Uma notícia triste (mais uma neste mundo que
afunda) chocou o Brasil nesta semana. Cinco pessoas da mesma família foram
encontradas mortas na noite de segunda-feira, dia 5, dentro da casa em que
moravam, na Brasilândia, Zona Norte de São Paulo. Entre os mortos, estavam dois
policiais militares – o sargento Luis Marcelo Pesseghini, 40 anos, e a mulher
dele, a cabo Andreia Regina Bovo Pesseghini, 35 anos. O filho do casal, Marcelo
Eduardo Bovo Pesseghini, 13 anos, também foi encontrado morto, assim como a mãe
de Andreia, Benedita Oliveira Bovo, 65 anos, e a irmã de Benedita, Bernardete
Oliveira da Silva, 55 anos. A investigação
descartou que o crime tenha sido um ataque de criminosos aos dois PMs e passou
a considerar a hipótese de uma tragédia familiar: o garoto teria atirado nos
pais, na avó e na tia-avó e cometido suicídio. A teoria foi reforçada pelas
imagens das câmeras de segurança da escola onde Marcelo estudava: o adolescente
teria matado a família entre a noite de domingo e as primeiras horas de
segunda-feira, ido até a escola com o carro da mãe, passado a noite no veículo,
assistido à aula na manhã de segunda e se matado ao retornar para casa.
O
pai de um colega de escola do estudante Marcelo Eduardo Bovo Pesseghini, 12,
contou à polícia que deu carona para o menino na segunda-feira, depois de ele
frequentar as aulas no colégio Stella Rodrigues, na Zona Norte de SP. Segundo
informações da polícia, essa testemunha disse que parou na porta da casa da
família de Marcelo Eduardo, na Brasilândia (zona norte), e buzinou para chamar
os pais do menino. A criança, porém, teria dito para ele não buzinar, pois o
pai estaria dormindo. Em seguida, ele se despediu do pai e do colega e entrou
no imóvel. Em entrevista ao SPTV, da Rede Globo, o comandante da PM, Benedito
Roberto Meira, disse que a perícia aponta que as vítimas já estavam mortas
nesse momento e que o menino cometeu suicídio em seguida.
Todas
as vítimas foram assassinadas com um tiro na cabeça com a pistola calibre 40 de
Andrea. A arma foi encontrada embaixo do corpo de Marcelo Eduardo. Segundo o
comandante, o menino era canhoto e o disparo foi feito do lado esquerdo da sua
cabeça. De acordo com o comandante da PM, não há sinais de arrombamento na casa
e nada foi levado da família.
Um
detalhe mencionado na reportagem do site Folha.com me chamou a atenção: o
menino utilizava no seu perfil do Facebook a imagem do protagonista da série de
videogames chamada Assassin’s Creed.
No jogo, que se passa durante o Renascimento, o personagem faz parte de uma
seita de assassinos e pretende vingar a morte de seus familiares.
Antes
que os críticos de plantão me condenem, quero deixar claro que não acredito
(obviamente) que todas as crianças que gostam de jogos violentos se tornarão assassinas
nem que todos os fãs de filmes sanguinários sairão por aí matando gente. Não é isso. Mas
não dá para negar que existem muitas coincidências quando o assunto é
assassinato e consumo de mídias violentas. Em anos mais ou menos recentes, temos
tomado consciência de várias tragédias como a que se abateu sobre a família Pesseghini e, em muitas delas, seus
protagonistas tinham contato com essas mídias violentas.
Sinceramente, não sei o que passa na cabeça
de gente que desenvolve videogames
cujo objetivo é matar, decepar, trucidar. E há aos montões esse tipo de coisa
no mercado. As crianças se entretêm derramando sangue, ainda que virtual. Mas
quem garante que esse tipo de comportamento não vai ser reproduzido na vida
real? Parece que exemplos não faltam. E a coisa é ainda pior quando há armas ao
alcance.
Como tenho certeza de que videogames violentos não deixarão de ser
vendidos tão cedo (essa é uma indústria multibilionária e a “liberdade
artística” está a favor dela), cabe aos pais acompanhar o que os filhos têm
feito em seus momentos de lazer. O tempo é precioso. A mente de nossas crianças
é valiosa. Por isso, vale a pena todo e qualquer esforço para direcioná-las a
entretenimentos sadios e, sobretudo, para passar momentos de qualidade com
elas, em família, valorizando a ética, a bondade e o respeito pela vida humana –
real ou virtual.[MB]
(Com informações do
portal UOL e do site Folha.com)
Nota:
Não quero posar de exemplo, longe disso. Quero apenas partilhar uma experiência
ocorrida dia desses com minhas filhas. Elas me pediram para baixar o aplicativo
de um joguinho “inocente”, com um menino que corria pelas ruas, saltando
obstáculos e acumulando pontos ao pegar não me lembro o que (e também não me
lembro do nome do jogo). Baixei o tal aplicativo gratuito e quando elas foram
iniciar o jogo, vi que o motivo que faz o menino correr pelas ruas é totalmente
reprovável: ele picha uma parede e foge da polícia. Fechei o jogo e expliquei
para as meninas que isso não é passatempo para pessoas que desejam ter um bom
caráter. Perguntei: “Vocês acham que é certo o que o menino fez? Fugir da
polícia é um bom motivo para um jogo?” Elas entenderam e imediatamente
deletamos o aplicativo infeliz. Não devemos fazer virtualmente aquilo que não
aprovaríamos na vida real. Além disso, aqui vai uma dica (se lhe for útil):
meus filhos sabem que somente podem jogar alguma coisa depois de ler alguns
capítulos de um bom livro. Esse ainda é o melhor passatempo.[MB]