quinta-feira, maio 29, 2014

Evolucionismo teísta é fuga do debate

Controvérsia persistente
Recentemente, concedi entrevista ao jornal Nosso Tempo, do Rio de Janeiro. Considerei as perguntas bastante interessantes e parte das minhas respostas (numa edição bem feita) foi publicada na edição de maio do jornal. Mas você, leitor do blog, pode ler aqui a íntegra das minhas respostas:

Michelson, evocando o eterno embate entre evolucionistas e criacionistas, acredita-se que o criacionismo apresenta uma perspectiva essencialmente religiosa, confrontando-se com o evolucionismo. No entanto, há ainda outra corrente, a do design inteligente, que parece “intermediária”. Em breves palavras, o que cada teoria preconiza? O design inteligente contradiz o que acredita o Criacionismo?  

Os criacionistas não negam que existe um viés teológico-filosófico em sua cosmovisão, mas os evolucionistas também não podem afirmar que seu modelo seja inteiramente científico, já que a filosofia por trás do pensamento evolucionista é o naturalismo filosófico, uma posição assumida a priori e não com base em dados científicos e experimentação, até porque a hipótese naturalista não pode ser submetida a qualquer teste. Assim, criacionistas e evolucionistas devem reconhecer que, embora se pautem pelo método científico, suas respectivas visões de mundo estão impregnadas de metafísica. Já o design inteligente é uma teoria que visa a detectar evidências de projeto, de propósito (teleologia) na natureza. Os teóricos do design inteligente, na verdade, estão mais próximos da ciência empírica do que criacionistas e evolucionistas. Eles não se preocupam com a natureza do Designer, pois sabem que isso transcende o método científico; não se valem de ciências históricas nem de hipóteses como a da macroevolução ou da abiogênese, nem tampouco utilizam livros religiosos. A teoria do design inteligente não contradiz em nenhum aspecto o criacionismo, já que os criacionistas também acreditam na teleologia e procuram igualmente evidências de design inteligente na criação. O que os criacionistas fazem é ir um passo além ao procurar determinar a identidade do Designer. Porque acreditam que a Bíblia Sagrada é a suprema revelação de Deus (e eles têm muitas razões lógicas, racionais e razoáveis para crer nisso), os criacionistas identificam o Designer como o Deus Yahweh das Escrituras. [Continue lendo]

Vaticano defende teoria da evolução

Para Ravasi, Darwin estava certo
O Vaticano admitiu que a teoria da evolução de Charles Darwin não deveria ser rejeitada e declarou que ela é compatível com a visão cristã da Criação. O arcebispo Gianfranco Ravasi, chefe do Pontifício Conselho para Cultura, disse que, ao passo que a Igreja foi hostil à teoria no passado, a ideia da evolução pode ser traçada até Santo Agostinho e São Tomás de Aquino. O Padre Giuseppe Tanzella-Nitti, professor de teologia na Universidade Pontifícia Santa Croce em Roma, adicionou que o teólogo do quarto século Santo Agostinho “nunca ouviu o termo evolução, mas sabia que peixe grande come peixe pequeno”, e formas de vida foram transformadas “vagarosamente ao longo do tempo”. Aquino fez observações similares na Idade Média.

Na iminência de uma conferência patrocinada pelo papa no próximo mês, que marca o 150º aniversário de A Origem das Espécies de Darwin, o Vaticano também está lidando com a ideia do Design Inteligente, que argumenta que “um poder superior” deve ser responsável pelas complexidades da vida.

A conferência na Pontifícia Universidade Gregoriana irá discutir o Design Inteligente em certa medida, mas apenas como um “fenômeno cultural” em lugar de um assunto teológico ou científico.

O Monsenhor Ravasi disse que a teoria de Darwin nunca foi formalmente condenada pela Igreja Católica Romana, apontando para comentários de mais de 50 anos, quando o Papa Pio XII descreveu a Evolução como uma abordagem científica válida para o desenvolvimento dos [seres] humanos.


Nota: É um contrassenso uma igreja cristã rejeitar a teoria do design inteligente e abraçar a teoria da evolução de Darwin, como se a primeira não fosse científica – embora se proponha a identificar evidências de projeto inteligente na natureza – e a segunda fosse – embora tenha como base filosófica o naturalismo ateu. É lógico que podemos aceitar, como Agostinho, “que peixe grande come peixe pequeno” e que “formas de vida foram transformadas ‘vagarosamente ao longo do tempo’”, afinal, seleção natural, adaptações e “microevolução” são aspectos científicos do evolucionismo com os quais concordam os teóricos do design inteligente e os criacionistas. Mas o que não podemos é aceitar o “pacote” todo do evolucionismo, como a macroevolução e a origem abiótica da vida. O Vaticano apenas aceita isso porque renegou há muito tempo a literalidade dos primeiros capítulos do livro do Gênesis e porque há muitos séculos passou a proclamar a santidade do domingo em oposição ao sábado, o verdadeiro dia bíblico de repouso e memorial da criação (Êxodo 20:8-11). [MB]

terça-feira, maio 27, 2014

Cinco “provas” que não provam a evolução

Mais uma peça de ufanismo darwinista
O jornalista científico Salvador Nogueira assina a coluna “Mensageiro Sideral” na Folha de S. Paulo, e em seu texto desta semana – “Cinco provas da evolução das espécies” – ele foi realmente estratosférico: passou longe de provar aquela que é considerada por muitos a teoria mais controversa de nosso tempo. O título de seu artigo é simplesmente absurdo, porque a teoria da evolução não pode ser “provada” em tudo aquilo que ela afirma. É, para dizer o mínimo, ufanista, panfletário e leviano. Antes de tratar das tais “provas”, Nogueira faz uma exposição das diferenças entre ciência e religião. Portanto, antes de falar sobre as “provas” apresentadas, vou comentar a introdução do texto do meu colega de profissão.

Ele escreveu: “Este é um assunto dos mais controversos: a origem das espécies, desde as bactérias mais simples até os orgulhosos seres humanos [note que ele já assume a macroevolução como fato]. A razão básica da confusão é que algumas pessoas querem fazer crer que existe um conflito intrínseco entre a teoria da evolução pela seleção natural e as religiões. É mentira. A ciência, aliás, não é inimiga da religião. As duas são naturalmente complementares, e existe beleza no equilíbrio.” Aqui Nogueira comete o erro básico (se intencional, não sei) de confundir ciência com evolucionismo e opô-los à religião. Método científico é uma coisa, teoria da evolução é outra. Com o método, a teologia bíblica está em pleno acordo. Com a macroevolução, não. Os evolucionistas até podem se valer do método científico para validar algumas de suas afirmações, mas não todas. Há aspectos do evolucionismo que estão relacionados com as ciências históricas e outros que são pura hipótese mesmo, como a origem da vida a partir da não vida, ou a macroevolução e o surgimento e o aumento da informação genética. Não há absolutamente prova alguma dessas coisas. Apenas conjecturas e cenários imaginários.

