quarta-feira, março 14, 2018

A morte de Stephen Hawking


Para mim foi como perder um amigo de infância, um parente, alguém chegado. Acompanho a vida e as ideias de Stephen Hawking desde os meus 15 anos, portanto há mais de 30 anos. Em 1989, comprei e devorei a primeira edição de seu aclamado livro Uma Breve História do Tempo. Anos mais tarde, incorporei à minha biblioteca os livros O Universo Numa Casca de Nós, A Teoria de Tudo, escrito pela primeira esposa do físico, e Minha Breve História, uma autobiografia reveladora, depois conto por quê. Cientistas como Carl Sagan e Stephen Hawking ajudaram a aguçar ainda mais meu gosto pela ciência, pela astronomia e pela cosmologia. E por isso sou grato a eles.

A notícia da morte de Hawking aos 76 anos, nesta madrugada, me entristeceu como quando Sagan morreu em 1996, vitimado pelo câncer. Hawking nasceu em 8 de janeiro de 1942, exatamente 300 anos após a morte de Galileu, e morreu no mesmo dia do nascimento de Albert Einstein (14 de março de 1879). Vitimado por uma doença neurodegenerativa, um dos homens mais brilhantes do mundo, cuja mente viajava pelos números e pelo Universo, viveu décadas confinado a uma cadeira de rodas. Confesso que orei muitas vezes por ele.

As frases hawkianas e suas afirmações sobre buracos negros e outros temas complexos sempre ganharam destaque na mídia. Exemplo de superação e determinação, Hawking tinha grande fé na capacidade humana de compreender a realidade. Ele disse certa vez: “Creio que conseguiremos compreender a origem e a estrutura do universo. [...] Em minha opinião, não há nenhum aspecto da realidade fora do alcance da mente humana.”

Infelizmente, Hawking, mesmo contemplando a complexidade do Universo e tendo muito tempo para refletir sobre isso, deixou de perceber o óbvio. Ele também disse: “Eu acredito que a explicação mais simples é: não existe Deus. Ninguém criou o Universo e ninguém dirige nosso destino. Isso me leva ao profundo entendimento de que provavelmente não existe céu nem vida após a morte. Temos apenas esta vida para apreciar o grande projeto do Universo, e sou muito grato por isso.”

Ao mesmo tempo que nega o Criador, o físico usa a expressão “projeto” para se referir ao Universo. Um projeto sem projetista?

Eu disse que o livro Minha Breve História é revelador. Pelo menos para mim foi, especialmente no que diz respeito à descrença do cientista. Na página 91, ele deixa escapar a informação de que teve uma oportunidade de conhecer o Criador do Universo: “Enquanto estive na Califórnia, trabalhei com um aluno de pesquisa no Caltech chamado Don Page. Don tinha nascido e fora criado em uma aldeia do Alasca, onde seus pais eram professores da escola e, junto com ele, eram os únicos não esquimós da região. Ele era cristão evangélico e fez o possível para me converter quando, mais tarde, veio morar conosco em Cambridge. Don costumava ler histórias da Bíblia para mim durante o café da manhã, mas eu lhe disse que conhecia bem a Bíblia do tempo em que morava em Maiorca e porque meu pai costumava lê-la para mim. (Meu pai não era crente, mas achava que a Bíblia do rei James era culturalmente importante.)”

Não, Hawking não conhecia a Bíblia, apenas havia tido uma experiência de leitura forçada na infância que o marcou negativamente e levantou nele uma espécie de “blindagem” contra a Palavra de Deus. (Aliás, Hawking também conhecia alguma coisa do adventismo: confira.)

Hawking não cria na Bíblia nem em Deus, no entanto, assim como Sagan, tinha fé na possibilidade de que um dia façamos contato com extraterrestres. Na verdade, vinha investindo dinheiro em pesquisas cuja finalidade era encontrar evidências de vida inteligente fora da Terra. Morreu sem realizar o grande sonho, assim como Sagan.

Vidas desperdiçadas? Por um lado, não, pois viveram intensamente e deram grande contribuição à ciência, legando conhecimento útil à posteridade. Por outro lado, sim, pois deram as costas a uma possibilidade de pelo menos cinquenta por cento de que exista mesmo um Deus Criador e uma vida eterna nos aguardando. Caso Sagan e Hawking tenham morrido perdidos (e isso é algo que somente Deus poderá determinar), terão desperdiçado a grande oportunidade de estudar de perto e para sempre tudo sobre o que sempre escreveram.

Stephen, traduzido para o português, é Estêvão. O cientista britânico viveu contemplando o céu em busca de respostas, mas ignorou a resposta. Em que condições espirituais ele morreu? Não sabemos. Só Deus sabe. O Estêvão da Bíblia morreu contemplando o céu, mas sabia que lá estava a resposta, cujo nome ele proferiu com suas últimas forças antes de fechar os olhos para este mundo: Jesus Cristo.

Dois Estêvãos, dois destinos selados. Uma breve história ou uma história eterna? Qual será a sua escolha? 

Michelson Borges

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