quarta-feira, julho 31, 2019

Cientistas espanhóis criam ser híbrido de humano e macaco


A equipe do pesquisador Juan Carlos Izpisúa conseguiu criar pela primeira vez uma quimera – um ser híbrido – entre humano e macaco num laboratório da China, dando um importante passo para seu objetivo final de transformar animais de outras espécies em fábricas de órgãos para transplantes, segundo confirma ao El País sua colaboradora Estrella Núñez, bióloga e vice-reitora de pesquisa da Universidade Católica de Murcia (UCAM). As quimeras, segundo a mitologia grega, eram monstros com ventre de cabra e cauda de dragão, capazes de cuspir fogo pelas ventas de sua cabeça de leão. As quimeras científicas são menos grotescas. O grupo de Izpisúa, distribuído entre o Instituto Salk dos EUA e a UCAM, modificou geneticamente os embriões de macaco para desativar genes essenciais na formação de seus órgãos. Em seguida, os cientistas injetaram células humanas capazes de gerar qualquer tipo de tecido. O resultado é uma quimera de macaco com células humanas, que não chegou a nascer, já que os pesquisadores interromperam a gestação. O experimento foi realizado na China para evitar obstáculos legais em outros países.

“Os resultados são muito promissores”, afirma Estrella Núñez. Os autores não deram mais detalhes porque estão à espera de publicá-los em uma prestigiosa revista científica internacional. “Na UCAM e no Instituto Salk já não estamos buscando só avançar e continuar fazendo experimentos com células humanas e de roedores e porcos, mas também com primatas não humanos”, explica Izpisúa, acrescentando que a Espanha é pioneira e líder mundial nesse tipo de pesquisas.

Izpisúa, nascido em Hellín (Albacete, centro-leste da Espanha) em 1960, recorda que sua equipe já fez em 2017 “o primeiro experimento do mundo de quimeras entre humanos e porcos”, embora com menos sucesso. “As células humanas não pegaram. Vimos que contribuíam muito pouco [para o desenvolvimento do embrião]: uma célula humana para cada 100 mil de porco”, explica o veterinário argentino Pablo Ross, pesquisador da Universidade da Califórnia em Davis e coautor daquele experimento.

A equipe de Izpisúa já havia conseguido, porém, criar quimeras entre espécies mais semelhantes entre si, como o camundongo e o rato, cujo grau de semelhança é cinco vezes maior que entre humanos e porcos. Também em 2017, os pesquisadores utilizaram a revolucionária técnica de edição genética CRISPR para desativar genes de embriões de camundongo que são fundamentais para o desenvolvimento do coração, olhos e pâncreas. Então, introduziram células-tronco de rato, capazes de gerar esses órgãos. O resultado foi uma série de embriões-quimera de rato e camundongo, cuja gestação também foi abortada pelos pesquisadores, seguindo o consenso internacional sobre experimentos desse tipo.

O médico Ángel Raya, diretor do Centro de Medicina Regenerativa de Barcelona, recorda as “barreiras éticas” que experiências com quimeras enfrentam. “O que acontece se as células-tronco escapam e formam neurônios humanos no cérebro do animal? Terá consciência? E o que ocorre se essas células pluripotentes se diferenciarem em espermatozoides?”, exemplifica Raya. Estrella Núñez afirma que a equipe de Izpisúa “habilitou mecanismos para que as células humanas se autodestruam caso migrem para o cérebro”.

Para evitar esses entraves éticos, conforme relata Raya, a comunidade científica tradicionalmente estabeleceu “uma linha vermelha de 14 dias” de gestação, tempo insuficiente para que se desenvolva o sistema nervoso central humano. Antes desses 14 dias, os embriões quiméricos são eliminados. “A gestação não é levada a termo em nenhuma hipótese”, confirma Núñez. [...]

A ciência não é algo em que se possa colocar portas. Os caminhos da ciência levam a ramificações que você nunca teria imaginado. Apesar de que talvez não consigamos chegar a obter órgãos para transplantes, se não passássemos por aqui não haveria um avanço na ciência”, diz. [...]

No ano passado uma equipe da Universidade de Munique conseguiu que dois macacos sobrevivessem por mais de seis meses com corações de porcos transplantados. “Não vejo por que não seja possível fazer engenharia para tornar mais compatível o desenvolvimento de tecidos humanos em porcos”, argumenta o pesquisador, hoje na Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona.

