Fóssil de um Scansoriopteryx |
Artigo
científico publicado no Journal of Ornithology informa que uma análise com
microscopia eletrônica digital de um fóssil de Scansoriopteryx, uma espécie pré-arqueoptérix do
tamanho de um pardal datada do período Jurássico, fornece novas evidências que
desafiam a hipótese amplamente aceita e trombeteada ao longo dos anos em
publicações científicas e na mídia popular de que aves teriam evoluído a partir
de dinossauros. Ao contrário das interpretações anteriores em que o Scansoriopteryx foi considerado um
dinossauro celurossauro terópode, a ausência de características fundamentais de
dinossauros demonstra que ele não derivou de um ancestral dinossauro e não deve
ser considerado como um dinossauro terópode.
Trata-se
de um artigo científico com revisão por pares, mas duvido que será divulgado na
grande imprensa, em revistas como Veja,
Galileu e Superinteressante. É o tipo de assunto que mereceria uma capa na National Geographic, mas revistas como
essas, comprometidas com o naturalismo filosófico e com o evolucionismo,
geralmente não dão destaque (no máximo uma matéria interna ou uma nota) para
pesquisas que colocam em xeque a história da evolução.
Em
2008, num estudo publicado na revista PLoS
One, pesquisadores alegavam ter descoberto um dinossauro que respirava
como as aves. O artigo é quase todo baseado em mera especulação, mas o
estudo foi promovido pelos meios de comunicação populares como um fato
irrefutável. Foi até capa de revistas! Mas uma pesquisa mais recente, publicada
no Journal of Morphology, conduzida
por cientistas da Universidade Estadual de Oregon, nos Estados
Unidos, analisou a capacidade pulmonar das aves e sugeriu que é
improvável que elas descendam de algum tipo de dinossauro. Segundo os
pesquisadores, “as conclusões juntam-se a outras evidências que podem,
finalmente, forçar muitos paleontólogos a reconsiderar a longa crença segundo a
qual as aves modernas seriam descendentes diretos de muitos dinossauros
carnívoros”.
Conforme informa Everton Alves em artigo publicado aqui no blog, “as aves necessitam cerca de 20 vezes mais oxigênio do que os répteis, e é sua estrutura pulmonar única que lhes permite absorver tanto oxigênio. O fêmur delas fixo é o esteio dos pulmões e previne seu colapso. Acerca disso, os pesquisadores fazem a seguinte alegação: ‘Há muito que os cientistas sabem que o fêmur dos pássaros é fixo, ao contrário do fêmur dos animais terrestres, que é móvel. O que até hoje ainda ninguém tinha descoberto é que é o fato de o fêmur das aves ser estático que impede que seus sacos aéreos entrem em colapso cada vez que elas respiram.’ Como vemos, basta deslocar um pouco que seja a posição do fêmur da ave e ela morrerá.”
Mas, então, por que a persistência nessa relação dinossauro-ave? John Ruben cita algumas razões: “Francamente, há muita política de museu envolvida nesse assunto, muitas carreiras comprometidas com um ponto de vista particular, mesmo se novas evidências científicas levantem questões.”
É
bem como escreveu Thomas Kuhn, em seu ótimo A
Estrutura das Revoluções Científicas: alguns paradigmas só se sustentam
pela teimosia dos que os defendem, e é preciso que muitas evidências contrárias
se acumulem até que a comunidade científica admita que estava pensando de
maneira errada sobre certo modelo.
Será
que veremos esse dia chegar, no que diz respeito à teoria da macroevolução?
Michelson Borges