domingo, junho 29, 2008

Darwin plagiou a teoria da evolução?

O dia 1° de julho de 1858 foi modesto em termos de notícias na Londres vitoriana. A rainha Vitória saiu a cavalo, madame Tussaud anunciou uma nova efígie do presidente James Buchanan, dos Estados Unidos, em seu museu de cera, e o vapor North Star completou a jornada de Nova York ao porto da cidade em 11 dias e seis horas, estabelecendo um novo recorde. Mas na noite de 1° de julho, 150 anos atrás, houve um evento que, de acordo com o jornalista Arnold Brackman, representa "um dos grandes marcos históricos da civilização ocidental".

Membros da augusta Linnean Society, uma organização de cientistas londrina, assistiram a uma leitura de dois fragmentos inéditos sobre a evolução, em texto do famoso naturalista Charles Darwin, e também à leitura de um ensaio de Alfred Russell Wallace, um colega relativamente desconhecido do pesquisador.

Nenhum dos dois estava presente. Darwin estava em casa, na Inglaterra, de luto pela morte de um filho, vítima da escarlatina. Wallace estava na distante Nova Guiné, recolhendo borboletas e besouros.

O trabalho de Wallace, intitulado Sobre a Tendência de Variedades se Afastarem Infinitamente do Tipo Original, mas conhecido como o Estudo de Ternate, o nome da cidade do leste da Indonésia da qual ele enviou o texto para Darwin, era a primeira explicação completa sobre o processo de seleção natural, que introduziu o conceito de "sobrevivência dos mais aptos".

Para simplificar uma história complexa, como resultado do estudo de Wallace, Darwin se animou a concluir A Origem das Espécies, publicado em 1859. Sem dúvida teremos uma blitz de mídia em 2009, quando o mundo celebrará o 150° aniversário da publicação do best-seller darwiniano.

Wallace, que nem mesmo sabia que seu estudo havia sido lido na reunião da Linnean, continuou recolhendo espécimes e escrevendo sobre biogeografia, biologia das ilhas, alteração nos níveis do mar e antropologia do arquipélago malaio, uma região na qual ele passou oito produtivos anos, ainda que em relativo isolamento. Darwin, um membro da elite científica britânica, se tornou nome conhecido mundialmente.

Wallace, que deixou a escola aos 14 anos e vinha de uma família modesta, se tornou apenas uma nota de rodapé na história da ciência (ainda que uma nota importante).

Alguns pesquisadores argumentam que foi um caso de coincidência científica - que os dois homens chegaram à mesma conclusão independentemente. Não seria uma ocorrência incomum: Leibniz e Newton descobriram o cálculo separadamente e mais ou menos ao mesmo tempo. O oxigênio foi descoberto por Carl Wilhelm Scheel em 1773 e por Joseph Priestly em 1774. A fotografia em cores foi descoberta quase simultaneamente por dois franceses. Quatro pesquisadores trabalhando em separado descobriram as manchas solares. O termômetro tem seis inventores, e o telescópio nove. E assim por diante.

Mas um grupo pequeno e influente conhecido como Friends of Alfred argumenta, ainda assim, que a chave da teoria da evolução foi descoberta por Wallace, e roubada dele por Darwin. Embora Darwin, mais velho e conhecido, estivesse indubitavelmente pensando sobre a evolução e recolhendo volumosos dados sobre o tema, àquela altura ele ainda não havia publicado nada a respeito.

Wallace, de sua parte, já havia escrito diversos trabalhos sobre a evolução antes do Estudo de Ternate...

É possível dizer que Darwin plagiou Wallace? A questão pode ser tratada em termos legais e em termos leigos. O advogado David Hallmark, curador da Wallace Foundation, sediada na Indonésia, aponta que, já que Darwin não havia publicado nada anteriormente sobre o tema, e que a carta de Wallace o estimulou a fazê-lo, fica implícito que Wallace foi o primeiro e Darwin o segundo.

Além disso, ao publicar seu texto, Darwin não atribuiu a Wallace o impacto do estudo de Ternate sobre o seu trabalho, mas se apropriou da teoria do naturalista mais jovem como se fosse sua, o que indicaria plágio.

Há provas circunstanciais de que Darwin sabia ter prejudicado Wallace, e que se sentia culpado por isso. Ainda que não estejamos cientes de tudo que Darwin e seus colegas conversaram ou pensavam, existe uma reveladora seqüência de cartas na qual Darwin se refere ao assunto como "um caso miserável", e define seu relacionamento com Wallace como "uma situação delicada".

Darwin admitiu, em carta ao renomado botânico Joseph Hooker (que ajudou a manipular a reunião da Linnean de forma a beneficiar o amigo), ter escrito "meia carta a Wallace na qual concedo a prioridade a ele". Darwin estava claramente dividido entre fazer o certo, por um lado, e chegar em segundo, por outro, e disse que "parece-me difícil aceitar a necessidade de perder meus muitos anos de prioridade, mas não estou certo de que isso afete a justiça básica do caso". ...

(Terra)

Show grafotécnico e pouca novidade

Show de visual. É assim que defino a reportagem especial da Veja da semana passada (25/6). As ilustrações e infográficos ajudam e muito a explicar um tema naturalmente complexo. Mas, tirando isso e o anúncio da aguardada experiência com o Large Hadron Collider (LHC) – praticamente a única coisa nova da matéria –, o restante do texto é uma bem feita apresentação de conceitos mais ou menos antigos. Quem acompanhou livros e revistas científicos nas últimas duas décadas e meia (como Uma Breve História do Tempo e o período áureo da Superinteressante), vai perceber que a matéria de Veja é um requentado de velhas noções e teorias cosmológicas e cosmogônicas.

Do começo ao fim, o texto parte do pressuposto de que o Universo teve início com o evento (singularidade) conhecido como Big Bang, mas peca, no meu entender, ao não apresentar as objeções a esse modelo, como as apresentadas pelo físico Gabriele Veneziano, do Cern (o mesmo laboratório que vai usar o LHC para pesquisar partículas elementares), objeções essas publicadas alguns anos atrás na revista Scientific American Brasil.

Tá certo que a teoria do Big Bang conta com algumas evidências interessantes como a provável expansão e resfriamento do Universo, a detecção da tal radiação de fundo, em 1965 e o fato de a matéria estar espalhada na mesma proporção por todo o cosmo conhecido. Mas por que não falam sobre a existência de galáxias "velhas" num universo "jovem", por exemplo. Não adianta jogar essas evidências discrepantes para baixo do tapete.

A seguir, alguns trechos da reportagem, com meus comentários entre colchetes:

Já de início, a matéria de Rafael Corrêa pergunta: "Como era o universo antes da súbita expansão inicial, o Big Bang?" E responde: "Nenhum cientista sabe e talvez nunca venha a saber. O que ocorreu para que uma semente de energia estável menor que um próton, um dos componentes do átomo, entrasse em furioso desequilíbrio e passasse a ocupar com jorros de partículas, em pouco minutos, uma região de trilhões de quilômetros?"

[Talvez os cientistas nem queiram saber ou não se atrevam a explicar o que houve antes do Big Bang, porque isso tem implicações teológicas claras. Afinal, como entender que a matéria, o tempo, o espaço e as leis que regem tudo isso surgiram de repente? O Big Bang nos dá a noção de que o Universo teve um início e, portanto, não pode ter dado origem a ele mesmo, senão já teria existido antes. O Big Bang também nos mostra que o Universo teve que ter uma causa, já que tudo que tem um começo tem que ter uma causa. Assim, se essa causa não é o próprio Universo e não pode ser naturalista, pois nada do que é "natural" existia antes desse evento, a única maneira de entender/explicar a origem de tudo é por uma causa primeira não causada e sobrenatural. Por isso, mesmo que a origem do Universo não tenha ocorrido por meio do Big Bang, mesmo que o bóson de Higgs (a tal "partícula de Deus") não seja detectado e force uma revisão nas teorias científicas sobre a origem de tudo, o modelo do Big Bang acaba sendo bem tentador para os teístas, já que coloca um ponto de partida para tudo o que existe no plano material.]

A matéria de Veja, como não poderia deixar de ser na revista que tem se transformado na maior defensora do naturalismo filosófico e do darwinismo em nosso país, afirma que "aos poucos a Terra [começou] a se transformar em um ambiente propício ao surgimento, à manutenção e à reprodução de formas orgânicas. De moléculas cada vez mais complexas surge o primeiro ser unicelular capaz de fazer uma cópia idêntica de si mesmo, de se reproduzir. Isso é vida. ..."

[Atitude previsível a de sair da cosmologia e entrar na biologia evolutiva, como se uma coisa tivesse tudo a ver com a outra; como se ao se provar o Big Bang naturalmente se provasse que a vida teve início segundo a visão de Darwin. Forçaram a barra. É muito fácil afirmar que moléculas inorgânicas teriam se agrupado e dado origem à primeira forma de vida, como se isso fosse tão simples e facilmente demonstrável. Para mim, aqui está a intenção "subliminar" da reportagem de Veja: mostrar que as pesquisas sobre a origem do Universo são como as pesquisas sobre a origem da vida. E aqui também reside a maior fragilidade da matéria. Tanto o experimento de Miller, em seu balão de vidro cheio de gases submetidos a descargas elétricas, quanto os testes que serão feitos do LHC não provam o que pode ter ocorrido no início - da vida e do Universo - pelo simples fato de que ninguém estava lá para observar esses eventos e tudo o que diz respeito a isso não passa de modelos teóricos. Assim, Miller provou que ao se planejar um experimento com certa proporção calculada de gases, certa intensidade calculada de energia e outras condições igualmente calculadas, pode-se obter alguns aminoácidos e muito alcatrão (nunca detectado em rochas do cambriano ou pré-cambriano). Ou seja, a experiência de Miller prova que com planejamento inteligente se pode obter resultados previamente esperados. Para mim, as experiências com o LHC são semelhantes. Não vão demonstrar o que houve nos instantes iniciais do Universo, mas nos darão uma boa oportunidade de verificar o que o ocorre com a matéria sob certas condições previamente calculadas e planejadas. E é exatamente isso que diz a reportagem, na página 86: "O LHC é um reality show que vai produzir e acompanhar as interações mais íntimas do interior da matéria jamais observadas pelo homem."]

Detalhe: para não deixar dúvida quanto à escolha por parte de Veja da tese evolucionista das origens, compare estes dois trechos: "O mito bíblico da criação" e "Algumas questões povoam a mente humana desde que os primeiros clãs se reuniram em torno da fogueira na savana africana". A criação bíblica é tida como "mito" ao passo que a controvertida origem humana (cuja "árvore evolutiva" vive sendo revista) a partir das savanas é afirmada sem questionamento... Fazer o quê?

E aqui está uma das maiores demonstrações de "fé científica": "Seus [do LHC] responsáveis vão recriar as condições que existiam no Universo quando ele tinha apenas um trilionésimo de segundo de existência. Isso é um feito de extraordinárias conseqüências práticas e teóricas. Equivale a lançar uma sonda capaz de viajar 13,7 bilhões de anos no tempo e registrar o espaço a sua volta, transmitindo dados para o mundo atual instantaneamente."

