segunda-feira, dezembro 29, 2008

30% dos docentes ingleses são a favor do criacionismo

Mais de um quarto dos professores de ciências das escolas públicas da Grã-Bretanha acredita que o criacionismo deveria ser ensinado com a Teoria da Evolução nas escolas, de acordo com uma pesquisa realizada com profissionais do ensino fundamental e médio do país. Foram ouvidos 923 docentes e outros 65% discordaram da inclusão das explicações religiosas para a origem do Universo no currículo escolar. Os 29% que se disseram a favor concordaram com a frase apresentada pela pesquisa: "O criacionismo deveria ser ensinado nas aulas de ciências com as teorias do Big Bang e da Evolução." A maioria dos professores (73%), no entanto, respondeu que o tema poderia ser debatido em sala de aula ao se falar sobre evolução e Big Bang.

Alguns cientistas ingleses ficaram surpresos com o resultado da pesquisa porque consideraram alto demais o número de professores dispostos a incluir explicações religiosas no currículo [talvez porque não entendam que o criacionismo também pode ser apresentado de maneira científica, deixando seus componentes religiosos, quem sabe, para as aulas de religião]. O mais conhecido biólogo evolucionista da Grã-Bretanha e um secularista de destaque, Richard Dawkins, classificou o resultado como uma "vergonha nacional" [novidade...].

Os professores que defendem o ensino do criacionismo também se posicionaram contra a orientação do governo quanto ao assunto, cujo texto diz que "o criacionismo e a criação inteligente não fazem parte do currículo dos programas nacionais para o ensino de ciências e não devem ser ensinados como forma de ciência".

A pesquisa também indica um forte apoio às opiniões do ex-diretor de educação da Royal Society, Michael Reiss. Ele renunciou ao cargo em setembro por causa da polêmica causada pelas suas opiniões a favor do criacionismo nas escolas.

Reiss comentou a pesquisa e disse que as aulas de ciências nas escolas oferecem "uma fantástica oportunidade" para que os estudantes de todas as idades sejam apresentados ao pensamento científico sobre as origens do universo e da evolução da vida. "Alguns estudantes apresentam crenças criacionistas. A tarefa daqueles que ensinam ciências é, portanto, ensinar a ciência garantindo que tais estudantes sejam tratados com respeito." [Nota dez para Reiss. Ensinar o contraditório é uma ótima maneira de estimular o raciocínio e a visão crítica. Mas a turma do Dawkins quer ver apenas soldadinhos de chumbo em lugar de estudantes que pensam.]

Reiss diz que o criacionismo não deveria ser tratado como equívoco, mas como visão de mundo. "O simples fato de uma determinada coisa não ter fundamento científico [o que não é o caso do criacionismo] não me parece ser razão suficiente para justificar a exclusão do tema de uma aula de ciências."

No Brasil, recentemente, o Colégio Mackenzie e outros de religião batista [e adventista] causaram polêmica ao incluir o criacionismo em aulas do ensino fundamental. O Ministério da Educação (MEC) se posicionou contra a decisão. [Leia sobre isso aqui.]

(Estadão)

Nota: Os comentários entre colchetes são todos meus.[MB]