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Sofisticação e design inteligente |
Todos os seres vivos são constituídos por células. Essa foi uma das
primeiras generalizações feitas no estudo da vida. Como afirmou o biologista
celular E. B. Wilson, “a chave para qualquer problema biológico tem que ser
procurada, em última instância, na célula; pois todo o organismo vivo é, ou já
foi um dia, uma célula”. Parafraseando Dobzhansky, poderíamos dizer que nada
nos seres vivos faz sentido, a não ser à luz da Biologia Celular! Mas do que
são formadas essas maravilhas microscópicas? As células são didaticamente
divididas em três partes principais: membrana, citoplasma e núcleo. A membrana é
uma película constituída por lipídios e proteínas que realiza a importante
função da permeabilidade seletiva, ou seja, permite a entrada e saída de
elementos necessários à sobrevivência da célula. Para isso, a dupla camada de
lipídios que a constitui precisa ser penetrada por canais altamente seletivos
formados por proteínas, as quais permitem que substâncias específicas sejam
importadas ou exportadas da célula. Ou seja, a membrana lipídica sem
suas proteínas e canais só permitiria que a água entrasse na célula, mantendo
os nutrientes fora dela. Nesse sentido, os lipídios sem as proteínas para atuar
conjuntamente, não podem formar um ser vivo, por mais simples que seja, fato
que constitui uma evidência importante de que a arquitetura celular foi cuidadosamente
planejada para o funcionamento adequado de toda a estrutura.
No entanto,
experimentos desenvolvidos por cientistas evolucionistas sugerem a hipótese de
que as membranas lipídicas precederam o DNA ou a síntese proteica. Em termos
químicos, toda substância orgânica apresenta uma tendência à dissolução
espontânea muito maior do que à montagem espontânea; ou seja, esses protótipos lipídicos,
ou mesmo proteicos, se invertêssemos a ordem de surgimento, se degradariam ao
invés de se transformar em substâncias mais complexas, haja vista que as
condições da atmosfera primitiva descritas pelos evolucionistas eram extremamente
inóspitas e hostis.
Em 1996,
o Dr. Michael J. Behe, professor de bioquímica na Universidade de Lehigh na
Pensilvânia, publicou um livro desafiador para a evolução darwiniana clássica,
intitulado A Caixa Preta de Darwin.
Nesse livro, ele usa uma estrutura presente na membrana de células bacterianas para
introduzir o conceito de “complexidade irredutível”: o flagelo. O autor afirma:
“Se um sistema requer várias partes estreitamente condizentes para funcionar,
então ele é irredutivelmente complexo e podemos concluir que foi produzido como
uma unidade integrada.” E conclui afirmando que todas as partes de um flagelo
bacteriano definitivamente precisavam estar presentes desde o princípio, a fim
de que ele pudesse funcionar adequadamente, caso contrário, ele não funcionaria.
Assim
como a estrutura da membrana descrita anteriormente, esse é só um pequeno
exemplo do que Michael já havia concluído: as células são complexos
irredutíveis, elas não poderiam ter evoluído por meio da seleção natural,
simplesmente porque não funcionariam sem todas as suas partes. Ademais, segundo
a teoria da evolução, qualquer componente que não oferece uma vantagem para o
organismo, ou seja, não funciona, será perdido ou descartado. Como motores
moleculares, bombas proteicas, flagelos e tantas outras estruturas celulares
poderiam ter evoluído em um processo gradual, conforme exigido pela evolução
darwiniana clássica? Sem dúvida a resposta a essa questão é um obstáculo para
os evolucionistas.
O que dizer então do DNA? Essa partitura – que toca silenciosamente a
música de cada ser vivo existente e carrega consigo nosso “código genético”–
pode sofrer algumas alterações que, se expressas, modificam o fenótipo
(aparência) do ser vivo. Essas alterações são chamadas de mutação. A evolução
ensina que mutações são as principais responsáveis pela diversidade das
espécies; no entanto, a genética prova que as mutações podem ser neutras e
praticamente a totalidade delas é nociva, tendendo a eliminar o organismo vivo.
Câncer e todas as doenças genéticas baseadas em mutações nos mostram claramente
o que acontece quando nosso DNA é mutado: perda de informação genética e
defeitos hereditários.
Além disso, análises matemáticas demonstram que as chances de se conseguir
duas mutações que são relacionadas entre si é o produto das probabilidades
separadas: uma em cada 107 x 107, ou seja, 1014.
E duas mutações são certamente insuficientes para transformar uma espécie
pluricelular em outra, ou mesmo produzir uma estrutura nova, como um pulmão
para que os peixes saíssem da água. Então quais são as chances de acontecerem
três mutações relacionadas de uma só vez? Uma em um bilhão de trilhões (1021).
Os mares e oceanos não são grandes o suficiente para conter tantas bactérias
para que você ache uma com três mutações simultâneas e relacionadas entre si. O
que dizer de peixes com quatro mutações relacionadas? Uma em 1028.
Mesmo assim a evolução usa o seguinte argumento: tempo e milhares de
tentativas. Certo, e onde estão as evidências desses milhares de tentativas?
Por que não encontramos peixes com variações no aparelho respiratório ou
quaisquer outros seres vivos em quantidades expressivas?