O jornalista prossegue: “Uma diferença importante entre elas é que a ciência, por sua própria natureza, se propõe a estabelecer (tanto quanto possível) fatos objetivos. Já a religião fala de ‘verdades’ pessoais. Por isso cada um de nós pode ter suas próprias crenças, mas temos todos em comum uma única ciência. E também é por isso que neste texto, daqui em diante, vamos discutir apenas ciência.”

Tudo muito bonito, se fosse assim tão simples. Cientistas (e não a ciência) até se propõem a “estabelecer fatos objetivos”, mas eles são seres humanos e, portanto, carregados de subjetividades e interpretações não tão objetivas. É lógico que o método científico é o melhor que temos para compreender a realidade (física) que nos cerca, mas não podemos ser assim tão ufanistas a ponto de achar que ele é a única ferramenta disponível para isso. A realidade é muito mais ampla do que nossos microscópios e telescópios podem alcançar.

Nogueira também erra ao dizer que “a religião fala de ‘verdades’ pessoais”. Falo pela religião cristã: ela é muito mais do que uma experiência pessoal (embora também seja isso). O cristianismo é uma religião racional e razoável, cujo livro sagrado tem resistido ao teste do tempo e contado com inúmeras confirmações por parte da arqueologia. O pano de fundo histórico da Bíblia e vários de seus personagens têm sido confirmados ano após ano, descoberta após descoberta (confira aqui). Há várias antecipações científicas nas páginas das Escrituras e a própria ressurreição de Cristo pode ser encarada como evento histórico (confira). É claro que “cada um de nós pode ter suas próprias crenças”, mas, se quiser ser honesto (ou seja, não estiver em busca de uma religião de conveniências), deverá procurar a religião que compatibiliza fé e razão, afinal, o Deus bíblico não é irrazoável. 

Depois de usar o fenômeno da chuva como exemplo, Nogueira conclui: “Grosso modo, a confirmação de nossa hipótese a converte em teoria. Ela não é mais só um exercício racional de adivinhação. Ela é uma explicação concreta que nos permite compreender e até mesmo prever fenômenos.”

Mas, se a intenção foi comparar isso com a teoria da macroevolução, o jornalista forçou a barra. A chuva é um fenômeno perfeitamente observável em qualquer lugar do mundo, em qualquer época. Ao contrário, hipóteses como a origem não biótica da vida e a macroevolução não podem ser observadas pelo simples fato de que hipoteticamente levam bilhões de anos para se processar. Tudo o que temos são exemplos de “microevolução” ou diversificação de baixo nível. O resto é extrapolação, usando o tempo como desculpa resposta. Seria mais ou menos como estudar uma molécula de água e querer determinar a partir disso como ocorrem as chuvas.

Para Nogueira, “é de uma desonestidade intelectual profunda acusar a evolução pela seleção natural de ser ‘apenas uma teoria’. Em ciência, uma teoria é o máximo que uma ideia pode chegar a ser. E ela atinge esse ponto só depois que foi corroborada por observações e experimentos. Só depois que ela se mostra a melhor explicação possível para um certo conjunto de dados”.

E ele está certo, em parte. Argumentar que a evolução é “apenas uma teoria” e tentar desacreditá-la por causa disso é ignorar o fato de que existe também uma teoria da gravidade, por exemplo. A atração dos corpos é descrita pela Lei da Gravidade e possui uma equação universal que calcula a força de atração. A Teoria da Gravidade é mais complexa do que isso. Ela tenta explicar por que essa atração ocorre. Quando pedimos a um evolucionista “provas” da evolução, ele geralmente se refere às evidências de “microevolução”, como a diversificação morfológica de animais como os tentilhões e as mudanças limitadas nas bactérias que adquirem resistência a antibióticos. Jamais se responde como e/ou por que a evolução teria ocorrido ou como a vida teria surgido a partir da não vida. Isso se assume como fato, a priori, metafisicamente.

Prevendo a oposição ao uso da palavra “prova”, Nogueira já se justifica logo de início: “Os mais atentos talvez queiram criticar meu uso da expressão ‘provas’, lembrando o filósofo da ciência Karl Popper, que sugere que observações só podem refutar teorias, mas nunca prová-las. Concordo com Popper. Mas uso aqui o termo ‘provas’ no sentido jurídico. Imagine que estamos num tribunal, que julgará a veracidade da teoria da evolução. O Mensageiro Sideral se apresenta como promotor, apontando provas circunstanciais conclusivas.”

Eu não diria os “mais atentos”, mas os mais honestos. Nogueira começa falando em ciência e muda para o contexto jurídico. Isso não me parece honesto porque, como jornalista, ele sabe que o título de seu texto e o uso da palavra “prova” induz os leitores a pensar exatamente o que ele quer. É controle de opinião. Por mais que ele tente se justificar dizendo que usa a palavra “prova” “no sentido jurídico”, o leitor menos atento ou desavisado vai ler as cinco “provas” pensando que elas são exatamente isso, e não tentativas de argumentação em favor de uma hipótese que deveria ser confirmada pelos fatos, e não julgada em um “tribunal”. Mas vamos, finalmente, aos fatos de Nogueira, com meus comentários entre colchetes:

ANTES DE MAIS NADA, O QUE É A TEORIA DA EVOLUÇÃO?

“Formulada por Charles Darwin e Alfred Russel Wallace independentemente e apresentada em 1858, ela parte de pressupostos simples e incontestáveis. A primeira premissa é que os seres vivos de uma determinada espécie, por mais parecidos que sejam, apresentam, naturalmente, pequenas diferenças entre si. Isso é mais do que evidente. Basta olhar ao seu redor. Somos todos humanos, mas cada um é um pouquinho diferente do outro. Um mais baixo, um mais alto, um loiro, um moreno, e assim por diante.

“A segunda premissa é que os seres vivos podem transmitir essas pequenas diferenças que os caracterizam a seus descendentes. E isso também é mais do que evidente. Por isso filhos de morenos são morenos, filhos de altos são altos, e por aí vai.

