quinta-feira, agosto 02, 2018

Dawkins condena doutrinação religiosa, mas prega para crianças


Primeiro Richard Dawkins produziu sua obra-prima ateísta Deus, um Delírio, com sua filosofia e teologia profundas como um pires e a contradição revelada em poucas páginas de leitura. Enquanto na capa chama a crença em Deus de um delírio, dentro do livro admite que não é possível provar cem por cento que Deus não exista. Portanto, a propaganda enganosa em forma de literatura deveria se chamar Deus, Quase um Delírio, ou algo assim. Certa vez, Dawkins foi entrevistar outro ateu famoso, mas não tão engajado, o físico Stephen Hawking, e eu me diverti com uma das perguntas que Hawking fez ao conterrâneo: “Por que você anda tão obcecado com Deus?” E não é que é verdade? Dawkins afirma que Deus não existe, mas vive incomodado com Deus e tenta fazer com que todos adotem a descrença dele. É um evangelista do ateísmo. Um pregador da descrença. Na entrevista, ele diz que é mal-intencionado e cômodo observar a natureza e dizer que “Deus fez”. Só que Dawkins se esquece – ou faz de conta – que os primeiros cientistas, os fundadores do método científico foram motivados justamente pela vontade de descobrir como Deus criou o Universo. Ignora ou deixa de lado a constatação de que outro inglês, Sir Isaac Newton, um dos “pais da ciência” e descobridor do cálculo, acreditava em Deus e publicou tanto sobre física e matemática quanto sobre teologia bíblica. Mas Dawkins não quer que ninguém saiba disso; não quer que as pessoas saibam que a fé cristã é bastante racional e que é possível desafiar o ateísmo com bons argumentos apologéticos. E a melhor forma de fazer isso é focar nas novas gerações, escrevendo seus delírios para as crianças.

É exatamente isso o que o biólogo inglês está fazendo agora. Em seu Twitter ele disse que está empenhado na redação de dois livros ateístas para crianças. Logo ele, que já condenou a doutrinação religiosa, agora está querendo doutrinar os pequenos com suas ideias de militante ateu. Na verdade, Dawkins já escreveu um livro com foco no público mais jovem. Trata-se do A Magia da Realidade, livro ricamente ilustrado em papel cuchê, com capa dura e cheio de doutrinação ateia e afirmações metafísicas. Além disso, até um retiro ateu para crianças ele já organizou (confira).


Infelizmente, com certeza, serão mais dois livros ateus a fazer coro com tantos outros já publicados por grandes editoras brasileiras. Digo infelizmente porque nos Estados Unidos a discussão é bem mais aberta e equilibrada, com ótimos livros publicados por ambos os lados: crentes e descrentes. Algo bem diferente da nossa realidade aqui nas terras de Vera Cruz.

Esse anúncio de Dawkins nos faz pensar mais uma vez no grande desafio de produzir materiais e conteúdos infantis para fazer frente a toda essa doutrinação anticriacionista. As crianças já estão sendo ensinadas a acreditar que Adão e Eva fazem parte de um conto da carochinha; que gênero é algo que se escolhe, não uma criação divina; que casamento é a união entre duas ou mais pessoas independentemente do sexo. Agora só falta mesmo o último prego no caixão: fazer com que elas creiam que Deus não existe e que, portanto, tudo realmente é permitido.

A advertência de Jesus continua ecoando no século 21: “Qualquer que fizer tropeçar um destes pequeninos que creem em Mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e se submergisse na profundeza do mar” (Mateus 18:6).

Michelson Borges