Devemos grande parte do conhecimento que temos acerca
do espaço aos telescópios. Esses objetos foram criados no século 17 e
aperfeiçoados por muitos cientistas ao longo dos anos, o mais famoso deles
Galileu Galilei. Usando telescópios rudimentares, se compararmos ao que temos
hoje, Galileu percebeu a complexidade do Universo e fez afirmações
revolucionárias para seu tempo. Ele identificou as crateras na superfície da
Lua, percebeu que as estrelas não eram fixas e que, ao contrário do que foi
afirmado por Aristóteles, a Via Láctea era formada de estrelas e não exalações
celestiais. Além disso, ele descobriu quatro “planetas”, o que atualmente
chamamos de satélites, que orbitam ao redor de Júpiter.[1]
Ao longo dos séculos, o conhecimento produzido com o
auxílio dos telescópios foi sendo aperfeiçoado, assim como a tecnologia com que
eles são feitos. Temos uma gama de tipos e modelos, desde aqueles que podemos
ter em casa, até os incrivelmente complexos, posicionados em locais estratégicos
do globo terrestre. Um deles é o Telescópio
de Cosmologia de Atacama, localizado no deserto do Atacama, no Chile,
que tem contribuído muito nas pesquisas astronômicas. Há até mesmo aqueles telescópios
como o Hubble que foram enviados pela Nasa e outras agências espaciais ao
espaço e são muito importantes para nos fornecer toda sorte de informações.
Apesar de toda a tecnologia disponível, ainda assim o
alcance dos telescópios é limitado, especialmente seu campo visual. Os
telescópios tradicionais vasculham apenas uma parte do céu por vez, o que não é
muito interessante para registrar fenômenos inesperados ou que acontecem fora
da região de alcance do telescópio.
Inspiração da
natureza
Para resolver esse problema, os cientistas encontraram
respostas e soluções na natureza com um animal que vive no fundo do mar e
possui adaptações incríveis para viver em um lugar com dificuldades de visão: a
lagosta. As lagostas são animais bentônicos. Isso quer dizer que elas vivem no
fundo do mar, na areia, procurando comida ou um parceiro para acasalar. Por essa
razão, possuem olhos poderosos adaptados para viver entre águas turvas, e
muitas vezes não há luz suficiente. Seus olhos, brilhantemente desenhados,
permitem que elas possam avistar potenciais presas ou até mesmo fugir de
possíveis predadores. Eles estão localizados no topo de duas hastes na cabeça e
são compostos por milhares de tubos quadrados e cônicos que funcionam como
espelhos. Ao contrário dos nossos olhos, que usam o fenômeno da refração da luz
para projetar a imagem na retina, nas lagostas a luz é refletida de quase todas
as direções, ampliando seu campo de visão para 180°.[2, 3]
Em 1977, um cientista da Universidade do Arizona
chamado Roger Angel teve a ideia de aplicar o que se conhecia sobre os olhos
das lagostas aos telescópios espaciais usados para o estudo do espaço profundo.
Assim como nos olhos daqueles animais, esses telescópios são cobertos por
pequenos cubos que refletem a radiação de raio x (radiação abundante no espaço
profundo) para um único ponto onde a imagem é formada. Essa estrutura é
organizada de forma curva, para que o campo de visão do telescópio seja
ampliado e alcance todos os ângulos. Essa tecnologia, inclusive, deixa os
telescópios mais leves, o que pode ser extremamente vantajoso, já que esses
equipamentos serão enviados ao espaço. Atualmente, muitos centros de pesquisas
ao redor do mundo desenvolvem telescópios com essa tecnologia.[2, 3]
Inspiração vinda da natureza não é algo novo e tem que
ver com uma área da ciência chamada biomimética. A biomimética estuda os
modelos e processos encontrados no ambiente natural para imitá-los ou
aperfeiçoar tecnologias existentes. Um exemplo muito famoso é o de um pássaro
chamado martim-pescador que inspirou engenheiros japoneses a aperfeiçoar o
trem-bala.
Essa área da ciência tem se mostrado um grande
argumento a favor do Design
Inteligente, sendo uma forma de detecção de design.
Se a tecnologia, os materiais e processos são criações de uma mente
inteligente, por que a natureza, que muitas vezes é usada como fonte de
inspiração para construí-los, pode ser fruto de processos naturais não guiados?
Não faz sentido! A mesma complexidade existente em equipamentos desenvolvidos
por mentes humanas pode estar presente até mesmo em maior grau nos animais que os
inspiraram, já que as estruturas desses animais, como as lagostas, são mais
eficientes do que aquelas construídas por humanos, como o telescópio.
Há muito tempo aprecio o ministério
apologético de William Lane Craig. Quando soube, entretanto, que ele estava
pesquisando o Adão “histórico” – isto é, o Adão real em contraste
(supostamente) com o Adão “literário” como ele aparece nas Escrituras – fiquei
preocupado. Eu tinha boas razões para estar. Referindo-se a muitas disciplinas
díspares – do Pseudo-Philo à Paleoneurologia, do Enuma Elish ao gene ARHGAP11B,
da globularização craniana a 1 Enoch –, Dr. Craig afirma ter descoberto o Adão
“histórico”. “Adão e Eva”, escreve ele em seu novo livro In Quest of the Historical Adam (2021, Eerdmans), “podem ser
plausivelmente identificados como pertencentes ao último ancestral comum do Homo sapiens e dos neandertais,
geralmente denominado Homo
heidelbergensis”.[1] Esse casal existiu, escreve ele, há centenas de
milhares de anos.
Mas e quanto a Adão e Eva de Gênesis
1-3, ou do Novo Testamento, especialmente Romanos e 1 Coríntios? E quanto à
criação em seis dias, ou Deus criando Adão do pó, ou a queda no Éden, ou o
dilúvio, ou a Torre de Babel? Essas são, ele escreve, “mitologias”,[2] belas
histórias que retratam verdades espirituais e teológicas, mas não são eventos
reais e, em muitos casos, são “palpavelmente falsas”.[3]
Ele nega que Deus criou Adão do pó da
terra e “soprou em suas narinas o fôlego de vida” (Gênesis 2:7); ou que Deus
andou no Jardim (Gênesis 3:8); ou que Ele desceu para ver a Torre de Babel
(Gênesis 11:7). Por quê? Porque, escreve o Dr. Craig, eles apresentam “uma
divindade humanóide incompatível com o Deus transcendente da história da
criação”.[4]
Uma “divindade humanóide”
incompatível com o Criador transcendente? João 1:1-3 não é sobre o Criador
transcendente ter Se tornado uma “divindade humanóide”? E mesmo que a
Encarnação seja um evento único, o que dizer de Gênesis 18, quando três homens
aparecem a Abraão e conversam face a face com ele? O problema para a “mitologia”
do Dr. Craig começa no versículo 13, que diz: “E o Senhor disse a Abraão...” A
palavra traduzida como “o Senhor” é o Tetragrama, as quatro letras hebraicas (Yod Heh Vav Heh) para Yahweh, o nome do
próprio Deus Criador! (ver Gênesis 2:4). Alguns versos depois, Yahweh diz: “Eu
irei descer agora e ver” (Gênesis 18: 21) Sodoma, uma coisa muito “humanóide”
para Yahweh fazer. Gênesis 18:33 diz: “O Senhor seguiu o Seu caminho”. Aqui
aparece um verbo hebraico comum que significa, simplesmente, “andar”. A menos
que o Dr. Craig estenda sua hipótese de “mito-história” para Gênesis 18 (o que
ele pode fazer), seu argumento de que a história da criação, se tomada
literalmente, faz o Senhor parecer uma “divindade humanóide digna de mitos
politeístas”[5] é em si falso.