O próprio Izpisúa convidou a abrir a mente em uma entrevista a este jornal em 2017: “A história nos mostra repetidas vezes que, com o tempo, nossos parâmetros éticos e morais mudam e se transformam, como o nosso DNA, e o que ontem era eticamente inaceitável, se isso realmente significar um avanço para o progresso da humanidade, hoje já é parte essencial de nossas vidas.”

O biólogo japonês Hiromitsu Nakauchi, pioneiro em 2010 da geração de quimeras entre camundongo e rato, acredita que em algum momento teremos que pular as linhas vermelhas que existiram até agora, como a interrupção da gravidez. “Até agora, as células humanas não sobreviveram em embriões de animais. No entanto, o objetivo de nossa pesquisa é fazer com que células humanas sobrevivam e contribuam para a formação de quimeras. Portanto, com o tempo precisaremos levar as gestações a termo”, diz Nakauchi, que tem um pé em Stanford e outro na Universidade de Tóquio.

Em março, o Japão mudou a lei que proibia esse tipo de experimentos para além do 14º dia de gestação e que também vetava a transferência de embriões para o útero de uma fêmea animal, de acordo com a revista científica Nature. A mudança de critérios do governo japonês significa dar luz verde ao nascimento de animais com células humanas.


quinta-feira, julho 25, 2019

Fósseis de aves descobertos no Brasil deixam Paleontólogos intrigados


Uma matéria publicada nos principais jornais brasileiros no dia 16 de maio certamente deixou muitos paleontólogos de “queixo caído”. Um grupo de pesquisadores composto por brasileiros, americanos e argentinos encontrou novos fósseis de aves, crocodilo e peixes em um sítio paleontológico brasileiro. Esses últimos achados ocorreram no Parque dos Girassóis, zona sul de Presidente Prudente, oeste de São Paulo, nas proximidades de um condomínio residencial. O local vem sendo escavado e pesquisado pelo paleontólogo brasileiro William Nava, há 14 anos, por isso, em sua homenagem, o sítio recebeu o nome de “William’s Quarry” (Pedreira do William).

O pesquisador Luis Chiappe, do Museu de História Natural de Los Angeles, afirma intrigado que “são raríssimos mundialmente os vestígios de aves tão pequenas, semelhantes às atuais, mas que viveram em período tão remoto”. De acordo William Nava, pelo menos três espécies de aves descobertas podem ser inéditas na paleontologia mundial.

Para nossa sorte, um dos animais que acabaram sendo depositados e fossilizados nesse sedimento fininho foram as aves, misturados com dentes de dinossauros, crocodilos, escama de peixe”, afirmou Nava. “Entre mais ou menos dois mil ossinhos coletados aqui de aves, temos, por baixo, três ou quatro novas espécies em nível mundial. Espécies de aves primitivas, que foram extintas junto com os dinossauros. Então, três ou quatro espécies novas. Essas espécies ainda não têm um nome científico, mas vão ter, porque são raridades. Depois serão produzidos com esses fósseis alguns artigos científicos, que serão disponibilizados para toda comunidade científica da América do Sul, do Norte, Europa, Ásia, África, principalmente com o material da China, que vai ser comparado com o de Prudente.

Segundo os pesquisadores, um dos mais importantes registros relacionam-se a algumas pré-maxilas dessas aves que apresentam dentes, indicando que poderiam ser carnívoras, e outras que aparentam não ter dentes, o que os deixou muito intrigados. (Nesse ponto, é relevante entender que “suposições” sobre os hábitos alimentares de seres vivos extintos não é tarefa fácil, uma vez que dentes fortes e pontiagudos, ao contrário do que se pensa, nem sempre são sinônimo de alimentação carnívora. Exemplo disso é a dentição do urso panda, forte e pontiaguda, como a de carnívoros, necessária para triturar o bambu, sua principal fonte de nutrição.)

De acordo com o pesquisador brasileiro, essa é a primeira descoberta desse tipo na América do Sul, contendo possivelmente espécies inéditas de aves. “Quando os fosseis foram contrastados com fósseis desse mesmo grupo de aves extintas, encontradas na Argentina e em outros países, as aves brasileiras apresentaram diferenças no úmero e em outros ossos, evidenciando serem espécies novas para o antigo continente Gondwana, porção de terras que, durante o Cretáceo Superior, reunia partes da Antártida, América do Sul, África, Índia e Austrália”, disse Nava.

