sexta-feira, novembro 08, 2013

Jornalismo da Novo Tempo dá exemplo de isonomia

Cobertura imparcial de TV criacionista
Com exceção da revista IstoÉ e do jornal Destak, de Campinas, a única emissora de TV que deu cobertura ao imbróglio ocorrido em função do cancelamento do fórum das origens na Unicamp foi a Novo Tempo (veja aqui o vídeo). E não só isso: a despeito de ser uma TV adventista e, portanto, confessional, ela deu exemplo de imparcialidade e isonomia. No último sábado, 26 de outubro, foi veiculada uma reportagem com duas entrevistas, uma com o físico ateu e professor da Unicamp Leandro Tessler, e outra com o arqueólogo adventista e professor do Unasp Rodrigo Silva (ambos tiveram cerca de 10 minutos para falar, sem cortes). O autor da reportagem e editor executivo da Novo Tempo Bruno Elmano Lemos disse: “Cumprimos nossos objetivos, tanto ao deixar nosso telespectador bem informado, quanto ao respeitar os entrevistados, tendo sempre por base a ética jornalística. Os dois entrevistados sabiam como seria feito o debate, aceitaram as condições, que inclusive foram estabelecidas pensando em manter exatamente a isonomia e outros preceitos básicos. O professor Tessler se mostrou satisfeito e ainda postou o link da reportagem em seu próprio blog, definindo o material como ‘equilibrado’.”

O gerente de jornalismo da emissora, Wagner Cantori, revela: “Conversamos bastante [sobre a pauta] para tentar ser o mais isentos possível no tratamento do assunto, e acredito que o resultado foi bastante positivo.” O coordenador do Núcleo de Jornalismo, André Leite, reforça: “Aqui no Jornalismo da Novo Tempo, estamos preocupados com a qualidade dos materiais e informações veiculadas, bem como com a pluralidade das opiniões. Ah, e claro, como qualquer bom jornalista, preocupados com a verificação da veracidade das informações antes de compartilhá-las.”

Quanto à cobertura da revista IstoÉ, a matéria em si também foi equilibrada e neutra (confira aqui). Mas o subtítulo traz a informação errada de que o evento seria “religioso”, e já expliquei aqui no blog que não se tratava disso. Outro detalhe me chamou a atenção: o posicionamento da matéria na revista. Exatamente antes dela, há uma reportagem investigativa de seis páginas sobre as falcatruas do “apóstolo” neopentecostal Valdemiro Santiago, egresso da Igreja Universal do Reino de Deus e fundador da Igreja Mundial do Poder de Deus, envolvido até o pescoço em acusações de lavagem de dinheiro, calotes e enfrentando quadrilhas de pastores ladrões (aliás, infelizmente, esse foi o assunto de capa da edição). Duas páginas depois da matéria sobre o fórum da Unicamp, um anúncio de duas páginas diz: “Continue macaco”, e traz a clássica imagem da “escadinha” dos hominídeos “evoluindo”. O texto afirma: “Nós humanos também temos perdido algo muito importante que já existia em nós desde os tempos em que éramos macacos.”


Sei lá... Fiquei desconfiado. De alguma forma, parece que essa disposição de temas acaba reafirmando a teoria da evolução e passando a ideia de que as religiões não prestam. Mas pode ser coisa da minha cabeça...

De qualquer forma, parabéns à Novo Tempo pelo exemplo de jornalismo e à IstoÉ, pela tentativa.

Michelson Borges 

Em tempo: Vale a pena ler o artigo "O cancelamento do evento criacionista na Unicamp", de Marcio Campos, no site do jornal Gazeta do Povo.