Uma breve reflexão sobre o progresso das pesquisas
com hibridização
Recentes notícias têm
divulgado as pesquisas realizadas com embriões de animais híbridos com
células-tronco humanas, tendo ficado conhecida uma hibridização entre humano e
macaco. As pesquisas são realizadas em países orientais com o apoio de
instituições europeias e norte-americanas. Qual o objetivo dessas pesquisas?
Fazer com que os animais desenvolvam órgãos humanos que possam ser utilizados
em transplantes para humanos, resolvendo, assim, a grande demanda existente por
esses órgãos. Entretanto, existem pesquisadores que comentam estarem achando os
experimentos mais interessantes que os próprios benefícios que poderiam ser
obtidos.
Ao mesmo tempo,
questões bioéticas são levantadas, como a possibilidade da transferência para
humanos, através desses órgãos, de DNA viral presente unicamente em animais,
causando novas doenças. Outra séria implicação ética é a possibilidade do
desenvolvimento de um sistema nervoso central nesses animais a partir de
células-tronco humanas.
Os dados científicos
apontam fortemente que a mente humana é formada por meio da atividade do cérebro,
o qual possui funções cognitivas especiais, como uma percepção racional única
da própria existência, a interpretação do significado das emoções, inteligência
e raciocínio muito elevados, capacidade excepcional para comportamentos como a
moralidade, entre outros. Essas características funcionais do cérebro humano,
desenvolvidas a partir de sua programação genética, formação estrutural e
conexões neuronais químicas e elétricas trabalhando incessantemente, formam o
que chamamos de consciência humana.
O que aconteceria se
um desses animais desenvolvesse funções cognitivas semelhantes às humanas?
Tente imaginar um ser com uma consciência semelhante à humana, mas no corpo de
um macaco ou de um porco. Creio que poderíamos considerar como o auge das
aberrações, e o Planeta dos Macacos poderia estar mais próximo
do que se imaginava!
Para escapar das
implicações éticas, os pesquisadores ressaltam que nenhum embrião é levado a
mais de 14 dias de vida. Sendo assim, tempo insuficiente para o desenvolvimento
de tecido nervoso. Relatam também que o material genético é editado para que os
vírus não consigam passar para as células humanas nem as células-tronco se
diferenciarem em tecido neural.
Ainda assim, tomando
todos esses cuidados, precisamos lembrar que a biologia e a medicina não são
ciências exatas, justamente por não conhecermos todas as variáveis envolvidas.
E imprevistos podem, nesse caso, gerar as gravíssimas consequências mencionadas
acima.
De todo modo, os
cientistas reconhecem que para as pesquisas avançarem a qualquer momento terá
que ser permitido o desenvolvimento completo do embrião. E o Japão acaba de
fazer isso, liberando o nascimento desses seres híbridos.
Mesmo que as alegadas
medidas de segurança continuem sendo seguidas e sejam funcionais, qual passo
será tomado quando se obtiver sucesso em produzir os órgãos atualmente
desejados? Afinal, células-tronco neurais humanas já vêm sendo enxertadas no
cérebro de roedores em pesquisas sobre regeneração cerebral.
Izpisúa, um dos
principais pesquisadores nessa área, relata que “a história nos mostra
repetidas vezes que, com o tempo, nossos parâmetros éticos e morais mudam e se
transformam, como o nosso DNA, e o que ontem era eticamente inaceitável, se
isso realmente significar um avanço para o progresso da humanidade, hoje já é
parte essencial de nossas vidas”.
A cosmovisão
criacionista não compactua com o mesmo ponto de vista do pesquisador mencionado
acima. Criacionistas não só acreditam, como possuem evidências científicas de
que existe um padrão moral universal e imutável. E se o progresso científico
esbarra nesses princípios, é a metodologia científica que deve mudar e se
adaptar aos padrões morais, e não o oposto. Criacionistas sabem também que
pesquisas antiéticas não serão suficientes para salvar a humanidade, mas que
essa salvação vem por meio dAquele que lá no Gênesis já avisou que pisaria na
cabeça da serpente.
(Roberto Lenz Betz é médico neurologista e atual
diretor do Núcleo Curitibano da Sociedade Criacionista Brasileira)