sexta-feira, maio 31, 2019

Marcelo Gleiser: panteísta?


Em março, publiquei aqui no blog Criacionismo.com.br e no meu canal no YouTube um texto e um vídeo nos quais comentei a respeito da premiação do físico brasileiro Marcelo Gleiser com o Prêmio Templeton 2019. No passado, Gleiser se declarou ateu, e por isso a premiação causou certa estranheza, afinal, o Prêmio Templeton é uma espécie de “Oscar da espiritualidade”, ou seja, reconhece desde 1972 pessoas que, na opinião dos juízes, deram “uma contribuição excepcional para a afirmação da dimensão espiritual da vida, seja por meio de introspecção, descoberta ou trabalhos práticos”. Além de Gleiser, Madre Teresa, Dalai Lama, o Arcebispo Desmond Tutu e outros figuram no rol dos laureados.

Em março, eu disse que, como brasileiro, sinto-me orgulhoso pela conquista de Gleiser. Como admirador de seu primeiro livro A Dança do Universo (que li logo após seu lançamento, nos anos 1990), alegro-me com ele por essa premiação. Mas, como criacionista, não posso me esquecer das muitas críticas que ele fez ao modelo conceitual que eu advogo há quase 30 anos. A pior delas foi chamar de “criminosos” os que ensinam o criacionismo (confira). Mas tudo bem. Quem sabe sejam águas passadas, já que o físico tem se mostrado bem mais flexível em assuntos de fé, talvez até mesmo motivado pela premiação.

Prova disso foi que na quarta-feira (29), durante a entrega do prêmio e do polpudo cheque de mais de cinco milhões de reais, Gleiser disse o seguinte: “Mantenho a mente aberta para surpresas. Depende do que você chama de Deus. Tem gente que diz que é a natureza. Então, se Deus é a natureza, eu sou uma pessoa religiosa.” Assim, de ateu ou agnóstico, Gleiser passa a ser uma espécie de panteísta – aqueles que veem deus “diluído” na natureza. Ao mesmo tempo que continua provavelmente resistindo à existência de um Deus pessoal como o bíblico, Gleiser abre-se para a devoção ao deus natureza dos panteístas.

Espero que a mente brilhante do físico continue aberta para supressas, e que logo ele possa realmente ter uma grande surpresa, como tiveram homens da ciência e da filosofia como Francis Collins e Antony Flew, ateus expoentes em seus campos de atuação que acabaram por reconhecer a existência de Deus – não o deus-natureza, mas o Criador dela.

Michelson Borges