segunda-feira, setembro 10, 2018

Ter filhos transforma o cérebro das mulheres


Mais evidências de que homens e mulheres não são intercambiáveis

Homens e mulheres são tão diferentes assim? A resposta presumida por muitos de nossa cultura é “não”. Mas qualquer mulher que já teve um bebê pensa diferente. A ideia, inserida em nossa cultura por força da revolução sexual, de que homens e mulheres são basicamente iguais, com muito poucas diferenças externas, é agora amplamente considerada correta. O que eu chamo de movimento “revisionista de gênero” está a todo vapor. Alguns pais estão agora tentando até criar seus bebês como “theybies” [termo em inglês que junta o pronome eles/elas, porém sem definir o gênero, ao substantivo bebês], o que significa não “atribuir” um gênero masculino ou feminino a seus filhos até que eles tenham idade suficiente para escolher por si próprios.

O problema com a nova onda de gênero é que a ciência continua nos relembrando de que homens e mulheres são profundamente diferentes. E que devemos ser gratos por isso. Uma recente pesquina no Boston Globe ressaltou o quão visível é essa diferença em nível neurológico. Utilizando moderna tecnologia de imagem, pesquisadores conseguem observar o cérebro de grávidas e mães recentes, e testemunhar as mudanças de vida ímpares que ocorrem.

Essa extraordinária nova “descoberta” não é tida como surpresa por mulheres que experimentaram a gravidez. Chelsea Conaboy, por exemplo, confessou no artigo do Globe que sua tendência de ser preocupada em demasia aumentou muito após ter seu filho. Claro, para algumas mulheres, essas mudanças podem ser extremas e levar à depressão, e requerem tratamento. Mas para a vasta maioria a metamorfose da maternidade é saudável e essencial. Ela ajuda a moldar mulheres, como explica Conaboy, de forma mais “impetuosamente protetora, motivadas”, cuidadoras, “focadas na... sobrevivência do bebê e no bem-estar de longo prazo”.

Estamos agora descobrindo que o que está na origem dessa transformação é uma reestruturação radical do cérebro, que ocorre em praticamente todas as mulheres quando elas se tornam mães. Chamar a maternidade de um “grande evento” para a mãe é usar o termo atenuado do século. Mas a pesquisadora da Universidade de Rennes Jodi Pawluski esclarece que é também um “grande evento” para o cérebro.

Um artigo de 2016 publicado na Nature detalha como imagens do cérebro têm revelado mudanças dramáticas no volume de massa cinzenta em cérebros de mães recentes. Essas mudanças estão concentradas em regiões envolvidas em interação social e “teoria da mente”, que é a habilidade mental de “se colocar no lugar de outras pessoas”. Em outras palavras, o cérebro de mães recentes literalmente se reconfigura no sentido da empatia e da compreensão.

O grande aumento de hormônios associados com a gravidez e o nascimento parece disparar essas mudanças, e pode até equipar as mulheres para suportar melhor a privação do sono e as multitarefas que sempre acompanham o pequeno novo pacote de alegria.

Essa incrível transformação faz mais do que apenas manter o bebê seguro. De acordo com a neurocientista israelense Ruth Feldman, ela molda o cérebro do recém-nascido também. O conjunto de circuitos neurológicos básicos que nosso cérebro desenvolve quando nossas mães nos seguram e beijam pela primeira vez é o mesmo conjunto que posteriormente se “reconfigura” para nos conectar com amigos, esposa, e mesmo com companheiros de times esportivos. Nós literalmente carregamos as marcas do amor de nossas mães conosco por onde quer que andemos, pelo resto da vida.

Homens não experimentam essa renovação cerebral automática, induzida pelo nascimento. Ao invés disso, pesquisas sugerem que o cérebro dos pais é alterado por outra coisa: envolvimento. Quanto mais tempo um pai gasta cuidando do filho, “mais ativa se torna a rede parental em seu cérebro”. Enquanto os cérebros maternos se reconfiguram automaticamente, pais devem escolher moldar a si mesmos como pais protetores e cuidadores.

A neurociência moderna simplesmente não sustenta a ideia de dois sexos intercambiáveis e indistinguíveis que podem ser combinados de qualquer forma que quisermos. Ao invés disso, estamos tendo uma visão mais clara de dois sexos fundamentalmente diferentes, complementares, projetados para atuar em papéis exclusivos.

E agora que vemos o cérebro de mães em ressonâncias magnéticas, a imagem está mais clara do que nunca. Obrigado, mãe!

(The Christian Post, com tradução de Leonardo Serafim)