No início de seu livro, eu sabia que
estávamos em apuros quando me deparei com esta frase: “Alternativamente,
podemos sustentar que, embora os autores das Escrituras possam muito bem ter
acreditado em uma criação de seis dias, um Adão histórico, um dilúvio mundial e
assim por diante, eles não ensinaram tais fatos.”[6] E este: “Poderíamos talvez
da mesma forma sustentar que Jesus, embora não acreditasse que Adão era uma
pessoa histórica, no entanto, como condição de Sua encarnação, aceitou esta e
muitas outras falsas crenças de Seus conterrâneos.”[7]
O resultado de tal expulsão das
Escrituras? Depois de bilhões de anos de evolução, cerca de 750.000 anos atrás,
“Adão e Eva emergiram de uma população mais ampla de hominíneos”.[8] Então, ele
explica, “podemos imaginar uma mutação regulatória que aumenta radicalmente a
capacidade cognitiva do cérebro além do que outros hominídeos desfrutam”.[9]
Ou, ele escreve, “Deus pode ter induzido mutações, não neles, mesmo em um
estágio embrionário, mas nos gametas de seus pais, de modo que Adão e Eva eram
humanos desde o momento da concepção.”[10] Independentemente de como se tornaram
humanos, esse primeiro casal, usando seu livre-arbítrio, pecou, afirma Craig.
Tendo se corrompido moralmente, eles precisaram do amor e do perdão de Deus.
Mas e quanto a Paulo escrever que
Adão trouxe a morte? O Dr. Craig argumenta que o contraste Adão-Jesus em
Romanos 5 – “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e
pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque
todos pecaram” (Romanos 5:12) – não foi, realmente, morte física, mas
espiritual. Mas como Adão poderia ter criado a morte quando bilhões de anos de
morte são, ele acredita, o que criou Adão em primeiro lugar?
Enquanto isso, com relação ao
contraste Adão-Cristo em 1 Coríntios 15, tal como “Porque, assim como todos
morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo” (1 Coríntios
15:22) – Dr. Craig escreve: “Embora possamos pensar que a morte física é o
resultado do pecado de Adão, Paulo não afirma isso.”[11] Para o Dr. Craig,
Paulo não pode afirmar isso porque isso significaria que bilhões de anos de
algum tipo de processo evolutivo – o aparente modelo a partir do qual o Dr.
Craig interpretou a Bíblia – era falso.
Como um homem tão brilhante e que fez
tanto bem chegou a isso? Estas próximas palavras, eu acho, explicam quase tudo:
“Além disso, é ainda mais fantástico que a Terra tenha sofrido um dilúvio
mundial que varreu toda a humanidade, não a bordo da arca, assim como todos os
animais terrestres. A geologia e a antropologia modernas tornaram essa
catástrofe quase impossível.”[12]
Duas disciplinas humanas, geologia e
antropologia – com seus pontos fortes e fracos, especulação e suposições não
comprovadas – são aceitas sobre os ensinamentos explícitos de quatro capítulos
(Gênesis 6-9) na Palavra de Deus. Gênesis 6-9 não faz sentido se não for sobre
um dilúvio mundial (por que, por exemplo, construir um barco para uma inundação
local? Basta sair da zona de inundação). [A pesquisa científica] é um esforço
humano baseado em duas grandes suposições – apenas as causas naturais podem
explicar os efeitos naturais e a continuidade da natureza; duas suposições que,
no que diz respeito às origens, estão erradas.
O que aconteceu? O Dr. Craig
infelizmente caiu no grande metamito de nossa era: que a “verdade” científica
[humana] supera todas as outras formas de conhecimento, incluindo a Revelação.
Ele parece ter aceitado, a priori e
sem questionar, o modelo evolucionário das origens. Ele termina escrevendo um
livro que descarta verdades bíblicas explícitas como “mito-história” em favor
de especulações sobre uma mutação que transformou dois hominídeos em humanos há
cerca de 750.000 anos.
[...] O que o Dr. Craig fez será [...] prejudicial. Quem sabe quantos
milhares agora pensarão que o cristianismo é compatível com a evolução, quando
mesmo a maioria dos evolucionistas ateus pode ver que não é. Quantas pessoas,
lógicas demais para aceitar tanto a evolução quanto o cristianismo, rejeitarão
totalmente a fé?
Não estou julgando William Lane
Craig. Estou julgando esse livro, que – representando a entrega da revelação
divina à especulação feita pelo homem – afirma a advertência de Paulo: “Porque
a sabedoria deste mundo é loucura para com Deus” (1 Coríntios 3:19).
(Clifford
Goldstein é editor da Lição da Escola Sabatina; Adventist Review)
Nota:
Aos poucos, os adventistas do sétimo dia vão ficando mais e mais isolados como
grupo religioso que sustenta a historicidade/factualidade de relatos inspirados
como o da criação da vida na Terra em seis dias literais de 24 horas cada; do
dilúvio universal; da Torre de Babel; da destruição de Sodoma e Gomorra; etc.
Assista ao vídeo abaixo para entender as incoerências da ideia da evolução
teísta, defendida por Craig e por entidades religiosas aqui no Brasil, também,
como a ABC2. [MB]
Referências:
1. Craig, William Lane. In Quest of
the Historical Adam: A Biblical and Scientific Exploration (p. 522). Wm. B.
Eerdmans Publishing Co., Kindle Edition.
Um cientista de Harvard publicou uma
teoria [melhor seria dizer “ideia”] inusitada sobre como o Universo foi
formado. Segundo sua tese, ele teria sido criado em um laboratório por uma “classe
superior” de forma de vida. Avi Loeb, autor de best-sellers e ex-presidente do Departamento de Astronomia de Harvard,
escreveu um artigo na Scientific American
nesta semana postulando que o Universo poderia ter sido formado em um
laboratório por uma “civilização tecnologicamente avançada”. Ele disse que, se
confirmada, a história da origem do Universo unificaria a ideia religiosa de um
criador com a ideia secular da gravidade quântica. “Como nosso Universo tem uma
geometria plana com energia líquida zero, uma civilização avançada poderia ter
desenvolvido uma tecnologia que criou um universo bebê do nada por meio de um
túnel quântico”, escreveu Loeb.
Uma das ideias postas pelo cientista
diz respeito ao sistema de classificação de civilização. Loeb explicou que,
como uma civilização tecnológica de baixo nível, os humanos pertenceriam à
classe C, que, em outras palavras, representa uma civilização dependente de sua
estrela hospedeira, o Sol. “Se e quando nossa tecnologia progredir a ponto de
nos tornarmos independentes do Sol, estaremos na classe B”, acredita. “Se
pudermos criar nossos próprios universos bebês em um laboratório (como nossos
criadores teóricos), estaremos na classe A.”
Nota:
Posso concluir pelo menos duas coisas básicas ao ler sobre essa ideia de Loeb:
(1) a proposta de que o Universo teria surgido do nada e por acaso parece
incomodar mesmo os cientistas não religiosos mais renomados; (2) a teimosia em
admitir que o Criador seja o Deus da Bíblia é tanta, que preferem supor que uma
“raça superior” teria nos criado, não importando quem tenha criado essa raça,
nem o loop infinito que essa ideia
gera. Pelo menos a ideia do design
inteligente passa a ser considerada uma proposta aceitável. [MB]
O livro bíblico de
Daniel é um dos textos mais importantes do antigo testamento. Suas páginas
estão repletas de profecias e histórias que falam sobre o terrível cativeiro do
povo de Israel em Babilônia. Durante muito tempo, acadêmicos e arqueólogos
diziam que Babilônia era uma lenda criada pela imaginação dos escritores da
Bíblia, e que essa cidade nunca tinha existido. No entanto, essa visão cética
foi colocada por terra quando, no fim do século 19, Robert Koldewey, arqueólogo
e arquiteto alemão, descobriu as ruínas da antiga capital imperial de
Nabucodonosor.
