quarta-feira, julho 30, 2008

Millôr e os Dez Mandamentos

Em sua coluna na Veja desta semana, o escritor e articulista Millôr Fernandes escreveu sobre a polêmica Lei Seca e acabou por usar os Dez Mandamentos para fazer graça. Parte do texto segue abaixo com alguns comentários meus entre colchetes:

“Quero apenas comentar, aqui e agora, a tese dos cínicos habituais de que essa é mais uma lei que não vai pegar. Pois eu, o otimista de sempre, pergunto logo: ‘Alguma vez, em algum lugar ou tempo, alguma lei pegou?’. Pode ser até que eu esteja exagerando, mas fiquemos só no chamado Decálogo, dado pelo Todo-Poderoso, Jeová, a seu profeta Moisés, no Monte dos Sinais [na verdade, é Monte Sinai]. Aliás nem era um Decálogo, mas um Vintólogo, como provou [provou?] Mel Brooks, num documentário sobre a famosa descida de Moisés. O chão era escorregadio, Moisés já estava meio velho, as tábuas (também não eram tábuas, era uma pedra [tábua é uma peça plana e pode ser de madeira ou de pedra]) caíram no chão, quebraram, sobraram só 10 mandamentos. Pode ser que os melhores tenham se perdido, mas e os que sobraram? Pegaram? Não pegaram? Vocês decidem.”

Depois dessa demonstração de fé em especulações sem fundamento, Millor passa a “analisar” os dez mandamentos:

“I – ‘Eu sou o Senhor que trouxe vocês das terras do Egito e os libertei da escravatura.’ Observação. É apenas uma afirmação de poder, tipo Manda quem pode, imitada muitas vezes depois: ‘Eu libertei vocês do semi-árido e os trouxe ao bolsa-família prometido.’

“II – ‘Não terás outros ídolos diante de mim em qualquer forma imitando coisas que estão no céu, na terra ou embaixo d’água.’ Observação. Ninguém deu bola e se começou a respeitar e até adorar qualquer pajé e padreco autorizado e ungido. Até o Bispo Crivela. [Bem, aqui devo admitir que realmente são poucos os que obedecem este mandamento...]

“III – ‘Não usarás o meu santo nome em vão.’ Observação. Mas podes trabalhar com pseudônimo. Só numa lista simples temos 2 490 pseudônimos católicos (um santo por dia pra cada lugarejo).

“IV – ‘Respeitarás o sétimo dia (kiddush) afastando-se de atividades produtivas.’ Observação. Com excesso de respeito se descansa não só aos domingos, mas até 35 dias, em forma de greve, recebendo salário inteiro e 30% de adicional.

“V – ‘Honrarás pai e mãe.’ Observação. Cada um de cada vez depois da separação litigiosa.

“VI – ‘Não matarás.’ Observação. Exceto oficialmente em certos estados americanos e se você for líder xiita e pegar pela frente algum homo sexual distraído ou uma mulher adúltera (‘Pedra Nela!’).

“VII – ‘Não cometerás adultério.’ Observação. Mas uma vez ou outra poderás ‘Dar um tempo’ ou ‘Procurar seu espaço’.

“VIII – ‘Não roubarás.’ Observação. A não ser em legítima defesa.

“IX – ‘Não prestarás falso testemunho.’ Observação. Mas poderás ficar calado durante o interrogatório.

“X – ‘Não cobiçarás a mulher do próximo.’ Observação. Mas não pecarás procurando a mulher do andar de baixo.”

[Com seu tom debochado e provocativo, Millor acaba demonstrando o que é uma realidade: os seres humanos sempre procuram uma maneira de burlar as leis em benefício próprio, mas se esquecem de que as leis (pelo menos as de Deus) existem para o seu benefício. Em cada negativa contida nos Dez Mandamentos há a afirmação de um princípio que, se colocado em prática com a ajuda de Deus, acaba trazendo felicidade e bem-estar.]

Saiba mais sobre a Lei de Deus aqui.

Terremoto assusta Los Angeles

Um terremoto de 5,4 graus de magnitude foi sentido nesta terça-feira em Los Angeles (Califórnia, oeste dos EUA), onde os prédios tremeram, mas ninguém se feriu, informaram o Instituto de Geofísica americano (USGS, sigla em inglês) e o prefeito da cidade. O terremoto aconteceu às 11h42 (15h42 de Brasília), de acordo com o USGS. Seu epicentro foi localizado 3 km ao sudoeste de Chino Hills, 50 km ao leste do centro da metrópole californiana, e a 12,3 km de profundidade, segundo um relatório preliminar do Instituto. O prefeito de Los Angeles, Antonio Villaraigosa, disse que não houve vítimas no terremoto, que abalou a cidade e o restante do sul da Califórnia. "Nossa análise preliminar é que não houve danos estruturais sérios na cidade de Los Angeles, nem feridos", declarou Villaraigosa, em entrevista à rede CNN, concedida de Londres, onde está com o filho. "É um momento em que não há com o que se preocupar, porque não houve nenhum ferido, nem danos materiais", completou o prefeito, de origem mexicana.

O terremoto durou cerca de 20 segundos e levou dezenas de pessoas a abandonar prédios e a se amontoar nas calçadas, constataram jornalistas da AFP em Hollywood (noroeste de Los Angeles). Vinte minutos depois do tremor, a rede de TV local ABC7 mostrou imagens de estudantes deixando estabelecimentos escolares para se reunir em campos de futebol. Os bombeiros de Los Angeles e a polícia de Chino Hills não mencionaram danos materiais.

O movimento causou pânico entre residentes e turistas, incluindo na Disneylândia, na Calçada da Fama de Hollywood e na zona comercial de Chino, onde produtos caíram das prateleiras.

O tremor também foi sentido em Las Vegas, no estado de Nevada, a quatro horas de automóvel de Los Angeles.

As autoridades do Aeroporto Internacional de Los Angeles realizaram inspeções no local, mas as operações prosseguem normalmente, sem atrasos, ou alterações de vôos.

O tráfego ferroviário sofreu alguns atrasos, devido a falhas operacionais, mas o trânsito nas auto-estradas era completamente normal.

Duas horas após o terremoto principal, 27 pequenos tremores foram registrados na zona de Los Angeles.

Para medir a potência de um terremoto, o USGS utiliza a "magnitude de momento" (Mw), diretamente ligada aos parâmetros do terremoto. Nessa escala aberta, um terremoto de 6 é considerado violento.

A Califórnia vive no temor do "Big One", um terremoto devastador na falha de San Andreas que, segundo cientistas, tem 70% de chances de acontecer nos próximos 30 anos. Os especialistas afirmam que a linha de falha provoca um terremoto desse tipo uma vez a cada 150 anos. A última grande catástrofe ocorreu em 1857.

Em janeiro de 1994, um terremoto de magnitude 6,7 provocou a morte de 60 pessoas em Northridge, 40 km ao noroeste de Los Angeles.

A população da grande Los Angeles, incluindo seus subúrbios e San Diego, supera os 16 milhões de habitantes, e uma das grandes preocupações durante os terremotos são as pessoas que circulam pela imensa rede de viadutos e auto-estradas da região.

(Yahoo Notícias)

domingo, julho 27, 2008

O que perdi e o que ganhei


Certa vez, disse a um de meus alunos (daquele tipo meio rebelde) que eu gostaria muito de ter tido a oportunidade que ele tinha: de poder estudar num colégio adventista. Nasci em lar católico e fui alfabetizado numa escola estadual [mais detalhes aqui]. Depois estudei em duas escolas técnicas. Na segunda, onde me formei como técnico em química, conheci a mensagem adventista por intermédio de um colega de classe consciente de seu papel como missionário. Fui batizado aos 19 anos e sempre lamentei o fato de não ter conhecido a Igreja Adventista antes e de não ter podido desenvolver meu caráter e aprender as primeiras lições da vida numa escola da Igreja. Daí meu sentimento de indignação com aquele aluno que parecia não dar valor ao tesouro que tinha ao alcance da mente e do coração.

Alguns meses depois do meu batismo, em 1991, mudei-me para Florianópolis, a fim de iniciar a faculdade de Jornalismo na UFSC. Cheguei a pensar em trancar a matrícula, depois de dois anos de estudos, a fim de cursar Teologia no Unasp (na época, ainda IAE – campus central). Aconselhado por amigos, terminei o curso de Jornalismo, com a intenção de, em seguida, iniciar o teológico. Mas a falta de recursos financeiros me impediu de realizar o sonho (só que eu não sabia que Deus tinha outros planos para mim e compensaria toda a frustração).

Procurando ser fiel aos mandamentos divinos, recusei boas ofertas de emprego na área de comunicação e acabei por aceitar um convite para lecionar História no Colégio Adventista de Florianópolis. E foi justamente ali que tentei fazer aquele aluno ver o quão privilegiado ele era por estudar numa escola adventista (o que depois ele acabou compreendendo, graças a Deus).

Foi ensinando que aprendi que “a verdadeira educação significa mais do que avançar em certo curso de estudos. É muito mais do que a preparação para a vida presente. Visa o ser todo, e todo o período da existência possível ao homem. É o desenvolvimento harmônico das faculdades físicas, intelectuais e espirituais. Prepara o estudante para a satisfação do serviço neste mundo, e para aquela alegria mais elevada por um mais dilatado serviço no mundo vindouro” (Ellen G. White, Educação, p. 13). Isso é que é educação. E que tremenda responsabilidade participar nesse processo ensino-aprendizagem.

Pude acompanhar de longe e ter como parâmetro professores cuja vida vale mais que muitos compêndios. Homens do quilate de um Orlando Ritter, um Pedro Apolinário – que vontade de ter estudado com mestres como eles... Mas Deus ainda me reservava uma tremenda compensação.

Depois de lecionar por dois anos e meio, recebi um chamado para trabalhar na Casa Publicadora Brasileira, inicialmente na Editoria de Livros Didáticos. Aos poucos, o sonho de Deus para mim se mostrava mais e mais claro. Mas tinha mais.

Em julho de 2006 tive o privilégio de iniciar o mestrado em Teologia, no Unasp. Finalmente, depois de muitos anos, pude experimentar o ambiente de um internato adventista e ver realizado um desejo havia muito acalentado. No primeiro dia de aula, olhei para os lados e vi dezenas de pastores desejosos de adquirir mais conhecimentos e experiência para levar avante o ministério. Meus olhos se encheram de lágrimas e agradeci a Deus em silêncio o privilégio que Ele estava me dando.

Meu bondoso Senhor compensou tudo aquilo que não pude experimentar anteriormente e me fez lembrar das palavras do apóstolo Paulo: “Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo pelo prêmio da vocação celestial de Deus em Cristo Jesus” (Fp 3:13, 14).