Outra informação interessante é que os fósseis de aves estavam incrustados em uma rocha fina, que se alternava lateralmente com outra mais grossa, nas quais estavam dentes de dinossauro e de crocodilo. “As avezinhas estão preservadas porque ficaram depositadas numa lama fininha, há milhões de anos [sic], sendo cobertas por outras camadas de lama fina”, afirma o paleontólogo brasileiro.

No sítio brasileiro também foram encontrados dentes de crocodilos, dinossauros e escamas de peixes, possivelmente do mesmo período, além de outros fósseis ainda não identificados. Quando houver uma confirmação de que os fósseis das aves retratam espécies novas primitivas, elas serão descritas e devem ganhar um nome científico. Posteriormente, o grupo deve publicar no meio científico as descrições desses fósseis para publicações especializadas.

Integram também a equipe o paleontólogo Agustin Martinelli, o técnico especialista Guilhermo Aguirrezaba e o estudante de doutorado Sebastian Rozadilla, do Museu Argentino de Ciências Naturais de Buenos Aires, e ainda Jonatan Kaluza, da área de Paleontologia da Fundação Félix de Azara, de Buenos Aires.

(Liziane Nunes Conrad Costa é formada em Ciências Biológicas com ênfase em Biotecnologia [UNIPAR], especialista em Morfofisiologia Animal [UFLA] e mestranda em Biociências e Saúde [UNIOESTE]. É diretora-presidente do Núcleo Cascavelense da SCB [Nuvel-SCB])

Nota: Essa descoberta é intrigante porque, segundo a teoria da evolução, os dinossauros viveram numa era em que as aves e as criaturas terrestres, que não eram répteis, ou se encontravam numa forma “primitiva”, ou nem existiam ainda. Portanto, fósseis de dinossauros só deveriam ser encontrados com outros fósseis de dinossauros. Entretanto, novamente percebemos que as hipóteses evolucionistas não empatam com a realidade, uma vez que foram encontrados fósseis de dinossauros juntamente com aves, crocodilos e peixes, os quais, segundo os próprios pesquisadores, datam de um mesmo período. Além disso, diferentemente do que afirmam os evolucionistas, essas aves de tempos tão remotos são muito semelhantes às aves de hoje, fazendo cair por terra, novamente, os postulados sobre a linha do tempo evolutiva das espécies.

Essa descoberta, além de trazer entusiasmo por ter ocorrido em território nacional, revela mais evidências de que os dinossauros viveram “lado a lado” com outros animais, como as referidas aves encontradas. Isso reforça o que os criacionistas há muito já sabem: que as camadas rochosas onde se encontram os dinossauros têm todo o tipo de criaturas, dos mais diversos habitats. Nesse sentido, embora os evolucionistas não tenham argumentos para explicar as repetidas contradições entre suas hipóteses e a realidade encontrada por meio das descobertas científicas, o criacionismo, em contrapartida, se fortalece ao serem reforçadas suas pressuposições.

Fontes: Terra e Globo

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quarta-feira, julho 24, 2019

Por que a Nasa não voltou à Lua desde 1972?


Quando se fala no pouso do Homem na Lua, que aconteceu pela primeira vez com a Apollo 11 há cinquenta anos, muita gente ainda duvida que a Nasa conseguiu esse feito histórico naquela época, com teorias conspiratórias mil levantando “provas” de que tudo não passou de uma farsa muitíssimo bem elaborada. E, ainda que especialistas cansem de mostrar que seria impossível forjar as filmagens com as tecnologias da época, e também mesmo com provas de que a coisa aconteceu mesmo, incluindo observações feitas por outras agências espaciais que nada têm a ver com os Estados Unidos, os incrédulos permanecem com um ponto de interrogação em mente quando o assunto é o pouso de astronautas na Lua – isso quando não têm a “certeza” de que é tudo mentira, entre aspas mesmo.

Bom, para responder de maneira oficial por que os EUA não mandaram novos astronautas à Lua desde 1972, Jim Bridenstine, chefe da Nasa, veio a público falar a respeito. Ele explicou por que o país suspendeu o programa lunar do século passado, e o que será necessário para que o novo programa lunar do momento avance.