É interessante dizer
que antes de essa descoberta acontecer, Heródoto, famoso historiador grego da
antiguidade, já havia relatado e documentado sua visita à cidade em um passado longínquo.
Em sua passagem pela metrópole, Heródoto descreveu as dimensões e
características da cidade com detalhes.[1] Mesmo com esses textos extrabíblicos,
muitos historiadores ainda insistiam em negar a existência de Babilônia. Uma
das lições dessa descoberta arqueológica é que a ausência de evidência não é,
necessariamente, evidência de ausência. Nem sempre a falta de comprovações
empíricas sobre determinados fatos históricos significa que aqueles objetos não
existiram.
Foi justamente na
virada do século 20, mais especificamente a partir de 1899, que o tiro saiu
pela culatra. Em uma incessante escavação nas regiões de Bagdá, atual Iraque,
Koldewey se deparou com um tesouro milenar que estava coberto havia séculos. A partir
desse momento, a arquitetura de Babilônia estava revelada e aberta para
pesquisa e estudo – pesquisa essa que foi feita por muitos céticos que antes se
referiam à cidade como mitológica.
A descoberta não
tinha sido feita antes porque muitas pessoas procuravam escavar à beira do
Eufrates, já que os relatos falavam que a cidade fazia divisa com o rio. O
problema é que ao longo dos anos o Eufrates foi desviado diversas vezes; sendo
assim, uma pesquisa próxima ao rio já não era uma opção interessante. Ao andar
pela região, Koldewey percebeu que os beduínos locais sempre visitavam a área
montanhosa de Hillah para pegar tijolos e usa-los como matéria-prima de
construção.[2] Durante muito tempo, esses habitantes locais utilizaram os
tijolos da antiga Babilônia (figura 1) para construir residências e outras
estruturas vernaculares. Isso já aconteceu em outras ocasiões na história da
arquitetura. Muitos habitantes que viveram em locais em que o Império Romano foi
pujante usavam o mármore das construções imperiais para praticar sua
arquitetura local – o Coliseu, por exemplo, foi utilizado como “jazida” pelos
romanos que viviam em suas proximidades.
Figura 1: escavação em Babilônia, Iraque. Fonte: Wikimedia
Commons (domínio público)
Durante as
escavações, muitos artefatos importantes foram encontradas, tais como
manuscritos cuneiformes, objetos religiosos e edificações que testemunhavam de uma
civilização rica e próspera. O Portal de Ishtar (figura 2), entrada principal
da cidade e que hoje fica no Pergamum Museum de Berlin, é uma das partes mais bem
preservadas do complexo. No portal é possível observar tijolos de lápis-lazúli,
material raro encontrado apenas na Mesopotâmia e em algumas partes do Chile.[3]
A fachada do portal é composta por desenhos de leões alados, dragões e bois em
alto-relevo. Todas essas características são uma demonstração clara da glória
da antiga Babilônia.
Figura 2: Portal de Ishtar, Pergamum Museum, Berlin. Fonte:
Wikimedia Commons (domínio público)
O portal também possui uma
entrada com um grande arco semicircular. Essa é uma das evidências mais antigas
dos arcos na história da arquitetura. Os romanos fizeram uso abundante dos
arcos em seus aquedutos,[4] mas graças à incrível descoberta do Portal de Ishtar
é possível concluir que essa técnica foi, possivelmente, uma invenção dos povos
que habitaram a região do crescente fértil, principalmente os mesopotâmicos.
O interessante é que
o livro de Daniel possui diversas passagens que trazem, de maneira simbólica e
profética, esses mesmos animais encontrados no Portal de Ishtar. Na profecia, o
leão com duas asas representa o próprio reino de Babilônia, cujo rei mais
conhecido foi Nabucodonosor. O leão é sempre visto como o rei dos animais e a
águia, a rainha das aves. Esse animal é um leão que tem duas asas de águia (figura
3), simbolizando a rapidez avassaladora que o reino de Babilônia teria diante
de seus inimigos. Mas esse poder não duraria para sempre, segundo a profecia: suas
asas seriam arrancadas, ou seja, seu poder lhe seria retirado. A história
mostra que essa glória foi tirada por Ciro, o persa, no ano 539 a.C.
Figura 3: leão Alado no Caminho Processional, Pergamum Museum,
Berlin. Fonte: Unsplash
Durante o governo de
Sadam Hussein, várias edificações foram reconstruídas na busca por fortalecer o
nacionalismo do regime ditatorial.[5] O ditador se considerava herdeiro de
Nabucodonosor e, para tornar isso ainda mais claro, passou por cima de diversos
princípios e práticas de restauro e conservação. Hussein recebeu várias
críticas de entidades internacionais por sua maneira de lidar com o patrimônio
local.
Com essa descoberta,
todos os livros de história da arquitetura publicados nos anos que sucederam a
escavação tiveram que trazer Babilônia como um fato histórico. Hoje muitas
escavações ainda continuam sendo feitas na região. O objetivo é procurar por
fatos que não só demonstrem os costumes e as tradições dos mesopotâmicos, mas
que também comprovem ainda mais a veracidade histórica da Bíblia Sagrada.
(Bruno Perenha
é arquiteto [Unicesumar, Maringá] e especialista em História da Arquitetura [Birkbeck,
University of London]; conheça mais sobre o trabalho dele no Instagram:
@brunoperenha e no YouTube: https://www.youtube.com/channel/UC4jx8wH1THB-0Usc7ryzUHQ)
Referências:
[1] STRASSLER, Robert B. The
Landmark Herodotus. London: Quercus Publishing Plc, 2008.
[2] LYON, David Gordon. In: Vo. 11 (3). Recent Excavations
at Babylon. The Harvard Theological Review: 1918. Pag. 307-321.
[3] FELSTINER, John & Neruda, Pablo. In: Vol. 32 (No. 4). Lapis
Lazuli in Chile. The American Poetry Review. Philadelphia:
Old City Publishing, Inc, 2003. Pag. 6.
[4] GLANCEY, Jonathan. A História da Arquitetura. São Paulo:
Edições Loyola, 2001. Pag. 30-32.
[5] MACFARQUHAR, Neil. Hussein's Babylon: A Beloved Atrocity. The
New York Times, Aug. 19, 2003. Section A, Pag 11. Available in:
<https://www.nytimes.com/2003/08/19/world/hussein-s-babylon-a-beloved-atrocity.html>.
Access:
Aug. 20, 2021.
A ideia de que o homem moderno (Homo sapiens sapiens) compartilha um ancestral
comum com grandes macacos (e.g.
orangotangos, gorilas e chimpanzés) tem sido difundida como uma verdade
inquestionável desde a ampla adoção da teoria darwinista nos círculos
acadêmicos no fim do século 19 e início do século 20. A temática da evolução
humana engloba várias disciplinas, como antropologia, arqueologia, primatologia
e genética. No entanto, com o advento de tecnologias de sequenciamento
genômico, as análises genéticas passaram a ter proeminência em estudos
filogenéticos humanos, pois elas fornecem dados objetivos e mensuráveis, tanto
no âmbito quantitativo quanto qualitativo. Dentre essas análises, destacam-se as
relacionadas ao campo de pesquisa biológico denominado de genômica comparada.
