domingo, fevereiro 26, 2012

Paganismo natalino?

Sabemos que a comemoração do Natal foi estabelecida no quarto século, em substituição do Dies Natalis Solis Invicti­. Portanto, para nós, que conhecemos a Bíblia e a História, essa data não tem um sentido religioso ou litúrgico, como outros grupos a encaram. Contudo, ela tem um sentido social e pode ser aproveitada para o bem, sim. Além de ser um ponto de contato e uma oportunidade de testemunho, não faz o menor sentido nos fecharmos num casulo e apontarmos o dedo contra o mundo desnecessariamente. Cheira a fanatismo. Em vez de anular o Natal, podemos aproveitá-lo como uma oportunidade de fazer as pessoas pensarem em Cristo, em vez de em Papai Noel, presentes e comida.

Outro ponto: a ligação entre Asera e a árvore de Natal é um absurdo digno de Dan Brown, que ligou absurdamente Jesus à dinastia merovíngia, na França. Infelizmente, hoje na internet encontramos muitos pseudoespecialistas que produzem verdadeiros Frankensteins históricos e religiosos, ligando coisas que não têm absolutamente nada a ver. A ênfase nos Profetas não era à adoração a uma árvore, mas debaixo de uma árvore. Em grande parte, porque árvores também eram formas de abrigo, tanto que a juíza Débora atendia debaixo de uma árvore (Jz 4:5). Ainda hoje existem igrejas inteiras que se reúnem debaixo de árvores na África, simplesmente porque não têm um teto. O problema não era a árvore nem estar debaixo dela, mas o que eles faziam ali – adorar a Asera e a uma multidão de deuses.

Ao longo da história religiosa, encontramos símbolos e costumes que adquiriram novos significados como, por exemplo, a circuncisão. Ela já existia entre povos gentios, mas Deus a tomou e deu um novo significado para a descendência de Abraão. Da mesma forma, por mais que o Natal tenha tido essa origem indigna, adquiriu novo significado com o tempo, e o bom senso cristão nos ajuda a usar essa data para o bem.

É lógico que podemos errar, se nos rendermos ao Natal que o mundo comemora, ficando com a festa e deixando Cristo de lado. Mas podemos, sim, aproveitá-la para o bem no lar, unindo a família e levando amor aos desvalidos.

(Diogo Cavalcanti, pastor, jornalista e editor na Casa Publicadora Brasileira)