[Equivale nada! Isso é que é exagero! Mas a matéria de Veja oscila entre essa fé exagerada nos resultados dos testes no LHC e certa dose de racionalidade e realismo, como a expressa neste trecho: "Tudo indica que o universo nasceu com o Big Bang, mas o que existia antes dele? A resposta, tanto para os cientistas quanto para os metafísicos, é a mesma: nada. A questão é como algo pode ocupar um espaço que não existia." Ora a matéria afirma que o Big Bang deu origem a tudo, ora diz que "tudo indica" e que "pode" ter sido assim. Deveria ter mantido o mesmo tom, do começo ao fim.]

Na edição desta semana, Veja publicou algumas cartas comentando a reportagem. Leia algumas delas:

"As muitas áreas da ciência apontam para uma fonte inteligente como a origem da vida. As probabilidades de a vida ter surgido ao acaso e ter-se desenvolvido por meio de processos aleatórios são tão pequenas que exigem uma fé superior à de uma proposta religiosa racional" (Paulo Pesch, Curitiba, PR).

"...desde que os homens deixaram de crer em Deus, o que se nota não é que não creiam em mais nada, é que crêem em tudo, inclusive no Big Bang" (Roberto de Castro Rios, São Paulo, SP).

"Se havia quem precisasse mais do que apreciar uma flor para acreditar em Deus, com essa reportagem, do que mais precisará?" (Rafael Coutinho, Salvador, BA).

Agora resta esperar pelos resultados dos testes no LHC para ver o que mais será dito sobre a origem de tudo. Por enquanto, nada de novo.

Michelson Borges

Leia também: "Gênesis e o cosmos: um quadro unificado?" e "O Modelo do Big Bang: Uma avaliação"

quinta-feira, junho 26, 2008

Aumentam casos de suicídios no mundo

Segundo a OMS, nos últimos 45 anos as taxas de suicídio no mundo inteiro aumentaram 60%, e hoje o suicídio é uma das três principais causas de morte de pessoas entre 15 e 44 anos. De acordo com o World Database of Happiness, baseado em Rotterdam, as pessoas que vivem em países com altas taxas de suicídio dizem que são infelizes. Mas interpretar as tendências suicidas é algo complicado, pois não existe um padrão internacional de relato e coleta de dados sobre o assunto. Países com fortes restrições religiosas ou culturais em relação ao suicídio geralmente apresentam taxas menores.

(Opinião e Notícia)

Brasil, um país de todos?

A Idade Média está tentando voltar, e com muita força! Imagine se alguém for preso apenas por declarar que não aprecia o horário de verão! Pois isso um dia pode acontecer, e o primeiro passo já está sendo dado. Sem que a maioria dos cidadãos se dêem conta, tramitam em nosso legislativo alguns projetos de lei que, se aprovados, darão o primeiro passo para que o brasileiro finalmente perca o direito à liberdade de pensamento e ao inalienável direito de crença. E isso pode afetar não somente os evangélicos ou religiosos em geral, mas, em segunda instancia, toda a sociedade. O objetivo (de fachada), aparentemente bom nas intenções, é incentivar a diversidade e evitar a discriminação, mas, se aprovados, criarão um precedente que abrirá portas a uma série de arbitrariedades totalitárias que seguramente atentarão contra as liberdades mais fundamentais.

O primeiro, que tramita no Senado (PL 122/06), “prevê detenção de um a três anos para quem for condenado por injúria ou intimidação ao expressar um ponto de vista moral, filosófico ou psicológico contrário ao dos homossexuais”, de acordo com uma informação do noticiário eletrônico do site da Missão Portas Abertas (grifo nosso), uma instituição cristã internacional que milita a favor da liberdade religiosa. Note que o projeto condena quem se expressa de modo contrário à visão moral, filosófica ou psicológica dos homossexuais!

É lógico que praticamente todos seriam a favor de projetos que penalizassem aqueles que discriminam ou maltratam um homossexual, mas esse não é o caso. O projeto tem como objetivo penalizar quem pensa diferente e se expressa de acordo com o que pensa, e isso é muito sério, se pensamos em sociedades democráticas e igualitárias. Hoje em dia se faz troça até do presidente da República, fala-se abertamente a respeito de ideologias políticas, mas posicionar-se a respeito de suas convicções morais e filosóficas pode ser perigoso!

E é para esse detalhe que precisamos estar alerta! Na prática, esse projeto determina que “a pregação de alguns trechos da Bíblia poderá ser criminalizada, a despeito das diferentes interpretações de correntes doutrinárias”, diz o noticiário da Missão Portas Abertas. Qual será o próximo alvo? E se os leitores da Bíblia se organizassem e propusessem a proibição da divulgação das idéias homossexuais? Todos devem ser iguais perante a lei.

É bom que você saiba que “o PL 122/06 está prestes a ser votado pelos senadores e em seguida seguirá para a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para se tornar lei. O governo é favorável à criação dessa nova lei e seu posicionamento está claramente expresso no programa ‘Brasil Sem Homofobia’” (Missão Portas Abertas).

O segundo projeto que tramita na Câmara, o PL 6418/2005, “prevê aumento da pena em um terço para qualquer um que fabrique, distribua ou comercialize quaisquer pontos de vista contra homossexuais, sejam impressos ou verbais. No caso de materiais impressos, a nova lei prevê o confisco e a destruição dos mesmos, o que expõe a Bíblia Sagrada ao risco de ser recolhida e destruída pelas autoridades brasileiras. No caso de transmissões televisivas ou radiofônicas, a lei prevê a suspensão delas” (Missão Portas Abertas, ênfase nossa).

E você ainda achava que esse tipo de coisa tinha ficado bem longe, no passado, escondido debaixo da poeira da Idade Média? Pois é, esse mesmo projeto de lei ainda estabelece que quem financia (ou dá ofertas) a publicações ou a pessoas que “transgridam” essa lei, poderá ser condenado a uma pena de dois a cinco anos de prisão!

Sobre esse assunto, a Visão Nacional para a Consciência Cristã (VINACC) pondera que “ao afirmar que toda e qualquer manifestação contrária ao homossexualismo, incluindo aqui sermões e textos bíblicos que se posicionam contra as práticas homossexuais, como se constituíssem crime de homofobia – isto é, violência contra os homossexuais –, o projeto está a estabelecer no Brasil o mais terrível tipo de legislação penal, típica de Estados totalitários: os crimes de mera opinião”.

Isso, é lógico, contraria totalmente nossa Constituição Federal de 1988, que no seu artigo 5º, inciso VI, afirma: "É inviolável a liberdade de consciência e de crença." Se aprovados, esses projetos abririam um terrível precedente, que poderia no futuro ser utilizado inclusive contra aqueles que o propõem.

Seguindo esse mesmo tipo de pensamento totalitário, daqui a pouco poderá ser preso e multado quem não gostar do horário de verão, por exemplo (estaria preso por isso...), ou simplesmente quem for contrário ao novo imposto que substitui a CPMF. Como cristãos, devemos ser os maiores defensores da liberdade de pensamento, inclusive a daqueles que pensam de modo diferente do nosso, como é o caso dos homossexuais. Quando vivemos em sociedade, não podemos fazer o que queremos. Existem regras que devem ser obedecidas para o bem comum. E o desrespeito a essas regras deve ser penalizado com rigor. Mas até quando alguém poderia ser preso apenas por expressar uma opinião? O que esses projetos propõem é uma zombaria aos direitos individuais mais básicos do cidadão.

Para entender o absurdo desses projetos basta invertê-los e propor que receba as mesmas penas todo aquele que manifestar injúria ou intimidação ao expressar um ponto de vista moral, filosófico ou psicológico contrário à Bíblia ou às pessoas que a aceitam como regra de fé. Do mesmo modo, qualquer publicação contrária à Bíblia ou aos cristãos receberia tratamento semelhante aos textos contrários às práticas homossexuais. Não temos todos direitos iguais? Você já pensou aonde vamos chegar quando alguém for preso apenas por pensar diferente? É esse o tipo de país que desejamos para nossos filhos?

Na Idade Média, a igreja dominante se utilizava do poder civil para cercear as consciências e perseguir os “hereges”, ou seja, os que pensavam de modo diferente. Naquele tempo, o objetivo era converter todas as pessoas e países, e não se tinha liberdade para divergir. Muitos foram presos, torturados e mortos simplesmente porque resolveram preservar a liberdade de consciência.

Agora, em lugar da igreja medieval, está outra "religião" querendo fazer silenciar os seus "hereges". Tomara que o bom senso prevaleça, e que nossos representantes, sejam eles cristãos, ateus ou mesmo homossexuais, saiam em defesa da justiça e da liberdade, sempre que ela estiver sendo ameaçada, por quem quer que seja. Quanto a mim, prefiro ficar com o lema do governo: “Brasil, um país de todos”!

O que você pode fazer?

1. Divulgar este texto para o maior numero de pessoas.
2. Participar de abaixo-assinados como o da VINACC.
3. Entrar em contato com os parlamentares que você conhece, enviando o seu protesto.

(Marcos Faiock Bomfim, terapeuta familiar e apresentador do programa Novo Tempo em Família)

Retrovírus endógenos e evolução: uma visão crítica

Retrovírus é o termo utilizado para designar os componentes da família Retroviridae, vírus que apresentam sua informação genética inscrita unicamente em forma de RNA. Após a invasão do vírus em uma célula num organismo hospedeiro em potencial, seu RNA “força” a célula parasitada a produzir moléculas de DNA viral, num processo conhecido como retrotranscrição, graças à presença da enzima transcriptase reversa. O DNA viral produzido ultrapassa a membrana nuclear incorporando-se ao DNA do agora hospedeiro, instruindo a célula parasitada a produzir mais cópias do retrovírus em questão. Ocasionalmente, parasitando uma célula germinativa, aquela seqüência ou porção da seqüência viral incorporada ao patrimônio genético do hospedeiro, em tese, poderia ser transferida a seus descendentes. Contudo, a prole originada não desenvolveria necessariamente os sintomas resultantes da ação viral, uma vez que durante as diversas fases de divisão celular, porções do DNA viral incorporado ao patrimônio genético parental poderiam ser “danificadas”.

Com base nesses aspectos e no fato de serem encontradas semelhantes seqüências genômicas de retrovírus endógenos em diferentes espécies de seres vivos, tem sido grandemente difundida nos meios de comunicação a idéia de que essas semelhanças genômicas presentes no conjunto gênico da espécie humana e de outras espécies animais, seriam indícios comprobatórios de uma ancestralidade comum, sendo que este “novo” conjunto de genes teria contribuído significativamente para a diferenciação das diversas formas animais existentes atualmente. Este ensaio procura lançar um olhar crítico sobre esse tipo de afirmação.

É aceito dentro do modelo evolucionista que homens a chimpanzés divergiram suas linhagens entre 5 milhões e 7 milhões de anos atrás. Nesse mesmo modelo, procura-se demonstrar, com base em características anatômicas, e mais recentemente utilizando informações genéticas, que homens e chimpanzés compartilharam um ancestral comum no passado. Em outras palavras, o ser humano seria mais próximo evolutivamente do chimpanzé do que de qualquer outro animal, particularmente de outros primatas. Nesse cenário, esperaríamos encontrar um padrão de espalhamento dinâmico de um determinado retrovírus endógeno, mais semelhante ao se comparar DNAs de seres humanos com os de chimpanzés, do que ao se comparar DNAs de seres humanos com os de quaisquer outros organismos.

