Argumento ideal para o decreto |
O papa
Francisco lamentou o abandono da tradicional prática cristã de não
trabalhar aos domingos, dizendo que isso tem um impacto negativo na família e
nas amizades. O pontífice viajou no sábado (5) para Molise, uma região rural no
coração do sul da Itália onde o desemprego alto é crônico. Ao dizer que os
pobres precisam de trabalho para poder ter dignidade, Francisco sustentou que a
abertura de lojas e outros negócios aos domingos como uma forma de criar vagas
de trabalho, entretanto, não é benéfica para a sociedade. Francisco disse que a
prioridade deveria ser “não econômica, mas humana”, e que o foco tem de ser
colocado nas relações familiares e de amizade, e não nas comerciais. “Talvez
seja hora de nos perguntarmos se trabalhar aos domingos é liberdade verdadeira”,
afirmou.
O
papa argumentou ainda que passar os domingos com a família e os amigos é um “código
ético” tanto para fiéis como para os que não creem.
Nota:
No que diz respeito ao argumento, o papa Francisco está coberto de razão. As
famílias, de fato, precisam de tempo para cultivar relacionamentos mais
profundos. Os trabalhadores, certamente, têm direito a um dia de descanso. Parar
um dia na semana para priorizar o descanso e os relacionamentos, sem dúvida, é
a proposta ideal para solucionar muitas injustiças sociais. O problema está no
dia proposto. Biblicamente falando (confira aqui),
o sábado sempre foi – é e será – o memorial da criação e sinal de autoridade do
Criador (Ezequiel 20:20). É o verdadeiro dia da família e de descanso,
estabelecido pelo próprio Deus. Séculos atrás, o papado mudou o dia de descanso
do sábado para o domingo e alegou que fez isso pelo suposto poder conferido por
Deus ao pontífice de Roma. Assim, se o sábado é o selo/sinal/memorial da autoridade do Criador, o domingo é o sinal da autoridade papal, humana. A lei de Deus – os dez mandamentos escritos em
tábuas de pedra pelo próprio Criador do Universo (Êxodo 20) – é eterna e
imutável como o próprio Legislador que a deu à humanidade (Mateus 5:17, 18). A
principal justificativa dada para a mudança do dia de guarda tem sido a
ressurreição de Cristo no domingo. Ocorre que não há uma passagem sequer – nem uma!
– dizendo que Jesus teria mudado o dia de guarda do sábado para o domingo, quer
antes, quer depois da ressurreição – tanto é que Seus seguidores, incluindo a
mãe dEle, Maria, os discípulos e o apóstolo Paulo, continuaram guardando o
sábado após a morte e a ascensão do Mestre (confira). A “justificativa” para o descanso
dominical, agora, é mais sutil e adaptada a esta época secularizada. Além do argumento ECOmênico de salvar o planeta (o papa Bento sugeriu que o domingo fosse usado como um dia de “baixo carbono”), há também
essa pregação de Francisco em favor dos trabalhadores, da família e da liberdade. Quem, em
são juízo, poderá argumentar contra essa proposta maravilhosa? E a minoria que insistir
na santificação do sábado (por ser fiel à Palavra de Deus), será vista como “inimiga
da sociedade”, teimosa, radical, fundamentalista, etc. Apoio à proposta papal
já existe por parte do Parlamento Europeu (confira) e em algumas cidades, como em Santa Maria, RS, por exemplo (confira). Portanto, está mais fácil do que nunca a imposição de um dia de descanso que
terá aceitação universal. [MB]