quarta-feira, abril 03, 2019

Descoberta relaciona fósseis com impacto que teria dizimado os dinossauros


Reportagens publicadas no jornais eletrônicos da Deutsche Welle,[1] e no The Scientist,[2] ambos de 1º de abril de 2019, mencionam artigo científico publicado no periódico Proceedings of the Academy of Natural Sciences (PNAS) [3] – da descoberta de depósito fóssil, localizado em  Hell Creek,[1] no estado americano de Dakota do Norte, feita por um grupo de paleontologistas liderados por Robert DePalma, da Universidade do Kansas, associado, pela idade do depósito, ao impacto de Chicxulub.

Esse depósito fóssil, uma massa petrificada de peixes de água doce, vertebrados terrestres, árvores, galhos, troncos, amonites marinhos e outras criaturas,[1] e até âmbar derretido, também apresentou resíduos de impacto de asteroide, como esferas de vidro, chamadas de tektites,[2] cuja formação é atribuída às altas temperaturas geradas na explosão do asteroide, e que, pela idade da formação, 66 milhões de anos (de acordo com a teoria geológica), coincide com aquele que teria exterminado os dinossauros e 75% da vida na Terra.

Alguns dos peixes teriam ingerido os tectitos (as minúsculas esferas de vidro) do impacto do asteroide de Chicxulub. Os tectitos estavam em cerca de 50% dos peixes, embutidos em suas guelras.[2] Também encontraram traços de irídio, um metal associado a asteroides metálicos, mas quase inexistente na crosta da Terra. As evidências apontam para o impacto de Chicxulub, na Península de Yucatan, no México.

Os autores do estudo relatam que o impacto gerou terremoto com magnitude 10 ou 11, tsunami, além de ondas seiche,[4] que fizeram oscilar os movimentos de água dos lagos, baías ou golfos, chegando a cerca de três mil quilômetros do local do impacto em algumas horas.

Os pesquisadores inferem que existia um mar interior no continente, e que as ondas seiche geradas levaram turbulência aos sedimentos, soterrando imediatamente os organismos (além das árvores), como uma avalanche líquida que desmorona e, quando consolidada, fica como concreto. Os animais foram mortos de repente, não foram esmagados, mas um peixe foi partido ao meio pela violência do impacto. A sedimentação foi rápida, preservando a estrutura tridimensional.

É relatado ainda que foi encontrado um osso de dinossauro[2] no local, associando-o à extinção em massa ocorrida no limite K-Pg (Cretáceo-Paleogeno). Além disso, outros estudos, citados no artigo na PNAS,[3] dão conta dos efeitos catastróficos associados ao impacto do asteroide, levando à extinção em massa no primeiro Cenozoico: vulcanismo induzido por impacto, terremotos, mudança atmosférica climática mundial, ondas seiches (ondas harmônicas que podem se desenvolver em grandes massas de água[3]), megatsunami (mais de cem metros de altura).

Phil Manning,[2] coautor do artigo na PNAS, da Universidade de Manchester, disse à BBC: “É um dos locais mais importantes do mundo agora.”

Nota: Destaco que o modelo histórico-científico do dilúvio bíblico suporta impactos de asteroides na sua origem, proposto por outros criacionistas, deflagrando uma cascata de causa-efeito, levando à extinção em massa relatada no livro do Gênesis, da Bíblia judaico-cristã. Aliás, a extinção em massa relatada no dilúvio tem primazia na afirmação de tal evento, sobre as seis teorias de extinção em massa propostas pela paleontologia/biologia/geologia.

As evidências relatadas no artigo da PNAS por Robert DePalma et al. estão, portanto, enquadradas dentro da cosmovisão criacionista bíblica de um dilúvio global, deflagrado por uma chuva de asteroides, e não apenas um grande impacto.

Ressalto que é atribuída ao impacto de Chicxulub uma potência explosiva equivalente à de 96 teratoneladas de TNT,[5] pelo menos dois milhões de vezes mais potente que a maior bomba já construída e detonada na Terra, a Tsar (que atingiu 50 megatoneladas de TNT de poder explosivo).

Que nível de destruição planetária poderíamos esperar de mais de uma centena de impactos, alguns muito maiores do que Chicxulub, conforme se observa nas 190 crateras de impacto já confirmadas na Terra?[6]

Celio João Pires é pesquisador e autor de livros criacionistas

Referências:

[1] Fósseis retratam dia em que asteroide matou os dinossauros. Ciência. Deutsche Welle. Disponível em: www.dw.com/pt-br/fósseis-retratam-dia-em-que-asteroide-matou-os-dinossauros/a-48146017. Acesso em: 2.4.2018.
[2] Hou, Chia-Yi. Animals in North Dakota Died from Chicxulub Asteroid in Mexico. The Scientist. Disponível em: www.the-scientist.com/news-opinion/animals-in-north-dakota-died-from-chicxulub-asteroid-in-mexico-65684. Acesso em 2.4.2019.
[3] Proceedings of the Academy of Natural Sciences - PNAS. www.pnas.org/content/early/2019/03/27/1817407116. Acesso em: 2.4.2019.
[4] Seicha. Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Seicha. Acesso em: 2.4.2019.
[5] Cratera de Chicxulub. Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cratera_de_Chicxulub. Acesso em: 2.1.2019.
[6] List of impact craters on Earth. Wikipedia. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_impact_craters_on_Earth. Acesso em: 2.1.2019.