Spoiler: está tudo relacionado a interesses políticos, que impactam diretamente questões financeiras, já que a Nasa é uma agência estatal e depende de verbas do governo para operar. “Há risco técnico e há risco político. Estaríamos na Lua agora se não fosse pelo risco político. Estaríamos em Marte, francamente, até agora, se não fosse pelo risco político”, disse o administrador.

Ele continua: “Estou falando de financiamento. No passado, nos anos 1990 e início dos anos 2000, fizemos esforços para voltar à Lua e a Marte, mas em cada caso o programa era muito longo e custava muito dinheiro.” A Nasa tentou voltar à Lua em décadas passadas, mas as missões previam uma longa duração, o que significava muito investimento, e os governantes que lideraram o país naquelas épocas acabaram não vendo vantagem em financiar retornos lunares, quando a Nasa vinha explorando outras partes do Sistema Solar. É como se a Lua tivesse “perdido a graça” aos olhos políticos por todas essas décadas.

E, claro, há também a questão do engajamento público nessa equação. No fim do programa Apollo, com o último pouso na superfície acontecendo com a Apollo 17, em 1972, o público geral já não estava lá tão empolgado com o programa lunar, até porque já se haviam passado três anos desde o histórico pouso da Apollo 11 – e naquela época o país lidava com duras consequências da Guerra do Vietnã, além do movimento pelos direitos civis, então os EUA estavam passando por um momento social, econômico e político bastante delicado. Nesse contexto, muitos questionavam: “Por que continuar investindo em pousos na Lua, se já vencemos os soviéticos na Corrida Espacial, e se agora precisamos de investimentos urgentes em outras áreas para o bem geral da sociedade?”

Aí, para responder à questão “mas por que justo agora os EUA têm interesse na Lua de novo?”, Bridenstine bateu na tecla do interesse político mais uma vez. Neste governo Trump, o vice-presidente Mike Pence foi quem pressionou a NASA para antecipar o programa Artemis, que visava ao retorno presencial à Lua em 2028, mas a pressão mudou o cronograma para 2024.

“Agora, queremos voltar à Lua de forma sustentável, para ficar. Mas também temos que manter os olhos no que é o objetivo do presidente Trump. Qual a visão dele? Ele quer colocar uma bandeira norte-americana em Marte”, disse o chefe da Nasa.

Mas o que a Lua tem a ver com Marte? Ele explica: “Então, nós vamos para a Lua, para que possamos aprender a viver e trabalhar em outro mundo e, em última análise, ter mais acesso ao Sistema Solar do que nunca, para que possamos chegar a Marte.” Isso estava inicialmente previsto para 2033, mas especialistas contratados pela própria Nasa afirmam que a ida dos primeiros astronautas ao planeta vermelho só será possível mais para o final da década, no mínimo.

E para viabilizar mais este plano audacioso, a agência espacial está nos finalmentes no desenvolvimento do foguete Space Launch System (SLS), que fará esses lançamentos, bem como a nave Orion, tripulável, que transportará até quatro astronautas por viagem. E outro passo importante dessa escala Lua-Marte será a estação lunar Gateway, que ficará na órbita da Lua e será essencial para as futuras viagens ao planeta vermelho, servindo como “parada no meio da estrada” entre nosso planeta e seu vizinho mais próximo.

Além da ânsia de fincar logo uma bandeira dos EUA em Marte, com o país entrando mais uma vez para a história como a primeira nação a pisar na superfície de outro mundo, é fato que no momento estamos acompanhando uma nova Corrida Espacial – desta vez envolvendo também países europeus (com a ESA), Índia, China e Rússia. No entanto, enquanto a Corrida Espacial das décadas de 1950 e 1960 entre EUA e URSS era tensa e politicamente delicada em meio à Guerra Fria, a nova corrida da vez é mais amistosa, com incríveis avanços tecnológicos surgindo de todos os lados, e até mesmo parcerias internacionais estão acontecendo em prol da ciência. De qualquer maneira, EUA e China são rivais políticos ferrenhos nos dias de hoje, e isso também deve ser considerado.