Como o próprio nome sugere, a genômica
comparada é um campo de pesquisa biológica em que as características genômicas
de diferentes seres vivos são comparadas. Infelizmente, na prática, esse campo
de pesquisa acabou sendo mesclado com a teoria evolucionista de tal forma que
todas as diferenças genéticas verificadas entre os organismos são interpretadas
como havendo surgido durante a história evolucionária. Nesse contexto, a
premissa da ancestralidade comum muitas vezes se sobrepõe à objetividade dos
dados analisados. Os dados genéticos que têm sido utilizados de forma mais
recorrente para respaldar nosso suposto parentesco evolutivo com os grandes macacos
e justificar a inserção deles na família hominidae são os oriundos da
comparação do genoma humano (Homo sapiens
sapiens)com o genoma do
chimpanzé (Pan troglodytes).[1]
As primeiras análises de comparação genômica
realizada pelo Chimpanzee Sequencing and Analysis Consortium apontaram uma
diferença de apenas 1,23% para o genoma humano.[2] Entretanto, essa porcentagem
refletia apenas as substituições de bases e não considerava os muitos trechos
de DNA que estavam ausentes ou presentes em apenas um genoma. Posteriormente,
uma análise computacional dirigida pelo cientista Matthew Hahn considerou as
diferenças do número de cópias gênicas e chegou a uma diferença de 6,4% entre
os genomas do Homo sapiens sapiens e Pan troglodyte.[3]
Ou seja, a diferença genômica de 1 a 2%,
ensinada e difundida por diversas instituições de ensino ao redor do mundo até
os dias de hoje, não passa de um mito. Além disso, a apresentação dessa diferença
em termos de porcentagem acaba mascarando sua real magnitude. Há por volta de
40-45 milhões de bases presentes em humanos que estão ausentes em chimpanzés, e
aproximadamente o mesmo número presente nos chimpanzés e ausentes em humanos; 689
genes são encontrados apenas no genoma humano e 86 genes são exclusivos do genoma
do chimpanzé.[3] As diferenças incluem diferenças no tipo e número de DNA genômico
repetitivo e transposons, abundância e distribuição de retrovírus endógenos, presença
e extensão de polimorfismos alélicos, polimorfismos de nucleotídeo único
(SNPs), diferenças de sequência gênica, duplicações gênicas, diferenças de
expressão gênica e variações de splicing de
RNA mensageiro.[4]
Além disso, ao se realizar uma análise
comparativa da estrutura e do número de cromossomos das duas espécies, as
seguintes diferenças são verificadas: (a) a região dos telômeros (sequências repetitivas
de DNA no final dos cromossomos) é muito maior em chimpanzés do que em humanos;[5]
(b) os genes e marcadores nos cromossomos 4, 9 e 12 não estão na mesma ordem em
humanos e chimpanzés;[6] (c) a análise do mapa do cromossomo 21 permite
identificar várias regiões que são específicas do genoma humano;[7] (d) o cromossomo
Y possui tamanhos diferentes e muitos marcadores que não se alinham entre
humanos e chimpanzés;[8] (e) o chimpanzé tem 24 pares de cromossomos, enquanto os
humanos têm apenas 23 pares.
No entanto, essas muitas diferenças não
bastam para que os cientistas darwinistas questionem o paradigma da
ancestralidade comum entre humanos e chimpanzés. Como exemplo dessa recusa pode
ser citada a explicação dada para a diferença de 48 para 46 cromossomos
verificada entre chimpanzés e humanos, respectivamente. Segundo os
evolucionistas, o cromossomo humano 2 teria sido formado pela fusão de dois
cromossomos pequenos em um ancestral simiesco da linhagem humana. No entanto,
essa explicação levanta os seguintes questionamentos: (a) Qual seria o
mecanismo pelo qual uma anormalidade cromossômica poderia se tornar universal
em uma linhagem tão grande como a humana?; (b) Qual seria a vantagem seletiva
de se possuir um cromossomo resultante de uma fusão?
As respostas práticas e viáveis para essas
perguntas são um desafio para os cientistas que continuam sustentando a
evolução humana. Ademais, mesmo se houvesse evidências concretas que
sustentassem a origem do cromossomo 2 humano a partir de uma fusão de dois
cromossomos menores, ela não poderia ser utilizada para respaldar a ideia de
que humanos e chimpanzés compartilharam um ancestral comum há cinco milhões de
anos. Essa fusão teria que haver surgido depois que a linhagem humana se
separou da dos chimpanzés, ou seja, ela só forneceria evidências para ligar os
indivíduos que a compartilhassem.
Ao me deparar com explicações meramente
especulativas e falácias lógicas como a supracitada, as quais muitas vezes são utilizadas
para sustentar o edifício epistemológico da teoria evolucionista, lembro-me da
declaração do biólogo evolucionista Richard Lewontin:
“Nós ficamos do lado da ciência, apesar do
patente absurdo de algumas de suas construções, apesar de seu fracasso para
cumprir muitas de suas extravagantes promessas em relação à saúde e à vida,
apesar da tolerância da comunidade científica em prol de teorias certamente não
comprovadas, porque temos um compromisso prévio, um compromisso com o
materialismo. Não é que os métodos e as instituições da ciência de algum modo nos
compelem a aceitar uma explicação material dos fenômenos do mundo, mas, ao
contrário, somos forçados por nossa prévia adesão à concepção materialista do Universo
a criar um aparato de investigação e um conjunto de conceitos que produzam
explicações materialistas, não importa quão contraditórias, quão enganosas e
quão mitificadas para os nãos iniciados. Além disso, para nós o materialismo é
absoluto, não podemos permitir que o ‘pé divino’ entre por nossa porta.”[9]
A adesão de muitos cientistas a uma concepção
materialista os impede de reconhecer a obviedade de que somos muito diferentes
de qualquer animal e que processos evolutivos não podem originar essas
diferenças. A narrativa do livro de Gênesis escancara o abismo que há entre o
ser humano e outros organismos. Plantas, aves e animais terrestres e aquáticos
foram criados “conforme a sua espécie” (Gênesis 1:11-25), mas o ser humano foi
criado “à imagem e semelhança de Deus” (Gênesis 1:26). Obviamente há
semelhanças entre o ser humano e outros organismos, que podem ir desde o genótipo
até o fenótipo, mas essas semelhanças podem ser entendidas como padrões
utilizados pelo Criador – a assinatura de um Deus criativo e todo-poderoso – e
não necessariamente como evidências de ancestralidade comum. Dessa forma,
tomando por base a Bíblia Sagradas e diversas evidências científicas, podemos
dizer para orangotangos, gorilas e chimpanzés: “Não! Vocês não fazem parte da
família Hominidae!”
(Tiago
Alves Jorge de Souza é doutor em Ciências Biológicas na área de
concentração em Genética)
Referências:
1. Cohen,J. News Focus on Evolutionary
Biology, Relative Differences: The Myth of 1%, Science, v. 316., n. 5833, p. 1836, 2007.
2.
Khaitovich, P., Hellmann, I., Enard, W., et al.. "Parallel patterns of
evolution in the genomes and transcriptomes of humans and chimpanzees". Science, v. 309, n. 5742. p. 1850–4, 2005.
3.
Demuth, J. P. , Bie, T. D., Stajich, J. E., Cristianini, N., Hahn, M.W. The
Evolution of Mammalian Gene Families. PLoS
ONE 1(1): e85, 2006.
4.
Gagneux,, P., Varki, A.. ‘Genetic differences between humans and great apes.’ Mol Phylogenet Evol. v. 18, p. 2-13, 2001.
5.
Kakuo, S., Asaoka, K., Ide, T. ‘Human is
a unique species among primates in terms of telomere length.’ Biochem Biophys Res Commun , v. 263, p. 308-31,
1999.
6.
Gibbons, A.. ‘Which of our genes make us human?’ Science, v. 281, p. 1432-1434, 1998.
7.
Fujiyama, A., Watanabe, H., Toyoda, A., et al. ‘Construction and analysis of a
Human-Chimpanzee Comparative Clone Map.’
Science v. 295, p. 131-134., 2002.