Vale ressaltar que a maioria das pesquisas realizadas para estudo das
mutações, de modo a justificar a evolução, utiliza microrganismos como material
biológico. Entretanto, em se tratando de organismos unicelulares, uma única
mutação pode alterar bastante o fenótipo e contribuir para modificação da
espécie. Nesses seres a probabilidade de que uma mutação seja neutra é muito
menor. No entanto, extrapolar esses resultados e admitir que um organismo
unicelular se desenvolvesse em um pluricelular com sucessivas mutações, e a
partir desse ancestral comum todos os outros surgissem, é negar os fatos. Não
existem comprovações para essa hipótese e as probabilidades para que esse relato aconteça
são mínimas, como já descrito acima.
E
ainda que as pesquisas mencionadas sejam utilizadas como comprovação da chamada
“microevolução” (evolução de microrganismos), mesmo em seres unicelulares não
se observa aumento da informação genética, como relatado pelo biofísico Dr. Lee
Spetner em seu livro Not by Chance:
Shattering the Modern Theory of Evolution (Não por acaso: quebrando a
moderna teoria da evolução). Na obra, o autor analisou exemplos de mutações nos
quais evolucionistas alegaram ter havido aumento na informação genética, e
demonstrou que eles eram apenas exemplos de perda de especificidade, o que na
verdade significa perda de informação: “Em toda a leitura que fiz na literatura
de ciências biológicas, eu nunca encontrei uma mutação que tenha acrescentado
informação. [...] Todas as mutações pontuais que têm sido estudadas no nível
molecular acabam por reduzir a informação genética e não aumentá-la.”
O
bioquímico inglês G. A. Kerkut, autor do livro As
Implicações da Evolução, admitiu
que a evidência que apoia a teoria da macroevolução não é forte o bastante para
nos permitir considerá-la mais do que uma hipótese funcional. Henry Quastler,
em seu livro The Emergence of
Biological Organization (O surgimento da organização biológica),
conclui: “A
probabilidade de que a vida tenha se originado por acaso [...] é, pois, de 10-255.
A pequenez desse número significa que é virtualmente impossível que a vida
tenha se originado por uma associação aleatória de moléculas. A proposição de
que uma estrutura viva tenha surgido por um único acontecimento por meio de uma
associação de moléculas ao acaso deve ser rechaçada.”
E
com números tão contrários, mesmo Richard Dawkins é obrigado a afirmar: “Quanto mais estatisticamente
improvável é uma coisa, mais nos custa crer que ocorreu por acaso cego.
Superficialmente, a alternativa óbvia para o acaso é a existência de um
Desenhista Inteligente” (The
Necessity of Darwinism [A
necessidade do darwinismo]).
A conhecida frase de Jerry Coyne, do Departamento de Ecologia e Evolução
da Universidade de Chicago, permanece tão verdadeira quanto no dia em que foi
pronunciada: “Concluímos – inesperadamente – que há poucas provas que sustentam
a teoria neodarwiniana: seus alicerces teóricos são fracos, assim como as
evidências experimentais que a apoiam.”
Apesar de números tão inviáveis, apesar de diversas leis contra o que a hipótese
evolucionista propõe, ainda se prega em escolas e universidades a teoria como verdade
estabelecida. E os criacionistas continuam a se perguntar: Por que questionam
minha fé, se defendem os dogmas de Darwin com maior veemência? Por que
mencionam a autoridade sacerdotal sobre os cegos fiéis, se tratam cientistas e professores
acadêmicos de igual modo ou com ainda maior autoridade? Enquanto ninguém responde a essas perguntas, nas universidades são
“queimados como hereges” os biólogos que se atrevem a dizer em alto e bom som:
sou criacionista.
Na “bolha especulativa”
que envolve o estudo das origens sobra arrogância e falta estudo profundo e
discernimento. Infelizmente, muitas vezes vale mais o
discurso de autoridade do que o estudo e a busca individual por respostas a
questões transcendentais. Como
cientistas ou apenas curiosos a respeito das origens, devemos ser humildes com
relação ao nosso conhecimento do mundo e reconhecer que mesmo a ciência possui
suas limitações. Como já apontou Peter Medawar, um imunologista de
Oxford ganhador do prêmio Nobel, “há questões transcendentais que a ciência não
pode responder, e que nenhum avanço concebível a autorizaria a responder, são
elas: ‘De que maneira tudo
começou? Para que estamos todos aqui? Qual o sentido da vida?’”
Por fim, parece
inacreditável sugerir que a sofisticação das células e, consequentemente, dos
seres vivos seja resultado de acaso, tempo e mutações genéticas. A única
conclusão a que podemos chegar é de que essas máquinas fantásticas não são resultado
da aleatoriedade; elas revelam a fina sofisticação que emana da mente de um
Criador sábio e amoroso. “Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis
de Deus, Seu eterno poder e Sua natureza divina, têm sido vistos claramente,
sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são
indesculpáveis; porque, tendo conhecido a Deus, não O glorificaram como Deus,
nem Lhe renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e o coração
insensato deles obscureceu-se. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos” (Romanos
1:20-22).
(Mayara Lustosa de
Oliveira é graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Goiás, mestre
em Biologia Celular e Estrutural pela Unicamp e doutoranda em Biologia Celular
e Estrutural)