quinta-feira, janeiro 05, 2023

Universidade de Oxford conclui que todos nós somos parentes

Pesquisadores usaram 3.601 genomas modernos e oito genomas antigos como base para provar nossa ancestralidade.

Fazer sua própria árvore genealógica é uma atividade comum nos primeiros anos de escola. A ideia é começar por você e ir listando seus antepassados, os antepassados dos seus antepassados, os antepassados deles e por aí vai. Entretanto, pesquisadores da Universidade de Oxford elevaram o nível dessa tarefa escolar: fizeram a árvore genealógica de toda a humanidade. De acordo com essa pesquisa, todos nós somos parentes. A conclusão vem após o estudo de 3.601 genomas modernos e oito genomas antigos.

“Os seres humanos estão todos relacionados entre si”, diz Gil McVean, da Universidade de Oxford. “O que eu sempre quis fazer é ser capaz de representar a totalidade do que podemos aprender sobre a história humana por meio dessa genealogia”. Para o pesquisador, agora há a possibilidade de construir a genealogia de todos. Dessa forma, segundo ele, as pessoas podem dar descrições mais complexas de si, ao invés de falar simplesmente: “Sou europeu” ou “Sou africano”.

A árvore genealógica feita por Oxford aponta que nossas raízes começam no nordeste da África. Além disso, dá pistas de que as pessoas chegaram à Nova Guiné e às Américas milhares de anos antes do que está nos registros arqueológicos. O mais provável, de acordo com os cientistas, é que os seres humanos se desenvolveram primeiro no continente africano – mais especificamente na região onde hoje é o Sudão. Depois, começaram as suas migrações.

Entretanto, essa teoria é considerada “simplista” por muitos arqueólogos e antropólogos. A maioria deles acredita que havia povos espalhados por toda a África, que, às vezes, eram separados ou cruzados. Dessa forma, a humanidade teria não apenas uma origem, mas várias.

McVean disse que a descoberta da árvore genealógica também é compatível com essa teoria. “Há linhagens muito profundas na África que sugerem a noção de que existem populações de origem múltipla, profundamente divergentes, representando divisões realmente antigas”, completa.

Gil McVean acredita que há três possíveis soluções para esse dilema: a primeira é de que a pesquisa está errada e a segunda é de que as pessoas estiveram em outros lugares antes de estarem na África. Entretanto, a terceira explora um cenário um pouco mais complexo. Segundo o pesquisador, as primeiras pessoas que povoaram as Américas vieram do leste da Ásia. A teoria é de que a população de onde elas vieram tenha morrido por lá. Isso significaria que, na verdade, os genes da população americana sejam variantes de pessoas que vieram da Ásia.

A trajetória completa dos seres humanos ainda está longe de ser completa. Entretanto, já se sabe o bastante para dizer que nossos ancestrais são os mesmos se colocarmos galhos suficientes na árvore. Além disso, à medida que novos genomas são sequenciados e catalogados, a estrutura fica ainda mais abrangente.

(New Scientist, via Escola Educação)