sexta-feira, maio 11, 2018

O avanço do evolucionismo-teísta no Brasil

Este é um tema que precisa ser mais bem divulgado pela comunidade criacionista no Brasil. Existem situações ainda pouco conhecidas a respeito de uma instituição brasileira divulgadora do evoteísmo. A meu ver, dentro do campo da ciência e religião, esse foi, é e será cada vez mais o maior problema que nós criacionistas literais enfrentaremos no anúncio das boas-novas de um Deus Criador em nosso próprio país. A estratégia usada nesse modelo é a de se misturar verdades com mentiras. Sabemos que esse problema não é novo. A Bíblia diz que o pai dessa ideia foi Satanás, ainda lá no Éden.

Eu sou até certo ponto tolerante e entendo a postura e o modo de pensar de evolucionistas sinceros, mesmo que estes ignorem os atuais dados científicos. Mas quando o assunto é evolucionismo teísta a coisa fica diferente. Saindo do campo científico, mesmo porque essa ideia não se apoia em evidências científicas, e entrando no campo filosófico e teológico (como humano, pessoa que sou), vejo que essa tem sido uma estratégia satânica, um modo de misturar a falsamente chamada ciência com péssima teologia. E esses argumentos evoteístas tem feito um estrago dentro da igreja cristã. Jovens têm sido seduzidos por argumentos que têm como fundamento a areia movediça.

Argumentos que tentam fazer com que jovens aceitem, por exemplo, o princípio da superposição, que diz respeito às diversas camadas geológicas que teriam sido depositadas ao longo de bilhões de anos, e com isso o aceite “lógico” de que Deus teria dirigido o processo de evolução em nosso planeta também ao longo de bilhões de anos. Na etapa seguinte, isso nos conduz para a aceitação de que a morte é parte do processo natural da criação de Deus, o que nos leva a um ponto crítico: se a morte não é resultado do pecado de Adão e Eva em desobedecer a Deus (como diz Gênesis), então concluo, dentre algumas possibilidades, que a linguagem do livro de Gênesis é simbólica e, portanto, esses personagens nunca existiram como fato histórico.

Na etapa seguinte o pensamento se propaga e enraíza destruindo toda a base da fé cristã. Isso porque, se a história de Gênesis não é real, então não haveria a necessidade de Jesus ter vindo morrer numa cruz a fim de salvar a humanidade de seus pecados e da morte, e tampouco voltar uma segunda vez para nos levar para a vida eterna. Opa, chega-se a um impasse! “Será que também todo o restante da Bíblia é simbólico?” Essa é a conclusão a que chegam os que aceitam o evoteísmo. Você consegue enxergar como esse pensamento vai minando desde o Antigo até o Novo Testamento?

Caso você queira conhecer em detalhes os inúmeros problemas teológicos, filosóficos e científicos que podem ser encontrados na perigosa proposta evoteísta, deixo como indicação o livro Theistic Evolution: A Scientific, Philosophical, and Theological Critique. Em relação a esse livro, o Dr. James N. Anderson, professor associado de Teologia e Filosofia no Seminário Teológico Reformado (Charlotte, EUA), comenta:

 “Os evangélicos estão experimentando uma pressão sem precedentes para fazer as pazes com a teoria da evolução darwinista, e números crescentes estão hasteando a bandeira branca. A trágica ironia é que a teoria neodarwinista está mais ameaçada do que nunca, em face de múltiplos desafios científicos e discordâncias crescentes. Até agora não houve uma resposta acadêmica consolidada à evolução teísta que combinasse – quanto às desse livro – críticas científicas, filosóficas e teológicas. Os editores reuniram um elenco impressionante de especialistas e o conteúdo é de alto nível. Evolucionistas teístas, e aqueles influenciados por seus argumentos, devem ler e digerir este compêndio de ensaios.” 

Hoje, ao que tudo parece, a maior instituição que propaga de forma implícita essas ideias no Brasil é a Associação Brasileira de Cristãos na Ciência (ABC2), com 27 grupos locais alcançando, principalmente, os grandes centros universitários. Apesar de seu intento em evitar mencionar sua proposta “evolucionista teísta”, conforme pode ser visto em “Quem somos”, ao mencionar um dos parágrafos de seu estatuto o qual diz: “Enquanto organização, a ABC² não toma posição quando há desacordo honesto entre cristãos em uma questão.”

