sexta-feira, setembro 27, 2019

Uma doce complexidade


Muito pequenas, com o cérebro menor do que uma semente de gergelim e realizando atividades cotidianas tão bem estruturadas e complexas que deixam qualquer um de boca aberta! Existem mais de 20 mil espécies de abelhas. Abordar a quantidade de atividades realizadas por elas com tamanha precisão obviamente não é possível aqui. Então, vamos nos fixar em uma ação específica: a produção do mel.

O mel contém nutrientes, minerais e vitaminas; além disso, possui antioxidantes – especialmente em suas variedades mais escuras. Ele é uma solução concentrada dos açúcares glicose e frutose, com porcentagens menores de mais de 20 açúcares complexos. Apresenta também vestígios de minerais essenciais.

Em tempos antigos, o mel era usado para curar feridas e infecções. Povos da Birmânia utilizavam-no em cadáveres, para preservar o corpo pelo tempo necessário – até que os custos para o funeral fossem arranjados.

O mel cru (aquele não tratado termicamente) apresenta componentes com características antibacterianas. Um exemplo é a enzima glicose oxidase; ela é adicionada ao mel pelas abelhas (como um conservante). Quando colocada em contato com a água, promove (a partir da glicose) a liberação lenta de peróxido de hidrogênio (H2O2), que oxida os componentes externos das bactérias, formando buracos na membrana celular e causando a morte do micro-organismo.

O mel produzido a partir da Manuka (Leptospermum scoparium), um arbusto da Nova Zelândia, é conhecido como “mel que cura”. Ele possui uma enzima chamada metilglioxal – com características antibacterianas e virais únicas. Ensaios clínicos com a forma do mel não tratado termicamente foram realizados em hospitais, demonstrando que vírus e bactérias (incluindo as superbactérias resistentes aos antibióticos produzidos pelo ser humano) não são capazes de sobreviver às concentrações elevadas desse mel. Ele também foi testado em processos de cicatrização de feridas de pacientes com o sistema imune comprometido. Os resultados são iniciais, mas promissores.

E a produção do mel, como acontece? As abelhas apresentam dois estômagos, um responsável pela digestão e outro pela retenção do néctar (saco de mel). Entre eles há uma válvula que não permite a mistura do conteúdo dos dois estômagos. Para encherem o estômago com néctar, as abelhas forrageiras visitam até 1.500 flores, e, no retorno para a colmeia, adicionam enzimas a ele (iniciando o processo de conversão em mel). O néctar tem elevada concentração de água (80%); ele passa por um processo de desidratação, decaindo a uma média de 18% de água em seu conteúdo para a produção do mel.

Para que o néctar perca uma porcentagem tão elevada de água algo precisa ser feito. Ao ser depositado nas células (favos), ele fica exposto para alcançar taxas de evaporação mais rápidas. De noite, as coletoras auxiliam nesse processo, batendo as asas vigorosamente na entrada da colmeia e acelerando o processo de evaporação. Parte delas permanece de um lado, aspirando ar, e a outra metade soprando o ar carregado de vapor d’água. Depois de prontas, as células de mel são vedadas com uma tampa de cera. É no inverno que ele será utilizado como fonte de energia para a sobrevivência das abelhas.

Os favos onde o mel é armazenado na colmeia são compostos de cera. Eles possuem o formato hexagonal – design especial que possibilita o acúmulo máximo de mel, com o uso mínimo de cera em sua produção. A resistência dos favos é tanta, que eles já foram recuperados intactos da tumba de faraós e resgatados do fundo do mar sem danos.

Em uma colmeia típica, a quantidade necessária de mel para a manutenção da população no inverno é em média de 27 quilos. A distância média percorrida pelas abelhas, para essa produção, é de cinco milhões de quilômetros de voo.

As abelhas apresentam um biotermostato interno, sendo capazes de identificar quando a colmeia está sob ameaça térmica. Para que a rainha bote ovos, a temperatura da colmeia precisa estar próxima a 34 ºC. Temperaturas muito elevadas levam ao derretimento do favo de mel; muito frias provocam a morte da ninhada.

Quando as temperaturas estão baixas, as abelhas amontoam-se para aquecer a colmeia com seus corpos; quando ela está elevada demais, um alerta é acionado e transmitido para a colônia. Assim, as forrageiras largam seus trabalhos, enchem a boca de água advinda das fontes mais próximas e retornam, espalhando-a nos locais apropriados. O restante delas ventila a colmeia abanando as asas, acelerando, assim, a evaporação da água que ajudará no resfriamento do ambiente.

Como todas essas ações inteligentes e organizadas tiveram início? Qual foi a primeira abelha a iniciar essa dinâmica? Como foi a incorporação dessas ações no padrão genético e a transmissão às futuras gerações? Os processos evolutivos aleatórios, destituídos de propósito (que teriam levado milhões de anos para se desenvolver), seriam capazes de explicar a origem das abelhas com toda essa bagagem?

Moema Rúbia Patriota

Referências:
Revista: Creation 21(4):48–50, September 1999. A sweet revelation, autor: Tom Hennigan. Retirado de: https://creation.com/a-sweet-revelation This article is from
Revista: Creation 37(1):14–17, January 2015. Honey: A healing gift from the Creator, autor: Patrick Clarke. Retirado de: https://creation.com/gods-healing-gift-of-honey