“A terceira – e crucial – premissa é que, no mundo natural, algumas características são mais vantajosas que outras. Hoje, na população humana, isso não é muito evidente. Mas ainda acontece. Um exemplo: um pequeno número de pessoas na África parece ser imune ao HIV. Muitos esforços têm sido feitos pelos médicos para reduzir o impacto que o vírus da aids tem na mortalidade humana, mas imagine um mundo sem medicamentos. O que aconteceria na África? Os que não resistem ao HIV morreriam, em muitos casos sem deixar descendentes. Os imunes sobreviveriam e teriam mais filhos. Ao longo das gerações, aumentaria a porcentagem de pessoas com imunidade natural ao HIV. Isso é seleção natural. É a pressão que a natureza exerce para selecionar certas características e eliminar outras.

“Pois bem. Até aí, absolutamente nada de controverso. O salto que Darwin e Wallace deram foi partir dessas premissas e concluir que, ao longo de períodos muito grandes de tempo, esse processo de seleção natural poderia produzir novas espécies a partir de um ancestral comum. Como eles chegaram a essa conclusão? Observando o mundo natural. Note, por exemplo, o clássico exemplo apresentado pelo próprio Darwin, ao refletir sobre os tentilhões – grupo de espécies de pássaro – das ilhas Galápagos, que o naturalista estudou pessoalmente ao passar pela América do Sul, em 1835. Ele notou que cada ilha do arquipélago tinha suas próprias espécies de tentilhões, cada uma com um formato de bico próprio.

“Como explicar isso? Darwin imaginou que todos eles tinham um ancestral comum. Separados em suas respectivas ilhas, eles enfrentaram ambientes naturais ligeiramente diferentes, que por sua vez selecionariam características diversas. Ao fim de milhões de anos, terminamos com espécies diferentes de tentilhão.”

[Evidentemente que as três premissas apresentadas acima são fatuais e qualquer criacionista as aceita tranquilamente. A argumentação vai parecer lógica porque começa com fatos observáveis e corretos. Ocorre que um detalhe muitas vezes passa despercebido: depois de supostos milhões de anos de evolução, os tentilhões continuaram sendo tentilhões. Não surgiu em qualquer ilha um tipo de pássaro totalmente diferente; um papagaio, por exemplo. O mesmo tipo de conclusão pode ser tirado a partir das pesquisas com as moscas-das-frutas. Por favor, tome algum tempo para ler esta postagem. Quanto aos africanos resistentes ao HIV, se o mundo e a raça humana durassem milhões de anos, certamente os cientistas do futuro se deparariam com uma população inteira resistente ao vírus da aids, mas todos eles continuariam sendo humanos. Adaptação não é macroevolução. Resistência a um tipo de vírus e mudança de cor da pele/plumas não explicam de onde teria surgido a informação genética necessária para originar uma pata onde antes havia uma nadadeira ou um olho onde antes não havia nada.]

“O mesmo raciocínio pode ser aplicado a toda a vida na Terra, e foi o que Darwin e Wallace fizeram. Se imaginarmos [e aqui o “fato” vira imaginação, o que é típico] que todos os seres vivos atuais têm um ancestral comum separado de nós por cerca de 4 bilhões de anos de seleção natural, temos uma explicação [explicação?] para a origem de todas as espécies. Uma explicação que é passível de teste. E que foi testada e corroborada de forma contundente, como veremos a seguir [quero ver mesmo].

“Um senão importante é que a teoria diz respeito exclusivamente à origem das espécies. Ou seja, como, a partir de uma única forma de vida, acabamos com uma biosfera tão incrível e diversa como a nossa. A teoria nada fala sobre a origem da vida em si. Como o primeiro ser vivo submetido ao processo de seleção natural veio a ser é outro mistério, um que ainda não tem uma solução científica clara (embora diversos caminhos promissores já se insinuem a esse respeito) [a velha desculpa de sempre...].”

PROVA NÚMERO UM – O DNA

“Manja teste de DNA, aquele usado corriqueiramente para determinar paternidade de bebês? Você acredita nele? Pois bem. Hoje temos tecnologia para comparar o DNA não só de humanos diferentes, mas de diversas espécies diferentes. Essa análise revela que todos os seres vivos que já investigamos têm algum grau de parentesco com todos os demais. Trata-se de uma confirmação incrível da teoria da evolução pela seleção natural. Tão contundente como um teste de paternidade diante de um juiz de família.”

[A semelhança genética pode ser interpretada também como a marca/assinatura do Criador e não necessariamente como evidência de ancestralidade comum. Assim como as semelhanças entre um carro, um trem e um avião não revelam ancestralidade comum entre eles. O problema é que os evolucionistas sempre focalizam as semelhanças e minimizam as tremendas diferenças.]

“Se olharmos para o DNA humano e compararmos com o do chimpanzé, descobrimos que a diferença entre eles é de cerca de 4%. Ou seja, a receita para a fabricação de um chimpanzé é, em 96%, idêntica à que produz um ser humano. O que isso significa, que nós evoluímos dos macacos? Claro que não! A afirmação de que o homem veio do chimpanzé está errada. Tanto o homem como o chimpanzé evoluíram de um ancestral comum, que não era nem uma coisa, nem outra.” [Essa falácia também já foi desconstruída. Confira aqui.]

PROVA NÚMERO DOIS – MUTAÇÕES

“Hoje conhecemos bem os mecanismos que existem no interior de cada célula para replicar o DNA [mecanismos tão finamente ajustados, dependentes de máquinas moleculares – nanotecnologia! – e processos ultraprecisos com reparação de erros, inclusive, que fica muito difícil entender como, a partir do rudimentar, essas coisas teriam vindo paulatinamente à existência, se a vida depende delas desde o início exatamente como são; depende dessa complexidade que não pode ser menor, caso contrário, a vida desandaria]. Há um sistema integrado de monitoramento e correção que tenta identificar falhas na replicação e impedir que elas se perpetuem – se preciso for, induzindo o próprio suicídio celular [e como a célula “se virava” antes da existência desse mecanismo?]. No entanto, sabemos também que esse sistema não é à prova de falha. De vez em quando, pequenas mudanças passam. Acontece direto. Nas suas células. Agora. Na maior parte das vezes, ocorre em trechos do DNA que não codificam informação genética, e aí pode não haver consequência nenhuma. Se acontecem num pedaço de DNA que tem informação importante, podem produzir efeitos bem sérios. Na maior parte das vezes, esses efeitos são ruins – o câncer é resultado de mutações em células, alterações que atingem justamente o sistema que induz ao suicídio celular quando há falhas de replicação do DNA. As células saem de controle e se multiplicam sem parar, às custas do resto do organismo. Contudo, em alguns casos, as mutações podem produzir manifestações que não incapacitam a pessoa. E, claro, quando acontecem nas células germinativas, precursoras de espermatozoides e óvulos, elas não afetam o sujeito em si, mas afetarão a geração seguinte – para o bem ou para o mal.”