Em uma notícia divulgada sobre o lançamento do Discovery-Mackenzie, a ABC2 também comenta sua estratégia e sua suposta imparcialidade quanto a se posicionar como evoteísta: “Temos procurado contribuir para o diálogo com a difusão de material da linha menos difundida no Brasil entre os evangelicais (a da criação evolucionária), sem, contudo, nos identificarmos com ela enquanto instituição. Pelo contrário, o que desejamos com isso é que todas as vertentes estejam mais bem representadas no país e aprendam a dialogar com mais profundidade e sem caricaturas.”

Porém, o jornalista Marcio Campos, da Gazeta do Povo, publicou uma matéria intitulada Criacionismo recua nos Estados Unidos, na qual faz o seguinte comentário acerca da ABC2: “A ABC2 afirma, sim, que o material que difunde pende para a linha da ‘criação evolucionária’, que é a menos popular entre os protestantes brasileiros, mas que a instituição está aberta a defensores de todas as correntes, e por isso a entidade dá as boas-vindas ao núcleo do Mackenzie, esperando que ele não adote uma posição de isolamento.”

Também é importante mencionar que a ABC2 tem recebido recursos milionários da Fundação Internacional Templeton World Charity Foundation (TWCF), conhecida também como John Templeton Foundation. Dessa forma, eles têm organizado uma série de conferências em âmbito nacional e regional e produzido muitos materiais acessíveis como, por exemplo, cinco cursos a distância (EaD), texto escancaradamente evoteísta publicado em sua página sob o título “Criação,Evolução e Cristãos Leigos”, uma série de livros sobre ciência e religião, tal como o do título Deus e DarwinPensamento evolutivo e teologia natural, e documentários como “O Diálogo Entre Fé Cristã e Ciência no Brasil”.

Além disso, parece que a ABC2 tem flertado com a Biologos, instituição publicamente evoteísta fundada pelo Dr. Francis Collins, aquele do Projeto Genoma Humano. A Biologos admite o seguinte em seu “Quem somos”, no tópico “Missão”: “O BioLogos convida a igreja e o mundo a ver a harmonia entre a ciência e a fé bíblica à medida que apresentamos uma compreensão evolucionária da criação de Deus.” Uma coisa é certa: a ABC2 tem divulgado constantemente as conferências da Biologos.

Também tem traduzido e divulgado entrevistas com eminentes evolucionistas teístas em seu site como, por exemplo, a entrevista com Denis R. Alexander, autor do Livro Criação ou Evolução: Precisamos Escolher?, que chega a afirmar o seguinte em sua entrevista: “O que as igrejas precisam fazer é mostrar como a evolução, como uma teoria biológica, é perfeitamente compatível com uma fé cristã sólida. Isso significa que não há necessidade de rejeitar uma teoria tão bem fundamentada. Eu tenho sido um crente evangélico nos últimos 58 anos e nunca duvidei da teoria da evolução.”

Agora pergunto: Seria mera coincidência toda essa divulgação da ABC2 em prol do evoteísmo? Outra entrevista curiosa divulgada em seu site foi a realizada com o teólogo Dr. Gijsbert van den Brink da Faculdade de Teologia da Vrije Universiteit Amsterdam, na qual recomenda: “Os cristãos não deveriam investir energia no combate à teoria evolucionista, mas deveriam se concentrar em distinguir a sóbria teoria científica da evolução (grande parte dos quais são bastante convincentes) da ideologia anticristã do evolucionismo. É contra este último movimento cultural que a batalha espiritual tem de ser travada. Os cristãos não devem, no entanto, combater o que hoje em dia conta (por boas razões) como resultados estabelecidos da pesquisa científica.”

Recentemente, por fim, mais uma vez a mesma organização financiadora da ABC2 aqui no Brasil, a John Templeton Foundation, foi noticiada por meio de uma matéria na página do Instituto Smithsoniano, intitulada “Como falar com os evangélicos sobre a evolução”, como financiadora da popularização da macroevolução humana a partir dos fósseis de supostos hominídeos, lá nos EUA, para o público evangélico. A matéria diz: “Uma organização com bons recursos que apoia os esforços para trazer a harmonia entre a religião e a ciência.”

Mera coincidência ou decisões intencionais?

(Everton Alves)

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