8. Archidiacono, N., Storlazzi, C.T., Spalluto, C., Ricco, A.S.,
Marzella, R., Rocchi, M. ‘Evolution of chromosome Y in primates.’ Chromosoma, v.107, p. 241-246, 1998.
9.
Lewontin R. C. Billions and Billions of Demons. The New York Review of Books,
1997.
Sob
a ótica criacionista, o ato sexual original (conforme apresentado no relato da
criação, em Gênesis) é uma das grandes evidências de design inteligente na natureza. Para os evolucionistas, um mistério
não resolvido, segundo admitiu Richard Leakey, na introdução de uma das edições
do livro A Origem das Espécies; ou
então um “grande paradoxo”, na definição de Richard Dawkins. E não é pra menos,
afinal, quando são formados os gametas (espermatozoides e óvulos), uma divisão
meiótica ocorre e metade dos genes é removida. Então, quando o espermatozoide fecunda
o óvulo, o descendente contém a integralidade dos genes. No cenário darwiniano,
a reprodução assexuada é duplamente mais eficiente e “simples” que a sexuada,
pois todos os genes são transferidos para cada um dos descendentes. Por isso,
evolutivamente falando, é difícil explicar o surgimento da reprodução via ato
sexual, afinal, pra que “inventar” um meio de reprodução tão complexo e
dispendioso do ponto de vista do gasto de energia e dos riscos envolvidos no
processo todo? Por isso os evolucionistas evitam tocar no delicado e difícil
tema da origem da reprodução sexuada e da complexidade envolvida na
interdependência dos órgãos sexuais feminino e masculino, que precisariam ter
evoluído separadamente e, mesmo assim, ser perfeitamente compatíveis – um tipo
de mutação dupla independente, na mesma geração e funcional.
Mas
tem mais; muito mais!
O design
inteligente da vagina
O “surgimento” da
vagina (assim como o de qualquer outro órgão complexo) é um grande problema
para os evolucionistas. Os defensores do darwinismo afirmam que a vagina é uma
estrutura completamente nova na suposta história evolutiva – ela não tem homólogo
em anfíbios nem répteis. Se é completamente nova, foi necessário o acréscimo de
grande quantidade de informação genética para que passasse a existir. De onde
teria vindo essa informação? Além disso, como qualquer outro sistema de
complexidade irredutível, o sistema reprodutor feminino, para funcionar bem,
depende de vários mecanismos interligados que não poderiam “surgir” aos poucos,
já que são interdependentes. O sistema reprodutor feminino não se trata apenas
de um tubo de carne. Ele é de uma complexidade maravilhosa, com seus músculos
especializados, glândulas, terminações nervosas (que presenteiam a mulher com o
prazer do sexo) e a capacidade de abrigar uma (ou mais de uma) nova forma de
vida, suprindo-lhe as necessidades por nove meses.
Alguns anos
atrás, o portal de informações norte-americano sobre saúde Healthline afirmou
que o uso do termo médico/biológico “vagina” não é “linguagem inclusiva de
gênero”, e então usou intercambiavelmente a expressão “orifício frontal”. “É
imperativo que guias sexuais seguros se tornem mais inclusivos para as pessoas
LGBTQIA e não binárias”, afirmou o guia da Healthline. “Para os fins deste
guia, vamos nos referir à vagina como o ‘orifício da frente’, em vez de usar
apenas o termo médico ‘vagina’”, diz o documento. “Essa é uma linguagem
inclusiva de gênero que considera o fato de que algumas pessoas trans não se
identificam com os rótulos [sic] que a comunidade médica atribui aos genitais.”
O guia diz
ainda que algumas pessoas trans e não binárias designadas como femininas ao
nascer podem gostar de ser participantes do “sexo penetrativo”, mas não se
sentem confortáveis quando essa parte de seu corpo é mencionada usando uma
palavra que a sociedade e as comunidades profissionais associam com
feminilidade. “Uma alternativa que está se tornando cada vez mais popular em
comunidades trans e queer é o ‘buraco’ ou ‘orifício’ da frente.” E então,
renomeando-a, a vagina deixa de ser vagina e passa a ser comparada ao “orifício
de trás”.
Embora o site
afirme que não se trata de uma redefinição de palavras, admite usar no guia a expressão “front
hole” (“orifício da frente”) em lugar de vagina, a fim de não ofender
pessoas transgêneros com uma palavra tipicamente feminina.
A vagina,
órgão projetado por Deus para permitir a união abençoada entre um homem e uma
mulher, e o órgão por onde o bebê chega ao mundo, acaba sendo comparada ao
órgão excretor por onde são evacuados os resíduos digestivos.
Cabe aqui uma
boa reflexão sobre o design inteligente da vagina e do ânus
e as enormes diferenças que há entre uma e o outro. Pedi ajuda aos amigos
médicos Ivan Stabnov e Angela Andrade. Ele é gastroenterologista e endoscopista
digestivo e ela é ginecologista e obstetra. Vamos às comparações:
Reto e ânus:
1. O reto
é um local com muitos microrganismos, ou seja, potencialmente infectante.
2. Apesar
de ser um local preparado para enfrentar resistência a micro-organismos, a
estrutura é mais frágil porque só tem uma camada de células.
3. Como
há mais linfócitos na região é mais fácil adquirir a infecção pelo HIV, já que
os linfócitos são células-alvo.
4. Como a
função do local é de absorção de fluidos, a junção disso com presença de
linfócitos e maior risco de fissuras torna bem maior a chance de se adquirir
uma doença séria como a Aids.
5. Pela
presença de fezes aumenta o risco de infecção urinária no penetrante.
6. O
risco de fazer fissuras (pequenas feridas) é maior no reto pela falta de
lubrificação e maior atrito.
7. A
cobertura de células colunares é mais delgada que na vagina e isso torna maior
o risco de fissuras.
8. Em
caso de sexo anal e a seguir vaginal, sem a devida higiene, há riscos para a
mulher de infecções vaginais e urinárias.
9. Pela
manipulação anal há o aumento de transferência de bactérias fecais para a
uretra, aumentando também a incidência de infecção do trato urinário.
10. O
ânus e o reto são órgãos de excreção, portanto, o caminho natural é para fora.
11. A
presença de válvula (ânus) confere maior possibilidade de traumas durante a
penetração.
Vagina:
1. O
epitélio vaginal é descamativo, epitélio pavimentoso estratificado não
queratinizado. Isso significa que há várias camadas de células uma sobre a
outra, o que forma uma barreira natural.
2. Por
ser o epitélio vaginal mais espesso (tem espessura de 150 a 200 µm) o vírus da
Aids, quando chega ali, encontra um ambiente desfavorável; ele não consegue
entrar no epitélio vaginal, a não ser que haja lesões nesse epitélio, chegando
ao conjuntivo.
3. A
vagina é um órgão preparado fisiologicamente para recepção do pênis, adaptada a
fricção pela síntese de muco pelas glândulas ali presentes, o que garante
lubrificação.
4. As
dobras da mucosa vaginal permitem que ela se distenda e fique maior e mais
larga no caso de uma penetração, o que diminui a possibilidade de traumas.
5. A
vagina não possui válvula, o que facilita a penetração e também diminui
traumas.
Resumindo: o
reto foi projetado para duas funções básicas: a primeira é armazenar fezes para
que o ser não necessite evacuar a cada momento; a segunda é absorver água para
que as fezes não sejam diarreicas, ou melhor, tenham formato e consistência
confortáveis para a realização do ato da evacuação. O ânus é um esfíncter com
dupla válvula, uma de controle externo – ou seja, temos o controle dela –, e
outra de controle interno, autorregulado pelo organismo. A função do ânus é de
regular a saída das fezes. Ambas as estruturas têm seu caminho habitual, seu
vetor, no sentido interno para o externo. A introdução de algo pelo ânus até o
reto é contrária à fisiologia.
