Dinosaur Fossils in Late-Flood Rocks. Acts & Facts 2015; 44(2):16. Disponível em: http://www.icr.org/i/pdf/af/af1502.pdf