[Mutações benéficas não significam mutações que adicionem informação ao organismo. Isso não existe. As mutações ou são deletérias ou, no máximo, conservativas, promovendo apenas modificações. Isso não explica, repito, o surgimento de novos órgãos funcionais, nem mesmo novos planos corporais. Mutações casuais não podem explicar nem mesmo o surgimento de espermatozoides e óvulos, que dependem de hormônios específicos, órgãos sexuais distintos e até mesmo de motores moleculares (como no caso do espermatozoide), tudo isso – e muito mais – funcionando bem e ao mesmo tempo. Mas tem mais: precisariam ter ocorrido no mesmo tempo e na mesma região (a fim de que macho e fêmea pudessem se encontrar) mutações que dessem origem a órgãos sexuais distintos e compatíveis, a células germinativas distintas e compatíveis, a hormônios distintos com funções distintas, e a um organismo (feminino) proveniente de outras tantas mutações que o teriam tornado capaz de abrigar a nova vida (não a expelindo, como seria de esperar pela atuação do sistema de defesa também originado a partir de muitas mutações), com deslocamento de órgãos internos, mecanismos de manutenção da vida intrauterina e adaptações musculares e até ósseas que permitiriam a “expulsão” do bebê quando completamente formado. Mas Nogueira (e os evolucionistas) “resolvem” tudo isso com um simples “mutações podem produzir”. Sinceramente, não tenho tanta fé assim!]

Mais declaração de fé: “Sabendo que isso [mudanças] acontece e que a vida tem quase 4 bilhões de anos na Terra, o difícil é inventar um mecanismo que impeça a evolução. É muito mais complicado termos espécies estáticas, imutáveis, do que espécies em eterna transmutação ao longo das eras geológicas, movidas por mudanças pequenas e graduais.”

[Se essa foi uma crítica discreta ao fixismo – doutrina segundo a qual as espécies não mudam e seriam as mesmas do Gênesis até hoje –, Nogueira está correto, mas erra ao pensar (se pensa isso) que os criacionistas bem informados creem nessa ficção. Repito: criacionistas aceitam as diversificações de baixo nível, mas não concordam com as extrapolações hipotéticas usadas para justificar a macroevolução. No parágrafo acima, Nogueira deixa mais uma vez claro que o deus da teoria da macroevolução é o tempo.]   

PROVA NÚMERO TRÊS – FÓSSEIS

“Na época de Darwin, os fósseis já estavam na moda, embora fossem poucos e incompreendidos. Foi justamente naquele tempo que começaram a ser identificados os primeiros dinossauros. Sabemos hoje com base em evidências geológicas concretas que eles viveram entre 230 milhões e 65 milhões de anos atrás [evidências também passíveis de interpretação, afinal, já foram até encontrados tecidos moles de T-Rex e ovos de dinossauro com proteína identificável]. E uma olhada neles revela o que a evolução é capaz de fazer ao longo de períodos imensos de tempo.

“Sabemos, por exemplo, que as aves modernas têm como ancestrais dinossauros terópodes. E como podemos saber disso? Além de observarmos características similares entre os ossos de um grupo e de outro, há algumas espécies extintas que parecem uma exata mistura dos dois. Pegue o arqueoptérix, por exemplo, que viveu cerca de 150 milhões de anos atrás. Ele é metade ave, com penas capazes de voo e asas, e metade dinossauro, com dentes e tudo. Tanto dinossauros como aves são as únicas criaturas que têm aquele famoso ‘ossinho da sorte’. E uma análise de proteínas remanescentes de uma coxa de tiranossauro mostrou em 2005 que o colágeno dos músculos do bichão é muito parecido com o das galinhas modernas. São provas incontestes do processo evolutivo.”

[Um ossinho e semelhança entre colágeno são “provas incontestes”? Puxa vida! A vagina e os tubarões também guardam um tipo de semelhança assim, sabia? (confira) O que dizer disso? Muitos animais de espécies totalmente diferentes guardam semelhanças interessantes. Pense no ornitorrinco. Quanto aos dinossauros, a verdade é que se sabe muito pouco sobre eles, conforme se admite nesta pesquisa. Sobre a suposta evolução das aves a partir dos dinos, você pode ler algo aqui, aqui e aqui; e sobre o arqueoptérix, aqui e aqui.]

“E toda a árvore da vida está cheia dessas formas intermediárias, hoje extintas [não, a “árvore da vida” de Darwin vem contando outra história]. Diversos hominídeos descobertos mostram um aumento crescente da caixa craniana de nossos ancestrais [o neandertal tido como nosso primo ancestral tinha caixa craniana maior que a nossa. E mesmo entre populações e indivíduos contemporâneos as dimensões do crânio variam bastante]. Obviamente, aumento de cérebro (e de inteligência) foi favorecido pela seleção natural, o que explica o processo.” [Não me parece algo tão óbvio assim.]

[O fato é que, se a teoria da evolução fosse real, deveria haver milhões de elos transicionais no registro fóssil, como esperava Darwin. Mas essa não parece ser a realidade, afinal, quando analisamos esse registro, podemos identificar claramente plantas, peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Nada de elos entre esses grandes grupos, apenas variações entre eles, conforme prevê o criacionismo.]

PROVA NÚMERO QUATRO – COMPORTAMENTO ANIMAL

“Os etólogos (estudiosos do comportamento animal) encontram cada vez mais evidências de que muitos dos atributos originalmente concedidos só aos humanos estão presentes no reino animal. Veja os chimpanzés mesmo. Eles são menos espertos que os humanos, fato, mas ainda assim são bem espertos. E fazem coisas que, até outro dia, achávamos que fossem exclusividades nossas. Chimpanzés não falam, mas são capazes de aprender linguagem de sinais e conseguem comunicar ideias simples. Constroem e usam ferramentas rudimentares. Seu nível de inteligência para o uso de ferramentas é comparável ao de uma criança de cinco anos! Gostam de montar quebra-cabeças só por diversão, como nós. Conseguem contar até 40 e fazer operações aritméticas simples. E são capazes de algum nível de empatia. Não são animais estúpidos. São mais parecidos conosco do que gostaríamos de admitir. Não há vergonha nenhuma em ser primo dos chimpanzés. Apesar daquela mania horrível de jogar cocô nos outros, eles são legais e representam nosso elo mais próximo na imensa corrente da vida na Terra.”

[O que dizer da capacidade de compor sinfonias, construir naves espaciais, estudar bioquímica e biologia molecular, ter senso de transcendência e noção de passado e futuro, além de espiritualidade? Como disse antes, é preciso focalizar mais as diferenças do que as semelhanças. O que os evolucionistas sempre tentam fazer é humanizar o macaco e macaquizar o ser humano.]

PROVA NÚMERO CINCO – PSEUDOGENES

“Em meio ao DNA dos mais de 7 bilhões de humanos, existem pedaços de genes de nossos ancestrais comuns, inativos, mas ainda lá. [...] Especula-se que genes inativos possam, com novas mutações, tornarem-se ativos novamente, produzindo características novas que se submetam à seleção natural [mais especulação... Aliás, o que aconteceu com o chamado “DNA lixo” deveria inspirar cautela nos cientistas].

“Os cientistas mais ousados, por exemplo, especulam sobre a possibilidade de reconstruir os genomas de dinossauros extintos ‘pescando’ pseudogenes em seus descendentes – as aves modernas – e reativando-os [mas como saber que pseudogenes são esses?]. Difícil? Sem dúvida. Talvez até impossível para essas criaturas, que sumiram há 65 milhões de anos [segundo a cronologia evolucionista]. Mas pode ser uma estratégia viável para trazer os mamutes, extintos há 12 mil anos, de volta à vida. São incríveis perspectivas que só se abrem porque a evolução é um fato.”

[Eita! Teoricamente, existem em aves e existiram (como sabem?) em dinossauros genes semelhantes e inativos. E há mamutes cuja carcaça foi preservada no gelo, o que torna sua clonagem, em tese, possível. Uma coisa não tem nada a ver com a outra, mas ambas provam a evolução! Por que a possível clonagem de mamutes seria uma “prova” da evolução?] 

O RESUMO DA ÓPERA

“Como se pode ver, a evolução por seleção natural é uma teoria que explica muita coisa [essa é a conclusão de um jornalista que já apresentou sua tese no título da matéria]. Ela poderia ser superada por outro paradigma científico no futuro? Em tese sim. Mas onde está esse paradigma?”

[Não precisa realmente haver um novo paradigma (embora haja rumores de uma nova teoria da evolução não selecionista em gestação...) para explicar a biodiversidade. A seleção natural explica bem isso. Explica como o mais apto sobreviveu, mas nada diz sobre como ele surgiu. E, curiosamente, o livro do incensado Darwin tem como título (resumido) não A Sobrevivência das Espécies, nem A Variação das Espécies, mas A Origem das Espécies.]

“Alguns dizem que a melhor explicação para a diversidade da vida seja o que eles chamam de Design Inteligente – a ideia de que a vida é sofisticada demais para que suas incríveis nuances fossem produzidas pela seleção natural, e que somente uma consciência superior poderia ter produzido os seres vivos terrestres, individualmente, espécie por espécie.”

[Ele está certo: o Design Inteligente não explica nada nessa questão de origem e evolução da vida – afirma unicamente que há sinais de inteligência empiricamente detectados na natureza. Quanto às provas da evolução, o jornalista está inferindo além das evidências encontradas no contexto de justificação teórica.]

“Se o Design Inteligente estiver certo, não devemos encontrar parentesco claro entre todas as espécies estudadas ao investigar seu DNA. Afinal de contas, se cada uma delas foi individualmente projetada por uma inteligência superior, não haveria razão para termos, por exemplo, distribuição similar dos genes pelos cromossomos em diferentes espécies. Aliás, deveríamos encontrar distribuições bem diferentes, otimizadas para cada forma de vida. Não é o que vemos.”

[E quem disse que, se o Criador – Designer – existe, Ele não poderia ter usado recursos criativos semelhantes em tipos de vida diferentes. É uma questão de interpretação: onde o evolucionista vê ancestralidade comum, o criacionista vê a assinatura do Artista.]

Para desmerecer o design inteligente do ser humano, Nogueira diz que “nós, humanos, supostamente o suprassumo, temos um apêndice, cuja única função parece ser causar apendicite, e os dentes do siso, que precisam ser extraídos na maior parte de nós porque não nos cabem na boca. Que diabo de projeto inteligente é esse? Por que temos órgãos vestigiais? Por que o Designer se deu ao trabalho de disfarçar toda a biosfera para fazer de conta que ela evoluiu, se esse não foi o caso?”

[Lá vem ele com essa velha história de “órgão vestigial”! No passado, achava-se que tivéssemos centenas desses “órgãos vestigiais”. Hoje há poucos considerados assim. Mesmo o apêndice se sabe que tem função, e em herbívoros como os ruminantes ele é até indispensável. Será que não foi assim em nós também, numa época em que nossa dieta era inteiramente vegetariana? E quanto ao dente do siso, isso revela simplesmente que nossa arcada dentária está diminuindo – logo, no passado, ela tinha o tamanho ideal para comportar todos os dentes. E quem disse que o culpado por esses problemas é o Designer? E se houver outra explicação para esses defeitos e problemas? Uma explicação histórico/teológica ignorada pelos evolucionistas?]

“Deixo, afinal, uma pergunta para reflexão. Qual é o Designer mais inteligente: aquele que constrói um relógio automático, liga-o e vê, satisfeito, como cada ponteiro avança sozinho no momento preciso para marcar o tempo, ou aquele que constrói um relógio e fica, em sua paciência infinita, empurrando os ponteiros com o dedo a cada segundo para mantê-lo sempre marcando a hora certa?”

[Essa é uma questão que renderia muitas e muitas páginas de discussão e que foge ao escopo desta análise, mas acabamos por descobrir que, além de ultradarwinista, Nogueira parece ser, também, um deísta.]

Michelson Borges

segunda-feira, maio 26, 2014

Sem Tabus: o mito do sexo seguro

Universo não está se expandido, afirmam astrofísicos

Evidências "contam outra história"
Uma equipe de astrofísicos liderada por Eric Lerner, do centro de pesquisa Lawrenceville Plasma Physics (EUA), diz ter encontrado novas evidências, com base em medidas detalhadas do tamanho e brilho de centenas de galáxias, de que o Universo não está em expansão como se pensava anteriormente. O Prêmio Nobel de Física de 2011 foi atribuído conjuntamente a três cientistas que descobriram que a expansão do Universo está acontecendo de maneira acelerada. Os físicos Saul Perlmutter, Brian Schmidt e Adam Riess chegaram a essa conclusão estudando as supernovas do tipo Ia – as violentas explosões resultantes da morte [sic] de estrelas anãs brancas. Eles mediram a maneira como a luz de supernovas Ia se distorciam para ver a rapidez com que as galáxias estão se afastando umas das outras, ou seja, o quão rápido o Universo está se expandindo. A partir da análise, foi concluído que todas as estrelas, galáxias e aglomerados de galáxias estão se movendo cada vez mais rapidamente.

Outras medidas de galáxias brilhantes e distantes, como as feitas por cientistas da Universidade de Tóquio, no Japão, através de lentes gravitacionais, também indicaram que o Universo estava “crescendo” como um balão gigante.

Também surgiram teorias um pouco diferentes que diziam que o Universo não estava expandindo, mas, sim, ganhando massa.

Agora, um novo estudo entra na contramão de todas essas hipóteses dizendo que a expansão do universo simplesmente não existe. Os cientistas testaram uma das previsões marcantes da teoria do Big Bang, de que a geometria comum não funciona em grandes distâncias. Segundo a geometria comum, no espaço que nos rodeia (na Terra, no sistema solar e na Via Láctea), conforme objetos semelhantes estão mais longe, parecem mais fracos e menores. O seu brilho de superfície, que é o brilho por unidade de área, mantém-se constante. Em contraste, a teoria do Big Bang nos diz que, em um universo em expansão, objetos mais distantes devem parecer mais fracos, só que maiores. Nessa teoria, o brilho da superfície diminui com a distância. Além disso, a luz é esticada conforme o Universo é expandido, o que diminui ainda mais o brilho.

Assim, em um universo em expansão, galáxias mais distantes devem ser centenas de vezes mais fracas do que o brilho da superfície de galáxias próximas semelhantes, o que as tornaria indetectáveis com os telescópios atuais. E não é isso que as observações mostram.

No novo estudo, os pesquisadores cuidadosamente compararam o tamanho e o brilho de cerca de mil galáxias próximas e muito distantes. Eles escolheram as galáxias espirais mais luminosas para as comparações, combinando a luminosidade média das amostras próximas e distantes. Ao contrário do que a previsão dita, eles descobriram que o brilho da superfície das galáxias próximas e distantes é idêntico. Esses resultados são consistentes com o que seria esperado da geometria normal se o Universo não estivesse se expandindo. Ou seja, os resultados estão em contradição com o escurecimento drástico do brilho superficial previsto pela hipótese do Universo em expansão.

“Claro, você pode supor que as galáxias distantes eram muito menores e, portanto, tinham centenas de vezes mais brilho de superfície intrínseco no passado, e que, apenas por coincidência, o escurecimento do Big Bang cancela exatamente esse maior brilho em todas as distâncias para produzir a ilusão de um brilho constante, mas isso seria uma grande coincidência”, explica Lerner.

Esse não foi o único resultado surpreendente da pesquisa. Para aplicar o teste de brilho de superfície, proposto pela primeira vez em 1930 pelo físico Richard C. Tolman, a equipe teve que determinar a luminosidade real das galáxias, de modo a corresponder galáxias próximas e distantes. Para isso, os astrofísicos vincularam a distância das galáxias ao seu redshift (desvio para o vermelho, que corresponde a uma alteração na forma como a frequência das ondas de luz é observada no espectroscópio em função da velocidade relativa entre a fonte emissora e o receptor observador).

Eles partiram do pressuposto de que a distância é proporcional ao desvio para o vermelho em todas as distâncias, tal como foi verificado no universo próximo. Em seguida, os pesquisadores checaram essa relação entre redshift e distância com os dados do brilho de supernovas que foram usados para medir a hipótese da expansão acelerada do Universo.

“É surpreendente que as previsões dessa fórmula simples são tão boas quanto as previsões da teoria do Universo em expansão, que incluem correções complexas para a matéria escura e a energia escura hipotéticas”, disse um dos coautores do estudo, Dr. Renato Falomo, do Observatório Astronômico de Padova, na Itália.

O Dr. Riccardo Scarpa do Instituto de Astrofísica de Canarias, na Espanha, outro coautor do estudo, acrescentou: “Mais uma vez você pode pensar nisso como mera coincidência, mas seria uma segunda grande coincidência.”

Se o Universo não está se expandindo, o desvio para o vermelho da luz com o aumento da distância deve ser causado por algum outro fenômeno – algo que acontece com a própria luz que viaja através do espaço. “No momento, não estamos especulando sobre o que poderia causar esse desvio”, afirma Lerner. “No entanto, tal desvio para o vermelho, o qual não está associado com a expansão, pode ser observado com a sonda adequada dentro do nosso sistema solar no futuro.” 

O novo estudo foi publicado na revista International Journal of Modern Physics D.


Nota: É interessante notar como certas “certezas” científicas podem ser cientificamente refutadas ou, pelo menos, confrontadas. Grande parte da comunidade científica e da mídia em geral trabalha com a hipótese do Universo inflacionário há algum tempo, e, na mente de alguns, isso já era tido como uma espécie de certeza científica. Mas não é. Assim como algumas outras “certezas” também não são (a macroevolução, por exemplo). Só que parece muito mais fácil desafiar paradigmas cósmicos do que biológicos, pois os primeiros não interferem muito nas posições filosóficas dos cientistas. Eles podem continuar crendo no naturalismo, independentemente de o Universo estar ou não se expandindo. De minha parte, continuo acreditando que o desvio para o vermelho se deve não à expansão, mas à movimentação orbital/circular do Universo, cujo centro de gravidade é o trono de Deus (fundamento essa opinião na Revelação, não em evidências científicas, evidentemente). Nosso ponto de observação aqui na Terra, dentro da Via Láctea, não é assim tão privilegiado, por isso fica difícil determinar o tipo de movimentação geral de todo o Universo. De qualquer forma, a pesquisa dos astrofísicos do Lawrenceville Plasma Physics ajuda a equilibrar um pouco certas posições extremadas e ensina uma lição de humildade àqueles que defendem hipóteses como se fossem verdades infalíveis. [MB]

Menina de 8 anos lança blog de receitas saudáveis

Mensagem inaugural do blog Receitas da Ma: "Eu sou a Marcella e quero que a gente aprenda receitas saudáveis e gostosas. O objetivo deste blog [confira aqui] é promover um estilo de vida saudável para você e sua família. Visite meu blog e você será saudável e vai se deliciar com as coisas gostosas que vamos fazer. Olha, se eu fosse você, eu sempre acompanharia as novidades que serão colocadas aqui."
 

domingo, maio 25, 2014

Isaac & Charles: linha de montagem

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Futebol adquire status de religião no Brasil

Mais desrespeito no país do deboche
Diz a sabedoria [sic] popular que há três coisas que não devem ser discutidas, para se manter a paz em qualquer ambiente: política, religião e futebol. Infelizmente, os três assuntos parecem estar intimamente ligados uns aos outros, especialmente aqui o Brasil, onde para muitas pessoas o futebol é uma religião. Mais ou menos como mostra o comercial criado pela Grey para a Cerveja Foca. No Brasil, a Lei de Liberdade Religiosa permite que qualquer fiel saia em horário de trabalho para “professar seus credos”, desde que a religião seja reconhecida pelo governo brasileiro. Foi aí que, com a ajuda de um advogado, a Cerveja Foca resolveu oficializar em um cartório o futebol como a religião com mais seguidores no país – e a bebida quer se tornar sua água benta. Para facilitar a vida dos torcedores, digo, fiéis, a marca criou um site em que os usuários informam qual o jogo que querem assistir e quando. Na data, um e-mail é enviado à empresa, informando que a lei obriga o funcionário a ser dispensado. [...]


Nota: Que o futebol arregimenta legiões de fanáticos em nosso país, isso não é novidade. Mas o que essa cerveja e esse advogado fizeram é um absurdo total e uma tremenda falta de respeito para com aqueles que lutam para ter seus direitos religiosos preservados. É o tipo de reconhecimento (o do cartório) que só dá certo num país que debocha de tudo e não leva nada a sério. Em muitos países, liberdade religiosa (e de expressão, também) é conquistada a preço de sangue, mas no Brasil o assunto vira piada e estratégia de marketing. A campanha ironiza também um símbolo católico – a água benta –, comparando-o à cerveja. Como a maioria da população brasileira é católica, isso significa que a maioria dos aficionados por futebol e consumidores de cerveja pertence a essa denominação religiosa. Eles deveriam boicotar essa marca. Irreverência, desrespeito, deboche, comparações absurdas – é isso ou se apela para o lugar comum da mulher objeto. A cerveja Foca ficou com a primeira opção de desrespeito, e tenho a impressão de que, como sempre acontece, o povo ainda vai achar graça da piada de mau gosto. [MB]

quinta-feira, maio 22, 2014

A viagem dos meus sonhos

Contemplando Jerusalém
A viagem dos sonhos teve início em Nova York, visto que a passagem aérea promocional previa um stop over nos EUA. Ali, minha filha mais nova, meu marido e eu aproveitamos dois dias e meio caminhando e comprando. Como nosso hotel ficava no subúrbio, pudemos conhecer um pouco a outra face de uma das cidades mais badaladas e capitalistas do mundo. E constatamos a triste realidade: as benesses daquele lugar são para poucos. A maioria, suburbana, trabalhadora, tem que enfrentar todos os dias um transporte público cheio, sujo, fétido, e vive longe da bela ilha, em bairros não tão belos assim. Presenciamos uma pane no metrô, devido a um acidente na linha, e vimos milhares de trabalhadores ficarem à míngua, à espera de ônibus que não vinha, desesperados na superfície, à procura de algo que os levasse ao seu destino. Estressados, apressados, atrasados, praticamente tendo que resolver o problema sozinhos. A cidade foi feita para o consumo – este, aliás, muito apreciado e praticado pelos moradores e turistas –, mas não para o bem-estar do ser humano.

Depois dessa parada breve e de algumas horas de voo rumo a Tel Aviv, chegamos ao tão sonhado destino: Israel. Um destino exótico, diferente de tudo o que já havíamos experimentado em matéria de viagem. Língua estranha, cultura estranha, moeda estranha, comida estranha – o que nos aguardava?

O dia da chegada foi aproveitado para descansar no hotel, somente. No outro dia, pela manhã, embora tivesse planejado uma ida ao Mar Morto, a ansiedade falou mais alto e fomos à Old City – a Cidade Velha de Jerusalém.

Por suas ruelas, protegidas por uma bela muralha, caminhamos o dia todo. Impossível não se emocionar ao adentrar aqueles caminhos medievais e, de repente, se ver diante do Muro das Lamentações. Sim, ali, em frente ao resquício do Templo de Salomão, dedicado ao nosso Senhor.



Cheguei pertinho, toquei o muro. Não pude conter as lagrimas e ali orei pelos meus amados. Emoção também ao ver e sentir o sofrimento daqueles judeus que ali lamentavam. Pelos problemas de suas vidas? Por seu templo nunca mais restaurado?

Continuamos nossa caminhada, nos perdendo pelas estreitas ruas de pedra, e chegamos à Via Dolorosa. Ali há procissões, comércio por todos os lados (como em toda a cidade) e turistas. Não há comprovação de que Jesus tenha carregado Sua cruz por aquela via, mas a caminhada é inevitável e faz parte do conhecimento. Chegamos a um dos portões de saída – o Lions Gate –, de onde se avista o Monte das Oliveiras. Como criança querendo mais e mais, exclamei: “Quero ir até lá!” Porém, devido ao calor e à distância, decidimos caminhar mais um pouco pela cidade velha e pegar o carro para subir a montanha mais tarde.

E nessas caminhadas, passamos pelo Damascus Gate – a região dos muçulmanos (Jerusalém antiga é dividida em quatro quadras: dos judeus, dos muçulmanos, dos cristãos e dos armênios) –, pela igreja onde se acredita tenha sido Jesus sepultado, e saímos pelo Jaffa Gate, onde nosso carro estava estacionado e onde está o museu e a Torre de Davi.

De carro, na subida do Monte das Oliveiras, encontramos a Igreja das Nações, onde fica o Getsêmani: Impossível não se emocionar também nesse lugar, ao imaginar que ali, um dia, nosso querido Salvador Jesus Cristo verteu sangue e sofreu uma dor indescritível antes de Sua crucificação.

Meus amados foram novamente lembrados em oração, e como eu os queria ali para sentir o que senti! Sentei-me ao lado do jardim e não me contive ao orar e lembrar que estava sentada em um local onde meu Salvador havia estado e sofrido por mim, simplesmente por amor.

Subimos o Monte das Oliveiras e apreciamos o pôr do sol com vista para a cidade antiga e o enorme cemitério judeu – um final de dia abençoado; um presente de Deus.


No terceiro dia, fomos ao Mar Morto. Flutuamos em suas águas extremamente salgadas. Pela primeira vez, o livro A Descoberta, do Denis Cruz e do meu irmão Michelson Borges, flutuou também naquelas águas – tenho certeza!


À noite, fizemos uma caminhada pela cidade velha iluminada e ainda mais bonita.

No quarto dia, seríamos novamente presenteados com mais emoção e paisagens deslumbrantes: fomos a Cafarnaum e ao Mar da Galileia. Sim, ali estávamos em terras antes também pisadas por Jesus e alguns de Seus discípulos. Adentramos a sinagoga em ruínas onde Ele pregou. Como não acreditar nesse Deus que profetizou que aquele lugar viraria ruína e jamais seria reconstruído, assim como o templo de Salomão?

Lágrimas e oração num banquinho sob árvores em um lindo jardim, com vista para o Mar da Galileia – o mar onde nosso Galileu recrutou alguns de Seus discípulos (foto lá embaixo). 





No quinto e último dia, o Museu de Israel. Um museu com muitas obras de arte, uma linda miniatura da cidade antiga e o mais impressionante, ao menos para mim: os Manuscritos do Mar Morto. Estive frente a frente com o Rolo de Isaías, entre outros papiros. Uma comprovação histórica da autenticidade da Bíblia, já que se trata de um texto anterior ao tempo de Cristo (portanto, a versão lida por Jesus) e que está de acordo com as versões bíblicas disponíveis na década de 1940 (as mais antigas conhecidas, até a descoberta dos Manuscritos do Mar Morto).

E foi isso. Pouco tempo para ver tudo o que queríamos, mas, sem sombra de dúvidas, essa é uma viagem que renova a fé. Que nos faz sentir mais perto de Deus.

Lá pensei: “Estou andando nos caminhos por onde Jesus andou. Como gostaria de andar como Ele andou!” Lá também descobri, por meio do meu irmão Michelson, em conversa pela internet, que bem ali descerá a Nova Jerusalém, conforme profetizado.

Pretendo voltar a Israel, pois já sinto saudades dessa viagem inesquecível; e espero, com Jesus e meus queridos, descer àquele lugar de emoções indescritíveis e por mim vividas nesta vida, quando da sonhada restauração dos novos céus e da nova Terra, quando a Nova Jerusalém descerá dos céus, da parte de Deus, preparada como uma noiva adornada para o seu marido (Apocalipse 21:1, 2).

(Michela Borges Nunes é advogada e mora em Criciúma, SC)

quarta-feira, maio 21, 2014

Eu escolhi “o lado ensolarado”

A luz dissipa as brumas da existência
Acreditar ou não acreditar em Deus jamais será algo que dependa essencialmente de provas. Até que ponto as “provas” provam alguma coisa? Nesse quesito, as “provas” e certezas ditas esmagadoras, a meu ver, tornam o desafio da crença ou da descrença simplório demais e redutível às falhas da interpretação humana. Elas não dão conta de assunto tão amplo por se chocarem com a natureza contraditória da realidade. Daí a humildade intelectual será sempre bem-vinda, transformando-nos em “crianças” cheias de porquês. Debaixo do sol (para usar uma expressão do Eclesiastes), teremos que lidar com a ambiguidade da vida: amor/ódio, bem/mal, luz/escuridão, dúvidas/convicções provisórias, vida/morte, ser/não ser. Pois o mundo não está arrumadinho como desejaríamos que estivesse; ele é visto pelas lentes de nossa subjetividade nevoenta.

Então, só mesmo a luz para dissipar as brumas da existência. E onde ela se manifesta de forma mais intensa? Na religião, na filosofia, na ciência, no senso comum? Ou em todos eles, cada um com seus aríetes demolidores ora de certezas, ora de incertezas? A luz mora dentro ou fora de nós? Na imanência, na transcendência, em ambas ou não está em lugar algum? É extenuante e vã nossa procura? Eu me recuso a viver em trevas totais! Pelo menos preciso de uma “penumbra” para não andar tão cego neste mundo, já que a odisseia humana (faço parte dela) é uma constante e insistente jornada em busca de luz.

É um desejo: “Fiat lux!” Que será da vida se o Sol se apagar, se não tivermos mais horizontes para contemplar, se Deus não existir, se Ele estiver “morto”? Levante os argumentos, dê a sua resposta subjetiva, faça a sua escolha e viva de acordo com sua resposta e as consequências existenciais advindas dela: essa é a prova da experiência. 

E os indiferentes, que nem estão aí pra pensar sobre coisas tão complicadas e aparentemente abstratas? Eles preferem viver o hedonismo, o aqui e agora, a pensar em temas transcendentais considerados pouco relevantes para quem sofre demais ou quem tem uma vida muito tranquila. Mas até os “indiferentes”, em algum momento, terão que enfrentar a questão universal que se impõe a todas as mentes.

Não podemos negar que acreditar ou não acreditar é um anseio profundamente desejante, mais intenso que uma busca estritamente intelectual; constitui uma guerra de pulsões – às vezes um pêndulo que oscila a depender dos acontecimentos de nossa vida. Podemos até reunir dados e evidências que nos sinalizem certa direção; contudo, eles funcionam apenas como pequenas lanternas tentando iluminar a escuridão do Universo. Por isso, fico com Lord Tennyson, poeta britânico do século 19:

“Nada digno de prova pode ser provado, nem refutado; então seja sábio, apegue-se sempre ao lado mais ensolarado da dúvida.”

O meu “lado ensolarado da dúvida”, bastante racional, clama: “Acredita! O teu mundo gira em torno de um sol.” Porquanto crer envolve o poder de uma experiência iluminadora que qualquer argumento contrário é insuficiente e incapaz de negar ou escurecer. A justificação para o principal argumento da crença ou da incredulidade não está na face objetiva do mundo. Parece-me que o espaço da subjetividade e da vontade constitui o reduto da ausência de fé. Da mesma forma, o lugar onde mais sinto Deus é dentro do meu próprio coração!

(Frank de Souza Mangabeira, membro da Igreja Adventista do Bairro Siqueira Campos, Aracaju, SE; servidor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe)