A mente é só um programa? |
O
desejo de perpetuar a vida para além da morte faz parte do imaginário do físico
inglês Stephen Hawking, uma das mentes mais respeitadas da ciência. Segundo
ele, tudo o que nossos cérebros armazenaram durante a vida poderia ser copiado
para o disco-rígido de um computador, de forma a garantir que nossos
pensamentos e ideias pudessem ser acessados por outros, mesmo após a nossa
morte. “Eu acredito que o cérebro é um programa dentro da mente, que funciona
da mesma forma que um computador. Portanto, teoricamente seria possível fazer
uma cópia do cérebro para um computador e permitir vida mesmo depois da morte”,
disse Hawking à imprensa durante visita a um festival de cinema inglês.
Ele
adicionou que tal façanha ainda está “além de nossas capacidades”, mas que a
ideia convencional de vida após a morte nada mais é do que um “conto de fadas
para quem tem medo de escuro”. As informações são do jornal inglês The
Telegraph.
O
conceito de perpetuar a vida humana através das máquinas não povoa apenas o
imaginário do físico: o bilionário russo Dmitry Itskov fundou em 2011 uma ONG
com o objetivo de estudar a robótica para estender a vida humana, e um grupo de
cientistas intitulado Brain Preservation Foundation trabalha no desenvolvimento
de uma técnica que permita a conservação do cérebro e de suas memórias, emoções
e consciência.
Já
o gigante da internet Google lançou recentemente um braço de pesquisas chamado Calico, cujo objetivo também é estender a vida por
meio do emprego da tecnologia – a empreitada do CEO do Google, Larry Page, [foi]
inclusive tema de reportagem de capa da revista Time [da] semana [passada] nos Estados Unidos.
Nota:
Por mais materialista que se declare, o ser humano não consegue se conformar
com a finitude. Por mais darwinista que se considere, o ser humano não aceita a
“normalidade” da morte. Ao mesmo tempo em que Hawking considera “conto de fadas”
a ideia de vida após a morte, sonha com a possibilidade de não morrer e de ter
seu cérebro preservado num computador. “Eu acredito que o cérebro é um programa
dentro da mente [não seria o contrário? Talvez a tradução não tenha sido
correta aqui], que funciona da mesma forma que um computador”, diz ele. Com todo
o respeito ao gênio de Hawking (um dos cientistas responsáveis por meu amor à
ciência), não creio que nossa mente se limite a um “programa” de computador. Há
muito mais no ser humano do que informação. Temos sentimentos, experiências de
vida, caráter, personalidade, índole e, por mais que alguns a “abafem”,
espiritualidade. Ainda que seus pensamentos pudessem ser preservados num
computador, “aquilo” não seria você. Seria apenas informação armazenada. O
único que pode devolver você à vida, mesmo
depois de morto, é o Doador da vida: Deus. Isso não apenas não se trata de
conto de fadas (afinal, ao ressuscitar, Jesus
provou que tem poder sobre a morte), como consiste em nossa única esperança.
[MB]