A vagina tem
mais funções. Serve como conduto para a saída do feto após a gestação. É o
local utilizado pelo organismo para expulsar o conteúdo menstrual após a
maturação do endométrio, sem que haja gravidez. Também é o órgão sexual
feminino que recebe o órgão sexual masculino, portanto, tem fisiologia normal
tanto para entrada quanto para saída de algo.
Podem
redefinir as palavras e os conceitos o quanto quiserem, mas vagina continuará
sendo vagina e ânus continuará sendo ânus, com suas funções especificamente
projetadas por Deus. Nenhuma ideologia do mundo mudará isso.
O design
inteligente do pênis
Estudo
desenvolvido na Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, desvendou os
processos químicos que levam o homem a manter uma ereção. A pesquisa foi
publicada no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS)
e confirmou que a liberação de óxido nítrico, neurotransmissor produzido no tecido nervoso, provoca a ereção,
pois relaxa os músculos, permitindo que o sangue chegue ao pênis. “Sabíamos que
esse era apenas um estímulo inicial. Por isso, queríamos descobrir o que
permite que a ereção se mantenha”, disse o coordenador do estudo, Arthur
Burnett.
Burnett e sua
equipe descobriram que o sistema nervoso, depois de liberar com estímulos
físicos e do cérebro ondas de óxido nítrico, produz uma cascata de substâncias químicas geradas com a
ereção. Isso faz com que a liberação do neurotransmissor continue por
mais tempo, dentro de um modelo cíclico.
Vamos à pergunta
de sempre: O que “surgiu” primeiro, o pênis ou o neurotransmissor que causa a
ereção? Para que serviria tanto um quanto o outro, antes que todo o sistema
estivesse pronto, interconectado e funcional? E mais: Para que serviria esse
neurotransmissor (e o pênis), se o indivíduo fosse incapaz de manter a ereção
graças à tal “cascata de substâncias químicas”? Note que a ereção e a
manutenção dela não dependem de apenas uma substância química.
A verdade é que cada célula, cada tecido, cada órgão e cada sistema dos seres
vivos revelam as digitais, a assinatura de Quem os criou.
O design inteligente dos seios
A revista Veja alguns anos atrás publicou a
reportagem “Adeus aos grandes, é a vez dos pequenos!”, sobre um novo padrão
estético que predomina nas clínicas de cirurgia plástica: o uso de próteses de
silicone em tamanho menor. A matéria segue por aí, mencionando, inclusive,
atrizes que retiraram próteses grandes e as substituíram por pequenas. Mas o
que chamou minha atenção não foi o assunto da reportagem, em si. Foi seu último
parágrafo: “A
maioria dos mamíferos só desenvolve seios durante o aleitamento dos filhotes.
Os humanos são a exceção, com peitos salientes desde a adolescência. Uma das
explicações mais aceitas para essa fascinante particularidade é o fato de os
seios servirem de atrativo sexual. Na pré-história, antes da descoberta do
fogo, o homem muitas vezes dependia do tato para escolher uma parceira dentro
das cavernas escuras. Os seios, portanto, seriam primordiais. Eles ainda o são
e sempre serão – com ou sem silicone. E independentemente do tamanho.”
Tem horas, quando leio certas coisas, que tenho vontade de me beliscar para ver
se estou acordado. Em primeiro lugar, esse parágrafo final é totalmente
dispensável e serve apenas para reforçar a doutrinação evolucionista. Está fora
de contexto. Imagine se o repórter terminasse assim sua matéria: “A maioria dos
mamíferos só desenvolve seios durante o aleitamento dos filhotes. Os humanos
são a exceção, com peitos salientes desde a adolescência. Uma das explicações
mais aceitas para essa fascinante particularidade é o fato de os seios servirem
de atrativo sexual. Deus não criou o homem e a mulher apenas para procriar. Ele
os criou para se unir numa relação de amor. E criou o sexo também para dar
prazer aos cônjuges. Criou o homem para considerar a mulher esteticamente
atraente e a mulher para considerar o homem esteticamente atraente. E é
exatamente isso o que ocorre.”
Outra peculiaridade humana é a inexistência do cio, o que
evidencia uma vez mais que o sexo, nos humanos, não foi feito simplesmente para
procriação, sendo uma resposta a instintos previamente programados. Em nós, o sexo
é algo muito mais complexo. Mais belo.
O autor do artigo da semanal afirma que, “na pré-história
[sic], antes da descoberta do fogo, o homem muitas vezes dependia do tato para
escolher uma parceira dentro das cavernas escuras. Os seios, portanto, seriam
primordiais”. Não sabemos muita coisa sobre como os seres humanos funcionam
hoje em dia, mas alguns se atrevem, com base apenas em especulação, a afirmar
coisas sobre supostos comportamentos ancestrais. E a ficção é aceita sem
questionamento.
O design
inteligente do esperma
Em 2011, foi publicado
na revista Scientific American um artigo sobre o estudo que
concluiu que o esperma age como um remédio natural para depressão. Segundo o
estudo, feito por Gallup e Rebecca Burch, em conjunto com o psicólogo Steven
Platek, da Universidade de Liverpool, é possível que o esperma atue sobre as
mulheres como um antidepressivo natural. Aparentemente, logo que o esperma é
absorvido pela vagina, ele age sobre os hormônios femininos. O sêmen masculino
é rico em componentes químicos como neurotransmissores, hormônios, endorfinas e
imunossupressores, entre eles a serotonina, um dos mais famosos e conhecidos
antidepressivos, e ocitocina, conhecido como o hormônio da confiança e do amor.
Segundo Gallup, as mulheres em relacionamentos estáveis que
tinham relações sexuais sem preservativos foram muito mais devastadas e
negativamente afetadas depois de um rompimento do que aquelas que faziam uso de
preservativos, prova de que a ligação neuroquímica emocional é um fato. Isso
faz pensar no conselho do apóstolo Paulo aos casados, em 1 Coríntios 7:5: “Não
vos priveis um ao outro, salvo talvez por mútuo consentimento, por algum tempo,
para vos dedicardes à oração e, novamente, vos ajuntardes, para que Satanás não
vos tente por causa da incontinência.” E poderíamos adicionar: “Para que a
esposa não fique deprimida.”
Cada vez as
pesquisas surpreendem mais os estudantes da sexualidade humana. A interação
perfeita entre os sexos masculino e feminino é algo impressionante e aponta
para o design inteligente! Como
explicar de outra forma a fina interação química entre o sêmen e os hormônios femininos?
Como já vimos, já é difícil (senão impossível) do ponto de vista darwinista
explicar a diferenciação anatômica e fisiológica compatível entre macho e fêmea
(uma dupla mutação que deveria ter ocorrido numa mesma época e num mesmo espaço
geográfico), agora imagine explicar na base da tentativa e erro esses requintes
emocionais relacionados com neurotransmissores, hormônios, endorfinas e
imunossupressores. Essa pesquisa sugere também que os órgãos sexuais anatômica
e bioquimicamente projetados para o sexo são o pênis e a vagina.
O design inteligente da interação óvulo-espermatozoide
Em
16 de fevereiro de 2010, a revista Veja
publicou: “Os
espermatozoides, as células reprodutivas masculinas [produzidas graças à ação
de um único gene exclusivo dos machos, o Boule], são depositados pela
ejaculação no colo do útero e dali partem numa acirrada corrida pelos 15
centímetros que os separam da trompa de Falópio, onde se encontra o óvulo. Só
um deles, mais rápido e forte, conseguirá penetrar no óvulo e dar início a uma
nova vida. Pensava-se que os espermatozoides, assim como os aviões e os carros
de corrida, dispunham de uma reserva de combustível para ser gasta nessa
viagem. Sabe-se agora que não é bem assim. Um estudo feito por pesquisadores da
Universidade da Califórnia, em São Francisco, e publicado na edição [de
fevereiro de 2010 da] revista Cell, revelou elementos até agora
desconhecidos no processo de fecundação. O trabalho identifica e explica, pela
primeira vez, o mecanismo que faz com que os espermatozoides liguem uma espécie
de motor turbo na fase final de aproximação do óvulo. Esse motor não só aumenta
a velocidade do espermatozoide como lhe dá vigor extra para romper a membrana
celular do óvulo. [...]
“Um dos fatores cruciais para determinar a velocidade dos espermatozoides é o
pH do meio onde eles se encontram. Quanto mais ácido o pH, mais lentamente eles
se movimentam. Isso explica por que os gametas masculinos permanecem imóveis
dentro do trato reprodutivo masculino, que é ácido, começam a mover-se quando
estão no líquido seminal, que é alcalino, e se tornam agitados em contato com o
aparelho reprodutor feminino, onde o pH é mais alcalino. Os pesquisadores foram
além dessa constatação e descobriram que a aproximação do óvulo ativa
estruturas localizadas na cauda do espermatozoide, as Hv1. Uma vez abertas,
elas funcionam como comportas, pelas quais são expulsos íons de hidrogênio do
interior do gameta masculino. Esse curso aumenta imediatamente o pH interno do
espermatozoide, facilitando sua mobilidade. ‘O mecanismo que descobrimos é como
uma mudança de marcha para que o carro ultrapasse uma barreira. Ele fornece o
impulso extra que permite romper a proteção externa do óvulo’, disse a Veja a
pesquisadora Polina Lishko, coautora do estudo.
“O gatilho que põe a corrente de íons em funcionamento fica nos arredores do
óvulo. Nessa região, há dois fatores extremamente favoráveis à mobilidade das
células masculinas. O primeiro é a baixa oferta de zinco, que em quantidade
mais alta inibe a movimentação dos espermatozoides. A outra é a alta
concentração de moléculas de anandamida, substância secretada pelos neurônios e
presente também nas células de proteção dos óvulos.”
Se pela inibição de apenas uma chave bioquímica se impede a fecundação; se
problemas com a mobilidade dos espermatozoides (mecanismo que depende de uma
conjunção de fatores) impedem a fecundação; se alterações de pH no homem e na
mulher atrapalham o processo; a questão é: Até que todos esses mecanismos que
dependem de uma série de fatores interligados e interdependentes tivesse
evoluído aos poucos, como os seres sexuados teriam se reproduzido? Estaríamos
aqui hoje para estudar este assunto?
Mas
tem mais...
Em
2010, cientistas do Instituto Karolinska, na Suécia, descreveram pela primeira
vez a estrutura 3D de um receptor completo do óvulo que se liga ao
espermatozoide no início da fecundação. A pesquisa foi publicada na revista
científica Cell. No início da concepção, os espermatozoides se ligam
a proteínas no revestimento extracelular do óvulo, chamado zona pelúcida (ZP).
Mas os detalhes moleculares desse evento biológico fundamental permaneciam
obscuros.
Luca Jovine e sua equipe conseguiram determinar a estrutura tridimensional do
receptor molecular que se liga ao espermatozoide, chamado ZP3. As informações
estruturais detalhadas, baseadas em dados coletados no European Synchrotron
Radiation Facility (ESRF), tornaram possível começar a explorar em nível
molecular como o óvulo interage com os espermatozoides no processo de
fecundação.
Os resultados têm implicações importantes para a medicina reprodutiva humana,
uma vez que podem explicar como mutações no gene do receptor de esperma podem
causar a infertilidade. “Os resultados dão uma imagem notável do lado feminino
da fecundação”, disse Jovine. “Mas esta é, naturalmente, apenas metade da
história. O próximo passo será descobrir as moléculas correspondentes no
espermatozoide que lhe permitem se ligar ao óvulo.”
Puro
design inteligente de dois seres que
foram criados um para o outro!
O design
inteligente da concepção e do nascimento
No
mês de outubro de 2008, numa das edições do programa de TV dominical “Fantástico”,
o Dr. Dráuzio Varela abordou o tema atração sexual e gravidez. A reportagem
começou informando que a atração sexual também depende do nariz, pois ele
detecta a “compatibilidade genética” por meio dos feromônios. Segundo a
matéria, essa substância carrega informações detalhadas sobre genes, saúde e
capacidade de resistir a doenças. Depois, Varela descreveu a “química da
paixão”, explicando que uma descarga de adrenalina ocorre quando vemos a pessoa
amada, e isso faz o coração bater acelerado e dilata a pupila. Em seguida, a
dopamina, neurotransmissor que causa o bem-estar, leva à euforia. A dependência
desse coquetel químico nos faz querer ficar mais tempo perto da pessoa amada.
Com o tempo, o casal deseja algo mais duradouro: o casamento. Segundo o médico,
um bom relacionamento existirá apenas se a química (entre outros fatores) for
favorável. O sexo causa encantamento e reforça a relação. Durante a relação
sexual é liberado o hormônio ocitocina, que aumenta a afetividade e os laços
entre o casal. Ele é importante também para a sobrevivência do feto e na
produção do leite materno (alimento perfeitamente projetado para atender
exatamente às necessidades do bebê).
Com imagens do interior do corpo humano e recursos 3D, a reportagem prosseguiu
descrevendo a maravilha da concepção. Explicou que o óvulo é a maior célula
humana, ao passo que o espermatozóide é a menor. Cerca de 300 milhões deles são
expelidos em cada ejaculação. Na vagina, a missão deles não é fácil, pois têm
que sobreviver às condições hostis do ambiente. Milhões de espermatozóides são
destruídos ali. Os mais fortes que sobrevivem e chegam ao colo do útero são
beneficiados por suaves contrações musculares. Apenas uns poucos milhões chegam
perto do óvulo e um único espermatozóide o fertiliza: o mais preparado e
saudável. Um verdadeiro controle de qualidade!
Por fora a gravidez é inicialmente imperceptível. Em 40 semanas, uma única
célula se especializa em diferentes tipos de células, tecidos, órgãos... e se
transforma em um bebê.
Através de uma membrana, a mãe passa os nutrientes para o bebê. Ele ganha mais
de 850g em 10 semanas. O útero aumenta muito para poder abrigar o feto. O corpo
materno tem que se reorganizar para poder abrigar o bebê em crescimento. Os
órgãos são rearranjados: eles ficam apertados nas costas ou pressionados contra
o tórax. Eles também têm que trabalhar em dobro, como os pulmões e o coração.
Os músculos das costas relaxam e se curvam. O estômago gira e é “esmagado”. A
mãe consegue comer pouco a cada vez, mesmo que o bebê esteja exigindo dela
muito mais nutrientes do que antes.
Depois de nove meses (em média) um bebê com cerca de três quilos vai ser expulso.
A musculatura pélvica relaxa e o corpo do bebê gira para passar pelos ossos da
bacia da mãe (mesmo que eventualmente um homem pudesse abrigar um bebê na
barriga, ele não conseguiria passar pela pelve masculina, que é diferente da da
mulher). Aliás, a criança nem teria por onde nascer...
A reportagem deixou claro que a concepção, gestação e nascimento de uma nova
vida depende de uma série de fatores que deveriam funcionar corretamente desde
o início ou, do contrário, o primeiro bebê jamais teria vindo ao mundo. É um
processo que precisou ser inteligentemente planejado para funcionar
corretamente já na primeira vez. Já é difícil explicar o surgimento simultâneo
de dois sexos totalmente compatíveis. Agora imagine explicar pela ótica
darwinista a origem casual e por etapas sucessivas do complexo processo da
concepção e da gravidez...
Em abril de 2010, a revista Ciência Hoje
publicou uma matéria de capa simplesmente impressionante! Título: “Por que a
mãe não rejeita o feto.” Assinado por Priscila Vianna e José Artur Bogo Chies,
do Laboratório de Imunogenética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o
artigo explica os mecanismos biológicos que impedem que o feto seja
identificado pelo organismo da mãe como um corpo estranho e acabe sendo
rejeitado. O texto começa com inegável linguagem de design inteligente:
“A evolução da gestação, o nascimento do bebê e a produção de leite para
alimentá-lo compõem uma sequência natural e bem planejada, com
vistas a acolher um novo ser. A interação imunológica entre mãe e filho que
acontece ao longo da gestação é mantida até o período de amamentação. O
aleitamento transfere anticorpos da mãe para o filho e esses anticorpos
permitirão à criança reconhecer agentes causadores de doenças, protegendo-a
durante seu desenvolvimento.”
O texto prossegue com explicações técnicas minuciosas e a pergunta que fica no
ar e que nem de longe é tratada pela matéria é: Até que esses processos e
mecanismos bioquímicos evoluíssem, como os seres humanos (ou quaisquer outros
seres que se reproduzem sexualmente) sobreviveram? A complexidade irredutível
envolvida em cada descrição no texto é tão grande, que em momento algum a
palavra “evolução”, no contexto darwinista, é evocada – o que é curiosamente
típico em pesquisas científicas que tratam de complexidade nesse nível.
Segundo os autores do artigo, “na gestação, o corpo feminino sofre diversas
alterações hormonais e físicas, além de mudanças no perfil imunológico. O sistema
imune materno precisa aprender a conviver com o feto, que pode ser comparado a
um transplante, pois a presença de 50% de material genético paterno o torna,
para o organismo da mãe, um ‘estranho’”.
Detalhe: o sistema imune materno “precisa aprender”, mas sabe exatamente o que
fazer quando a mulher engravida – e precisa saber. A fim de que o feto não seja
rejeitado, a placenta o isola parcialmente, para protegê-lo, atuando como um
filtro semipermeável que permite a troca de oxigênio e nutrientes, assim como a
comunicação imunológica ao longo da gestação. Bem, se os seres sexuados
tivessem evoluído a partir de assexuados, é de se supor que a placenta não
estivesse presente logo de início. O que serviria, então, de “filtro” para o
feto? Como ele teria sobrevivido sem o devido aporte de oxigênio e nutrientes e
sob o ataque do organismo materno?
O texto prossegue: “Para que uma gestação se desenvolva com sucesso, é
importante que o sistema imune materno reconheça o feto, sem rejeitá-lo, e
induza uma resposta de aceitação, gerando um ambiente adequado para a boa
evolução do futuro bebê. A relação harmoniosa entre mãe e filho envolve a
interação de aspectos da imunologia celular e humoral (por meio de citocinas
[células que auxiliam na comunicação entre as células em um organismo] e
anticorpos) e de outros componentes. Vários mecanismos protetores regulam a
resposta imune materna ao feto e garantem sua aceitação, entre eles (1) a
presença da placenta (tecido de origem embrionária), que isola física e
imunologicamente o feto da mãe, e (2) a presença de uma resposta do tipo TH2
[célula auxiliar] na mãe, que evita um ataque do sistema de defesa ao feto.”
O interessante é que não há ligação direta entre vasos sanguíneos maternos e
fetais, o que isola o feto, protegendo-o de um possível “ataque” do sistema
imunológico materno. Para que a aceitação do feto ocorra, o corpo da mulher
apresenta alterações imunológicas ao longo da gestação: mudanças no padrão de
produção e liberação de citocinas, inibição localizada da proliferação de
certas células do sistema imune (as que atacam corpos estranhos) ou indução da
expressão de certas moléculas protetoras na superfície das células. Tudo de
forma organizada e no tempo certo. Conforme o artigo, “é necessária uma
delicada regulação de todo esse equilíbrio na produção de citocinas e na
inibição de respostas celulares ao longo da gestação. Momentos distintos do
tempo gestacional exigem perfis diferentes de equilíbrio entre esses vários
fatores. O atraso na ativação ou inibição de qualquer uma dessas vias pode
resultar em complicações da gestação, ou mesmo em aborto”.
Resumindo: além dos mecanismos certos, especificamente desenhados para
funcionar corretamente desde a primeira vez, há também o fator tempo, ou seja,
esses mecanismos tinham e têm que funcionar no momento exato em que eram/são
necessários.
O feto também participa nesse processo todo, sendo estabelecida uma verdadeira
“conversa” química entre ele e a mãe. Se eventualmente alguma célula de defesa
da mulher ultrapassar a barreira placentária, o sistema imune do feto será
capaz de evitar o “ataque”. “Isso é feito por meio de células T reguladoras
fetais, que reagem à presença das células da mãe, liberando citocinas, que
podem controlar ou inativar respostas danosas contra as células maternas,
induzindo o estado de tolerância”, explicam os autores.
Mais interessante ainda: essas células do feto podem permanecer em circulação
por até 17 anos após o nascimento, como memória imunológica, sendo capazes de
reconhecer as células maternas. “O estudo inovador mostrou como mãe e feto
mantêm um contato muito mais íntimo do que se imaginava anteriormente”, e
mostrou também que o sistema imunológico do feto já é bastante ativo antes do
nascimento. Eu já sabia que nunca conseguiria ser tão íntimo de meus filhos
quanto minha esposa. Agora estou ainda mais conformado...
O artigo conclui falando do perigo da pré-eclâmpsia, aumento da pressão
sanguínea que coloca em risco tanto o feto quanto a mãe (na primeira gestação).
É a segunda causa de morte materna no mundo e a primeira no Brasil, sendo
responsável por até 10% das mortes de fetos ou mães durante a gravidez. Essa
doença surge quando o organismo da mãe não consegue se modificar para “aceitar”
o feto e aumenta a pressão sanguínea para “eliminar” o “corpo estranho”.
Voltamos à pergunta que não quer calar: E antes que esse complexo mecanismo
“evoluísse”, como se dava essa modificação dirigida e interrelacionada dos
sistemas imunes da mãe e do feto, capaz de evitar a pré-eclâmpsia e outros problemas
fatais?
Davi não entendia de embriologia e imunologia, mas conseguiu expressar bem o
assombro que nos envolve quando pensamos no maravilhoso processo de concepção e
gestação de uma nova vida: “Graças Te dou, visto que por modo assombrosamente
maravilhoso me formaste; as Tuas obras são admiráveis” (Salmo 139:14).
E Jó, há mais de 3.500 anos, também se maravilhou: “Não me derramaste como
leite e não me coalhaste como queijo? [concepção?] De pele e carne me vestiste
e de ossos e tendões me entreteceste [desenvolvimento embrionário?]. Vida me
concedeste na Tua benevolência, e o Teu cuidado a mim me guardou” (Jó 10:8-12).
Só
posso concordar com o evolucionista Richard Leakey: do ponto de vista
darwinista, a origem dos sexos é um mistério insondável. Mas, do ponto de vista
criacionista, um presente do Criador e um tremendo projeto de design inteligente.
(Michelson Borges é jornalista, editor da revista
Vida e Saúde e pós-graduado em Biologia Molecular e Celular)
Blog criado em 2006 pelo jornalista, pós-graduado em Biologia Molecular e vice-presidente da Sociedade Criacionista Brasileira Michelson Borges, com o propósito de divulgar informações e pesquisas relacionadas com o criacionismo no Brasil e no mundo. O blog é mantido com a ajuda de um time de colaboradores voluntários formados em áreas como Biologia, Geologia, Física e outras. Seja bem-vindo!