Os ictiossauros constituem
uma ordem de répteis marinhos, já extintos, que retratam certa semelhança morfológica
com os golfinhos.[1] Esses animais,
possuidores dos maiores olhos de todos os vertebrados, às vezes excedendo 25 cm
de diâmetro, habitaram os mares no mesmo período em que os pterossauros e os
dinossauros viveram na terra. O primeiro esqueleto de ictiossauro foi
descoberto em 1811, em Lyme Regis, uma das mais ricas localidades fósseis da
Inglaterra por Mary Anning. Na época, o enigmático crânio foi relacionado a um
“monstro marinho”. Mais tarde, em 1819, o esqueleto foi vendido para Karl
Dietrich Eberhard Koenig, do Museu Britânico de Londres, que sugeriu o nome Ichthyosaur (“lagarto peixe”) em
1817.[2] A ordem foi nomeada em 1835, por Henri Blainville, zoólogo francês que
cunhou o termo “paleontologia” em 1822. Desde então, vários fósseis bem
preservados foram encontrados, ajudando-nos a entender um pouco mais acerca desses
misteriosos animais. Hoje conhecem-se cerca de 50 gêneros desse vertebrado
marinho, encontrados em diferentes continentes. Apesar disso, ainda existem
alguns fatores que têm dividido opiniões no meio científico, especialmente
quando o assunto é a ancestralidade desses répteis.
Repensando
teorias
Anteriormente, os paleontólogos pensavam que
apenas um subconjunto de ictiossauros havia sobrevivido ao período Cretáceo, de
145 milhões a 66 milhões de anos atrás (segundo propostas evolucionistas).[4] Até recentemente pensava-se que os
ictiossauros houvessem declinado gradualmente na diversidade por causa de
múltiplos eventos de extinção durante o período Jurássico. Segundo darwinistas,
esses eventos sucessivos mataram todos os ictiossauros, exceto aqueles
fortemente adaptados à vida de natação rápida em mar aberto. Devido a esse
padrão, supunha-se que os ictiossauros estivessem em constante e rápida
evolução para se tornar nadadores de águas abertas cada vez mais rápidos.
Porém, uma equipe internacional de pesquisadores divulgou
recentemente uma nova espécie de ictiossauro que revoluciona a compreensão da
evolução e extinção desses antigos répteis marinhos. Essa descoberta foi publicada na renomada revista científica Nature, em dezembro de 2018, na qual um
fóssil de ictiossauro de 185 milhões de anos (conforme a cronologia
evolucionista) foi encontrado e, para a surpresa dos pesquisadores, apresentava
tecidos moles excepcionalmente preservados.[1]
O Stenopterygius foi encontrado
“primorosamente” fossilizado nas pedreiras de Holzmaden, no sul da
Alemanha.[2] Grande foi a surpresa dos pesquisadores ao perceberem a presença
de ondulações e pregas na pele do fóssil desse vertebrado marinho. Não
bastasse isso, verificaram, também, células contendo parte da pigmentação do
animal e vestígios químicos de gordura
fossilizada. A alegação mais polêmica do estudo está no fato de os cientistas
relatarem que o conteúdo possui traços de suas proteínas originais.[3]
Representações
fotográficas (superior) e diagramáticas (inferior) exibem detalhes do
Stenopterygius examinado no novo estudo. O crânio do animal está à esquerda.
A equipe analisou as amostras em um laboratório onde
tecidos de animais modernos são proibidos, para evitar qualquer tipo de
contaminação. “Podemos diferenciar os locais de ligação desses anticorpos, e as
ligações não são aleatórias”, diz Schweitzer. “Você não vê [anticorpos] de
queratina se ligarem a qualquer coisa. Eles apenas se ligam àquilo que
interpretamos como pele”.[3] “Não só é possível olhar para essas
estruturas e identificá-las em nível celular, como também encontrar traços das
proteínas originais – essa é a ponta do iceberg”, relata Benjamin Kear,
paleontólogo da Universidade de Uppsala e coautor do estudo.[3] Os cientistas
têm encontrado fósseis de ictiossauros contendo tecidos moles há mais de um
século. Para eles, isso é possível tendo em vista o local onde esses animais
ficaram enterrados: no fundo do mar, em sedimentos com pouco oxigênio.[3] Nesse
ponto, me vem à mente, automaticamente, “certo evento aquático”, catastrófico
que seria capaz de promover esse rápido soterramento, envolvendo tanta lama e
elevada pressão, e que por ter ocorrido em uma Terra “jovem”, justificaria
coerentemente a presença dos tecidos moles encontrados em excepcional estado de
preservação.