Um interessante artigo publicado em 2007[1] mostra que existem mais semelhanças no padrão de espalhamento dinâmico de um determinado retrovírus endógeno (ERV-K), ao se comparar DNAs de humanos com os de macacos Rhesus, do que ao se comparar material genético de seres humanos com o de chimpanzés. Em outras palavras, pelas análises de seqüências de retrovírus endógenos da família K, evolutivamente, teríamos uma assinatura genética muito mais semelhante à desse tipo de macaco, ou seja, compartilharíamos um ancestral comum não com chimpanzés, mas com Rhesus! É importante ressaltar que dentro da estrutura conceitual evolucionista o macaco Rhesus teria divergido dos seres humanos e chimpanzés há 25 milhões de anos. Embora a frase destacada neste parágrafo não seja explicita no referido artigo, trata-se de uma conclusão óbvia, com base no tipo de argumentação que vem sendo alardeada nos meios de comunicação de forma geral.

Outro interessante resultado publicado pelos autores é que chimpanzés teriam muito mais ERV-K em seus genomas em relação à espécie humana, que, segundo os autores do trabalho, teria “efetuado uma espécie de ‘limpeza’ em nossos cromossomos devido a enormes flutuações na população humana, causada por intensas migrações e adaptações a novos hábitats”. Se os genes de retrovírus endógenos, ou pelo menos seqüências desses genes, podem ser “móveis”, isto é, podem ser removidos do DNA de um determinado organismo, inferir ancestralidade com base nas seqüências atuais de retrovírus endógenos existentes nos DNAs dos organismos, requer pelo menos um pouco de cautela na interpretação desses dados.

Um primeiro aspecto a ser considerado é que são relativamente recentes (remontando ao período de seqüenciamento do DNA de nossa espécie[2]) estudos versando sobre as funções e implicações desses “resquícios” de retrovírus no material genético da espécie humana. Outro aspecto de grande relevância é a diferença existente entre os fatos e a interpretação a eles dada pelos pesquisadores. É um fato observável a incorporação de seqüências de DNA de retrovírus endógenos no material genético da espécie humana, assim como a semelhança dessas seqüências em uma dada porção do genoma humano com as seqüências de diferentes espécies animais. A idéia de “parentesco evolutivo entre espécies que compartilhem tais seqüências”, e, ainda, que “essas seqüências desempenharam um importante papel na história evolutiva dos seres vivos”, é a interpretação daquele fato observável. Questionar um fato seria tolice, mas questionar interpretações é sinal de prudência e sabedoria. Assim se dá o desenvolvimento científico.

O primeiro aspecto no parágrafo anterior deve nos alertar para a cautela diante do assunto em questão. Por mais avançados que sejam nossos instrumentos de análise, compilação de dados, formação de bibliotecas contendo informações sobre o assunto, etc., ainda há muita coisa a ser aprendida e compreendida no tocante ao genoma humano e a forma pelas quais os genes expressam as informações nele contidas. Um pouco de “humildade acadêmica” não faz mal a ninguém! O segundo aspecto abordado anteriormente nos alerta para a possibilidade de interpretações alternativas para aquele determinado fato observado. Com o desenvolvimento de pesquisas ao longo do tempo, que dêem suporte ou que refutem determinadas interpretações, irão sendo construídas afirmações com mais coerência. Aqui é importante destacar e necessidade de imparcialidade por parte de todos daqueles que constroem o conhecimento científico, de modo a não rejeitarem uma possível interpretação coerente, pelo simples fato de ela se opor a um dado modelo vigente. No âmbito da controvérsia evolução versus criação, infelizmente pode ser reconhecida nas atitudes de simpatizantes de ambos os modelos uma postura indesejável como essa.

Seria de grande importância que os debates envolvendo pontos de vista e cosmovisões diferentes fossem realizados com inteligência e principalmente RESPEITO mútuo.

(Tarcisio Vieira, biólogo, mestre em Química e membro da Sociedade Criacionista Brasileira)

1. O artigo em questão foi publicado na revista PLoS ONE, sendo a autora principal Camila Malta Romano. Esse artigo pode ser baixado gratuitamente no site da revista.

2. Cerca de 8% do genoma da espécie humana é composto por seqüências genéticas encontradas em retrovírus, a saber, gag (responsável por codificar proteínas estruturais), pol (codificante de enzimas virais) e env (responsável por codificar proteínas da “cápsula” viral), além de outros segmentos. Para maiores detalhes vide: Lander ES, Linton LM, Birren B, Nusbaum C, Zody MC, Baldwin J, Devon K, Dewar K, Doyle M, FitzHugh W, et al. Nature 2001, 409:860-921. Venter JC, Adams MD, Myers EW, Li PW, Mural RJ, Sutton GG, Smith HO, Yandell M, Evans CA, Holt RA, et al. Science 2001, 291:1304-1351. Esses artigos podem ser baixados gratuitamente dos sites das respectivas revistas.

quarta-feira, junho 25, 2008

Parábolas de Jesus: o bom samaritano


"Quem é o meu próximo?" Essa questão suscitava discussão entre os judeus. Na parábola do bom samaritano (Lc 10:25-37), Cristo respondeu. Mostrou que nosso próximo não é apenas alguém da mesma religião a que pertencemos ou alguém de nossa família, amigos ou alguém que admiramos. Não tem a ver com nacionalidade, cor, credo ou distinção de classe. Nosso próximo é toda pessoa que precisa da nossa ajuda. Nosso próximo é todo aquele que é propriedade de Deus.

Na história do bom samaritano, Jesus ensina a natureza da verdadeira religião. Mostra que a verdadeira religião consiste não em sistemas, credos ou cerimônias, mas no cumprimento de atos de amor para com os outros.

Lucas 10:25: "E eis que certo homem, intérprete da Lei, se levantou com o intuito de pôr Jesus à prova e disse-lhe: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?"

Lucas 10:26: "Então, Jesus lhe perguntou: Que está escrito na Lei? Como interpretas?"

A pergunta feita a Jesus por um “doutor da lei” deixa claro nas entrelinhas que havia segundas intenções. O judeu tinha consciência de que ele próprio não tratava igualmente todas as pessoas com amor. E essa era uma realidade entre os israelitas. Então, pergunta: “Que farei?”

Essa pergunta revela um conceito de salvação totalmente equivocado. Para ele, como para a maioria dos judeus do seu tempo, a salvação era obtida por meio de obras. Não havia entendimento da graça divina. Ocorre que, sendo um especialista em leis, o doutor conhecia bem a resposta à sua pergunta. Mas como sustentava a crença de que os pagãos e os samaritanos não deviam ser considerados como “próximos”, na realidade sua pergunta era: “Qual dos israelitas é o meu próximo?”

Jesus aproveitou a pergunta capciosa para abordar essa questão fundamental. Os fariseus tinham sugerido essa pergunta ao doutor da lei “com o intuito de pôr Jesus à prova”. Mas Jesus não entrou em discussão, como pretendiam. Respondeu à pergunta com outra pergunta: "Que está escrito na lei?", fazendo com que o próprio doutor respondesse.

Lucas 10:27: "A isto ele respondeu: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e: Amarás o teu próximo como a ti mesmo."

Lucas 10:28: "Então, Jesus lhe disse: Respondeste corretamente; faze isto e viverás."

Em sua resposta, o doutor não citou as cerimônias e rituais israelitas. A estes não deu importância. Preferiu dar maior relevância aos dois grandes princípios de que dependem toda a lei e os profetas. Ao concordar com a resposta do doutor da lei, Jesus ficou em posição vantajosa diante dos rabinos. Não podiam condená-Lo por confirmar aquilo que fora dito por um expositor da lei.

Em seus ensinos, Jesus sempre apresentava a unidade da lei divina, mostrando que é impossível guardar um preceito e violar outro; porque é o mesmo princípio que sustenta toda a lei. O amor a Deus e o amor ao próximo são os dois princípios em que se resumem os Dez Mandamentos. É impossível guardar os quatro primeiros mandamentos sem amar a Deus, assim como é impossível guardar os outros seis sem amar ao próximo. E o amor é o princípio em que se baseia toda a lei.

Cristo sabia que ninguém poderia cumprir a lei por sua própria força. Por isso, pretendia induzir o doutor da lei a um estudo mais esclarecido e minucioso para que achasse a verdade. Somente aceitando a graça de Cristo podemos observar a lei. A fé na propiciação pelo pecado habilita o homem caído a amar a Deus de todo o coração e ao próximo como a si mesmo.

O doutor sabia que não conseguia guardar completamente os dez mandamentos. Foi conscientizado disso pelas palavras de Jesus. Mas em vez de confessar o seu pecado, procurou justificar-se. Em vez de reconhecer a verdade, tentou mostrar como é difícil cumprir os mandamentos. Desse modo esperava justificar-se aos olhos do povo. As palavras de Jesus lhe mostraram que ele mesmo sabia a resposta para a pergunta que havia feito.

Lucas 10:29: "Ele, porém, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: Quem é o meu próximo?"

Fugindo da controvérsia para a qual os fariseus pretendiam arrastá-Lo, Jesus respondeu a essa importante pergunta com uma parábola. Não denunciou a hipocrisia dos que O estavam espreitando para O condenar. Mas, mediante uma singela história, apresentou aos ouvintes a natureza do verdadeiro amor, de tal forma que tocou o coração de todos e arrancou do doutor da lei a confissão da verdade. O meio de dissipar as trevas é admitir a luz. O melhor meio de tratar com o erro é apresentar a verdade. É a manifestação do amor de Deus que torna evidente o pecado do coração concentrado em si mesmo.

Lucas 10:30: "Jesus prosseguiu, dizendo: Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e veio a cair em mãos de salteadores, os quais, depois de tudo lhe roubarem e lhe causarem muitos ferimentos, retiraram-se, deixando-o semimorto."

Lucas 10:31: "Casualmente, descia um sacerdote por aquele mesmo caminho e, vendo-o, passou de largo."

Lucas 10:32: "Semelhantemente, um levita descia por aquele lugar e, vendo-o, também passou de largo."

O que Jesus descreveu não era uma cena imaginária, mas uma ocorrência verídica que ocorria com muita freqüência naqueles dias. O sacerdote e o levita, que estavam passando pelo local e não pararam para socorrer o ferido, encontravam-se entre o grupo que estava escutando atentamente as palavras de Cristo.

Como Jerusalém está a 800 metros acima do nível do mar e Jericó a 400 abaixo, a estrada é bem acidentada. Em menos de 30 quilômetros, ela desce 1.200 metros. Além disso, os muitos despenhadeiros e passagens estreitas facilitavam o ataque de bandidos que ficavam espreitando suas vítimas. Por isso, segundo a parábola, naquele lugar o viajante foi atacado, roubado, ferido e machucado, sendo deixado meio-morto à beira do caminho.

