segunda-feira, fevereiro 11, 2019

O megatubarão

É comum recebermos perguntas sobre animais extintos e, normalmente, após algum filme famoso, essas perguntas crescem exponencialmente. Assistimos ao filme Meg, traduzido em português como Megatubarão, lançado em 2018, e decidimos responder algumas perguntas de leitores e fazer algum comentário sob a ótica criacionista.

Na fossa mais profunda do Oceano Pacífico a tripulação de um submarino encontra problemas, fica presa, não podendo emergir após ser atacada por uma criatura "pré-histórica" que achavam estar extinta: um tubarão de mais de 20 metros de comprimento, o megalodonte. Uma camada térmica (sulfeto de hidrogênio) isolava esse animal "pré-histórico" do restante do oceano. Quando perfuram a camada de gás, descobrem um novo mundo submarino com criaturas de "milhões de anos".

O filme não chega a ser um clássico trash como o "Sharknado", ou os demais filmes clichês de animais aquáticos que devoram tudo o que veem pela frente. É bem produzido, com alguns efeitos especiais bem encaixados. Têm duas cenas bem icônicas que merecem ser destacadas. Numa das primeiras cenas, a filha da cientista Suyin fica cara a cara com o Megalodonte, um sorriso através do vidro que mostra o tamanho da mordida do megatubarão. Outra é o peixe "pré-histórico" passando por baixo dos banhistas que curtiam um dia de sol.




Mas vamos deixar a ficção de lado. O Calycolpus megalodon ou megalodonte (dente enorme) representa o maior peixe carnívoro que já viveu, segundo informações do Museu de História Natural de São Francisco, nos EUA. Podia pesar quatro toneladas e medir de 20 a 30 metros. As informações sobre seu tamanho são extraídas de comparações com tubarões vivos e a relação entre o tamanho do dente e o comprimento total do corpo. Vértebras fósseis indicam o crescimento. Um tubarão branco tem entre cinco e seis metros de comprimento, por exemplo.[1]




O filme retrata esses animais como abissais, que habitam regiões profundas do oceano. O ponto mais fundo do oceano de que se tem conhecimento fica a 11.034 metros abaixo da superfície. Nessa profundeza seria impossível para os tubarões se alimentarem, já que animais grandes, como focas e leões marinhos, habitam regiões mais superiores. Comparando com os tubarões atuais, conhecemos cerca de 375 espécies que raramente ultrapassam dois mil metros de profundidade. O tubarão-duende, que até vive em uma região mais profunda, tem um metabolismo bem mais lento que o dos tubarões predadores. Um tubarão de 20 metros não poderia conseguir alimento suficiente em grandes profundidades como retrata o filme. Os tubarões comem cerca de 2% do peso corporal todos os dias; o megaladonte precisaria de 80 kg de alimento diariamente para sobreviver, sendo que uma foca comum pesa cerca de 60 kg.

Uma pergunta comum que os leitores fazem é se o megalodonte foi extinto ou se ainda vive ocultamente nos oceanos. Pelo fato de grande parte dos oceanos ser inexplorada, algumas pessoas acreditam que muitas criaturas ainda não foram descobertas; alguns mantêm a teoria de que elas foram extintas somente dez mil anos atrás.

Particularmente, gostaria muito que pudéssemos encontrar esses tubarões gigantes vivos, mas vejo que essas “espécies novas” se resumem a animais menores, ou espécies microscópicas. Levo em consideração o registro fóssil que nos mostra o desaparecimento dessa espécie e outros fatores comuns como condições de habitat (cadeia alimentar), avistamentos, e outras pistas credíveis para essa indagação.

Segundo informações do Museu de História Natural de São Francisco, a redução das temperaturas oceânicas no Plioceno pode ser uma razão para a extinção do megalodonte; outra possibilidade para a extinção dele é que suas espécies favoritas de presas, como as baleias, começaram a migrar para águas mais frias, onde os gigantescos tubarões não poderiam viver. Sabemos que esses tubarões comiam baleias porque temos fósseis de vértebras de baleias com dentes do megalodonte cravados.

Vértebra de baleia com dente de megalodonte

Mas existem muitas especulações sobre o quanto conhecemos dos oceanos. Pela primeira vez na história foi feito um censo da vida marinha, resultado de dez anos de pesquisa e mais de 540 expedições realizadas por 2.700 pesquisadores. Nesse censo, 120 mil espécies de animais foram documentadas, sendo que cerca de seis mil são novas descobertas.

O projeto calculou que o número total de criaturas marinhas descobertas até agora é de cerca de 250 mil. Esse número é considerado baixo, pois muitos biólogos marinhos estimam que o número de criaturas não microbianas seja de mais de um milhão. Cerca de 1.650 espécies novas são descobertas a cada ano, principalmente invertebrados e crustáceos, mas também muitos peixes.

O caranguejo “Yeti” também foi uma das descobertas: um crustáceo encontrado no Oceano Pacífico, ao sul da Ilha de Páscoa. Outras espécies como Bathykorus bouilloni (Água Viva Darth Vader) foram catalogadas na pesquisa.

Caranguejo Yeti

Água viva Darth Vader

No criacionismo, defendemos que Deus criou as espécies originais (baramins) e após isso elas se diversificaram. Dois eventos teriam colaborado de forma especial para essa mudança. O primeiro foi o evento da queda do ser humano, em que o pecado entrou no mundo, fazendo com que muitas coisas perfeitas passassem a ter outra natureza. E o segundo evento foi o dilúvio bíblico, que alterou as configurações de nosso planeta impulsionando uma série de fatores e mudanças.

O megalodonte realmente existiu; estão gravadas no registro fóssil as impressões dele. Um animal que dominava os oceanos e que era um gigante colossal.

Alex Kretzschmar

Referências:
[1] Klimley, A. Peter e David G. Ainley 1996. Grandes Tubarões Brancos: A Biologia do Carcharodon carcharias. San Diego: Academic Press.
http://www.coml.org/ – Senso da pesquisa marinha
http://www.iobis.org/ – Banco de dados de animais marinhos