quinta-feira, dezembro 27, 2018

Anel de dois mil anos ajuda a comprovar veracidade dos evangelhos


Pôncio Pilatos é, sem dúvida, um dos oficiais romanos mais conhecidos no mundo, especialmente por ter sido responsável pela sentença de morte de Jesus Cristo. Além dos relatos descritos nos Evangelhos, pouco se sabe sobre ele. A maioria das informações existentes referentes a ele provém do trabalho dos antigos historiadores Flávio Josefo e de Tácito.[1, 3] Nesse sentido, devido à escassez de documentos que comprovassem sua existência, para os céticos esse personagem que “lavou as mãos” não passava de lenda cristã.[1] Entretanto, no fim de novembro, a mídia internacional divulgou uma descoberta inesperada, especialmente no mundo arqueológico:[1] foi decifrada a inscrição de um artefato histórico que pode comprovar a existência desse procurador romano, ligado à morte de Jesus de Nazaré. Um intrigante anel de liga de cobre com dois mil anos de idade, com a inscrição “de Pilatus”, é indicado como o segundo artefato que atesta a historicidade do Pôncio Pilatos mencionado nas Escrituras.[4] Descoberto há 50 anos pelo arqueólogo israelense Gideon Förster, que liderou uma escavação na Colina do Herodion, a leste de Belém, o anel foi negligenciado até recentemente, quando o atual diretor de escavações Roi Porat solicitou que o artefato recebesse uma limpeza adequada e um olhar diferenciado. Através de câmeras especiais, com melhores recursos tecnológicos, o anel revelou seu segredo: além da imagem de um krater (vaso para armazenar vinho), pôde-se perceber a inscrição do nome Πιλᾶτο (Pilato) escrito em grego.[2, 3] A análise científica do anel foi publicada em 29 de novembro, no célebre Israel Exploration Journal.[2]

Existem ainda algumas especulações quanto à ligação do anel de vedação à figura de Pilatos, devido ao fato de o artefato ser de cobre e não de ouro, como era esperado, em virtude da posição hierárquica de Pilatos, mas, mesmo diante desse questionamento, o próprio Porat indica outra perspectiva: “E se, talvez, Pilatos tivesse um anel de ouro para tarefas cerimoniais e um simples anel de cobre para uso diário?” Os especialistas também avaliam a possibilidade de o anel ter sido usado por um membro da corte de Pilatos para assinar documentos em seu nome, como uma espécie de carimbo oficial.[2]

É importante salientar que “Pilatos” não era um nome comum na província da Judeia. “Eu não conheço nenhum outro Pilatos da época, e o anel mostra que ele era uma pessoa de estatura e riqueza”, diz o professor Danny Schwartz, da Universidade Hebraica.[4] Outro ponto importante é que o selo inscrito indica status de cavalaria na sociedade romana, levando os historiadores a acreditar que o anel realmente pertencia ao Pôncio Pilatos bíblico.[1, 2, 4] Na época em que Jesus foi crucificado, Pilatos era o “prefeito” romano da Judeia, o quinto da linha hierárquica, tendo respaldo legal para sentenciar penas de morte, como no caso de Jesus, que foi executado em seu governo.[2, 4]

Outro fator que também reforça a conexão do anel com a figura do governador romano bíblico está no local onde o anel foi encontrado. Sabe-se que ele usou os antigos palácios de Herodes, como suas próprias residências em Cesareia e em Jerusalém, portanto, há fortes razões para acreditar que o palácio de Herodes em Herodium tenha sido usado como centro administrativo romano.[3] 

A repercussão dessas informações também foi forte no Brasil, tendo destaque no programa “Fantástico” do domingo, dia 23. Mas, afinal, o que torna a descoberta do significado das escritas desse anel tão importante? Esse novo fato corrobora outros dados encontrados anteriormente, como a  Pedra de Pilatos, descoberta em 1961 nas escavações em Cesareia, relatos do historiador Josefo e a própria Bíblia, indicando que havia de fato um governador romano na Judeia, na época de Jesus, chamado Pilatos.[2]

Nota: Apesar das muitas evidências arqueológicas encontradas que relacionam fatos históricos mencionados na Bíblia, a veracidade das Escrituras Sagradas ainda é contestada por muitos céticos. A confirmação da existência de Pilatos é, de fato, extraordinária porque, por meio dessa informação, pode-se constatar a autenticidade dos Evangelhos bíblicos, bem como a existência de seus personagens. Esse simples anel de cobre, outrora esquecido, é responsável por dar credibilidade à existência do personagem principal de toda a Bíblia Sagrada, e autor de toda a vida: nosso Senhor Jesus Cristo. Resta o sentimento de que esse seja somente o primeiro capítulo das muitas descobertas que virão intensificar a concepção de que ciência e fé estão intrinsecamente conectadas, e que por meio das Escrituras podem-se obter não apenas genuínos dados históricos, mas também informações imprescindíveis à compreensão da origem da vida na Terra e da existência do plano de salvação.

(Liziane Nunes Conrad Costa é presidente do Núcleo Cascavelense da SCB [Nuvel-SCB], bacharel e licenciada em Ciências Biológicas com ênfase em Biotecnologia [UNIPAR], especialista em Morfofisiologia Animal [UFLA] e mestranda em Biociências e Saúde [UNIOESTE])

Referências:
2.Shua Amorai-Stark, Malka Hershkovitz, Gideon Foerster, Yakov Kalman, Rachel Chachy, and Roi Porat, “An Inscribed Copper-Alloy Finger Ring from Herodium Depicting a Krater,” Israel Exploration Journal 68:2 (2018), p. 217.

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