Pôncio Pilatos é, sem dúvida, um dos oficiais romanos mais conhecidos no
mundo, especialmente por ter sido responsável pela sentença de morte de Jesus
Cristo. Além dos relatos descritos nos Evangelhos,
pouco se sabe sobre ele. A maioria das informações existentes referentes a ele provém
do trabalho dos antigos historiadores Flávio Josefo e de Tácito.[1,
3] Nesse sentido, devido à escassez de documentos que comprovassem sua
existência, para os céticos esse personagem que “lavou as mãos” não passava de
lenda cristã.[1] Entretanto, no fim de novembro, a mídia internacional divulgou
uma descoberta inesperada, especialmente no mundo arqueológico:[1] foi
decifrada a inscrição de um artefato histórico que pode comprovar a existência desse
procurador romano, ligado à morte de Jesus de Nazaré. Um intrigante anel de liga de cobre
com dois mil anos de idade, com a inscrição “de Pilatus”, é indicado como o
segundo artefato que atesta a historicidade do Pôncio Pilatos mencionado nas
Escrituras.[4] Descoberto há 50 anos pelo
arqueólogo israelense Gideon Förster, que liderou uma escavação na Colina do
Herodion, a leste de Belém, o anel foi negligenciado até recentemente,
quando o atual diretor de escavações Roi Porat
solicitou que o artefato recebesse uma limpeza adequada e um olhar diferenciado.
Através de câmeras especiais, com melhores
recursos tecnológicos, o anel revelou seu segredo: além da imagem de um krater (vaso para armazenar vinho), pôde-se perceber a inscrição do nome Πιλᾶτο (Pilato) escrito em grego.[2, 3] A
análise científica do anel foi publicada em 29 de novembro, no célebre Israel Exploration Journal.[2]
Existem ainda algumas especulações quanto à ligação do
anel de vedação à figura de Pilatos, devido ao fato de o artefato ser de cobre
e não de ouro, como era esperado, em virtude da posição hierárquica de Pilatos,
mas, mesmo diante desse
questionamento, o próprio Porat indica outra perspectiva: “E se, talvez,
Pilatos tivesse um anel de ouro para tarefas cerimoniais e um simples anel de
cobre para uso diário?” Os especialistas também avaliam
a possibilidade de o anel ter sido usado por um membro da corte de Pilatos para
assinar documentos em seu nome, como uma espécie de carimbo oficial.[2]
É importante salientar que “Pilatos” não era um nome comum na província
da Judeia. “Eu não conheço nenhum outro Pilatos
da época, e o anel mostra que ele era uma pessoa de estatura e riqueza”, diz o
professor Danny Schwartz, da Universidade Hebraica.[4] Outro ponto
importante é que o selo inscrito indica status
de cavalaria na sociedade romana, levando os historiadores a acreditar que o
anel realmente pertencia ao Pôncio Pilatos bíblico.[1, 2, 4] Na época em que
Jesus foi crucificado, Pilatos era o “prefeito” romano da Judeia, o quinto da
linha hierárquica, tendo respaldo legal para sentenciar penas de morte, como no
caso de Jesus, que foi executado em seu governo.[2, 4]
Outro fator que também reforça a conexão do anel com
a figura do governador romano bíblico está no local onde o anel foi encontrado.
Sabe-se que ele usou os antigos palácios de Herodes, como suas próprias
residências em Cesareia e em Jerusalém, portanto, há fortes razões para
acreditar que o palácio de Herodes em Herodium tenha sido usado como centro
administrativo romano.[3]
A repercussão dessas informações
também foi forte no Brasil, tendo destaque no programa “Fantástico” do domingo,
dia 23. Mas, afinal, o que torna a descoberta do significado das escritas desse
anel tão importante? Esse novo fato
corrobora outros dados encontrados
anteriormente, como a Pedra de Pilatos,
descoberta em 1961 nas
escavações em Cesareia, relatos do historiador Josefo e a própria Bíblia, indicando que havia de fato um
governador romano na Judeia, na época de Jesus, chamado Pilatos.[2]
Nota: Apesar das muitas evidências arqueológicas encontradas que
relacionam fatos históricos mencionados na Bíblia, a veracidade das Escrituras Sagradas
ainda é contestada por muitos céticos. A confirmação da existência de Pilatos é,
de fato, extraordinária porque, por meio dessa informação, pode-se constatar a
autenticidade dos Evangelhos bíblicos, bem como a existência de seus
personagens. Esse simples anel de cobre, outrora esquecido, é responsável por
dar credibilidade à existência do personagem principal de toda a Bíblia Sagrada,
e autor de toda a vida: nosso Senhor Jesus Cristo. Resta o sentimento de que
esse seja somente o primeiro capítulo das muitas descobertas que virão
intensificar a concepção de que ciência e fé estão intrinsecamente conectadas, e
que por meio das Escrituras podem-se obter não apenas genuínos dados
históricos, mas também informações imprescindíveis à compreensão da origem da
vida na Terra e da existência do plano de salvação.
(Liziane Nunes Conrad Costa é presidente do Núcleo Cascavelense da SCB
[Nuvel-SCB], bacharel e
licenciada em Ciências
Biológicas com ênfase em Biotecnologia [UNIPAR], especialista em
Morfofisiologia Animal [UFLA] e mestranda em Biociências e Saúde [UNIOESTE])
Referências:
1. The New York Times https://www.nytimes.com/2018/11/30/world/middleeast/pontius-pilate-ring.html
[acessado em 25/12/2018]
2.Shua Amorai-Stark, Malka Hershkovitz, Gideon
Foerster, Yakov Kalman, Rachel Chachy, and Roi Porat, “An Inscribed
Copper-Alloy Finger Ring from Herodium Depicting a Krater,” Israel Exploration Journal 68:2 (2018), p. 217.
3-Haaretz
– https://www.haaretz.com/israel-news/.premium-ring-of-roman-governor-pontius-pilate-who-executed-jesus-found-in-herodion-site-1.6699353
[acessado em 25/12/2018]
4-Times
of Israel- https://www.timesofisrael.com/2000-year-old-ring-engraved-with-pilate-may-have-belonged-to-notorious-ruler/ [acessado em 25/12/2018]
Leia mais sobre o assunto
em:
Fantástico:
https://www.youtube.com/watch?v=n6p3AekFH9I