Estando neste momento cercado por soldados que imagino serem do exército colombiano, dentro das florestas do Golfo de Darién, próximo do Panamá, confio que o Senhor me permitirá passar ileso. Um soldado sem camisa, de pés descalços, fecha a trilha e estendendo uma das mãos segura o guidão da “gorducha” (minha bike). Meu gesto imediato é estender-lhe a mão e o cumprimentar com um “buenos dias”. Seu olhar se fixa nos meus e em seguida percorre rápido a bicicleta, minhas mochilas e acessórios. Com uma expressão desconfiada, também me estende a mão e responde a saudação. Pergunta para onde vou e de onde venho. Caprichando no sotaque espanhol, digo-lhe que vou visitar irmãos de minha igreja em Acandi, que estou treinando e que venho de Unguia. Ele outra vez fixa os olhos nos meus e segura minha mão com firmeza. Fico aguardando outras perguntas. Porém, seu olhar agora é somente de curiosidade e quando me solta a mão, subo na “gorducha” e arranco sem lhe dar chance de outras indagações. À medida que avanço sobre a estreita ponte, espero ouvir um grito de “pare”, mas como não ouço, prossigo adiante.
Desse modo, por um milagre, passo sem ter a bagagem revistada e os documentos examinados. Do outro lado da ponte, me junto novamente ao meu guia motoqueiro e continuamos a jornada por trilhas e florestas e, no fim da tarde, ele me deixa em um vilarejo chamado Penallosa, e diz que a partir deste ponto não corro mais perigo e que basta seguir a estradinha de terra a minha frente que ela vai direto até Acandi. Com uma breve oração nos despedimos.
Realmente, após pedalar o resto do dia, ao declinar o sol no horizonte, chego à última cidade por terra que visitarei na Colômbia. Nela, encontro irmãos da igreja e passo o fim de semana pregando e dando meu testemunho.
A partir de Acandi, tomo um barco até uma vila de pescadores chamada Capurganá. Depois, ainda em lanchas, sigo para outro vilarejo por nome Zapsurro, e deste, após cruzar o Cabo Tiburon, chego finalmente à primeira cidade do Panamá chamada Puerto Obaldia.
Ufa! Finalmente estou em território panamenho. Acho que posso respirar mais aliviado e, deixando definitivamente a Colômbia, posso dizer que até aqui me ajudou o Senhor. Ele foi minha força, meu escudo, meu castelo forte. Somente depois de concluída a história da luta entre o bem e o mal neste planeta é que saberei de quantos perigos meu “anjo da guarda” me livrou ao viajar por regiões dominadas pelo exército das Farcs.
É, continuo seguindo para Atlanta. Estou de pé. Estou inteiro. Posso olhar para traz e dizer: “Meu Deus é poderoso e magnífico em misericórdia e extrema bondade.”
Venha comigo! Estou no Panamá. Vamos juntos para Atlanta porque Deus está aqui.
(George Silva de Souza, atleta e autor livro Conquistando o Brasil)
Nota: O Atleta da Fé, George Silva, está enfrentando grandes dificuldades financeiras para prosseguir nessa missão esportivo-evangelística e precisa urgentemente fazer uma revisão na bicicleta. Ele não me pediu isso, mas eu convido: se você puder colaborar de alguma maneira, escreva para ele: georgepalestras@yahoo.com.br