Em março, publiquei aqui no blog Criacionismo.com.br
e no meu canal no YouTube um texto
e um vídeo nos quais
comentei a respeito da premiação do físico brasileiro Marcelo Gleiser com o
Prêmio Templeton 2019. No passado, Gleiser se declarou ateu, e por isso a
premiação causou certa estranheza, afinal, o Prêmio Templeton é uma espécie de “Oscar
da espiritualidade”, ou seja, reconhece desde 1972 pessoas que, na opinião dos
juízes, deram “uma contribuição excepcional para a afirmação da dimensão
espiritual da vida, seja por meio de introspecção, descoberta ou trabalhos
práticos”. Além de Gleiser, Madre Teresa, Dalai Lama, o Arcebispo Desmond
Tutu e outros figuram no rol dos laureados.
Em março, eu disse que, como
brasileiro, sinto-me orgulhoso pela conquista de Gleiser. Como admirador
de seu primeiro livro A Dança do
Universo (que li logo após seu lançamento, nos anos 1990), alegro-me
com ele por essa premiação. Mas, como criacionista, não posso me esquecer das
muitas críticas que ele fez ao modelo conceitual que eu advogo há quase 30
anos. A pior delas foi chamar de “criminosos” os que ensinam o criacionismo (confira). Mas tudo bem. Quem sabe sejam águas passadas, já
que o físico tem se mostrado bem mais flexível em assuntos de fé, talvez até
mesmo motivado pela premiação.
Prova disso foi que na quarta-feira
(29), durante a entrega do prêmio e do polpudo cheque de mais de cinco milhões
de reais, Gleiser disse o seguinte: “Mantenho a mente aberta para surpresas. Depende do que
você chama de Deus. Tem gente que diz que é a natureza. Então, se Deus é a
natureza, eu sou uma pessoa religiosa.” Assim, de ateu ou agnóstico, Gleiser
passa a ser uma espécie de panteísta – aqueles que veem deus “diluído” na
natureza. Ao mesmo tempo que continua provavelmente resistindo à existência de
um Deus pessoal como o bíblico, Gleiser abre-se para a devoção ao deus natureza
dos panteístas.
Espero que a mente brilhante do físico continue aberta para supressas,
e que logo ele possa realmente ter uma grande surpresa, como tiveram homens da
ciência e da filosofia como Francis Collins e Antony Flew, ateus expoentes em
seus campos de atuação que acabaram por reconhecer a existência de Deus – não o
deus-natureza, mas o Criador dela.
Michelson Borges