segunda-feira, agosto 05, 2019

Minotauros modernos?


Uma breve reflexão sobre o progresso das pesquisas com hibridização

Recentes notícias têm divulgado as pesquisas realizadas com embriões de animais híbridos com células-tronco humanas, tendo ficado conhecida uma hibridização entre humano e macaco. As pesquisas são realizadas em países orientais com o apoio de instituições europeias e norte-americanas. Qual o objetivo dessas pesquisas? Fazer com que os animais desenvolvam órgãos humanos que possam ser utilizados em transplantes para humanos, resolvendo, assim, a grande demanda existente por esses órgãos. Entretanto, existem pesquisadores que comentam estarem achando os experimentos mais interessantes que os próprios benefícios que poderiam ser obtidos.

Ao mesmo tempo, questões bioéticas são levantadas, como a possibilidade da transferência para humanos, através desses órgãos, de DNA viral presente unicamente em animais, causando novas doenças. Outra séria implicação ética é a possibilidade do desenvolvimento de um sistema nervoso central nesses animais a partir de células-tronco humanas.

Os dados científicos apontam fortemente que a mente humana é formada por meio da atividade do cérebro, o qual possui funções cognitivas especiais, como uma percepção racional única da própria existência, a interpretação do significado das emoções, inteligência e raciocínio muito elevados, capacidade excepcional para comportamentos como a moralidade, entre outros. Essas características funcionais do cérebro humano, desenvolvidas a partir de sua programação genética, formação estrutural e conexões neuronais químicas e elétricas trabalhando incessantemente, formam o que chamamos de consciência humana.

O que aconteceria se um desses animais desenvolvesse funções cognitivas semelhantes às humanas? Tente imaginar um ser com uma consciência semelhante à humana, mas no corpo de um macaco ou de um porco. Creio que poderíamos considerar como o auge das aberrações, e o Planeta dos Macacos poderia estar mais próximo do que se imaginava!

Para escapar das implicações éticas, os pesquisadores ressaltam que nenhum embrião é levado a mais de 14 dias de vida. Sendo assim, tempo insuficiente para o desenvolvimento de tecido nervoso. Relatam também que o material genético é editado para que os vírus não consigam passar para as células humanas nem as células-tronco se diferenciarem em tecido neural.

Ainda assim, tomando todos esses cuidados, precisamos lembrar que a biologia e a medicina não são ciências exatas, justamente por não conhecermos todas as variáveis envolvidas. E imprevistos podem, nesse caso, gerar as gravíssimas consequências mencionadas acima.

De todo modo, os cientistas reconhecem que para as pesquisas avançarem a qualquer momento terá que ser permitido o desenvolvimento completo do embrião. E o Japão acaba de fazer isso, liberando o nascimento desses seres híbridos.

Mesmo que as alegadas medidas de segurança continuem sendo seguidas e sejam funcionais, qual passo será tomado quando se obtiver sucesso em produzir os órgãos atualmente desejados? Afinal, células-tronco neurais humanas já vêm sendo enxertadas no cérebro de roedores em pesquisas sobre regeneração cerebral.

Izpisúa, um dos principais pesquisadores nessa área, relata que “a história nos mostra repetidas vezes que, com o tempo, nossos parâmetros éticos e morais mudam e se transformam, como o nosso DNA, e o que ontem era eticamente inaceitável, se isso realmente significar um avanço para o progresso da humanidade, hoje já é parte essencial de nossas vidas”.

A cosmovisão criacionista não compactua com o mesmo ponto de vista do pesquisador mencionado acima. Criacionistas não só acreditam, como possuem evidências científicas de que existe um padrão moral universal e imutável. E se o progresso científico esbarra nesses princípios, é a metodologia científica que deve mudar e se adaptar aos padrões morais, e não o oposto. Criacionistas sabem também que pesquisas antiéticas não serão suficientes para salvar a humanidade, mas que essa salvação vem por meio dAquele que lá no Gênesis já avisou que pisaria na cabeça da serpente.

(Roberto Lenz Betz é médico neurologista e atual diretor do Núcleo Curitibano da Sociedade Criacionista Brasileira)