E quanto a esta nova Corrida Espacial, Rod Pyle, historiador da exploração espacial que já trabalhou com a Nasa, diz o seguinte: “Eu me junto a Buzz Aldrin na esperança de que as proeminentes nações [com programas espaciais] possam um dia juntar forças para levar os humanos de volta à Lua e também a Marte em uma cooperação pacífica.” Afinal, o espaço, apesar de ser uma área de permanente rivalidade, também cede espaço para colaborações essenciais para o avanço científico e tecnológico, como é o caso dos foguetes e naves russas Soyuz, que vêm levando astronautas dos EUA à Estação Espacial Internacional desde 2011, quando a Nasa encerrou o programa dos Ônibus Espaciais


domingo, julho 21, 2019

Terraplanistas vão realizar evento no Brasil

Os terraplanistas, em sua campanha de desinformação, tendo um evolucionista na liderança da organização internacional Flat Earth Society, vão realizar uma convenção no Brasil, país com enorme potencial para ideias conspiratórias como a da Terra Plana, pois muita gente aqui prefere se informar por meio de videozinhos no YouTube a estudar matemática e física. Sim, os terraplanistas que dizem que a gravidade não existe e que a atmosfera é, na verdade, uma cúpula sólida dentro da qual o Sol e a Lua (muito menores do que a Terra) giram circularmente, estranhamente se pondo e nascendo todos os dias. Sim, os terraplanistas que sustentam que os eclipses são causados por corpos celestes invisíveis que de vez em quando passam na frente do Sol e da Lua, encobrindo-lhes a luz. Os terraplanistas que afirmam que nas bordas da Terra pizza há uma parede de gelo intransponível. Esse pessoal que despreza todos os conhecimentos em astronomia e matemática, revelados desde Newton, Galileu e Copérnico, quer levar essas ideias estapafúrdias ao grande público, e pior: muitos deles sustentam que essas ideias seriam bíblicas, atraindo, com isso, escárnio e descrédito especialmente ao criacionismo bíblico.

quinta-feira, julho 18, 2019

Instituição ajuda a preservar e expandir ensino do criacionismo no Brasil


O jovem Ruy Carlos de Camargo Vieira foi criado sem nenhuma instrução religiosa. Até a faculdade, considerava-se ateu e seu encontro com a Bíblia e o criacionismo, no fim da graduação, é definido por ele como “providência divina”. Logo após se formar em Engenharia Mecânica-Eletricista na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), foi para o Vale do Paraíba ser professor no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Por lá não ficou muito tempo e foi indicado para lecionar no departamento de Engenharia da USP em São Carlos, no interior do Estado de São Paulo. Em 1969, quando um de seus filhos, Rui Corrêa Vieira, estava cursando o chamado “científico” no antigo Instituto Adventista Campineiro (hoje Centro Universitário Adventista de São Paulo [Unasp], campus Hortolândia), notou-se a falta de professores criacionistas. Como resultado, muitos alunos começaram a ter conflitos com suas crenças. Vieira então decidiu viajar de São Carlos para Hortolândia, todas as semanas, e ensinar física na instituição, de forma totalmente voluntária, para manter vivo o ensino do criacionismo bíblico, que já era fundamental em sua vida.

Mas foi em uma “Semana da Cultura”, promovida pela Igreja Adventista de São Carlos em 1970, que tudo começou. Um dos palestrantes era o professor Orlando Ritter, pioneiro no ensino de ciência e religião na Educação Adventista. Ao falar sobre datações por carbono 14, Vieira ficou impressionado com o conteúdo que o amigo havia explanado, afinal, existia pouquíssimo material sobre o assunto no Brasil. Ao questioná-lo, Ritter disse que o conteúdo era original de uma sociedade criacionista norte-americana, a Creation Research Society.

[Continue lendo e conheça mais sobre a história da SCB.]

quarta-feira, julho 17, 2019

Como os terraplanistas explicam eclipses lunares totais

Esses dias tivemos um eclipse lunar total – mais especificamente, o fenômeno aconteceu na madrugada no dia 21 de janeiro e coincidiu com uma Superlua, evento que ocorre quando o satélite se encontra mais próximo do nosso planeta durante a fase de Lua Cheia, o que significa que também se tratou de uma Lua de Sangue. Como você sabe, os eclipses lunares se dão quando a Terra, o Sol e a Lua se alinham e o nosso planeta se posiciona entre os dois astros, impedindo que os raios solares cheguem até o satélite. Quem estava acordado para acompanhar o último eclipse pôde ver como a fiel companheira da Terra foi se tornando gradualmente mais escura conforme o nosso mundo ia ocultando o brilho solar, até a Lua apresentar um tom avermelhado, resultado de como a luz emitida por ela se dispersa na atmosfera.