A educação adventista, que nasceu no coração de Deus, deve continuar fazendo exatamente isso: levar homens e mulheres a olharem para a frente, para o alvo máximo do ser humano – a vida eterna com Jesus.

Michelson Borges

Não acredito em ateus

Comecei a ler com entusiasmo I Don't Believe in Atheists (não acredito em ateus), do jornalista Chris Hedges (Free Press, 212 págs., US$ 25,00). Até que enfim alguém se lançava num ataque cerebral à voga de best sellers anti-religião como Deus, Um Delírio, de Richard Dawkins. Na metade do livro, já dosava a animação.

Não que a obra de Hedges não deva ser lida - ao contrário. Dificilmente será traduzida e publicada no Brasil, porém. Mesmo sendo Hedges um crente, ele não faz uma defesa das religiões. Portanto, não se encaixa na dicotomia "ciência x religião" que enquadra esse pseudodebate e sustenta a rentável estridência editorial.

O melhor de Hedges, que tem duas décadas como correspondente estrangeiro do diário The New York Times, é sua indignação intelectual com Dawkins e companheiros mais radicais, como Christopher Hitchens e Sam Harris. O jornalista os acusa de simplificações grosseiras e de disfarçar como ataque à religião o que não passa de uma condenação rasteira a um credo particular, o islamismo.

Hedges conta que, num debate público com Harris, defendia a idéia de que a mola propulsora do fundamentalismo não era o Corão, mas o desespero pessoal e o desamparo econômico. Fatores históricos, portanto.

Harris fez troça. Disse que uma única pesquisa de opinião entre muçulmanos mostrando seu apoio a homens-bomba vale mais que anos de experiência direta da realidade nesses países vividos por jornalistas do Times. O mediador, Robert Scheer, quase subiu na mesa.

Até um ateu pode identificar-se com as prédicas de Hedges por tolerância e pluralismo. Sua premissa é impecável: não existe um ponto de vista privilegiado do qual fala a voz da razão, árbitro do certo e do errado.

"Progresso científico e moral (...) não são a mesma coisa", escreve. "Qualquer forma de conhecimento que pretenda ser absoluta deixa de ser conhecimento."

"Um ateu que aceite uma natureza humana irredimível e falha, assim como um universo moralmente neutro, que não pense que o mundo possa ser aperfeiçoado por seres humanos, que não se escore em arrogância cultural e sentimentos de superioridade, que rejeite os projetos imperiais violentos para o Oriente Médio, é intelectualmente honesto."

Com coragem, Hedges mostra que aquela mentalidade contém o germe da loucura da razão. Uma longa linhagem de monstros, do Terror a Treblinka, do Gulag a Guantánamo. Não é fácil acompanhar Hedges, contudo, quando cita um antigo professor na Escola de Teologia de Harvard, James Luther Adams, para falar da "luxúria do conhecimento" como um dos tiranos da alma humana.

É bom e saudável denunciar como uma velha fantasia - sistematicamente negada pela realidade da história - a crença no progresso moral da espécie por meio da razão e da ciência. Mas também não dá para indiciá-las no crime de lesa-humanidade.

Dawkins não pode ser metido com facilidade no mesmo saco de Harris e Hitchens, verdadeiros ideólogos neoconservadores. Na generalização do ataque, Hedges termina sendo injusto com Dawkins - que aliás vai desaparecendo ao longo do livro.

Pode-se e deve-se renunciar à miragem iluminista do conhecimento total do mundo, mas isso não é um impedimento para mantê-lo como idéia reguladora no sentido kantiano: um objetivo a perseguir, ainda que por definição inatingível.

É esse passo que a fé de Hedges numa natureza humana pecaminosa o impede de dar.

(Marcelo Leite, na Folha de S. Paulo deste domingo)

Nota: É bom ver o Marcelo Leite aparentemente defendendo um ateísmo mais moderado (embora sua tentativa de salvar o Dawkins - que é inegavelmente um ateu fundamentalista - quase negue isso). Também é interessante notar a admissão tardia de que a razão humana "iluminada" não é tão brilhante assim (embora os autoproclamados "brights", como o próprio Dawkins, pensem diferente). Hedges é que está certo: o pecado é o maior entrave ao desenvolvimento humano integral. É ele que nos faz andar na contramão, longe da verdadeira Luz. Graças a Deus, em Cristo há libertação, e um dia esse entrave será removido completamente, não havendo mais limites para o desenvolvimento humano. (Saiba mais sobre isso conferindo o curso bíblico deste blog.)[MB]

História de Adão e Eva vai virar comédia romântica

A Disney adquiriu os direitos de All About Adam, roteiro de Alan Schoolcraft e Brent Simons que transforma a história de Adão e Eva em comédia romântica. O filme, ambientado na Nova York dos dias atuais, mostra Adão tentando reencontrar Eva, depois que os dois tiveram uma briga feia de namorados. Aos poucos, Adão descobre quem está por trás do imbróglio: Satanás em pessoa. Scott Rudin será o produtor do filme. Schoolcraft e Simons recentemente emplacaram o roteiro do filme Mastermind na divisão de animação da DreamWorks.

(Omelete)

Nota: Com o histórico que a Disney tem de apologia ao ocultismo e ao homossexualismo, já se pode imaginar que essa história não terá compromisso com o relato bíblico. Vai, na verdade, é banalizar ainda mais uma história séria que tem que ver com a matriz teológica das principais religiões monoteístas.[MB]

Simetrias da criação, mistério de Deus

Blaise Pascal foi pioneiro em matemática e física, mas buscou fé unicamente na revelação

Hoje, Pascal significa uma unidade de pressão, uma linguagem de computador, uma lei de fluídos mecânicos, um conjunto de números com certas propriedades. Poucos que usam seu nome dessa forma sabem que Blaise Pascal também foi um cristão devoto e um profundo defensor de sua fé. Em 1623, Pascal nasceu em um mundo que tinha recentemente testemunhado a Reforma, a Contra Reforma e o início da ciência moderna. A Guerra dos Trinta Anos começou cinco anos antes do nascimento de Pascal, e ele tinha dez anos quando Galileu foi forçado a retratar seus ensinos sobre o sistema de Copérnico.

Estudando sob a supervisão de seu pai, um funcionário público, o jovem Pascal primeiro manifestou seus talentos aos 16 anos com seu teorema “o hexágono místico”, apontando as qualidades especiais de um hexágono inscrito em um círculo. A este ele seguiu com um livro sobre geometria que alguns matemáticos contemporâneos se recusavam a acreditar ter sido escrito por um adolescente.

Aos 19 anos ele inventou o distante ancestral do computador moderno - uma máquina de calcular. Mais tarde, ele elaborou respostas para as perguntas de alguns amigos sobre jogos de azar, o jovem gênio fundou então a teoria da probabilidade.

Pascal adicionou as ciências físicas ao seu repertório com experimentos que expandiram o conhecimento humano da pressão atmosférica e o equilíbrio dos fluídos. Ele foi inspirado a investigar essas coisas por meio da invenção do barômetro por um aluno de Galileu.

Pascal observou que o mercúrio se eleva somente trinta polegadas em um tubo fechado e viu que o espaço acima do mercúrio desafiou a velha idéia aristotélica de que “a natureza abomina o vácuo”. Seus experimentos sobre este fenômeno o levaram a concluir que o vácuo realmente existia.

Defendendo essa idéia, ele fez distinção entre os métodos da ciência e os da teologia. Dos últimos, disse Pascal, a tradição é a rota apropriada para o conhecimento: nós não podemos descobrir Deus cientificamente. Também não podemos aprender da tradição o quão alto um fluído se elevará.

Na verdade, ele concluiu, devíamos ter pena da cegueira daqueles que usam a autoridade apenas como prova em assuntos físicos, ao invés do raciocínio ou experimentos; e devíamos abominar a fraqueza de outros que fazem uso do raciocínio apenas em teologia, em vez da autoridade das Escrituras e dos padres.

A noite de fogo

Pascal estava no caminho de uma carreira brilhante como matemático e cientista quando algo mais importante interveio. Em 1646, após seu pai ter sofrido uma queda e ter sido curado por meio das ministrações médicas de dois devotos doutores, Blaise uniu-se a outros membros de sua família identificando-se com o Movimento Jansenista.

Cornelius Jansen, bispo de Ypres, tinha escrito um livro sobre a teologia de Santo Agostinho, que apresentava uma visão rigorosa do cristianismo. Sua ênfase na predestinação, a severidade do pecado e a completa dependência da graça de Deus parecem à primeira vista próximas do Calvinismo.

Não obstante, os jansenistas pretendiam ser membros leais da Igreja Católica Romana, e eles seguiam os ensinos católicos sobre igreja, ministério e sacramentos. Todavia, Pascal não era influenciado por argumentos doutrinários apenas. Na noite do dia 23 de novembro de 1654, ele teve uma poderosa experiência religiosa. Ele rabiscou um rápido relato do que tem sido chamado de “amuleto de Pascal” o qual carregou no forro de seu casaco até sua morte. As palavras do amuleto demonstram o coração da fé que ele defenderia:

"Fogo

"Deus de Abraão, Deus de Isaque, Deus de Jacó, não dos filósofos e cientistas.
"Certeza. Segurança. Sentimento. Alegria. Paz.
"Deus de Jesus Cristo.

***

"Esquecimento do mundo e de todas as coisas exceto Deus. Ele deve ser encontrado somente nos caminhos ensinados no evangelho.

***

"Esta é a vida eterna, que eles conheçam a Ti, o único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo a quem Tu enviaste."

Essa “noite de fogo” teve um profundo impacto. Entretanto, Pascal não a viu como uma revelação particular que substituiu ou teve precedência sobre a revelação da qual as Escrituras testemunham. Foi uma experiência do Deus de Israel, o Deus revelado em Cristo. Em seus argumentos pela verdade do cristianismo, Pascal nunca mencionou a noite de fogo: seu “amuleto” só foi encontrado após sua morte.

A visão rigorosa dos jansenistas sobre a disciplina cristã e sobre a incapacidade humana de contribuir para a salvação os colocaram em disputa com os poderosos jesuítas. Os primeiros escritos teológicos de Pascal, as Provincial Letters (Cartas Provinciais), eram ataques devastadores aos princípios e diretrizes daquela ordem.

A contribuição mais importante de Pascal ao pensamento cristão é Pensées, o livro que ele na verdade nunca foi capaz de escrever. É um indício do gênio de Pascal que seu material preparatório pudesse tornar-se tal clássico.

Estudiosos têm tentado reconstruir o trabalho que Pascal projetou. Ele ia mostrar primeiro a miserabilidade da humanidade sem Deus e a seguir a bem-aventurança que é possível com o Deus que é conhecido como Jesus Cristo. Essa é uma abordagem tradicional, mas o talento de Pascal aparece nos “pensamentos” específicos com os quais ele pretende tecer esses argumentos.

“Só uma profissão”

Não é verdade, como às vezes é dito, que Pascal desistiu da matemática após alcançar sua recém-descoberta fé. Mas durante a última parte de sua vida, ele devotou-se aos interesses religiosos, dizendo a seu amigo, o matemático Pierre Fermat, que a Geometria era “somente uma profissão”, um pontinho em coisas mundanas que se empalidece em comparação com o plano de Deus para a salvação das almas humanas.

Poderíamos esperar que Pascal tivesse muito a dizer sobre as relações entre a ciência e a religião, e que talvez ele tivesse tirado argumentos da natureza para demonstrar a verdade da religião, como Newton e outros fariam mais tarde. Mas para Pascal não há nenhuma forma de conhecer a Deus fora da revelação - ele achou o argumento do design não convincente.

Aqueles que procuram a Deus através da natureza, Pascal insistiu em seu Pensées, “ou não encontram luz para satisfazê-los, ou planejam encontrar um meio de conhecê-Lo e servi-Lo sem um mediador”.

Para Pascal, entretanto, Deus não está ausente de seu mundo, decididamente. Pascal repreendeu Descartes pelo que ele viu como um efetivo deísmo, dizendo: “Eu não posso perdoar Descartes. Ele teria alegremente deixado Deus fora de sua filosofia toda. Porém, ele não podia evitar fazer Deus dar um impulso para colocar o mundo em movimento. Depois disso ele não tinha mais nenhum uso para Deus.”

Pascal fez objeções a uma teologia natural que dependia de provas visíveis. Deus está escondido – uma idéia que está presente em todo o Pensées. Pascal argumentou com referência a Isaias 45:15 (“Verdadeiramente Tu és Deus que Te escondes, ó Deus de Israel, ó Salvador” [VKJ]) que o que nossos olhos vêem na natureza não revela nem uma total ausência nem uma manifesta presença do divino, mas a presença de um Deus que Se oculta.

A objeção era profética. A teologia natural de Newton e outros levou gerações posteriores ao deísmo - a crença em um “Deus relojoeiro” que criou o mundo mas que não está ativamente envolvido nele depois da Criação.

Ele apostou sua vida em Deus

Embora em uma parte ele tenha desenhado uma linha acentuada entre a ciência e a teologia, o trabalho de Pascal sobre probabilidade realmente fica atrás de sua famosa “aposta”. Se Deus existe ou não, Pascal escreveu, você deve apostar de uma forma ou de outra. Se Deus existe, você poderia ganhar ou perder felicidade infinita. Se Ele não existe, então você poderia perder quando muito um prazer finito. “Se você ganhar, você ganha tudo; se você perder, você não perde nada. Não hesite, então; aposte em Sua existência.”

Podemos ler na vida de Pascal sinais de um homem que apostou sua vida em Deus. Compassivo, como também brilhante, ele criou o primeiro sistema público de transporte de Paris para o benefício dos pobres. E em sua própria última doença, ele ofereceu sua casa para uma família pobre afetada pela varíola.

No fim, Pascal deixou um exemplo não somente de como pensar sobre cristianismo, mas também sobre como viver como um cristão.

(George Murphy, na Christianity Today)

Tradução: Maria Cristina Reis

sexta-feira, julho 25, 2008

Parábolas de Jesus: o trigo e o joio

O primeiro ano do ministério de Jesus neste planeta foi marcado por uma curiosidade do povo. Os milagres e as curas que Jesus fazia despertavam admiração e, de certa maneira, também o carinho das pessoas. E o povo seguia ao Senhor Jesus com muito entusiasmo. Poderíamos dizer que o primeiro ano do Seu ministério terreno foi um ano de popularidade. No segundo ano, os líderes religiosos daquele tempo se encarregaram de colocar o povo contra o ministério do Senhor Jesus. Os fariseus observavam atentamente o que Ele falava para depois “torcer” tudo o que Jesus dizia. Queriam acusá-Lo de blasfêmia; de rebeldia contra a doutrina estabelecida pelo sistema religioso daqueles tempos. Então andavam vigiando Jesus, passo a passo, tentando achar um erro nos Seus ensinamentos. É por isso que no terceiro ano de Seu ministério aqui na Terra Jesus começou a usar em Seus discursos e ensinamentos aquilo que chamamos de parábolas.

Mateus 13:24: "Outra parábola lhes propôs, dizendo: O reino dos céus é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo;"

Mateus 13:25: "mas, enquanto os homens dormiam, veio o inimigo dele, semeou o joio no meio do trigo e retirou-se."

Mateus 13:26: "E, quando a erva cresceu e produziu fruto, apareceu também o joio."

Essa parábola começa, mais uma vez, comparando algo com o reino de Deus. Menciona a existência de um “campo” e o verso 38 diz que esse campo “é o mundo”. O contexto não deixa dúvidas de que o termo “o mundo”, neste caso, também se aplica à igreja.

“A boa semente” – Representa aqueles que são nascidos da Palavra de Deus; são “os filhos do reino” (v. 38).

“O joio” – Representa uma classe que é fruto do erro; dos falsos princípios; são “os filhos do maligno” (v. 38).

"O inimigo” – Representa o diabo (v. 39). Deus jamais lançaria no campo uma semente que produzisse joio. O joio é sempre lançado por Satanás, o inimigo de Deus e do ser humano.

27 - "Então, vindo os servos do dono da casa, lhe disseram: Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde vem, pois, o joio?"

28 - "$$Ele, porém, lhes respondeu: Um inimigo fez isso. Mas os servos lhe perguntaram: Queres que vamos e arranquemos o joio?"

29 - "Não! Replicou ele, para que, ao separar o joio, não arranqueis também com ele o trigo."

30 - "Deixai-os crescer juntos até à colheita, e, no tempo da colheita, direi aos ceifeiros: ajuntai primeiro o joio, atai-o em feixes para ser queimado; mas o trigo, recolhei-o no meu celeiro. "

36 - "Então, despedindo as multidões, foi Jesus para casa. E, chegando-se a Ele os S$eus discípulos, disseram: Explica-nos a parábola do joio do campo."

37 - "E Ele respondeu: O que semeia a boa semente é o Filho do homem;"

38 - "o campo é o mundo; a boa semente são os filhos do reino; o joio são os filhos do maligno;"

39 - "o inimigo que o semeou é o diabo; a ceifa é a consumação do século, e os ceifeiros são os anjos."

40 - "Pois, assim como o joio é colhido e lançado ao fogo, assim será na consumação do século."

41 - "Mandará o Filho do homem os Seus anjos, que ajuntarão do Seu reino todos os escândalos e os que praticam a iniqüidade."

42 - "e os lançarão na fornalha acesa; ali haverá choro e ranger de dentes."

43 - "Então, os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça."

No oriente, os homens vingavam-se muitas vezes do inimigo, espalhando em seu campo sementes de erva daninha muito semelhante ao trigo. Crescendo junto com o trigo, a erva prejudicava a colheita e causava prejuízos ao proprietário do campo. Assim Satanás, induzido por sua inimizade a Cristo, espalha a má semente no meio do trigo. Introduzindo na igreja aqueles que falam em Deus, conquanto Lhe neguem o caráter, faz o maligno que Deus seja desonrado e a obra da salvação posta em risco.

É muito constrangedor ver misturados na igreja os crentes falsos e os verdadeiros. Os cristãos sinceros estão dispostos a arrancar o joio. Mas Cristo lhes diz: "Não; para que, ao colher o joio, não arranqueis também o trigo com ele. Deixai crescer ambos juntos até à ceifa." (v. 29, 30). Se tentássemos retirar da igreja os que supomos serem falsos cristãos, certamente cometeríamos erro. Muitas vezes consideramos casos perdidos justamente aqueles que Cristo está atraindo a Si. Se devêssemos proceder com essas pessoas segundo nosso parecer imperfeito, extinguir-se-ia talvez sua última esperança. Muitos que se julgam cristãos serão finalmente achados em falta. Haverá muitos no Céu, os quais seus vizinhos supunham que lá não entrariam. O homem julga segundo a aparência; mas Deus vê o coração. O joio e o trigo devem crescer juntos até à ceifa; e a colheita é o fim do tempo da graça.

Como o joio tem as raízes entrelaçadas com as do bom trigo, assim falsos irmãos podem estar na igreja, intimamente ligados com os discípulos verdadeiros. O verdadeiro caráter desses pretensos crentes não é plenamente manifesto. Caso fossem desligados da congregação, outros poderiam ser induzidos a tropeçar, os quais, se não fosse isto, permaneceriam firmes.

A lição dessa parábola é ilustrada pelo proceder de Deus para com os homens e os anjos. Satanás é um enganador. Ao pecar ele no Céu, nem mesmo os anjos fiéis reconheceram plenamente seu caráter. Esta é a razão por que Deus não o destruiu imediatamente. Se o tivesse feito, os santos anjos não teriam percebido o amor e a justiça de Deus. Uma só dúvida quanto à bondade de Deus teria sido como má semente, que produziria o amargo fruto do pecado e da desgraça. Por isso foi poupado o autor do mal, para desenvolver plenamente seu caráter. Durante longos séculos, suportou Deus a angústia de contemplar a obra do mal. Preferiu permitir a morte de Seu Filho na cruz, a deixar alguém ser induzido pelas falsas representações do maligno; pois o joio não podia ser arrancado sem o risco de danificar a boa semente.

Por haver na igreja membros indignos os descrentes não têm o direito de duvidar da verdade do cristianismo, nem devem os cristãos desanimar por causa desses falsos irmãos. Como foi com a igreja primitiva? Ananias e Safira uniram-se aos discípulos. Simão Mago foi batizado. Demas, que abandonou a Paulo, era considerado crente. Judas Iscariotes foi um dos apóstolos. O Redentor não quer perder uma única pessoa. Sua experiência com Judas é relatada para mostrar Sua longanimidade com a corrompida natureza humana; e nos ordena sermos pacientes como Ele o foi. Disse que até ao fim do tempo haveria falsos irmãos na igreja.

Julgamento

A parábola de Cristo nos ensina que não devemos julgar e condenar os outros. Essa tarefa pertence a Deus e será exercida no tempo determinado. Nem tudo o que é semeado no campo é bom trigo. O fato de alguém estar na igreja não significa que seja cristão.

O joio é muito semelhante ao trigo enquanto as hastes estão verdes; mas quando o campo fica pronto para a colheita, a erva inútil nada se parece com o trigo, que verga ao peso das espigas cheias e maduras. Seguindo a parábola, percebemos que o inimigo semeia uma planta que é muito parecida com o trigo. As duas plantas, trigo e joio, são tão parecidas, que quando os empregados dizem ao patrão: “Queres que vamos e arranquemos o joio?" O patrão diz: "Não! Deixai-os crescer juntos até à colheita” (v. 28-30). Significa que devemos deixar que o trigo e o joio cresçam juntos, porque se começarmos a arrancar o joio agora corremos o perigo de, tentando tirar a erva má, acabarmos tirando um trigo bom. Devemos deixar que as plantas amadureçam. Um dia, quando a colheita chegar, aí sim, o trigo e o joio terão destinos diferentes. Não haverá, na colheita do mundo, semelhança entre os bons e os maus. Então, serão manifestos aqueles que se ligaram à igreja, mas não a Cristo.

É permitido ao joio crescer entre o trigo, desfrutar os mesmos privilégios de sol e chuva; mas no tempo da ceifa será vista "a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus e o que não O serve" (Ml 3:18). Essa é uma lição básica que precisamos aprender. Por mais doloroso que pareça, entre nós há trigo bom, plantado pelo Senhor Jesus. E também há joio plantado pelo inimigo de Jesus. Quem é trigo bom e quem é joio? Isso ninguém pode saber agora. Uma coisa é verdade: em toda igreja há trigo e joio.

Destino Final

O Senhor Jesus não aponta a um tempo em que todo o joio se tornará trigo. O trigo e o joio crescem juntos até à ceifa, o fim do mundo. Então o joio será atado em molhos para ser queimado, e o trigo será recolhido no celeiro de Deus (v. 41-43).

Nesta parábola encontramos dois senhores: o proprietário, dono da terra, e o inimigo do proprietário. O proprietário, que simboliza Deus, semeia de dia. Deus sempre apresenta as coisas às claras. Com Deus não existe penumbra, nem sombras, nem trevas. O que Ele faz, faz na luz do dia. Com Deus não existe mentira, nem falsidade, nem coisas dúbias. Com Deus, tudo é claro como a luz do dia. O outro personagem da parábola é o inimigo do proprietário. Este simboliza o diabo. De acordo com a parábola, ele semeia à noite. Oculto nas trevas, escondido. Ele é o pai da mentira e o pai da falsidade. Ele anda com rodeios e meias-verdades. Nunca apresenta uma mensagem clara. Esconde-se e é astuto. Dois senhores: Deus trabalhando na luz do dia; e o diabo trabalhando nas trevas da noite. Deus semeando trigo bom; o diabo semeando joio mau. Deus semeando para colher; o diabo semeando para confundir. O fim também é completamente diferente: o trigo bom é colhido para o celeiro e o joio é jogado ao fogo.

Decisão

O Senhor Jesus diz: “O campo é o mundo” (v. 38). Ocorre que todos nós habitamos neste mundo. Isso quer dizer que ninguém aqui pode ficar no terreno neutro ou dizer: “Hoje eu não vou me comprometer.” Isso porque naquele campo, que representa o mundo, só existe trigo e joio. Apenas dois grupos; não existe um terceiro grupo, daqueles que estão pensando se serão bons ou maus. Somente dois grupos. O que Deus está tentando nos dizer é que nós só temos dois caminhos, dois destinos: ou seguimos a Deus, ou seguimos o Seu inimigo. Ao decidir ficar no terreno neutro, naturalmente toma-se a posição de seguir o inimigo. Você se compromete ou não. Você segue ou foge. Você aceita ou rejeita. Essa é uma das lições que a parábola do trigo nos ensina.

Missão de Cristo

Jesus não veio a este mundo somente para trazer pessoas para uma determinada Igreja. Jesus veio a este mundo para transformar o coração do ser humano. Não tente julgar o outro por maior mal que lhe tenha feito. Deixe que ele acerte as contas com Deus. Um dia, Jesus vai voltar e lhe perguntar: “Filho, porque você fugiu de Mim?” Se você disser: “Senhor Jesus, na Tua igreja havia muitos hipócritas”, essa desculpa não será aceita. Ele lhe dirá: “Filho, trigo e joio tinham que crescer juntos. Você nunca leu isso na Minha Palavra?”

(Texto da jornalista Graciela Érika Rodrigues, inspirado na palestra do advogado Mauro Braga.)

Ateu defende o Design Inteligente

Bradley Monton é ateu e professor de Filosofia na Universidade do Colorado, em Boulder, EUA. Ele trabalha nas áreas da Filosofia da Ciência, Epistemologia Probabilística, Filosofia do Tempo e Filosofia da Religião, e escreveu um livro (ainda não publicado) sobre o Design Inteligente. No livro ele defende, entre outras coisas, que "é legítimo ver o design inteligente como ciência", e que "o design inteligente deveria ser ensinado nas aulas de ciência das escolas públicas". Leia mais:

"A doutrina do design inteligente foi ostracizada pelos ateus, mas mesmo eu sendo ateu, sou da opinião de que os argumentos a favor do design inteligente são mais fortes do que a maioria percebe. O objetivo do [meu] livro é o de tentar fazer com que as pessoas levem a sério o design inteligente. Defendo que é legítimo ver o design inteligente como ciência, que há alguns argumentos plausíveis para a existência de um criador cósmico, e que o design inteligente deveria ser ensinado nas aulas de ciência das escolas públicas.

"O livro foi escrito de uma forma que pode cativar tanto professores como não-acadêmicos. Prevejo que tanto os defensores como os opositores do design inteligente estarão interessados em lê-lo. Nele concordo com muito do que dizem os defensores do design inteligente - tentando ser intelectualmente honesto e dando crédito aos seus proponentes sempre que este é devido. Ao rejeitar os argumentos falaciosos contra o design inteligente, estou ajudando todos a compreender as questões e argumentos de forma mais clara. A longo prazo, isso é o que vai dar o maior apoio à causa da razão.

"Tanto quanto sei, ninguém publicou um livro como este nem está no processo de escrever um. Existe uma quantidade razoável de literatura hoje sobre ateísmo versus teísmo, e sobre os méritos do design inteligente, mas essa literatura se tornou como uma guerra entre dois campos, e o objetivo do meu livro é transcender isso."

(Bradley Monton)

Nota: Como é bom encontrar um ateu não-fundamentalista... Resta torcer para o livro dele ser publicado logo.[MB]

quarta-feira, julho 23, 2008

Big Bang recriado: alarde falso

O texto a seguir, de autoria de Mario Novello, doutor em física que coordena o Instituto de Cosmologia, Relatividade e Astrofísica (Icra), foi publicado no jornal O Estado de S. Paulo de 19 de julho. Segundo ele, “não é verdade que recriaremos em laboratório as condições iniciais do Universo”. O texto é um pouco longo, mas vale a pena ler para perceber o verdadeiro interesse por trás da supervalorização das experiências que serão realizadas no Large Hadron Collider e do sensacionalismo motivado pela mídia. Detalhe: eu já havia comentado algo assim, em linhas gerais, na postagem “Show grafotécnico e pouca novidade”. Boa leitura:

Nestes trinta e poucos anos de minha carreira científica, raramente tenho tomado a iniciativa de escrever para um jornal, embora tenha dado em várias ocasiões entrevistas sobre alguns aspectos de minha atividade principal, a cosmologia. Se faço hoje uma dessas raras exceções é porque estou convencido de que existe um certo mal-estar na ciência que precisa ser explicitado. Minha motivação se origina a partir de comentários surgidos na imprensa de vários países, incluindo o Brasil, de que experiências que vão acontecer em breve no Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern) “recriarão as condições do começo do Universo”. Não vou aqui encerrar uma discussão, mas, ao contrário, abri-la.

A questão se inicia ao percebermos que um importante princípio de equilíbrio da posição do cientista na sociedade contemporânea está sendo perigosamente perturbado. Esse princípio é responsável pela respeitabilidade de que a ciência hoje desfruta. De um modo direto, ele pode ser entendido a partir da seguinte regra prática: enquanto os cientistas não têm argumentos teóricos e observacionais definitivos sobre um assunto, sua explicação para os não-cientistas deve exibir as alternativas possíveis. Isto é, só se pode passar verdades científicas (que são mutáveis, claro está, mas durante um certo tempo são “verdades eternas”) para o grande público se os cientistas estiverem de posse de argumentos que naquele momento sejam definitivos e permitam sustentar a veracidade de sua afirmação.

Quando um leigo assiste a uma palestra de divulgação científica ou quando lê as novidades científicas em um jornal ou revista ele assume implicitamente que está exposto a uma descrição fidedigna do que a ciência está produzindo e das verdades que ela sustenta. Dessa forma, um cuidado muito especial deve estar sempre presente para que a esse cidadão não seja dada informação científica sem que ela esteja correta integralmente. Mas nem sempre isso tem ocorrido no Brasil e também nos grandes centros internacionais.

Vou deter-me em um só tema exemplar, particularmente relevante devido à importância que possui no imaginário de todos nós, cientistas ou não. Trata-se das origens do Universo. De forma simples, a história global do Universo pode ser resumida por meio da idéia, explicitada por Alexander Friedman em 1917, de que seu volume total varia com o tempo cósmico. Em 1929, Edwin Hubble observou que esse volume aumenta. De imediato, a questão se coloca: quão pequeno foi esse volume no passado?

VALOR INFINITO

Durante três décadas, duas propostas rivalizaram sem que se pudesse decidir entre elas. Uma, a do big bang, argumentava que esse volume foi nulo e, conseqüentemente, o Universo tem uma data de nascimento, que hoje valeria alguns poucos bilhões de anos. A totalidade da matéria existente no Universo teria sido criada em um só momento e haveria uma dinâmica que faria com que o Universo não tivesse as mesmas propriedades com o passar dos tempos. A outra proposta, dita do universo estacionário, dizia que o Universo não teve um instante único de criação, mas a matéria estaria sendo criada continuamente e a configuração espaço-temporal do Universo não muda. Algumas descobertas importantes da década de 1960 mostraram que, desses dois cenários cosmológicos, o big bang está mais em acordo com os dados observacionais.

Nesse ponto, uma curiosa situação ocorre. A observação de que o Universo é uma estrutura dinâmica mostra que Friedman estava certo quando argumentou que o volume total do Universo varia com o tempo. Esse modelo, porém, deixa lugar para várias dúvidas. Dentre essas, a que nos interessa: não se sabe até quando, no passado, esse modelo pode ser extrapolado. No entendimento original de Friedman, o menor volume teria sido zero. Se isso realmente ocorresse, acarretaria uma série de dificuldades formais das quais a mais crucial seria a de que qualquer cosmologia presente e futura deveria abdicar de produzir uma descrição racional completa do Universo. Isso porque todas as quantidades físicas, como a densidade de energia e a temperatura, assumiriam ali, naquele ponto singular, o impossível - posto que inobservável - valor infinito. Devido a essa dificuldade, ao longo dos anos vários cientistas se dedicaram a examinar cenários cosmológicos nos quais aquela singularidade inicial pudesse ser evitada. O Universo teria passado por um volume mínimo que marcaria a transição de uma fase anterior colapsante para a fase atual de expansão, na qual o volume aumenta com o passar do tempo. Aquele momento de condensação máxima, que separa as duas fases (contração e expansão), chama-se bouncing. A distinção entre os dois modelos (big bang e universo-eterno-com-bouncing) se faz sentir de modo crucial na velocidade de expansão de seu volume naquele ponto de condensação máxima: no big bang, ela é infinita; no cenário do universo-eterno, zero. Embora ao longo das duas últimas décadas do século passado a idéia de um universo dinâmico não singular contendo um bouncing tenha sido deixada de lado, no século 21 ela tem aparecido com grande força.

As principais revistas científicas americanas em que se publicam os resultados das investigações de vanguarda - que constituem na prática grandes formadoras de consenso entre os cientistas de todo o mundo - foram responsáveis por disseminar, ao longo de décadas, o cenário big bang (e pôr no limbo os cenários alternativos que não têm singularidade inicial, isto é, sem um começo a um tempo finito). Essa atitude mudou radicalmente nos últimos anos. Uma das revistas mais respeitadas pela comunidade científica internacional, Physics Report, solicitou-me que escrevesse um artigo contendo os principais cenários cosmológicos sem singularidades que os cientistas têm examinado. Esse artigo, que escrevi com meu colaborador Santiago Bergliaffa, foi publicado recentemente. Se faço esse comentário é somente com uma finalidade: a de mostrar contundentemente que até mesmo nos Estados Unidos, cuja sociedade científica dita a norma do pensamento convencional contemporâneo, o stablishment admite a possibilidade de uma alternativa ao big bang.

PARCEIROS DE DEUS

Embora as experiências no Cern possam reproduzir condições de energia que existiram livremente no Universo quando ele estava altamente condensado, elas não reproduzirão as condições do big bang, se com esse termo se está identificando o suposto momento único de criação do Universo. Tecnicamente, isso é impossível, já que na versão big bang para o começo do Universo as quantidades físicas seriam infinitas, um valor que não poderemos jamais atingir. Se me estendo nessa questão é porque, aproveitando a entrada em operação neste ano da maravilhosa máquina Large Hadron Collider (LHC) que o Cern construiu para entender como funciona o microcosmo - aquilo que simplificadamente chamamos de física das partículas elementares -, jornais de vários países, inclusive do Brasil, alardearam que os cientistas estariam no limiar de reproduzir em laboratório as condições iniciais do Universo. Convertendo-se, no dizer ingênuo de alguns, em parceiros ou concorrentes de Deus. No primeiro momento, considerei que essa afirmação fantasiosa se limitava a uns poucos jornalistas ansiosos por matéria sensacionalista. Entretanto, aos poucos fui detectando que essa desinformação estava sendo passada com grande freqüência para a sociedade e, muito em breve, ela poderia ser levada a sério pelo leigo.

Esse leitor leigo pode estar espantado ao perceber que um laboratório que se dedica a experimentar o microcosmo esteja ao mesmo tempo lidando com estruturas grandiosas, envolvendo a totalidade do que existe, o Universo. Essa relação não é difícil de ser entendida. E, como tudo, tem um aspecto político, além do técnico-científico. Explico-me. Nos anos 1970 houve uma crise na física de partículas elementares: para comprovar algumas idéias em voga e decidir sobre teorias rivais, fazia-se necessária a observação de processos extremamente energéticos. Esses processos envolviam energias que só poderiam ser criadas em laboratório com a construção de máquinas capazes de produzir feixes de partículas a altíssimas velocidades. Mas havia um problema a ser contornado: as máquinas eram muito custosas. Os dois maiores centros de investigação da época - o Cern, em Genebra, e o FermiLab, em Chicago - estavam disputando a liderança mundial com a União Soviética. Quando começou a ficar clara a debacle da URSS e o conseqüente desmonte de sua ciência (bem antes da queda do muro de Berlim), primeiro os EUA e depois a Europa rejeitaram a criação daquelas máquinas. Uma crise se instalou então entre aqueles que pesquisavam as partículas elementares, que constituíam um grande contingente de cientistas. Isso fez com que essa comunidade de físicos voltasse sua atenção para a cosmologia.

BASTA OLHAR O CÉU

O cenário cosmológico evolutivo imaginado por Friedman foi então o território escolhido para substituir, no imaginário dos físicos, a ausência de máquinas de acelerar partículas. O principal motivo científico para realizar essa substituição estava associado ao sucesso da cosmologia. Com efeito, o modelo-padrão do Universo se baseia na existência de uma configuração que descreve seu conteúdo material como sendo constituído por um fluido perfeito em equilíbrio termodinâmico, cuja temperatura varia com o inverso do fator de escala que mede sua expansão; isto é, quanto menor o volume espacial total do Universo, maior sua temperatura. Assim, nos primórdios da atual fase de expansão, o Universo teria passado por temperaturas extremamente elevadas. Isso implica excitação das partículas, expondo o comportamento da matéria em situações de altíssimas energias. E, o que era mais conveniente, a um custo muito menor, quase de graça: bastaria olhar os céus.

Saltando daquela época para os dias atuais, a grande máquina LHC que o Cern finalmente decidiu construir vai gerar energias bastante elevadas, só atingidas pelo Universo no passado remoto, quando o volume total do Universo era bastante diminuto. Em suma, estaremos reproduzindo no LHC condições de energia semelhantes às que o nosso cosmos passou. Isso não significa que vamos reproduzir em laboratório as condições atribuídas ao big bang, e menos ainda recriar o estado do Universo “em seu momento de criação”. Não há nenhuma argumentação cientifica sólida - a não ser uma extrapolação enquanto proposta de descrição do Universo - capaz de identificar a existência de uma fase extremamente quente e condensada do Universo com “seu começo”. Os cientistas não são deuses. No máximo, sacerdotes, alguns ansiosos demais por erigir um dogma e exibir-se como profeta de um mito científico de criação. [Esta foi muito boa!]

terça-feira, julho 22, 2008

Amamentação libera hormônio da confiança

Cientistas da Universidade de Warwick, na Grã-Bretanha, mostraram pela primeira vez como um hormônio da "confiança" é liberado no cérebro da mãe durante a amamentação. A pesquisa, realizada em colaboração com outras universidades e institutos de Edimburgo (Escócia), França e Itália, apresenta mais provas de que a amamentação promove uma maior ligação entre mãe e bebê através de um processo bioquímico. Segundo a equipe da Universidade de Warwick já se sabia que o hormônio oxitocina era liberado durante a amamentação, mas o mecanismo no cérebro para essa liberação ainda não tinha sido desvendado. A oxitocina é produzida no hipotálamo, a parte do cérebro que controla a temperatura corporal, sede, fome, cansaço e a raiva. E também foi provado que a oxitocina promove os sentimentos de confiança e a redução do medo. O hormônio também produz as contrações durante o parto e causa a liberação do leite nas glândulas mamárias.

O estudo foi divulgado na publicação científica PLoS Computational Biology.

Segundo a pesquisa, em resposta à amamentação, neurônios especializados no cérebro da mãe começam a liberar o hormônio. Entretanto, a oxitocina é liberada de uma parte do neurônio chamada dendritos que, geralmente, recebe ao invés de transmitir informações.

Com o uso de um modelo matemático, os pesquisadores descobriram que essa liberação, a partir dos dendritos, permite um grande aumento na comunicação entre neurônios, coordenando um "enxame" de fábricas de oxitocina, o que produz explosões intensas dos hormônios.

Esse é um exemplo de um "processo emergente" - uma ação coordenada que se desenvolve sem uma liderança, em um processo parecido com um enxame de insetos. "Sabíamos que estes pulsos aumentam, pois, durante a amamentação, os neurônios que disparam a oxitocina fazem isso juntos, em explosões sincronizadas", afirmou o líder do estudo, professor Jianfeng Feng. "Mas descobrir exatamente como essas explosões eram desencadeadas era um grande problema sem explicação."

"O modelo nos dá a possível explicação de um evento importante no cérebro que pode ser usado para estudar e explicar muitas outras atividades cerebrais parecidas", acrescentou.

(BBC Brasil)

Nota: Quanto mais se aprofundam as pesquisas, mais se descobrem mecanismos complexos que regem a maravilhosa máquina humana. Além da relação que se estabelece entre mãe e filho, a perfeita adequação do leite materno às necessidades do bebê também impressiona.[MB]

Nova palestra: Por que creio em Deus

O ex-ateu Antony Flew critica Deus, um Delírio

O ex-ateu Antony Flew, que já foi o ateu mais proeminente no mundo da lingua inglesa, criticou o livro Deus, um Delírio, obra do atual ateu mais proeminente, Richard Dawkins: "Deus, um Delírio, escrito pelo ateu Richard Dawkins é notável, em primeiro lugar, por ter conseguido uma espécie de recorde ao vender mais de um milhão de cópias. Mas o que é muito mais notável do que o sucesso econômico é que o conteúdo - ou melhor, a falta de conteúdo - desse livro mostra que o próprio Dawkins tornou-se o que ele e seus colegas secularistas acreditam tipicamente ser uma impossibilidade: ou seja, um fundamentalista secular. (A minha cópia do Dicionário de Oxford define fundamentalista como 'um obstinado ou um adepto intolerante de um ponto de vista')."

Flew abandonou o ateísmo e em 2004 admitiu reconhecer evidências em favor da existência de Deus. Flew afirma que certas considerações filosóficas e científicas o levaram a repensar seu trabalho de apoio ao ateísmo de toda uma vida, para se tornar favorável a um tipo de deísmo, similar ao defendido por Thomas Jefferson: "Por um lado, a razão, principalmente na forma de argumentos pró-design, nos assegura que há um Deus, por outro, não há espaço seja para alguma revelação sobrenatural, seja para alguma transação entre tal Deus e seres humanos individuais."

Em 2007, Flew lançou um livro intitulado There's a God (Existe um Deus) no qual, apesar da sua visão particular de Deus, chega mesmo a exaltar o cristianismo: "Na verdade, acho que o cristianismo é a religião que mais claramente merece ser honrada e respeitada, quer seja verdade ou não sua afirmação de que é uma revelação divina. Não há nada como a combinação da figura carismática de Jesus com o intelectual de primeira classe que foi São Paulo. Praticamente todo o argumento sobre o conteúdo da religião foi produzido por São Paulo, que tinha um raciocínio filosófico brilhante e era capaz de falar e escrever em todas as línguas relevantes."

(Design Inteligente)

Manuscrito da Bíblia estará disponível na internet

Mais de 1.600 anos depois de ser escrita em grego, uma das cópias mais antigas da Bíblia se tornará globalmente acessível via internet pela primeira vez nesta semana. A partir de quinta-feira, partes da Codex Sinaiticus, que contém o Novo Testamento mais velho e completo, estarão disponíveis na web, afirmou a Universidade de Leipzig (Alemanha), um dos quatro conservadores do texto antigo. Imagens em alta resolução do Evangelho de Marcos, diversos livros do Velho Testamento e observações dos trabalhos feitos ao longo de séculos estarão em www.codex-sinaiticus.net, num primeiro passo para a publicação online integral do manuscrito até [este mês].

Ulrich Johannes Schneider, diretor da Biblioteca da Universidade de Leipzig, afirmou que a publicação online do Codex permitirá que qualquer um estude uma peça "fundamental" para os cristãos. Alguns textos estarão disponíveis com traduções em inglês e alemão, acrescentou.

Especialistas acreditam que o documento, datado aproximadamente do ano 350, possa ser a cópia mais antiga conhecida da Bíblia, junto com o Codex Vaticanus, outra versão antiga da Bíblia, afirmou Schneider. "Acho que é fantástico que graças à tecnologia agora podemos tornar acessíveis os artefatos culturais mais antigos - aqueles que de tão preciosos não poderiam ser vistos por ninguém - numa qualidade realmente alta", explicou Schneider.

(G1 Notícias)

Colaboração: Thiago Leal

sexta-feira, julho 18, 2008

Papa Bento 16 trabalha pela união das igrejas

O papa Bento 16 pediu a união de todas as religiões contra o terrorismo e pela resolução pacífica dos conflitos no mundo durante um discurso nesta sexta-feira em Sydney, na Austrália. A declaração foi feita em uma reunião com líderes de outras religiões, como a judaica, a hindu, islâmica e budista, como parte dos eventos que marcam o Dia Mundial da Juventude Católica. Segundo o pontífice, "a fé em Deus é motivo de união e não de divisão ou ódio".

"Em um mundo ameaçado por formas de violência sinistras e indiscriminadas, a união das vozes dos povos religiosos encoraja as comunidades a resolver os conflitos por meios pacíficos e com respeito à dignidade humana", afirmou Bento 16.

O papa afirmou ainda que a Igreja Católica estaria preparada para aprender com as outras religiões. "A Igreja busca por oportunidades para ouvir a experiência espiritual de outras religiões", disse.

Antes do encontro, Bento 16 se reuniu com líderes de outras denominações cristãs e pediu para que seus representantes lutassem pela união dentro da fé cristã. "Acho que vocês concordam que o movimento ecumênico atingiu uma conjuntura crítica", disse o papa. ...

Apesar do tom conciliador do papa durante a visita à Austrália, Bento 16 ainda não se desculpou publicamente, como era esperado, pelas vítimas dos abusos sexuais dentro da Igreja Católica. De acordo com o correspondente da BBC em Sydney, Nick Bryant, somente na Austrália, 107 padres foram condenados por abuso sexual de crianças e outros membros da Igreja.

As duas reuniões com líderes religiosos marcaram o segundo dia da visita do papa ao país, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, um dos mais importantes eventos dirigido aos jovens organizado pela Igreja Católica. ...

Além disso, o pontífice pediu para que as futuras gerações protejam ainda mais o meio ambiente já que, segundo ele, os recursos naturais estariam sendo dissipados.

A visita de Bento 16 encerra no domingo, quando o papa irá fazer uma missa a céu aberto no Hipódromo de Randwick – evento que deve atrair milhares de peregrinos.

(BBC Brasil)

Nota: Há um século, Ellen White escreveu: "A vasta diversidade de crenças nas igrejas protestantes é por muitos considerada como prova decisiva de que jamais se poderá fazer esforço algum para se conseguir uma uniformidade obrigatória. Há anos, porém, que nas igrejas protestantes se vem manifestando poderoso e crescente sentimento em favor de uma união baseada em pontos comuns de doutrinas. Para conseguir tal união, deve-se necessariamente evitar toda discussão de assuntos em que não estejam todos de acordo, independentemente de sua importância do ponto de vista bíblico" (O Grande Conflito, p. 444). Já está mais do que claro que o terrorismo e a bandeira ecológica estão sendo usados como "cimento" para a união religiosa global. Alguma dúvida sobre quem será o líder dessa coalizão? Aparentemente, o ecumenismo é algo bom. Mas poucos percebem o que está por trás dessa proposta. Aos que quiserem mais informações sobre esse e outros cenários proféticos, sugiro a leitura do livro O Grande Conflito.

quinta-feira, julho 17, 2008

Como alcançar a Geração C?

Deu no site Opinião e Notícia: "O mundo se transforma, e em paralelo muda também, naturalmente, a forma de as pessoas se comunicarem. Já se fala agora em dois momentos distintos da história das comunicações: antes da internet e depois da internet. Os indivíduos que nasceram depois da internet, numa era em que a conexão à grande rede, os celulares e o download de músicas já eram comuns, têm sido chamados de Geração C. 'C' de conteúdo, de conectada, de colaboração e de 'cash': essa geração, perfeitamente integrada à Web 2.0, produz conteúdo - e começa a ganhar dinheiro com isso. Enquanto a informação gera dinheiro, o processo provoca uma mudança no capitalismo da forma como o conhecemos. Não existe Planejamento de Comunicação sem definição de público-alvo. Nesse ponto entra a necessidade de os comunicadores e profissionais de marketing analisarem a Geração C e repensarem a frase dita por Philip Kotler: 'Pensar globalmente, agir localmente'. Onde fica a definição do que é global e o que é local, quando estamos falando de pessoas que passeiam por esses ambientes com total desenvoltura, sem medo de fazer uma viagem sem volta e sempre em busca de mais, valorizando ao máximo a sua liberdade?"

A matéria dá mais detalhes sobre essa Geração C: "Eles falam com amigos no MSN enquanto baixam músicas no computador, que mais tarde colocarão em seus iPods para levar para aquela festa onde os amigos estarão reunidos. Cada um com seu iPod, juntos eles transformam até mesmo o trabalho original do DJ, conectando esses players, de tamanho semelhante ao de um isqueiro, a uma caixa de som não maior que um rádio de pilha dos anos 60 - que a maioria deles provavelmente só viu em filmes antigos. Cada iPod é um mundo de possibilidades e traz um setlist recheado de diferentes estilos musicais. Bem de acordo com as necessidades dessa geração."

"Em meio a essas tendências, quem não se considera da Geração C pode tentar, ao menos e por enquanto, absorver algumas de suas características para conseguir sobreviver - e aproveitar - este mundo multimídia e 100% conectado: procurar não ter problemas com mudanças, transformações e adaptações. São elas, afinal, que agora ditam as regras - ou a falta delas", conclui o texto.

Nota: A ordem de Cristo para Seus seguidores irem a todo o mundo com as boas-novas da salvação e da breve volta dEle envolve, sem dúvida, o "mundo digital". O desafio não existe apenas para os comunicadores e profissionais de marketing; os cristãos também devem olhar para esses jovens conectados e buscar conhecimento e inspiração para tornar uma mensagem milenar relevante para estes dias. Afinal, a web é uma rede, e Jesus pediu para Seus discípulos serem "pescadores de homens". A "seara digital" é grande e precisa de ceifeiros. Para pregar neste universo é só ter em mente que atrás de cada monitor existe uma pessoa carente das mesmas necessidades básicas das pessoas em toda a história humana. A luz do tubo ou do cristal líquido nos lembra que a única fonte que pode iluminar a vida tem um nome: Jesus.[MB]

Ex-ateu exalta cristianismo

"Na verdade, eu acho que o cristianismo é a religião que mais claramente merece ser honrada e respeitada, quer seja verdade ou não sua afirmação de que é uma revelação divina. Não há nada como a combinação da figura carismática de Jesus com o intelectual de primeira classe São Paulo. Praticamente todo o argumento sobre o conteúdo da religião foi produzido por São Paulo, que tinha um raciocínio filosófico brilhante e era capaz de falar e escrever em todas as línguas relevantes" (Antony Flew, There is a God, p. 185, 186).

Detalhe: Antony Flew foi um dos maiores ateus, muito mais filosoficamente gabaritado do que Richard Dawkins.

Veganos se queixam de campanhas apelativas

Johnny Diablo é vegano há 24 anos, mora em Portland, Oregon, e decidiu abrir uma casa de strip-tease diferente na cidade que abriga centenas dessas casas de entretenimento. Em Casa Diablo Gentlemen's Club, as refeições com carne foram substituídas por pratos a base de soja, e as dançarinas - em sua maioria vegetarianas - só usam roupas de couro sintético. "Meu único propósito no universo é salvar o máximo possível de criaturas da dor e do sofrimento", declara Diablo. Mas seu empreendimento tem recebido críticas, especialmente por parte dos veganos. "Táticas como essa podem até despertar a atenção das pessoas com respeito à crueldade para com os animais, mas pelos motivos errados", argumenta um vegano que não se identificou.

Um outro exemplo do mesmo gênero acontece em Los Angeles, onde há quem desaprove as Vegan Vixens, um grupo musical feminino que usa poucas roupas em suas apresentações e funciona como uma versão ecologicamente correta das Pussycat Dolls. Parte de seus shows são para arrecadar fundos para grupos de defesa dos animais.

Há também quem critique as campanhas da famosa ong PETA, conhecida internacionalmente por sempre chamar a atenção de todos mostrando alguma cena de protesto em que alguém aparece nu.

Isa Chandra, autora de livros de culinária, está entre as pessoas que desaprovam este tipo de campanha pró-vegetarianismo. "Como feminista, não aprecio a idéia de que corpos femininos sejam usados para promover a causa vegan, e não gosto da idéia de usar o veganismo para vender corpos femininos", defende.

As pessoas adotam uma dieta livre de produtos de origem animal por muitos motivos. Acreditam que ela seja mais saudável ou menos prejudicial ao meio ambiente e podem ainda defender os direitos dos animais.

A autora de The Sexual Politic of Meat, Carol Adams, diz que os direitos da mulher e os direitos dos animais muitas vezes apresentaram similaridades. "Muitas das feministas se tornaram vegetarianas", declara Adams, que abandonou as carnes em 1974, enquanto vivia em uma comunidade feminista em Cambridge, Massachusetts. Adams disse que as feministas estiveram entre as primeiras praticantes modernas do vegetarianismo. "Nos anos 70, muitas mulheres diziam que não queriam ser tratadas apenas como carne. Daí a não querer comer carne, era um passo", explica.

A presidente do PETA, Ingrid Newkirk, diz que a sexualidade atrai mais a atenção da sociedade do que qualquer outro tema. Ela diz ainda que usar a sexualidade feminina para atrair atenção ao veganismo é só um dos temas em debate na franca comunidade dos vegan. "Não é uma guerra civil, mas apenas uma diferença de opinião que as pessoas resolvem conversando", conclui.

(Vida Vegetariana)

Nota: Infelizmente, uma causa nobre (saúde e preservação do ambiente) acaba sendo divulgada por meios inadequados. A associação do erotismo com o vegetarianismo acaba lançando dúvidas sobre a seriedade da causa. Uma pena...[MB]

Leia outras postagens sobre o veganismo e a Peta aqui.

quarta-feira, julho 16, 2008

Criados para o sexo com amor e compromisso

“A conclusão é que os riscos [do sexo casual] são potencialmente maiores para as mulheres”, disse Todd Shackelford, um psicólogo evolucionário da Universidade da Flórida do Atlântico, que não estava envolvido no estudo. Foram pesquisadas mais de 3.300 pessoas, a maioria entre os 17 e 40 anos de idade. Mais da metade das pessoas heterossexuais responderam que fizeram sexo casual. Aproximadamente a metade era de homens. Em geral as mulheres sentiam-se pior do que os homens. Enquanto cerca de 80% deles sentiam-se bem em geral, apenas 54% das mulheres sentiam-se assim.

As mulheres disseram predominantemente “se arrependerem de serem usadas”, com comentários adicionais que incluíam: “Me senti mal”, “horrível depois” e “Eu me senti humilhada. Fez-me sentir fácil e mal. Arrependimento total.”

Ao contrário da crença popular, as mulheres disseram que não viam o sexo casual como um prelúdio de uma relação de longa duração. “Elas não queriam que os homens as tirassem dali e se casassem com elas”, disse Anne ao LiveSience. “Elas queriam que os homens soubessem que elas não agiam assim sempre. Que elas estavam fazendo isso para eles, nesta noite, como um evento específico.”

Os homens relataram se sentirem bem sucedidos já que a parceira era desejável para outros. Foi descoberto que suas experiências foram sexualmente mais satisfatórias do que para as mulheres.

Comentários positivos típicos para os homens incluíam: “euforia”, “excitação” e “luxúria”. “Eu acredito que sexo casual é bom para extravasar.”

Para homens que reportaram que a experiência foi negativa, o tom que prevaleceu foi vazio e solidão.

(Hypescience)

Nota: Outras pesquisas indicam que o sexo sem amor e compromisso leva à depressão, baixa auto-estima e até, em alguns casos, à anorexia. Ao contrário disso, o sexo num contexto de compromisso e romance traz satisfação e felicidade. Essa nova pesquisa mostra, mais uma vez, que o "sexo casual" torna infelizes as mulheres e deixa satisfeitos os homens devassos. Uma distorção da proposta bíblica para o sexo.[MB]

O que há de errado com o Sol?


Nada, afirma categórico o físico da NASA David Hathaway: "Tem havido alguns relatos recentes de que o Mínimo Solar está durando mais do que deveria. Isto não é verdade. A atual calmaria no número de manchas solares está bem dentro das normas históricas para o ciclo solar."

Este relatório, de que não há nada para relatar, é digno de nota por causa de um crescente zunzunzum nos círculos acadêmicos e leigos de que há algo de errado com o Sol. "O Sol fica mais tempo do que o normal sem produzir manchas solares", afirma um press release recente. Uma observação cuidadosa dos fatos, contudo, sugere o contrário.

Embora esse mínimo seja um aspecto normal do ciclo solar, alguns estudiosos estão questionando a duração do atual mínimo, agora alcançando seu terceiro ano.

Segundo Hathaway, esses cientistas estão se esquecendo de um fato simples: a duração dos mínimos solares. No século XX houve ciclos em que o mínimo durou até duas vezes mais do que o atual.

"O período médio de um ciclo solar é de 131 meses, com um desvio padrão de 14 meses. A descendente do ciclo solar 23 (este pelo qual estamos passando) já completou 142 meses - bem dentro do primeiro desvio padrão e, desta forma, sem nada de anormal," diz o cientista.

O maior Mínimo Solar já registrado durou 70 anos - o chamado Mínimo de Maunder, - entre 1645 e 1715, coincidindo com o período chamado de Pequena Era do Gelo, quando a Terra passou por uma fase de temperaturas muito baixas.

A partir do século XVIII, por razões desconhecidas, o Sol retomou sua atividade e passou a exibir os atuais ciclos de 11 anos de duração. Como os cientistas não sabem o que causou o Mínimo de Maunder, há sempre pesquisadores ansiosos por detectar sinais de que o fenômeno possa estar se repetindo.

Quem está certo nessa discussão? Para se ter certeza é só esperar o ano de 2012, quando Hathaway afirma que se poderá observar o próximo Máximo Solar.

(Inovação Tecnológica

Nota: Interessante notar que as alterações no ciclo do Sol tiveram início no século XVIII, ou seja, no fim dos 1.260 dias/anos proféticos, o mesmo século do terremoto de Lisboa e do escurecimento do sol - o início do tempo do fim.

Colaboração: Alexsander Silva

segunda-feira, julho 14, 2008

Pastor adventista é executado nas Filipinas

Rebeldes comunistas do Exército do Povo (NPA, sigla em inglês) executaram o ministro cristão Josefino Estaniel, acusado de ajudar os soldados em uma campanha de anti-insurreição em Mindanao por pregar uma mensagem de amor e não de guerra, segundo um porta-voz regional do Exército filipino.

O coronel Kurt Decapia disse que os soldados recuperaram o corpo de Josefino Estaniel, pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia, de uma sepultura rasa na aldeia de Dalagdag, distrito de Calinan, em Davao City, num lugar conhecido pela dominação dos rebeldes do NPA.O Exército do Povo é um braço armado do Partido Comunista das Filipinas (CPP).

Kurt Decapia disse que informantes civis conduziram as forças de segurança até a sepultura do ministro de 45 anos. Ele disse que Estaniel foi seqüestrado por insurgentes em maio, por ordens do líder da NPA Leôncio Pitao, também conhecido como “chefe Parago”.

O corpo do pastor Josefino Estaniel, já em decomposição, foi exumado a dois quilômetros de distância da casa de Edwin Tangud, local onde o grupo o executou.

De acordo com relatório de campo inicial, a vítima foi torturada antes de ser executada e enterrada.

O general Fogy Leo Fojas, chefe da 10ª Divisão de Infantaria do Exército filipino, condenou as atrocidades da NPA e a morte do ministro cristão.

(Missão Portas Abertas)

domingo, julho 13, 2008

Demônio combate o mal em filme

"Hellboy 2: o exército dourado" liderou as bilheterias na América do Norte neste domingo (13), se tornando o terceiro filme baseado em histórias em quadrinhos a ficar à frente das bilheterias no período de férias de meio de ano. ... [O filme] lucrou US$ 34,9 milhões, informou a Universal Pictures. Ultrapassou as expectativas da indústria, assim como a marca de US$ 23,2 milhões do primeiro "Hellboy", lançado em 2004. ... Com um orçamento de US$ 85 milhões, "Hellboy 2" é estrelado mais uma vez pelo ator Ron Perlman, que vive um demônio que combate o mal [!]. Ambos os filmes foram dirigidos pelo cineasta mexicano Guillermo del Toro, que ainda desfruta do sucesso gerado pela fantasia "O labirinto do fauno", de 2006.

Para o padrão de super-heróis de histórias em quadrinhos, a estréia de "Hellboy" é relativamente modesta. "Homem de Ferro" faturou US$ 98,6 milhões em maio, enquanto "O incrível Hulk" somou US$ 55,4 milhões no último mês. O reinado de "Hellboy" durará até a esperada sequência de Batman, "O cavaleiro das trevas", estrear na sexta-feira (18).

(G1 Notícias)

Nota: "E não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz" (2Co 11:14). No cinema também![MB]

Madalena e Jesus tinham relação de aluna e mestre

A maioria dos que estudam as origens do cristianismo tem poucas dúvidas: Maria Madalena cumpriu um papel importante entre os primeiros seguidores de Jesus, era uma das companheiras mais devotadas de Cristo e foi uma das primeiras a testemunhar sua fé na ressurreição do mestre. Mas, ao que tudo indica, a idéia de que os dois foram casados e tiveram filhos não passa de uma mistura de imaginação hiperativa moderna com brigas políticas de antigas seitas cristãs. Explica-se: todos os textos que insinuam uma proximidade mais carnal entre Maria Madalena e Jesus são pelo menos cem anos mais recentes que os Evangelhos oficiais, tendo sido escritos por pessoas que queriam justamente desafiar as visões mais ortodoxas do cristianismo, as quais começavam a se firmar. Se a pesquisa mais sóbria enterra, por um lado, o romantismo à la "Código da Vinci", também demonstra, por outro, um dos aspectos mais radicais da missão religiosa de Jesus: o tratamento aparentemente igualitário dado às mulheres.

De fato, ao contrário de todos os líderes religiosos judeus antes e depois dele (antes da época moderna, claro), Cristo não via problema algum em ter seguidores dos dois sexos. "Duas das qualidades extraordinárias de Jesus são o fato de que ele recrutava seguidores e era itinerante. Mas o que é ainda mais incomum é o fato de ele recrutar seguidores do sexo feminino e masculino e viajar com ambos", escreve Ben Witherington III, especialista em Novo Testamento do Seminário Teológico Asbury (Estados Unidos). ...

Essa visão advém do chamado critério do constrangimento, que é uma das principais ferramentas usadas pelos historiadores para decidir se um fato narrado nos Evangelhos realmente aconteceu com Jesus. A idéia é que os evangelistas não teriam motivos para criar uma narrativa que pudesse causar problemas para sua pregação por ser potencialmente constrangedora. Ao mesmo tempo, sentiriam a necessidade de relatar a situação embaraçosa nos casos em que ela era de conhecimento geral e, portanto, não poderia ser simplesmente omitida.

Meier acredita que o critério do constrangimento pode ser aplicado a vários acontecimentos-chave da vida de Maria Madalena relatados no Novo Testamento. Um deles é a expulsão de sete demônios do corpo da mulher, graças ao poder de Jesus. Outra é a presença da ex-possessa durante a crucificação e sepultamento de Cristo. Finalmente, há o relato de que ela teria falado com o próprio Jesus ressuscitado, talvez até antes dos apóstolos.

"É improvável que os primeiros cristãos tenham se dado ao trabalho de lançar dúvidas sobre a confiabilidade de uma testemunha tão importante [da ressurreição de Jesus] transformando-a numa antiga endemoninhada", escreve Meier. O historiador acredita, portanto, que Maria Madalena realmente foi exorcizada por Jesus num momento crucial de sua vida, e especula que isso levou a mulher a se tornar discípula de Cristo. ...

Existe algum indício de uma relação mais próxima entre Jesus e a mulher de Magdala durante esse período? Zero, parece ser a resposta. Na verdade, nenhum dos textos do Novo Testamento dá qualquer indicação de que Jesus tenha, em algum momento, tido filhos ou se casado. Alguns estudiosos afirmam que, para um judeu do século I, o casamento era quase considerado uma obrigação religiosa, ligado ao mandamento de "crescer e multiplicar-se" presente no livro bíblico do Gênesis.

Acontece, porém, que Jesus não era um judeu comum, e tampouco vivia em uma época comum. Com efeito, algumas seitas e grupos mais radicais da época, como os chamados essênios, defendiam o celibato e chegavam a viver como "monges". Além disso, enquanto os textos bíblicos mencionam várias vezes a família de Jesus, não há menção alguma a mulher e filhos. Para John P. Meier, o mais provável é que eles nunca tenham mesmo existido, e que Jesus tenha sido celibatário como sinal do compromisso exigido por sua missão religiosa.

O certo é que Maria de Magdala, ou Madalena, aparentemente acompanhou Jesus até seu confronto final com as autoridades judaicas em Jerusalém, testemunhando sua morte e não saindo do lado dele mesmo quando muitos dos apóstolos fugiram. No relato da visão que ela teve do Ressuscitado, no Evangelho de João, ela exclama "Rabouni!" (algo como "meu professor", "meu mestre" em aramaico) ao reconhecê-lo. ...

De onde surge, então, a lenda do caso de amor entre mestre e aluna? De uma série de textos, a maioria deles encontrados no Egito e escritos em copta, como é conhecida a língua egípcia durante a época romana. (Acredita-se que muitos desses textos foram originalmente compostos em grego, e alguns desses originais foram achados.) O mais famoso deles é o Evangelho de Filipe, no qual Maria Madalena é descrita como a "companheira" de Jesus e diz-se que Cristo "costumava beijá-la com freqüência".

Acontece que todos esses textos parecem ter sido compostos no ano 200 da nossa era, ou até mais tarde, e compartilham uma mesma teologia, a do gnosticismo. Os gnósticos acreditavam numa espécie de revelação secreta e esotérica que lhes dava o verdadeiro conhecimento para a salvação, ao contrário da massa "ignara" dos demais cristãos. Essa opinião era combatida por outros grupos do cristianismo, que se consideravam os sucessores de apóstolos como Pedro e Paulo.

Com isso, Maria Madalena passou a ser usada pelos gnósticos como um símbolo do "conhecimento verdadeiro" que tinham de Jesus, e como a verdadeira predileta de Cristo, da qual eles seriam seguidores. Esse aspecto polêmico e tardio de tais textos torna bastante improvável que eles se baseiem em alguma memória histórica envolvendo a Maria Madalena real.

(G1 Notícias)

A ultracomplexidade da célula

Colunista apresenta estruturas do núcleo das células das quais você provavelmente nunca ouviu falar

Nossos professores comumente afirmam que a composição do núcleo da célula é simples e que ele possui apenas uma matriz aquosa, denominada nucleoplasma, na qual estão imersos os cromossomos e alguns nucléolos, responsáveis pelo armazenamento de moléculas de RNA ribossômico. Contudo, essa definição simplista está longe de descrever toda a dinâmica e complexidade da região nuclear, responsável pelo comando das células. Por que há, então, essa enorme diferença entre o que a ciência sabe sobre o núcleo celular e o que é ensinado em nossas escolas?

O núcleo foi a primeira organela a ser descrita. Observações dessa região celular foram feitas em 1682 pelo “pai da microbiologia”, o holandês Antonie van Leeuwenhoek (1632-1723) e, posteriormente, em 1802, pelo botânico austríaco Franz Andreas Bauer (1758-1840). Contudo, a descoberta do núcleo celular é freqüentemente atribuída a outro botânico: o escocês Robert Brown (1773-1858), que descreveu essa região celular 29 anos depois (1839), a partir do exame de células de orquídeas.

Contudo, nenhum dos três arriscou-se a indicar uma função para essa estrutura recém-descrita. O primeiro a sugerir um papel para o núcleo celular foi o alemão Matthias Schleiden (1804-1881), botânico considerado um dos fundadores da teoria celular, que apresenta as células como a unidade funcional básica dos seres vivos. Um ano antes da descrição de Brown, Schleiden propôs que o núcleo seria o local responsável pela geração de novas células.

As afirmações de Schleiden foram duramente criticadas e somente em 1876 as pesquisas do zoólogo alemão Oscar Hertwig (1849-1922) com embriologia de ouriços marinhos, anfíbios e moluscos indicaram que o núcleo celular tinha participação no processo de formação de novas células e, posteriormente, de novos seres vivos. A participação dessa organela nos processos hereditários tornou-se clara apenas algumas décadas depois, no início do século 20.

Origem do núcleo

Ao longo do último século, diversas teorias têm sido propostas para descrever a origem evolutiva do núcleo celular. Essas especulações incluem a possibilidade de que essa organela tenha se estabelecido nas células como resultado de uma relação endossimbiótica análoga à que estaria por trás da origem dos cloroplastos e mitocôndrias, segundo a teoria proposta por Lynn Margulis (1938), professora da Universidade de Massachusetts Amherst (EUA).

Essa teoria, conhecida como “modelo sintrófico”, afirma que um antigo representante de um grupo de microrganismos conhecidos como Archaea metanogênicas invadiu ou foi fagocitado por bactérias primitivas aparentadas com as atuais mixobactérias. Por algum motivo desconhecido, esse organismo não foi digerido pelas bactérias e, após algum tempo, a convivência passou a apresentar benefícios para ambas as células que, assim, passaram a viver juntas.

A similaridade entre algumas proteínas nucleares presentes nas células eucarióticas e nas Archaea, como as histonas, e a semelhança entre algumas proteínas citoplasmáticas dos eucariótas e das mixobactérias (como as quinases e proteínas G, por exemplo) são citadas pelos defensores dessa teoria como provas dessa relação endossimbiótica.

Uma segunda teoria propõe que as células eucarióticas evoluíram a partir de formas primitivas aparentadas com as atuais bactérias planctomicetes, um grupo que possui um citoplasma subdividido por membranas e inclusive uma estrutura nuclear. Outra hipótese, mais controversa, afirma que a região nuclear surgiu após a invasão de células primitivas por vírus (provavelmente poxvírus). Esse modelo se baseia na similaridade entre células eucarióticas e vírus em relação as suas moléculas de DNA, as enzimas conhecidas como DNA polimerases e algumas proteínas.

Outro modelo alternativo, mais recente, denominado hipótese da exomembrana, sugere que o núcleo surgiu após a produção de uma nova membrana externa em torno do envoltório celular original. Essa nova cobertura seria a atual membrana plasmática e a membrana celular original se tornou a atual membrana nuclear ou carioteca.

O núcleo tradicional

O núcleo celular é a maior organela das células eucarióticas, ocupando nos mamíferos, em média, cerca de 10% do volume celular. Apesar de seu tamanho avantajado, ele ainda é envolto em mistério.

Os livros didáticos afirmam que o núcleo celular é delimitado pela carioteca, um envoltório formado por uma membrana interna e outra externa contínua com o retículo endoplasmático rugoso. A carioteca também possui uma série de poros nucleares aquosos associados com a permeabilidade seletiva entre o núcleo e citoplasma, que impede, por exemplo, que o material genético “escape” para fora do núcleo.

Internamente, o núcleo é composto por uma matriz aquosa, denominada nucleoplasma. Ali estão imersas uma rede de proteínas filamentosas do citoesqueleto celular responsáveis por dar sustentação a carioteca e por manter cromossomos e outros componentes nucleares em regiões específicas.

O material genético celular está reunido em um grupo de longas moléculas de DNA denominadas cromossomos que, na maior parte do ciclo celular, estão associadas com proteínas (principalmente histonas), formando um arranjo denominado cromatina. Os nucléolos são outro componente evidente do núcleo e estão relacionados com a síntese e edição de moléculas de RNA ribossômico (RNAr).

Componentes menos conhecidos

Além das estruturas acima citadas, existe uma série de outros componentes nucleares que você provavelmente não conhece e que não estão na maioria dos livros didáticos. Entre eles, estão as estruturas conhecidas como corpos de Cajal, que são possivelmente locais associados com a maquinaria de transcrição celular através do processamento de diversos tipos de RNA.

O núcleo contém ainda os chamados domínios PIKA (sigla em inglês para associações cariossomais polimórficas da interfase). Essas estruturas foram descobertas apenas em 1991 e, apesar de suas funções ainda não serem claras, acredita-se que elas estejam associadas com a produção de fatores relacionados com a transcrição de alguns tipos de RNAs. Outros componentes pouco conhecidos são os corpos PML (“leucemia promielóctica”, na sigla em inglês), dispersos pelo nucleoplasma e relacionados provavelmente com a regulação da transcrição de outras regiões nucleares.

Surpreso? Pois a lista ainda não acabou! Os domínios SC35 ou speckles (assim chamados devido ao seu aspecto disperso e amorfo observado nas células de mamiferos) são regiões móveis envolvidas no prcessamento de RNA, na regulação transcricional e na apoptose. Por fim, temos os paraspeckles, descobertos em 2002. Presentes no espaço intercromatínico, essas estruturas dinâmicas se alteram em resposta a mudanças na atividade metabólica celular.

Apesar de ainda conhecermos pouco sobre a biologia desses compartimentos nucleares, descobertas recentes indicam que o núcleo celular é muito mais complexo do que se pode pensar após um exame superficial. Embora essa organela não apresente uma distinção morfológica entre as suas regiões, sua especialização territorial fisiológica e sua plasticidade funcional tornam o ambiente nuclear muito dinâmico e capacitam-no para desempenhar um sem-número de tarefas metabólicas necessárias para a preservação da biologia celular. Resta agora esperar para ver isso em nossos livros e em nossas aulas.

(Jerry Carvalho Borges, Universidade do Estado de Minas Gerais)

(Ciência Hoje)

Nota: Essa é uma das muitas caixas pretas às quais Darwin não tinha acesso quando da formulação de sua teoria. Será que ele teria mesmo divulgado suas idéias, caso estivesse ciente da tremenda complexidade da célula e das máquinas moleculares? Duvido. Parafrasenado o Salmo 19:1: "As células proclamam a glória de Deus, e suas organelas anunciam a obra de Suas mãos."[MB]