Estando nessas condições, um sacerdote passou por aquele caminho, viu o homem ferido, mas não lhe prestou socorro. Apareceu em seguida um levita. Curioso de saber o que acontecera, observou a vítima quase morta. Sentiu a convicção do que devia fazer, mas não era uma tarefa fácil. Desejou não ter ido por aquele caminho, de modo que não visse o ferido. Convenceu-se de que nada tinha com o caso e também seguiu o seu caminho. Ambos, tanto o sacerdote como o levita, ocupavam postos sagrados e professavam expor as Escrituras. Pertenciam à classe especialmente escolhida para servir de representantes de Deus perante o povo.

Na conduta dos dois, não viu o doutor da lei coisa alguma contrária ao que lhe fora ensinado sobre as reivindicações da lei. Aliás, para ele, esses homens tinham razões legítimas para recusar-se a ajudar o ferido. Eles podiam estar a caminho de algum serviço religioso, ou talvez estivessem preocupados com o perigo de ficar impuros (Lv 21:1-3; Nm 19:11-22) e ter que passar por rituais de purificação (o que, algumas vezes, tomava vários dias). E havia também a questão da segurança pessoal. Então, Jesus introduz na história uma nova cena.

Lucas 10:33: "Certo samaritano, que seguia o seu caminho, passou-lhe perto e, vendo-o, compadeceu-se dele."

Lucas 10:34: "E, chegando-se, pensou-lhe os ferimentos, aplicando-lhes óleo e vinho; e, colocando-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e tratou dele."

Lucas 10:35: "No dia seguinte, tirou dois denários e os entregou ao hospedeiro, dizendo: Cuida deste homem, e, se alguma coisa gastares a mais, eu to indenizarei quando voltar."

Os judeus eram inimigos dos samaritanos. Desde os dias de Esdras, os samaritanos foram misturados com os pagãos, durante as conquistas da Assíria e Babilônia (2 Reis 17:24-41). Os samaritanos ergueram um templo rival no Monte Gerizim e passaram a aceitar apenas os primeiros livros da Bíblia. Por tudo isso, os hebreus encaravam a religião dos samaritanos como impura.

Entretanto, um samaritano que viajava pela mesma estrada viu a vítima e fez o que os outros não fizeram: com carinho e amabilidade tratou do ferido. Não indagou se o estranho era judeu ou gentio. Fosse ele judeu, bem sabia o samaritano que, invertidas as posições, o homem lhe cuspiria no rosto e passaria desdenhosamente. Mas nem por isso hesitou. Não considerou que ele próprio se achava em perigo de assalto, se demorasse naquele local. Bastou-lhe o fato de estar ali uma criatura humana em necessidade e sofrimento.

Tirou o próprio vestuário para cobri-lo. O óleo e o vinho, provisão para sua viagem, empregou-os para curar e refrigerar o ferido. Colocou-o em sua cavalgadura e pôs-se a caminho devagar, a passo brando, de modo que o estranho não fosse sacudido. Conduziu-o a uma hospedaria, cuidou dele durante a noite. Pela manhã, como o doente houvesse melhorado, o samaritano decidiu seguir viagem, não sem antes se certificar de que o ferido receberia os cuidados e a atenção do hospedeiro. Pagou as despesas e ainda deixou uma reserva para qualquer necessidade eventual. O fato de o samaritano estar viajando por um território estrangeiro torna seu ato de misericórdia mais notável ainda.

Dando essa lição, Jesus apresentou os princípios da lei de maneira direta e incisiva, mostrando aos ouvintes que o sacerdote e o levita tinham negligenciado a prática desses princípios. Suas palavras eram tão definidas e acertadas que os ouvintes não podiam contestá-las. O doutor da lei não encontrou na lição nada que pudesse criticar. O samaritano cumprira o mandamento: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo", mostrando assim ser mais justo do que os que o condenavam.

Muitos olham com indiferença e desdém para aqueles que arruinaram seu corpo. Outros desprezam os pobres por diferentes motivos. Ainda assim, pensam estar trabalhando na causa de Cristo em empreendimentos de maior valor. Sentem que estão fazendo grande obra e não podem por isso se deter em cuidar das dificuldades do necessitado e do infeliz. Apesar disso, imaginam estar se dedicando a uma suposta grande obra. Acham que sua negligência é justificável, porque estão promovendo a causa de Cristo de outra forma.

Muitos se denominam cristãos, mas isso quase nada vale. Podemos professar ser seguidores de Cristo; podemos professar crer em todas as verdades da Palavra de Deus; mas isto não fará bem ao nosso próximo, a não ser que essa crença possa ser vista em nossa vida diária. Um exemplo correto fará mais benefício ao mundo que qualquer profissão de fé. A religião do evangelho é Cristo na vida. É o amor de Cristo revelado no caráter e expresso em boas obras.

Onde quer que haja um impulso de amor e simpatia, onde quer que o coração se comova para abençoar e amparar os outros, é revelada a operação do Santo Espírito de Deus.

Se um doente espiritual necessita de amparo, como nós mesmos certamente também, em algum momento, já necessitamos, muito pode contribuir a experiência de alguém que fora tão fraco quanto ele, de alguém capaz de entendê-lo e ajudá-lo. O conhecimento da nossa própria debilidade contribui para que possamos ajudar a outros que estejam em necessidade.

Deus permite que tenhamos contato com o sofrimento para nos tirar do egoísmo e desenvolver em nós o atributo do Seu caráter: o amor. Através dessa abençoada experiência diária, aprenderemos tudo que está encerrado na pergunta: "Quem é o meu próximo?"

Lucas 10:36: "Qual destes três te parece ter sido o próximo do homem que caiu nas mãos dos salteadores?"

Lucas 10:37: "Respondeu-lhe o intérprete da Lei: O que usou de misericórdia para com ele. Então, lhe disse: Vai e procede tu de igual modo."

Concluída a história, Jesus fixou o doutor da lei com um olhar que lhe parecia ler a alma, e disse: "Qual dos três foi o próximo do homem ferido?” O doutor mesmo assim evitou mencionar o nome samaritano, e respondeu: "O que usou de misericórdia para com ele.” Jesus disse: "Vai, e procede da mesma maneira."

A parábola do bom samaritano tem nos ajudado a entender que temos de ajudar as pessoas que são vítimas de circunstâncias que estão além do seu controle, tanto quanto as que entram em problemas por causa de si mesmas, e que nossa ajuda têm de ser prática, não apenas a demonstração de um sentimento. A verdadeira compaixão se traduz em atos de bondade. Só quem ama a Deus, ama ao próximo (Lv 19:18; Dt 6:5).

Afinal, quem é o meu próximo? A resposta correta é: “Qualquer pessoa que precise de minha ajuda.”

OS ATOS DO BOM SAMARITANO:

1. O odiado samaritano logo reparou que o ferido era judeu; alguém que odiava sua raça; alguém de outra religião; alguém que certamente jamais o ajudaria, se as posições estivessem invertidas.

2. Mas isso não importava, quem estava ali precisando desesperadamente de ajuda era um ser humano.

3. Arriscou sua vida por ele.

4. Vendo-o, sentiu compaixão por ele. Tudo o mais foi apenas o resultado da misericórdia.

5. Tratou do ferido disponibilizando, para tanto, os seus próprios recursos.

6. Usou parte do alimento que trazia consigo para a viagem: o vinho para limpar as feridas e o azeite para suavizar a dor.

7. Depois, colocou-o (esforço) sobre o animal (patrimônio) e ele próprio foi a pé (sacrifício).

8. Chegando a uma hospedaria, cuidou dele durante a noite (tempo).

9. Deu dois denários (oferta à causa de Deus) ao hospedeiro.

CRISTO, O BOM SAMARITANO

1. O judeu ferido, caído, despojado e incapaz de ajudar a si mesmo, ilustra nossa condição como pecadores.

2. Nós também fomos atacados pelas forças do mal.

3. Quando nos viu à beira da morte, Cristo não passou direto; arriscou Sua vida para nos salvar, mesmo embora fôssemos Seus inimigos.

4. Deus não tinha obrigação de resgatar o homem caído. Ele podia ter passado pelos pecadores assim como o sacerdote e o levita fizeram em relação ao homem ferido.

5. O samaritano deu o seu vinho para que as feridas fossem limpas e o Senhor Jesus nos concedeu Seu precioso sangue para nos lavar de todo o pecado.

6. O samaritano deu o seu azeite para aliviar a dor e o Senhor Jesus nos ofereceu o Santo Espírito para nos consolar e capacitar a viver uma vida justa num mundo injusto.

7. Em Sua missão de salvar o ferido, o samaritano deu o seu tempo e o Senhor Jesus nos concedeu 33 anos de uma vida perfeita.

8. O samaritano fez tudo quanto estava ao seu alcance, dispondo de seu dinheiro e o Senhor Jesus deu tudo quanto possuía; deu todo o Céu para restaurar no homem a imagem de Deus.

Esta parábola descreve a bondade e o amor que nosso Salvador tem para com o homem caído e infeliz. Nós éramos como esse pobre, aflito viajante. Satanás, nosso inimigo, havia nos assaltado, despojado, ferido. Estávamos por natureza mais que semimortos em nossos delitos e pecados; completamente incapazes de nos salvar, pois não tínhamos forças. A lei de Moisés, como o sacerdote e o levita, não tem compaixão de nós, não nos oferece alívio, passa ao largo, não tendo piedade nem poder para nos ajudar. Mas eis que veio o abençoado Jesus, o Bom Samaritano. Ele teve compaixão de nós; Ele cuidou das nossas feridas; Ele derramou sobre elas não azeite e vinho, mas o Seu próprio sangue.

As pessoas que se relacionaram com o homem ferido podem ser classificadas em três grupos, de acordo com a sua filosofia de vida:

COBIÇA (os assaltantes) – “O que é meu, é meu; e o que é seu, será meu, se eu conseguir tomar de você.” Essa é a filosofia de muita gente. Milhões vivem uma vida de egoísmo e ganância.

INDIFERENÇA (o sacerdote e o levita) – “O que é meu, é meu; e o que é seu continuará a ser seu, se você puder defendê-lo.” Essa é a filosofia de alguns religiosos que são indiferentes à dor e ao sofrimento alheios.

AMOR (o bom samaritano) – “O que é seu, é seu; e o que é meu será seu, se você precisar.” O meu vinho, o meu azeite, o meu animal, o meu dinheiro, a minha energia e o meu tempo serão seus, se você precisar. As oportunidades de ajudar aos outros geralmente são inesperadas e inconvenientes.

Qual tem sido a nossa filosofia de vida? A dos assaltantes, a do sacerdote e do levita, ou a do bom samaritano? O que caracteriza o nosso relacionamento com o próximo? A cobiça, a indiferença ou o amor?

(Texto da jornalista Graciela Érika Rodrigues, inspirado na palestra do advogado Mauro Braga.)

Vegetarianismo pop

Um verdadeiro “exército” de celebridades vem incentivando as pessoas a abraçarem o vegetarianismo. Isso é bom. O problema é a ideologia que muitas vezes vem a reboque nessas campanhas que, em nenhum momento, mencionam a Bíblia como fonte de inspiração para essa postura de respeito para com a natureza e de cuidado com o corpo. A cantora pop Leona Lewis e o integrante da banda Red Hot Chili Peppers Anthony Kiedis foram escolhidos as celebridades vegetarianas mais sexies do mundo. O roqueiro Kiedis se tornou vegan após se inteirar sobre o esgotamento dos peixes e o médico de seu filho recomendar a dieta para a criança. Já a princesa do pop é ativista. “Sou vegetariana, então não uso roupas, sapatos ou bolsas de couro ou outro material animal. Estou numa missão.”

A eleição foi promovida pelo Peta (Pessoas Pelo Tratamento Ético dos Animais), que disponibilizou a votação em seu site. Ao todo, a lista incluía 150 celebridades que, segundo a ONG, estavam todas “no coração da organização e no coração dos animais”.

Estavam concorrendo nomes como Steve Jobs, Paul McCartney, Joss Stone, Natalie Portman e Pamela Anderson.

Outra “convertida” de peso ao veganismo é a famosa apresentadora de TV Oprah Winfrey. Em seu programa, ela recebeu a escritora e conselheira espiritual Kathy Freston para falar sobre seu novo livro Quantum Wellness. Nele, Kathy descreve os oito pilares do bem-estar.

Há uma prática que Kathy diz que deve ser observada acima de todas as outras. “A mãe de todos os pilares é a alimentação consciente”, diz ela. “Isso não faz diferença somente na sua saúde e bem-estar, mas a alimentação consciente significa que você sabe de onde vem sua comida, como os animais são tratados e como o ambiente é afetado pela sua alimentação. Você absorve a energia de todo o processo de obtenção dessa comida.”

Para começar a sua transformação, Kathy diz que uma limpeza de 21 dias pode melhorar sua aparência e a maneira como você se sente [curiosamente, 21 dias foi o tempo de jejum do profeta Daniel em seu preparo espiritual]. “A gente pega algumas coisas que são irritantes para o nosso corpo e as eliminamos em 21 dias.”

Oprah se comprometeu com a limpeza de 21 dias, que inclui eliminar de sua alimentação produtos de origem animal.

Claro que, de qualquer forma, a bandeira vegetariana traz benefícios para todos – humanos e animais. Mas o que muita gente tem feito é apregoar o espiritualismo por meio dessa campanha que tem contado com o apoio de muita gente pop.

O objetivo por excelêcia da adoção de uma dieta vegetariana é para promover condições de saúde que vão favorecer o bom funcionamento do cérebro e, conseqüentemente, um melhor contato com o Céu. Afinal, o cérebro é a "antena" que nos conecta com Deus. Por isso, os cristão deveriam estar na vanguarda desse movimento.

Mas a Peta, digo, as pedras estão clamando.

segunda-feira, junho 23, 2008

Veja: a porta-voz do naturalismo filosófico

Não é novidade a falta de critério de algumas publicações quando o assunto é a controvérsia entre o Cristianismo e a Ciência Naturalista.[1] O que avulta é o destaque que as reportagens sobre essa controvérsia (que, mormente, são tendenciosas a favor de uma concepção evolucionista de origem da vida) vêm ganhando. A revista Veja, que já teve diversas reportagens contestadas por criacionistas e proponentes do design inteligente, abre mão da objetividade e do dever de informar para aumentar os preconceitos existentes em relação aos postulados tanto do Criacionismo (de viés filosófico) quanto do Design Inteligente (de caráter científico)[2], quando dedica, em sua última edição, diversas páginas a promover deliberadamente o avanço da ciência como estando próximo de prover uma explicação definitiva da origem da vida.

Iremos discutir, de forma sucinta, algumas declarações feitas no primeiro dos artigos públicados pela Veja, intitulado “No início era…”[3] O próprio título evoca a expressão que abre o livro bíblico de Gênesis. Adiante, complementando a frase, o articulista segue de forma presunçosa: "...um ponto minúsculo que concentrava toda energia do cosmo. Tentar entender como daí nasceu o Universo levou a humanidade à sua mais extraordinária aventura intelectual, que chega ao ápice neste mês."[4]

A forma de apresentar os pressupostos científicos sem qualquer questionamento, como se fossem verdade comprovada e inquestionável, desconsidera o que o físico brasileiro Marcelo Gleiser já fez notar, quando afirmou: "Um dos meus objetivos é aproximar da nossa vida a ciência, mostrando como ela é produto do ambiente cultural e emocional em que é criada."[5] Em outros termos: assim como os demais ramos do conhecimento humano, a ciência também é afetada pelos pressupostos dos que estão envolvidos com suas atividades. No caso da prática científica atual, qual seria então a visão que lhe alicerça? O próprio Gleiser responde: "Sendo uma fiel herdeira do monismo grego, a ciência também almeja atingir um estado de perfeição racional, embora seja claro para os seus praticantes que a verdadeira perfeição é uma abstração impossível de ser atingida."[6]

Conforme o exposto por Gleiser, cai por terra a idéia de que a Ciência lida com conhecimento objetivo – ela também é afetada por pressupostos e preconceitos humanos. Se fossem adotados outros pressupostos, a direção das pesquisas feitas e os próprios resultados seriam drasticamente outros. O polêmico Michael Behe sentencia: "...O compromisso filosófico de alguns indivíduos com o princípio de que nada existe além da natureza não deve ter permissão de interferir em uma teoria que flui naturalmente de dados científicos observáveis. Os direitos dessas pessoas de evitar uma conclusão sobrenatural devem ser escrupulosamente respeitados, mas tampouco se deve admitir que sua aversão ao transcendente tenha o caráter de decisão final."[7]

De forma contrassensual, a reportagem de Veja vai introduzindo questionamentos que lembram os que o DI costuma levantar: "Que forças calibraram o ritmo de expansão do Big Bang para que a Terra se acomodasse justamente na terceira órbita desse sol generoso e estável? Ninguém sabe ao certo."[8] É pura e simplesmente uma questão de cegueira voluntária deixar de reconhecer que dificilmente nosso planeta teria se estabelecido em sua localização atual por força de um acaso bem sucedido! Tal idéia é um desafio a qualquer lógica.

Na verdade, a reportagem não apresenta nada de novo, apenas repisa velhos preconceitos em nome de uma ótica tendenciosa, talvez porque polemizar ainda seja mais vendável do que apresentar responsável e imparcialmente os dois lados de um dos debates mais atuais que testemunhamos.

[1] Queremos deixar claro que não cremos em uma controvérsia natural entre Ciência e Religião, embora a mídia secular fomente a questão, alimentando uma chama fictícia. Há vários tipos de concepções religiosas, assim como várias acepções de ciência, o que a própria história do desenvolvimento e prática científica demonstra fartamente. O embate está entre as visões propostas pelo naturalismo científico e o cristianismo bíblico.
[2] Claro que entre o criacionismo e o DI há divergências; grosso modo, podem ser conciliados, como de fato alguns apologetas, cientistas e filósofos cristãos têm feito há décadas.
[3] Rafael Corrêa, “No início era…”, publicado na revista Veja, edição 2066, ano 41, nº 25, 25 de junho de 2008.
[4]Idem, p. 77.
[5] Marcelo Gleiser, O Fim da Terra e do Céu: o apocalipse na ciência e na religião (São Paulo, SP: Companhia das Letras, 2001), p. 11.
[6] Idem, p.33. O filósofo Francis Bacon, séculos antes, fizera declaração muito próxima à de Gleiser: “As ciências que possuímos provieram em sua maior parte dos gregos. O que os escritores romanos, árabes ou os mais recentes acrescentaram não é de monta nem de muita importância; de qualquer modo está fundado sobre a base do que foi alimentado pelos gregos.” Coleção “Os pensadores - Francis Bacon: Novum Organum ou verdadeiras indicações acerca da interpretação da natureza”(São Paulo, SP: Abril S.A. Cultural e Industrial, 1974), 2ª edição, p.40, axioma LXXI.
[7] Michael Behe, A Caixa Preta de Darwin (Rio de Janeiro, RJ: Jorge Zahar editora1997), p.253.
[8] Corrêa, p. 79.

(Douglas Reis, Questão de Confiança)

domingo, junho 22, 2008

Evidências científicas do Criador

Se Darwin estivesse certo, seríamos apenas macacos sofisticados, não haveria certo ou errado, apenas uma ética inventada e não haveria Deus. Essa foi a avaliação que fez um canal de Kanawha County, na Virgínia Ocidental, quando o jornalista Lee Strobel chegou para fazer a cobertura da história dos protestos anti-darwinismo em 1974. Strobel na época era uma ateu declarado, que acreditava que muito do que o movimento anti-darwinismo promulgava refletia nada mais do que uma ignorância cega. Ele considerava a história da criação bíblica como simples ficção, superada e desacreditada pelo conhecimento adquirido por meio da ciência moderna. Naquele ano, como os protestos contra o ensino de Darwin nas escolas da Virgínia Ocidental aqueceram, Strobel achou-se ele próprio numa posição de indesejado pelos moradores de uma cidade que já tinha banido várias centenas de diversos livros didáticos de circulação escolar - livros que, de acordo com o conselho da escola, ensinavam o "tipo errado de ética". Na verdade, Strobel era um convertido pela história científica da evolução, convencido pelos "fatos" e pelos aparentemente claros exemplos de apoio à teoria evolutiva. Como Strobel via as coisas, o caráter aleatório e não direcionado do darwinismo não podia ser conciliado com a natureza repleta de propósito do relato bíblico. O mínimo que se poderia dizer era que, se o Darwinismo era tão inabalável como defendiam os seus proponentes, Deus não seria necessário para a vida surgir. O livro The Case For A Creator é o relato da viagem de Strobel para testar a veracidade dos aparentes "fatos" da evolução e da visão do mundo materialista - uma viagem que o leva através dos Estados Unidos à medida que entrevista vários especialistas-chave em vários campos da ciência.

A primeira parada de Strobel foi para entrevistar Jonathan Wells - um graduado de Berkeley cuja crítica aberta a alguns dos ícones da evolução é bem conhecida. Durante a entrevista, Wells destrói as evidências que Strobel tinha ele próprio aprendido como graduado ao mostrar-lhe como muito daquilo que supostamente sabemos sobre evolução é incompatível com as evidências.

É agora amplamente aceito, por exemplo, que as experiências laboratoriais de Stanley Miller que mostravam como os aminoácidos podiam ser gerados sob condições atmosféricas redutoras não imitava com precisão o ambiente da terra primitiva. E ainda hoje essas experiências continuam a predominar nos livros de Biologia tal como acontece com a árvore da vida de Darwin. Como assinala Wells, em vez de revelar uma cadeia ininterrupta de intermediários ligando toda a vida até algumas poucas formas primitivas como a árvore de Darwin requeria, o registro fóssil mostra uma súbita "explosão" de vida há aproximadamente 550 milhões de anos, durante a qual apareceu a maior parte dos grandes táxons animais num periodo de tempo de cinco milhões de anos sem quaisquer intermediários anteriores. Igualmente preocupante é a descoberta de que o embriologista Ernst Haeckel modificou os seus agora famosos desenhos de embriões vertebrados, para que eles se encaixassem dentro das idéias preconcebidas de uma continuidade evolucionaria. A crítica de Wells em relação à discrepância que existe entre estruturas aparentemente homólogas nos vertebrados - ou seja, aquelas estruturas que se considera que revelam ancestralidade comum - e os genes responsáveis pela sua formação, de como eles são diferentes em diferentes espécies de animais, mostra como tanto daquilo que sabemos hoje contradiz os princípios básicos do darwinismo.

Durante a viagem de Strobel, o filósofo Stephen Meyer defende um universo projetado por uma inteligência com o argumento de que o código do DNA, rico em informação, que compõe a vida, tem um paralelo direto com códigos ricos em informação que se sabe terem sido gerados por agentes inteligentes. Meyer descreve como é a complexidade irredutível de muitas das "máquinas" do mundo celular, com a necessidade de todos os seus componentes estarem presentes para que a sua função possa ser alcançada, o que desafia claramente as expectativas do pensamento darwinista. Tal como diz Meyer, uma vez que seleção natural só pode começar a selecionar sistemas que tenham atingido um nível mínimo de funcionalidade e uma vez que essa funcionalidade só é atingida quando todos os componentes desses sistemas se encontram presentes, a sua montagem inicial deve ter sido dirigida por algum processo orientador. Isto é, eles devem ter sido projectados por uma inteligência. O professor de Bioquímica, Michael Behe, também na longa lista de visitas de Strobel, foi o primeiro proponente da complexidade irredutível na biologia. Behe tem fornecido vários exemplos de sistemas biológicos de complexidade irredutível, nomeadamente a cascata da coagulação sangüínea, a estrutura do flagelo bacteriano e a composição de minúsculos pêlos chamados cílios citando-os como evidência de um mundo biológico projetado por inteligência.

Uma grande massa de dados está sendo acumulada fora da área da biologia que apoia a inferência de design e muitos cientistas estão agora percebendo como a nossa própria terra parece ser singularmente adequada à existência de vida. Sabemos agora que não só a nossa Terra está numa posição ideal no nosso sistema solar de modo a satisfazer as necessidades de sobrevivência de animais e plantas, mas que está também muito bem colocada para o ser humano fazer importantes descobertas científicas sobre o nosso cosmos. A entrevista de Strobel co om filósofo Jay Richards e ao astrónomo Guillermo Gonzalez fornece uma lista de tais "biocentrismos". Tudo, desde a influência protetora dos maiores planetas no nosso sistema solar, até o consistente calor e energia do nosso Sol; desde o efeito da lua sobre a inclinação do eixo da Terra, até à massa global da Terra; desde a influência do próprio calor interno da Terra no meio ambiente da Terra, até à órbita do nosso sistema solar dentro de limites rígidos de uma "zona de habitabilidade" em torno de nossa galáxia, leva-nos à inevitável conclusão de que o nosso é, em todos os sentidos, um mundo único, projetado para o nosso bem-estar. Como as discussões de Strobel com o físico Robin Collins deixam bem claro, as características físicas dos elementos que compõem a matéria por todo o cosmos caem justamente na gama estreita de valores que são admissíveis para a vida existir. A magnitude da força gravitacional, o tamanho da constante cosmológica nas equações da relatividade geral de Einstein, a diferença de tamanho entre os prótons e os nêutrons dos núcleos atômicos e o tamanho das forças atômicas fortes e fracas que mantêm os átomos unidos, são colocados de forma tão precisa nessa gama admissível, que só podemos concluir que uma inteligência tem estado a trabalhar no design do nosso cosmos. O teólogo William Lane Craig também apresenta seus argumentos para uma origem cósmica única, finamente sintonizada e controlada, que teria ocorrido há aproximadamente 14 bilhões de anos atrás, a partir da qual nosso universo se expandiu.

Uma das últimas entrevistas de Strobel foi com o filósofo J. P. Moreland, para discutir o tema da consciência humana e animal. Enquanto muitos alegam que a consciência nos seres humanos não é nada mais do que o subproduto da acumulação da capacidade do cérebro, outros, como Moreland, concluem que ela revela algo muito mais profundo. Com efeito, observações sobre comportamento humano apontam para o que os psicólogos chamam de "dualismo" - um estado em que a consciência e a mente existem separadamente do resto do cérebro. A nossa consciência dos nossos próprios pensamentos, das nossas próprias emoções, dos nossos desejos e das nossas próprias decisões - apontam para uma entidade que se poderia chamar de "alma" que existe fora dos circuitos elétricos da massa cerebral que existe dentro das nossas cabeças. Esta "mente interior e privada" do homem, afirma o filósofo Alvin Platinga, é aquela parte do homem que aparece inacessível a uma explicação naturalista. O que sabemos sobre a mente do homem, alega Moreland, está em concordância direta com a visão cristã do mundo de um Deus onipresente, que existe em todos os lugares e que manifesta a Sua presença na humanidade por meio da alma [talvez melhor fosse dizer natureza espiritual, já que biblicamente falando o homem é um ser integrado e não dual]. No fim, Strobel é levado também a identificar o Deus do cristianismo como o projetista cujas obras formaram todos que vemos à nossa volta. Mas afirmações metafísicas à parte, as evidências científicas que Strobel acumula em seu livro apresentam um forte argumento contra as afirmações puramente naturalistas do darwinismo moderno. Na verdade, podemos apenas imaginar como as coisas teriam sido diferentes para os habitantes do Condado de Kanawha e do resto da Virgínia Ocidental, se tivessem tido conhecimento dessa evidência em 1974. Eles teriam tido um argumento para defender que era baseado numa história científica muito convincente.

(Robert Deyes, no blog da ARN)

Nota: Li outros livros do jornalista Lee Strobel e tenho certeza de que esse novo será uma grande contribuição. Resta torcer para que seja logo publicado em língua portuguesa.[MB]

sábado, junho 21, 2008

A religião do jovem brasileiro


Deu na IstoÉ desta semana: "O jovem brasileiro dá mais valor à fé do que às igrejas. Ele escolhe professar uma determinada religião por iniciativa própria, não por orientação familiar ou costume. E tem uma relação de intimidade com Deus, sem o temor e a distância tão presentes nas gerações anteriores. Essas são as principais tendências observadas por respeitados especialistas do País, comprovadas por estudos recentes... Esses estudos revelam que o perfil religioso da população está sofrendo alterações significativas e definitivas. Mais: isso ocorre acima de tudo por conta da atitude religiosa manifestada pela juventude do que pela filiação dela a qualquer religião. ...

"'O espírito buscador do jovem não procura uma instituição religiosa que o enquadre, mas uma doutrina onde ele se encontre', diz a antropóloga Regina Novaes, pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Para a juventude, explica, a fé está em alta; a religião, não.

"Nesse universo, é socialmente possível - algo impensável em épocas passadas - um jovem ir à missa de manhã e meditar em um templo budista à noite. ..."

Reação dos leitores de Veja ao matemático ateu

Na semana passada, a revista Veja publicou uma entrevista capenga dando destaque às idéias estereotipadas de um matemático ateu. Nesta semana, traz a reação de alguns leitores. Leia-as abaixo:

John Allen Paulos é um matemático que tem a sua lógica atrelada aos princípios do filósofo francês René Descartes (Amarelas, 18 de junho). Desse modo, considera os fenômenos apenas nas suas especificidades, desconsiderando a totalidade em torno da qual se dão os acontecimentos. Assim sendo, limita-se às explicações mecânicas, reducionistas, as quais apresentam falhas quando se faz necessário explicar a harmonia e o equilíbrio do universo, que se comporta como autêntico ser vivo. A visão cartesiana é caracterizada pelo racionalismo. Penso, logo existo. O homem e a sua dimensão do visível, em que se levam em conta apenas o tempo e o espaço. A fé, pelo contrário, vem de uma visão holística da vida, que considera o universo como um todo indivisível, em que as partes desse corpo não podem ser explicadas separadamente. Essa totalidade que forma um conjunto perfeitamente harmônico não é completamente explicada pela ciência. O que se tem é o incompreensível. É o mistério inexplicável, em que apenas na dádiva da "fé" encontramos a verdadeira e divina resposta (Luiz Adriano Prezia Carneiro, São Bernardo do Campo, SP).

O matemático John Allen Paulos me pareceu apenas mais um exemplo do sapateiro que quer ir além das sandálias. No livro, o "furo lógico" que ele diz haver no argumento da causa primeira inexiste: ele suprime o termo "realidades sensíveis" (ver artigo 3 da questão 2 da Suma Teológica) e, para não admitir Deus como Causa Primeira, dá um salto de fé de fazer inveja a Abraão – o mundo sensível não teria causa, mas tudo que ele contém teria. Salto de fé presente, aliás, em todos os que crêem num universo regido por leis, mas provindo do caos e do acaso. Em seguida, Paulos tenta induzir o leitor a acreditar que Leibniz identificava Deus com as leis impessoais do universo e que se podem impugnar os argumentos a favor da existência de Deus apontando contradições nas idéias que o cidadão comum tem sobre Deus. Imagine julgar a teoria da relatividade pelo que o cidadão comum conhece dela (Thelmo de Araujo, Fortaleza, CE).

Entrevista clara e perfeita desde o título. As religiões em geral são filhas da ignorância e irmãs da arrogância e da intolerância, características responsáveis por grande parte das desgraças sofridas pela humanidade. John Allen coloca seus argumentos de forma objetiva e inovadora, utilizando a matemática como ponto central. No Brasil, infelizmente para nós, já estão utilizando o método matemático e, assim, pessoas com vocabulário em torno de vinte palavras exercem cargos públicos. E alguns são até religiosos (Ronaldo Manoel Fernandes, São Paulo, SP).

Argumentos que ateus como John Allen Paulos costumam usar contra a fé são, em geral, os mesmos que têm sido construídos contra o cristianismo desde o primeiro século. As respostas que apologetas (defensores da fé) cristãos têm dado são igualmente antigas. Ou seja, não há nenhuma novidade na argumentação, seja de um lado ou do outro (Miguel Augusto Rios, Goiânia, GO).

Leia o meu comentário aqui.

sexta-feira, junho 20, 2008

Uma vida dedicada a Deus

quinta-feira, junho 19, 2008

Mudar a vida também modifica seus genes

O estudo acompanhou 30 voluntários diagnosticados com câncer de próstata de baixo risco que haviam decidido não seguir com cirurgia, radioterapia ou terapia hormonal para combater a doença. Os homens fizeram mudanças radicais no estilo de vida incluindo uma dieta rica em frutas, vegetais, grãos, legumes e produtos à base de soja; exercícios moderados como andar por 30 minutos todos os dias e uma hora de métodos de gerenciamento do estresse como meditação. [Leia mais]

Se todos fossem vegetarianos...

A revista Época de 12/06 traz uma entrevista com Paul Roberts, autor do livro The End of Food (O Fim da Comida). Roberts, que é jornalista especializado em economia, tecnologia e meio ambiente, prevê que, até 2050, a demanda por comida ultrapassará a oferta. Um primeiro alerta seria a atual explosão do preço dos alimentos. Leia alguns trechos da entrevista:

Malthus estava certo?

Após 200 anos, é cada vez mais difícil dizer “não” a essa pergunta. Continuamos desenvolvendo novas tecnologias para produzir mais comida, mas enfrentamos novas restrições que os fazendeiros do passado não tinham. Historicamente, a forma de aumentar a produção era expandir a área plantada. Isso é cada vez mais difícil. A maioria das terras aráveis do planeta já é usada e a maior parte do que resta são as últimas florestas. É o caso do Brasil, onde as novas áreas de plantio são obtidas à custa da derrubada de florestas.

O que fazer?

Há três grandes desafios para criar uma Segunda Revolução Verde. O primeiro é o aumento do preço do gás natural, o principal insumo na produção de nitrogênio sintético, que por sua vez é o maior insumo dos fertilizantes. A maior parte do excedente agrícola atual se deve à disponibilidade de nitrogênio barato. Se o preço dos fertilizantes se mantiver elevado, alimentar daqui a 50 anos outros 4 bilhões de pessoas, além dos 6,6 bilhões atuais, será um tremendo desafio. É preciso alternativas para produzir novos fertilizantes.

O segundo desafio é...

A falta d’água. Para isso não existe alternativa. Não há continente onde não falte água. Cada país responde ao desafio de forma diferente. A China está substituindo a produção de grãos, que usa irrigação maciça, pela de frutas e verduras, que consome menos água. Em 2007, importou 30 milhões de toneladas de soja, boa parte oriunda do Brasil. Isso significa que a China está importando de vocês sua água. Está ocorrendo uma mudança no “mercado virtual” de água. Por algum tempo, isso deve contrabalançar a escassez. Mas, no fim das contas, não existe água suficiente no mundo para atender ao aumento projetado na demanda de alimentos.

E o terceiro?

O último é o maior de todos: as mudanças climáticas. Elas vão dificultar o aumento na produção de comida e acentuar a escassez de água. A alteração do clima também será um desafio para que grandes exportadores, como os Estados Unidos e o Canadá, consigam elevar sua produção. Os desafios são complexos e as respostas para eles também. Será preciso reduzir o uso de energia e de água na agricultura, ao mesmo tempo que se elevam a eficiência e a produtividade. Porém, isso não será o bastante. Seremos obrigados a comer menos.

A Terra pode alimentar 2,5 bilhões de bocas com uma dieta ocidental, rica em carne, ou 20 bilhões de vegetarianos. Mas somos 6,6 bilhões...

A pecuária e a avicultura consomem grande parte da produção de grãos. Tome o exemplo dos Estados Unidos, com um consumo anual per capita de 100 quilos de carne, comparado ao da Índia, com 15 quilos. É preciso elevar o consumo da Índia e desencorajar o consumo nos Estados Unidos e na Europa, para tentar atingir uma média global de consumo mais justa e sustentável.

Isso não é utopia?

É preciso reduzir o consumo de carne. A questão é como fazê-lo. Nos Estados Unidos não se toca no assunto. Achamos que comer carne é um direito eterno. Seu consumo é considerado um índice de prosperidade – apesar dos problemas de saúde, como doenças cardíacas, que seu consumo acarreta.

No Brasil, é a mesma coisa.

O Brasil está se desenvolvendo, e a lógica pressupõe que num país bem-sucedido come-se tanta carne quanto se deseja. Para inverter essa lógica, é preciso um líder corajoso e habilidoso. Essa não é uma prioridade dos candidatos à Presidência dos Estados Unidos. Cedo ou tarde, essa discussão terá de ser atacada.

Ver biquíni faz homens gastarem dinheiro à toa

Que os homens ficam bobos quando vêem uma mulher bonita não é novidade para ninguém. A extensão desse poder feminino, no entanto, vai muito além do que se pensava. Um estudo feito na Bélgica revela que a mera visão de um biquíni ou de uma peça de lingerie (sem nenhuma mulher acompanhando) é capaz de fazer um homem deixar o bom senso de lado e tomar atitudes impulsivas, como gastar grandes quantidades de dinheiro. Isso acontece porque ver uma bela mulher, ou qualquer coisa que lembre uma, aciona uma área no cérebro masculino que o faz buscar gratificação imediata: pode ser comprando algo caro, pode ser tomando uma cervejinha a mais, ou mesmo comendo um belo doce. Dada a opção de ter uma recompensa pequena na hora ou uma grande mais tarde, quase sempre eles preferem a primeira opção.

“Imagens de uma mulher sexy acendem o apetite sexual masculino, mas este estudo mostra que mesmo homens que apenas mexeram com lingeries já buscam essa gratificação imediata”, explicou ao G1 o autor do estudo, Bram Van der Bergh, da Universidade Católica de Leuven.

O pesquisador fez um teste com dois grupos de homens. O primeiro teve que tomar decisões sobre recompensas logo após manusear lingeries, biquínis e outros objetos de cunho sexual. O segundo, no entanto, lidou apenas com coisas comuns, sem sexualidade. De acordo com ele, apenas os do primeiro grupo apresentaram impaciência.

Antes que alguma mulher atire o argumento de que “homem é tudo igual”, Van der Bergh ressalta: nem todos reagiram da mesma maneira. “Alguns homens são altamente responsivos a recompensas, enquanto outros não são tão sensíveis a isso”, explicou ele.

O “efeito biquíni” só conseguiu ser abalado por uma coisa: dinheiro. Quando os homens se sentiam satisfeitos financeiramente, o poder da peça diminuía consideravelmente. “É o tipo de coisa que acontece quando vemos um belo prato de comida, mas estamos de estômago cheio. O interesse diminui”, diz o pesquisador.

Objetos masculinos não parecem ter o mesmo efeito sobre as mulheres. “Os centros de recompensa neurais das mulheres não são tão ativados quanto os dos homens por esse tipo de estímulo”, afirmou Van der Berg. “Possivelmente, elas são ativadas por outros tipos de recompensas. Talvez, sapatos”, brinca ele.

(G1 Notícias)

Nota: Pelo visto, os publicitários já sabiam disso há muito tempo, pois, quando falta criatividade, apelam logo para o sensualismo nas campanhas. E o consumismo vai crescendo, e a criatividade minguando.[MB]

quarta-feira, junho 18, 2008

Matemático diz que religião é “erro lógico”

A revista Veja desta semana (15/06) traz uma entrevista com o matemático ateu John Allen Paulos, autor de Irreligion (Irreligião), lançado neste ano. Segundo Veja, o livro de Paulos não mostra a acidez das demais obras desse filão, “no qual pontificam descrentes raivosos como o biólogo Richard Dawkins e o jornalista Christopher Hitchens”. “Irreligion é um livro devotado à lógica: Paulos analisa argumentos tradicionais sobre a existência de Deus e mostra onde fazem água”, explica Veja, como se a matemática pudesse abarcar o transcendente. Mais do mesmo, seria a minha definição para essa entrevista que mais parece um reforço da propaganda anti-religiosa que Veja vem fazendo nos últimos anos. Enquanto isso, continuo aguardando uma boa entrevista com algum teísta pensante como Philip Johnson (cujo livro Darwin no Banco dos Réus foi recentemente lançado no Brasil – olha o “gancho”, Veja), Michael Behe (cujo segundo livro foi lançado nos EUA – outro “gancho”, Veja) ou Alister McGrath (com seu contraponto a Deus, um Delírio: O Delírio de Dawkins – silêncio de Veja). E olha que já sugeri essas pautas aos editores da revista “indispensável”, e nada. Leia alguns trechos da entrevista com Paulos, com meus comentários entre colchetes:

O que um matemático pode dizer sobre o ateísmo?

Examino os argumentos tradicionais em favor da existência de Deus, e não as conseqüências sociais da religião. Eu me abstenho de fazer comentários sarcásticos sobre a religião das pessoas. Busco, isso sim, demonstrar os furos lógicos nesses argumentos. Como matemático, estou acostumado a trabalhar com provas lógicas – a partir de determinadas premissas, derivamos certas conseqüências. A lógica tem de ser rigorosa. Os argumentos teológicos não seguem esse rigor. Eles pulam de A para B, mas há um grande abismo entre os dois termos. [Quais seriam esses “argumentos tradicionais” refutados pela matemática? Ficamos sem saber...]

Pascal e Leibniz, entre inúmeros grandes filósofos do passado, eram matemáticos e crentes.

Leibniz tinha uma concepção muito particular de Deus. Como ele, muitos dizem acreditar em Deus, mas aquilo em que crêem não seria chamado de Deus pelo cidadão comum. As leis impessoais do universo, a beleza do mundo natural – todas essas coisas já foram chamadas de Deus. Se você definir Deus assim, bem, então Deus existe, claro. ... De resto, só porque você é um matemático de primeira ordem, isso não quer dizer que está dispensado de apresentar argumentos lógicos. O fato de um Leibniz ser religioso não prova nada a favor da religião. [Paulos ignora Pascal convenientemente, já que o grande matemático e filósofo francês era um teísta nos moldes bíblicos.]

Em geral, as pessoas não estão preocupadas com questões lógicas quando buscam uma religião. Elas procuram um certo sentido superior. Como o senhor responderia a essa necessidade?

Não há resposta para isso. Se alguém diz “eu acredito porque decidi acreditar”, não há muito que fazer. Você só pode apontar que não existem provas ou argumentos que sustentem essa crença. O fato, porém, é que as pessoas que acreditam quase sempre, em algum momento, recorrem a algum dos argumentos a favor da existência de Deus que eu critico no livro. Em geral, invocam a beleza da natureza como prova da existência de Deus. Outras apontam supostos milagres e coincidências e dizem que essas coisas não podem acontecer por acaso. E, nesse ponto, devemos apontar suas falhas lógicas. [Quais? Sem se valer da beleza “supérflua” e dos milagres, como explicar então a origem casualística da informação genética? Será que a matemática tem resposta para isso? Surgimento de informação a partir do nada, sem uma fonte informante, é isso que Paulos considera lógico?]

É improvável que as pessoas deixem de acreditar, mesmo depois que seus argumentos são derrubados.

Sim, claro. Não tenho problemas com isso. É uma questão de escolha individual. Ninguém pode impingir a crença ou a descrença a outra pessoa. Mas há um certo perigo nessa atitude. Se alguém diz: “Isso é tão importante para mim que você não pode questionar, não pode perguntar sobre as minhas razões”, a crença se torna uma força bruta. Que, em algum momento, colide com outra força brutal. ... [Aqui Paulos ataca outro espantalho. A verdadeira religião bíblica é razoável e convida à reflexão. “O Deus Eterno diz: ‘Venham cá, vamos discutir este assunto’” (Is 1:18, BLH). E Paulo (não o Paulos) recomenda: “Examinem tudo, fiquem com o que é bom” (1Ts 5:21, BLH).]

O tom de alguns novos ateus, especialmente Richard Dawkins e Christopher Hitchens, é muito agressivo. Há o risco de o ateísmo se tornar tão dogmático quanto a religião?

Há certo risco. Eu não me sinto confortável atacando a religião frontalmente. Não é o que faço. Parte de mim acredita que, se alguma coisa ajuda você a atravessar a noite, não é de todo má. É inegável que a religião ajuda muita gente. E talvez haja, sim, o risco de que você fala. No momento, porém, acho que ele é mínimo, e é bom que os ateus exponham seus pontos de vista em uma sociedade tão marcada pela religião. Há espaço para todos os tipos de ateísmo, do mais barulhento ao matemático, com um toque de humor, que eu pratico. [Não, Paulos, o risco não é “mínimo”. Basta ler Deus, um Delírio para ver que o que Dawkins propõe é uma espécie de Cruzada anti-religiosa, uma Inquisição às avessas.]

Seu livro foi resenhado de forma simpática por um pastor batista. Ele reclamava, no entanto, que o senhor tendia a pintar todos os cristãos como fanáticos. Críticos da religião como o senhor estariam perdendo de vista o fato de que a maioria dos fiéis é discreta e razoável, e não fundamentalista?

Recebi vários e-mails de leitores religiosos, que admitiram que os fiéis têm de se confrontar de algum modo com os argumentos que apresento. Eles recorrem a outra linha de argumentação: dizem que a religião é uma tradição, que une as pessoas, que lhes dá conforto, e é uma fonte de ideais elevados. Eu não discordo. O problema com os cristãos moderados é que eles fazem uma leitura seletiva da Bíblia: acreditam neste ou naquele ponto e discordam de outros. Mas como escolher os pontos da Bíblia que vale a pena sustentar e aqueles que devem ser rejeitados? Basicamente, essa escolha é feita com base em critérios seculares. A aceitação dos gays por algumas igrejas, por exemplo, não responde à tradição religiosa, mas a uma imposição dos valores seculares. Então, pergunto: por que não ser completamente secular? [Que falta faz a Teologia! O leitor da Bíblia deve levar em conta os estilos literários empregados pelos autores inspirados. Quando se lê um texto profético, por exemplo, deve-se interpretar os símbolos e alegorias utilizando as ferramentas que a própria Bíblia oferece; quando se trata de uma parábola, o leitor deve saber que se trata de uma história ilustrativa de um princípio subjacente; e por aí vai. O que não se pode fazer é deliberadamente escolher ou rejeitar esse ou aquele ponto, com base na opinião, sem um estudo detido das páginas sagradas.]

Em algum sentido a tradição religiosa é positiva?

Não tenho nenhum problema com as narrativas, os mitos, as histórias ensinadas pela religião. A Bíblia é grande literatura. Meu problema é com o literalismo. Não se pode dizer que as coisas narradas na Bíblia ou em qualquer outro texto religioso são verdadeiras – pelo menos, não no sentido em que dizemos, por exemplo, que houve um acidente de carro na última segunda-feira às 2 da tarde. Vale notar que a discussão que proponho, sobre os argumentos a respeito da existência de Deus, passa um tanto ao largo das tradições religiosas. Mesmo que você consiga provar que estou errado – que existem, sim, bons argumentos para sustentar a existência de um Deus –, haveria um grande salto, um verdadeiro abismo, entre essa afirmação e a crença, por exemplo, na divindade de Jesus Cristo ou nas restrições alimentares que tantas religiões reforçam. Uma coisa não se segue diretamente a outra. A existência de Deus não justificaria esses mandamentos e restrições. Ou, para dizer o mesmo com uma pitada de sarcasmo, não há elo causal entre “Deus existe” e “é proibido comer batatinha frita nas sextas-feiras”. [Parece que o sarcasmo (ou o preconceito) está impedindo Paulos de estudar outras áreas do conhecimento fora da matemática. A arqueologia tem mostrado que muitos relatos bíblicos tidos como mitológicos são, na verdade, fatuais. Basta ler os textos postados na seção “Arqueologia bíblica”, aqui no blog. E as regras dietéticas ou “restrições alimentares” têm-se provado uma bênção para aqueles que as obedecem. Por que será que os adventistas que praticam essas regras vivem até dez anos a mais, segundo pesquisas? Contra fatos, não há argumentos.]

Quanto respeito um ateu deve ter por uma religião?

Não acredito que você deva sair por aí insultando as pessoas, como Christopher Hitchens faz. Mas, em algumas situações, na companhia de pessoas religiosas, uma pergunta simples pode ser útil: “Você acredita mesmo nisso?” É um modo de quebrar o encanto. Esse pode ser um benefício dessa onda de livros ateus: tornou mais aceitável fazer esse tipo de questionamento. ... [A entrevista é muito fraca e Paulos se mostra por demais simplista. Parece que nunca fez a tal pergunta para um cristão esclarecido. Eu poderia também perguntar para ele: “Você acredita mesmo nisso?” “Como prova que Deus não existe?” “Você é mesmo cético? É cético quanto ao seu ceticismo? Se não, não é cético.” Como se pode ver, as perguntas podem ser multiplicadas de ambos os lados da questão, e as coisas não podem ser resolvidas assim tão facilmente como Paulos quer.]

[No último terço da entrevista, o repórter Jerônimo Teixeira muda o foco para discutir especificamente a matemática. Será que percebeu que o assunto “ateísmo” não rendia mais? Repito: Irreligion é um livro ilógico, pois tenta aplicar a lógica matemática aos domínios do transcendente. A ferramenta, portanto, é inapropriada. Ademais, Paulos comete erro semelhante ao de Dawkins e Hitchens: ataca um espantalho, um arremedo de religião, um estereótipo alimentado pela mente fundamentalista dos anti-religiosos. Mas parece que os ateus têm mais direito que os teístas de falar de religião nas páginas amarelas...]

Iraquianos avistam suposto dragão

Carros armados, mísseis e blindados são comuns no Iraque. Mas não se tinha notícias de dragões no país. Pelo menos até alguns dias atrás, quando um animal de espécie desconhecida foi avistado no Curdistão, informou o Corriere della Sera. De acordo com a agência local Vozes do Iraque, no início da semana um grupo de habitantes da cidade de Dihuk se deparou com um animal de aproximadamente 4 metros de comprimento.

O vice-reitor de uma universidade local, Hussein Amin, que viu as imagens feitas pelo grupo, explicou que o animal “tem uma forma semelhante à de um dragão” e levantou a hipótese de que a criatura tenha ao menos 100 anos. Os moradores de Dihuk afirmam que o animal não se parece com nenhuma das espécies conhecidas.

Para tentar descobrir de que espécie se trata, os estudiosos da universidade enviaram as imagens a dois centros de pesquisa na Grã-Bretanha e na Alemanha.

(Terra)

Nota: A edição nº 58 da Revista Criacionista traz documentos interessantes que dão conta de relatos de avistamentos relativamente recentes de dinossauros. É possível que nem todos tenham se extinguido no dilúvio e alguns espécimes tenham sido preservados na arca – o dragão de Komodo é outro que ainda vive...[MB]

Aumenta prisão de blogueiros em todo o mundo

Deu na BBC Brasil: “Mais e mais blogueiros estão sendo presos em todo o mundo por expor abusos dos direitos humanos ou criticar governos, segundo o relatório anual Acesso Mundial à Informação (WIA, na sigla em inglês), produzido pela Universidade de Washington. Desde 2003, 64 pessoas foram presas por expor suas idéias em um blog, afirma o relatório, e no ano passado, o número de blogueiros presos por relatar questões políticas triplicou em relação ao ano anterior. ... O relatório ainda reconhece que o número de presos pode ser muito mais alto, já que, em muitos casos, é difícil verificar se foi realizada uma prisão, e quais as acusações envolvidas.

“Segundo o relatório, a maioria dos blogueiros foi presa por denunciar corrupção no governo, abusos dos direitos humanos ou a repressão de protestos. Eles criticam políticas públicas e dão os nomes dos políticos envolvidos. O relatório diz que o aumento do número de prisões se deve ao fato da ‘crescente’ importância política dos blogs. O documento afirma que as prisões tendem a aumentar em tempos de ‘incertezas políticas’, como eleições gerais ou durante grandes protestos. ...

“O documento ainda comenta que não são apenas os governos de países do Oriente Médio ou da Ásia que adotam medidas contra a publicação de opiniões on-line, e afirma que nos últimos quatro anos também foram presos blogueiros britânicos, franceses, canadenses e americanos.”

Bem, pelo menos ainda não estou escrevendo de uma cadeia. Por quê? Porque, além de blogueiro, sou criminoso, segundo o Marcelo Gleiser.

terça-feira, junho 17, 2008

Muita especulação em cima de um osso

A revista National Geographic publicou a notícia do achado de um fóssil raro na Austrália. Para os pesquisadores, esse único osso da pata superior do animal sugere que dinossauros foram capazes de percorrer o vasto continente pré-histórico de Gondwana. O fóssil é de um dinossauro carnívoro, um terópode, estreitamente aparentado ao Megaraptor namunhuaiquii, carnívoro de grande porte e garras pontudas que vivia no que hoje é a Argentina, diz a equipe comandada por Nathan Smith, do Museu Field, de Chicago.

“A descoberta pode ajudar a redefinir o mapa do mundo na era dos dinossauros, segundo os pesquisadores, porque o dinossauro australiano recém-encontrado demonstra que os animais eram capazes de atravessar toda a extensão de Gondwana no período cretáceo, entre 145 milhões e 65 milhões de anos atrás. Isso por sua vez sugere que as massas terrestres que um dia formaram parte de Gondwana se separaram mais tarde do que usualmente estimado”, afirma a reportagem.

Interessante é que o comprimento do osso, 19,3 cm, sugere que o dinossauro australiano tinha cerca de metade do tamanho do megaraptor, e essa diferença de tamanho pode indicar duas coisas: (1) que se trata de uma espécie diferente, ou (2) que o espécime fosse um exemplar juvenil, disse Smith. Mas a equipe já vai optando pela primeira possibilidade...

Segundo a National, até agora, os cientistas acreditavam que os animais australianos estivessem isolados das formas de vida de outras porções de Gondwana, ao longo da maior parte do cretáceo, por causa da geografia e do clima. “O que temos agora é uma demonstração de que deve ter havido algum intercâmbio de animais entre a Austrália e as demais porções de Gondwana, cerca de 100 milhões de anos atrás”, disse Smith. Tirando a idade controversa, os criacionistas sempre defenderam a idéia de um megacontinente anterior ao dilúvio.

Smith enfatiza que o novo estudo não confirma essas novas teorias. Mas “acredito que no futuro começaremos a encontrar mais (fósseis australianos) que realmente demonstrarão estreita afinidade com outros animais da América do Sul”, ele disse.

Interessante também é que, a despeito da fé de Smith, o casal australiano que liderou a escavação do terópode não está convencido quanto à nova teoria. Note bem o que disse Patricia Vickers-Rich, paleontologista da Universidade Monash, em Victoria: “Isso é interpretação demais com base em um só osso.”

O registro de fósseis de dinossauros australianos “é muito limitado”, ela disse ainda, “e por isso essas grandes generalizações sobre biogeografia estão se baseando em provas bastante limitadas”.

Tom Rich, curador de paleontologia de vertebrados no Museu de Victoria, concorda com o comentário de sua mulher. Ele acrescenta que outros dinossauros australianos do período parecem mais semelhantes aos da Ásia que aos da América do Sul. O motivo disso “é um completo mistério para mim”, porque um mapa-múndi da época mostraria a Austrália muito mais longe da Ásia do que é o caso hoje.

Pelo menos esse casal é mais “pé no chão”. Acho que o que Smith queria mesmo era ser mencionado pela National Geographic. Não é que conseguiu?