Com que o mundo pré-diluviano se parecia? Onde
estava o jardim do Éden? Em quais regiões do mundo os dinossauros habitavam? Essas
são algumas perguntas que a Bíblia não responde, por isso, partindo da história
registrada na Bíblia, e indo à natureza a fim de complementar as respostas, nós
nos deparamos com uma área do conhecimento humano muito importante para
entender o episódio bíblico do dilúvio: a Geologia. O problema é que por muito tempo os
cientistas criacionistas se utilizaram de interpretações geológicas evolucionistas
em seus estudos em relação às configurações continentais e à geografia
pré-diluviana, mas graças a verbas direcionadas a boas pesquisas criacionistas, tal
como as do Departamento de Geologia do Institute
for Creation Research (ICR), que recentemente desenvolveu e publicou um estudo
revisado por pares, publicado no periódico Answers
Research Journal, de autoria do geólogo Dr. Tim Clarey e do estudante de
Geologia Davis J. Werner.
Esse estudo é o primeiro a desafiar essa
questão ao usar dados estratigráficos
de rochas de todo o mundo, analisando as espessuras dos vários
intervalos de megasequências, a fim de fazer inferências razoáveis sobre a
topografia relativa do mundo pré-diluviano.1,2
Em relação ao conjunto de dados
utilizados na metodologia do estudo, foram analisados mais de 1.500 colunas
estratigráficas da América do Norte, África, Oriente Médio e América do Sul. Cada
coluna de rocha foi compilada a partir de dados de afloramentos publicados,
poços de petróleo, núcleos, secções transversais e/ou dados sísmicos ligados a
furos. Os dados de tipo de rocha e megassequência foram colocados em um
banco de dados, permitindo a geração de mapas de espessura para todos os seis
intervalos de megassequência.
Esses dados foram usados para criar um
modelo estratigráfico tridimensional em cada um dos três continentes estudados
até o momento. Quando foram examinadas megassequência por megassequência, esses
modelos permitiram visualizar de forma parcial o relevo geográfico pré-diluviano.
Portanto, é uma pesquisa ainda em andamento. As próximas descobertas trarão mais
luz sobre essa questão.
Mas o interessante é que por meio dessa
pesquisa inicial os autores puderam visualizar como era o único supercontinente
pré-diluviano que os autores do estudo chamam de Pangea (outros, porém, o
chamam de Rodínia;3 saiba mais
na entrevista realizada com o geólogo Dr. Marcos Natal).
Figura 1 - Mapa pré-diluviano mostrando a proposta
Península dos Dinossauros, uma massa de terra de baixa altitude que se estende
de Minnesota ao Novo México, provavelmente habitada por plantas de vegetação de várzea pré-diluvianas e animais, incluindo dinossauros
Em 2015, no início do estudo, os
pesquisadores identificaram uma massa pré-diluviana em todos os Estados Unidos
da América que se estendeu de Minnesota para o Novo México, a qual eles chamaram
de “Península dos dinossauros” (Figura 1).4 Essa região era provavelmente habitada por
vegetação de várzea (de planícies inundáveis) e animais, incluindo os dinossauros.
Eles descobriram
que a deposição dos primeiros sedimentos do dilúvio (as Megassequências Sauk,
Tippecanoe e Kaskaskia) era mais espessa no leste e distante no oeste dos EUA,
incluindo o Grand Canyon. Em contraste, os primeiros depósitos de
inundação em grande parte do centro do país têm geralmente menos de algumas
centenas de metros de profundidade e, em muitos lugares, não houve depósito
algum. Eles concluíram:
"Parece que os dinossauros foram capazes de sobreviver através do início do dilúvio no Ocidente simplesmente porque eles foram capazes de se reunir e se arrastar para os elevados terrestres remanescentes – lugares onde os depósitos sedimentares relacionados não são tão profundos – enquanto as águas da inundação avançavam. Dessa forma, os dinossauros conseguiram escapar do enterro no início do dilúvio."
"Parece que os dinossauros foram capazes de sobreviver através do início do dilúvio no Ocidente simplesmente porque eles foram capazes de se reunir e se arrastar para os elevados terrestres remanescentes – lugares onde os depósitos sedimentares relacionados não são tão profundos – enquanto as águas da inundação avançavam. Dessa forma, os dinossauros conseguiram escapar do enterro no início do dilúvio."
Outro ponto
interessante diz respeito à existência de mares rasos. Os resultados indicaram
que mares rasos existiram em grande parte do leste e sudoeste dos EUA
(incluindo o Grand Canyon) e no norte da África e no Oriente Médio, onde as
três primeiras megassequências foram depositadas.2 As áreas
mostram uma extensa deposição de sedimentos precoces e contêm quase exclusivamente
a fauna marinha rasa. Não há praticamente árvores ou animais terrestres
nessas megassequências. Aparentemente, apenas quantidades limitadas de
terra foram inundadas nesse estágio no dilúvio. Além disso, o estudo ainda
descreve as áreas de terras baixas e as áreas de planalto (como pode ser visto na Figura 2), bem como sobre a
posição do jardim do Éden nessa configuração geográfica pré-diluviana.2
Vale a pena a leitura completa do estudo!
Figura 2 - Mapa de geografia pré-diluviana para a
América do Norte, África e América do Sul combinado em uma configuração
semelhante ao Rodínia. É provável que as massas de terra continuaram a
leste, perto da Groenlândia (Europa) e da África (Índia). Observe que a
borda oeste da América do Norte não inclui a maioria dos estados da Costa
Oeste, já que esses terrenos foram adicionados mais tarde durante o movimento
da placa como parte do dilúvio. Além disso, grande parte da América
Central não é mostrada, uma vez que foi formada a partir da atividade durante o dilúvio
Em suma, o
mapa acima (Figura 2) reflete a
pesquisa mais recente liderada pelo Dr. Clarey que dá um vislumbre inicial
sobre o que o resto da América do Norte e do Sul, África e oriente médio podem
ter parecido antes do dilúvio de Noé.
(Fernando Alves)
Referências:
1. Clarey TL, Werner DJ. The Sedimentary
Record Demonstrates Minimal Flooding of the Continents During Sauk Deposition.
Answers Research Journal 2017; 10:271-283.
2. Clarey TL. Assembling
the Pre-Flood World. Acts & Facts 2018; 47(4):11-13. Disponível em: http://www.icr.org/i/pdf/af/af1804.pdf
3. Snelling AA. Geological
Issues: Charting a scheme for correlating the rock layers with the Biblical
record. In: Boyd SW, Snelling AA. (Eds.). Grappling with the Chronology
of the Genesis Flood. Green Forest, AR: Master Books, 2014, pp. 77-109.
4. Clarey TL. Dinosaur Fossils in Late-Flood
Rocks. Acts & Facts 2015; 44(2):16. Disponível em: http://www.icr.org/i/pdf/af/af1502.pdf