quarta-feira, fevereiro 22, 2012

Mistério da mitose é desvendado

O cientista Tomomi Kiyomitsu usou seus poderes de observação para resolver um quebra-cabeça que tem intrigado muitos pesquisadores, por muitos anos: em uma célula que está passando pelo processo de mitose, que eventos internos fazem com que os cromossomos se alinhem em um eixo central? “As pessoas têm procurado em proteínas e agentes da mitose por décadas, e nenhuma observou o que Tomomi conseguiu”, afirma o cientista Iain Cheeseman. “E é muito claro que essas coisas estão acontecendo. Mas nunca alguém olhou com os olhos cuidadosos dele”. O processo de mitose celular tem sido estudado intensamente por mais de 50 anos. Usando microscopia fluorescente, os cientistas conseguem, hoje, ver a “guerra” [a palavra “maravilha” seria mais bem empregada] que acontece internamente durante a mitose. Proteínas ramificadas, como microtúbulos, ficam em um dos polos da célula e tentam se ligar aos cromossomos duplicados. Essa estrutura tenta distribuir fisicamente os cromossomos, com a ajuda de outros mecanismos celulares [sem a ajuda desses “outros mecanismos”, portanto, a coisa não funcionaria, lembre-se disso].

A mitose é um processo extremamente preciso; quando o assunto é manipular o DNA, as células são obsessivas [como elas são inteligentes, não?], e com razão. Ganhar ou perder um cromossomo [apenas um!] durante uma divisão celular pode levar à morte da célula, a distúrbios de crescimento ou até ao câncer.

Conforme Kiyomitsu observava a mitose em células humanas, ele percebeu que quando o eixo oscilava entre o centro da célula, a proteína dineína se alinhava no córtex celular no lado contrário do fuso. Se o fuso se movia para a esquerda, a dineína ia para a direita, e assim por diante. Para Kiyomitsu, a chave para o mistério do alinhamento é a dineína, que é conhecida como a proteína que “leva” as cargas moleculares pelos microtúbulos. Kiyomitsu determinou que, nesse caso, a dineína está ancorada ao córtex celular por um complexo que inclui outras proteínas. Ao invés de se mover pelos microtúbulos astrais, a dineína age como um guindaste no polo do eixo.

Kiyomitsu descobriu que quando o eixo dos cromossomos chega muito perto do córtex celular, um sinal enviado por uma proteína chega ao polo do eixo e “rebate” a dineína até o outro polo. Essas oscilações diminuem até que o eixo se forme no centro da célula.

Kiyomitsu comenta que esse processo é crucial para as células. “A orientação do eixo é importante para manter o balanço entre as células-tronco e as maduras durante o desenvolvimento. Se esse processo ficar desregulado, já sabemos que pode contribuir para o surgimento de um câncer, mesmo que os cromossomos estejam divididos de maneira correta”.


Nota: Gostaria de propor outro mistério para os “poderes de observação” dos cientistas: O que ou quem teria criado esse intrincado mecanismo da mitose? Se esse processo for menos elaborado do que é (a ponto de levar a distúrbios de crescimento, câncer e à morte), como conceber a ideia de que tenha “surgido” com toda essa complexidade irredutível necessária para que a “primeira célula” pudesse se multiplicar sem desandar a fórmula da vida logo no seu início? E antes de a dineína “surgir”, o que agiria como “guindaste” no polo do eixo da célula? Mas a dineína está ancorada ao córtex celular por um complexo que inclui outras proteínas; além disso, deve existir outra proteína específica para enviar o sinal para a dineína a fim de que ela corrija as oscilações que, sem todo esse ajuste fino, levariam à morte da célula. Como tudo isso teria surgido? Por que, com tantas probabilidades em contrário, a vida “deu certo” e continua existindo? Pelo visto, o mistério ainda não foi desvendado (pelos darwinistas, claro).[MB]