Não há nada de novo na breve explicação acima, e a verdade é que a humanidade vem acompanhando e compreende como os eclipses acontecem há milênios. Mas, para os defensores da Teoria da Terra Plana, aquele pessoal que está convencido de que o nosso planeta, em vez de esférico, parece uma panqueca, não acreditam nessa explicação, não – e inventaram uma explicação pra lá de criativa (e muito louca) para o fenômeno!

De acordo com Hanneke Weitering, do site Live Science, apesar de os terraplanistas acreditarem que a Terra é plana, eles aceitam (por alguma razão) que o Sol e a Lua sejam esféricos. Só que, para os defensores dessa teoria, os dois astros orbitariam sobre o Polo Norte terrestre – que, em seu planeta em forma de disco, ficaria no centro do mundo –, o que tornaria impossível a ocorrência de um eclipse.

Mas os eclipses acontecem, né? Então, os terraplanistas, depois de questionados, explicaram que o último eclipse ofereceu aos terráqueos uma rara oportunidade de observar um objeto que orbita o Sol e que, muito de vez em quando, passa diante da Lua, lançado uma sombra sobre ela. O engraçado é que os defensores da teoria não apresentaram qualquer dado sobre a composição, dimensão ou origem dessa coisa misteriosa, e acrescentaram que, quando não está rolando nenhum eclipse, o objeto se torna invisível, já que orbitaria próximo ao Sol.

Oi?

Nem precisamos falar que, em séculos de observações por meio de telescópios e décadas de exploração espacial, nada com essa descrição foi observado nas proximidades do nosso planeta, certo? E sobre o tal objeto se tornar invisível por orbitar pertinho do Sol, como é que Mercúrio, planetinha com 40% do diâmetro da Terra e que consiste no mundo do Sistema Solar que orbita mais próximo do nosso Astro-Rei, pode ser avistado?

Ainda sobre o objeto misterioso, segundo os terraplanistas, ele apresenta um ângulo de inclinação de 5,15 graus com respeito ao plano orbital do Sol – número que “coincide” com o ângulo de inclinação da órbita da Lua com respeito à da Terra –, mas não deram maiores explicações de onde tiraram essa informação.

E mais: os defensores da Teoria da Terra Plana disseram que o tal objeto poderia ser um astro conhecido que orbita ao redor Sol, mas que seria necessário realizar mais estudos para que esse dado seja confirmado. Aguardaremos ansiosos, mas com menos entusiasmo do que sentiremos enquanto esperamos pelo próximo eclipse – fenômeno celeste que só ocorre porque a Terra é esférica!


Nota: Para ficar claro: esse fenômeno celeste em que a sombra da Terra é projetada na Lua só ocorre porque a Terra é esférica e o modelo correto é o heliocêntrico. Ponto. Ou estariam certos os terraplanistas modernos que muitas vezes não sabem a trigonometria básica sobre um triângulo esférico, quanto mais as relações e implicações entre a geometria e as leis do mundo físico? Terraplanistas negam a existência de referenciais relativos (a Terra não pode ser uma “bola molhada” girando rápido no meio do nada, caso contrário, nós perceberíamos). Quero ver pularem do vagão de um trem de luxo, onde todos os móveis aparentemente estão “parados”. Ou que pulem de um carrossel em movimento. Experimento simples.

Sobre os tais “orbis escuros” (objetos circulares e semitransparentes ou demônios vedas!) indetectáveis... Por que somente passam na frente da Lua quando ela é nova ou cheia? Se esses astros invisíveis são desconhecidos e indetectáveis, como conseguimos calcular exatamente quando ocorrem eclipses? Entendeu por que terraplanistas odeiam eclipses e matemática?

Resta ainda a carta na manga preferida deles: a culpa é da Nasa. Deve ser alguma projeção dos norte-americanos, ou algo dessa natureza. Bem, quando os terraplanistas apelam para supostas conspirações da Nasa, podemos pensar: Será que Copérnico, Galileu, Kepler, Isaac Newton (pais da ciência moderna, cristãos heliocentristas “globalistas” notáveis) e tantos outros faziam parte dessa conspiração também?

Leia também: “Não existe pôr do sol na Terra plana”