Outro estudo com ictiossauro,
“nadador fora do tempo”, sugere uma revisão das teorias sobre a “evolução” e
extinção das espécies desse gênero. Valentin Fischer, da Universidade de Liège,
na Bélgica, e seus colegas descreveram em 2013 uma espécie com características
arcaicas: Malawania anachronus, um
fóssil de 1,5 metro de comprimento.“O reconhecimento dessa ‘linhagem fantasma’
revela que dois grupos distantes de ictiossauros viviam no Cretáceo. Isso
desafia os pressupostos de que o baixo número e a diversidade de ictiossauros
durante esse período contribuíram para sua extinção.”[6] Os resultados
dessa pesquisa contradizem teorias anteriores, as quais sugerem que os ictiossauros
do período cretáceo foram os últimos sobreviventes de um grupo em declínio.
A novidade é que Malawania representa o último
membro conhecido de um tipo de ictiocossauro que os cientistas acreditavam ter
sido extinto durante o início do Jurássico (mais de 66 milhões de anos antes,
via cronologia darwinista).
A grande revolução que envolve esse
ictiossauro arcaico relaciona-se à sua estática evolucionária: “Eles parecem não
ter mudado muito entre o início do Jurássico e o Cretáceo, um feito muito raro na evolução dos
répteis marinhos”, relata o Dr. Fischer. “A descoberta de Malawania é semelhante à do
celacanto nos anos 1930: representa um animal que parece estar fora do tempo
para a sua idade. Este ‘fóssil vivo’ de seu tempo demonstra a existência de uma
linhagem que nunca tínhamos sequer imaginado”, acrescenta o pesquisador.
Isso indica que o suposto fim do
evento de extinção jurássico (via linha evolutiva) nunca ocorreu para os
ictiossauros, conjuntura que torna seu registro fóssil bem diferente do de
outros grupos de répteis marinhos. Quando visto em conjunto com a descoberta de
outro ictiossauro pela mesma equipe em 2012 e denominado Acamptonectes
densus, a descoberta do Malawania constitui
uma “revolução” no modo como os cientistas imaginam a suposta “evolução” e a
extinção do ictiossauro.
“Existe em
todas as coisas visíveis uma totalidade oculta” (Thomas Merton).
Nota: Diante dos estudos recentemente publicados, fica
evidente que a extinção final dos ictiossauros é ainda mais confusa para a
ciência do que se supunha previamente. Os resultados relatados pelos cientistas
fazem o dilúvio global, relatado em Gênesis, ser um acontecimento ainda mais
evidente. Ele responde de forma harmônica à questão da formação desses fósseis,
possibilitando o rápido soterramento e ausência de oxigênio, além de ser
compatível com uma cronologia não tão remota, em que seria coerente encontrar
nos registros fósseis tecidos moles contendo constituintes celulares,
sub-celulares e biomoleculares – verdadeiramente incompatíveis com a cronologia
proposta pela linha evolutiva, especialmente tendo em vista o tempo estimado
para a degradação dessas estruturas celulares e biomoleculares.
Até quando pesquisadores vão se deparar com a
verdade sem reconhecer os fatos expostos diante de seus olhos?
Gostaria de acreditar num futuro em que os
pesquisadores fossem compromissados com a verdade, seguindo as evidências aonde
quer que elas possam levá-los.
Concluo com o pensamento de um saudoso cientista:
“O que sabemos é uma gota; o que ignoramos é um oceano” (Sir Isaac Newton).
(Liziane Nunes Conrad Costa é formada em Ciências Biológicas com ênfase em Biotecnologia
[UNIPAR], especialista em Morfofisiologia Animal [UFLA] e mestranda em
Biociências e Saúde [UNIOESTE]. É diretora-presidente do Núcleo cascavelense da
SCB [Nuvel-SCB])
Referências:
Leituras sugeridas: