Acredita-se
que a vida se originou na Terra há cerca de 3,5 bilhões de anos
[segundo a cronologia evolucionista]. Porém, como exatamente ela era, é difícil
ter certeza. Acredita-se que seres
unicelulares, como as bactérias, foram os primeiros habitantes vivos do planeta.
Isso mostraria que a vida primitiva era muito diferente da atual. Agora, uma
nova pesquisa liderada pelo geneticista evolucionista Momir Futo e publicada
na Molecular Biology and Evolution mostrou
que pode haver mais semelhanças do que o imaginado.
Sabe-se que as bactérias se
unem e criam uma casa comunitária protetora, formando colônias conhecidas como
biofilmes, que fazem com que os organismos fiquem mais fortes. Isso porque, na
segurança dessas estruturas, podem resistir melhor às mudanças climáticas,
comunicar-se e até compartilhar uma espécie de memória coletiva. Agora, Futo e
sua equipe descobriram que esses biofilmes também se desenvolvem como um organismo
multicelular. Isso inclui divisão de trabalho, morte celular programada e
autorreconhecimento.
No laboratório, os pesquisadores
investigaram o Bacillus subtilis em
forma de bastonete, comumente encontrado no solo, em vacas e até nos humanos.
A equipe estabeleceu uma linha do tempo de expressão genética do biofilme
conforme ele se desenvolvia, começando com algumas células iniciais
até dois meses de idade. Além disso, os cientistas compararam os produtos dos
genes com os de outras bactérias da sua árvore genealógica, mapeando os
relacionamentos evolutivos.
“Surpreendentemente, descobrimos que
os genes evolutivos mais jovens foram cada vez mais expressos em relação aos
pontos temporais posteriores do crescimento do biofilme”, explicou
Tomislav Domazet-Lošo, da Universidade Católica da Croácia. A ordem da
expressão gênica durante o crescimento da estrutura reflete o tempo de evolução
[sic] desses genes. O mecanismo é semelhante ao que embriões animais em
desenvolvimento possuem.
Esta, porém, não é a única maneira em
que os biofilmes se assemelham aos embriões animais. Há também a
organização passo a passo da expressão gênica. Ela representa um aumento na
comunicação entre as células durante o desenvolvimento, o que, no caso dos
biofilmes, coincide com o aparecimento de rugas 3D. “Isso significa que as
bactérias são verdadeiros organismos multicelulares como nós”, destacou
Domazet-Lošo. “Considerando que os fósseis mais antigos conhecidos
são biofilmes bacterianos, é bem provável que a primeira vida também fosse
multicelular, e não uma criatura unicelular como considerado até
agora”, finalizou.
Para chegar a essa conclusão, os
pesquisadores utilizaram um novo método, conhecido como filoestratigrafia, e
ainda há certa dúvida sobre sua confiabilidade. Além disso, a equipe
afirma que os resultados são limitados a biofilmes de uma única espécie e em
condições laboratoriais. Apesar disso, os pesquisadores concluíram que “é
indiscutível que a célula é a unidade básica da vida; no entanto, isso não
implica prontamente que a primeira vida foi estritamente unicelular”.
(Olhar Digital)
Nota:
Quanto mais o tempo avança e mais pesquisas são feitas, mais se percebe que a
vida “começou” com toda a complexidade conhecida hoje e necessária desde
sempre. A hipótese do “surgimento” da vida a partir da não vida, de maneira
rudimentar e aleatória, vai sofrendo golpe após golpe, e fortalecendo a ficção
científica chamada “panspermia cósmica” (ato de jogar a “batata quente” para
fora). [MB]
O
paper original (open access) pode ser baixado aqui.
Assista ao vídeo "Panspermia cósmica: o retorno"