terça-feira, abril 29, 2014

Não somos todos macacos, somos criados por Deus

Daniel Alves: mais um alvo do racismo
O episódio envolvendo o lateral Daniel Alves foi a gota d’água para o início de uma mobilização mundial. Desde então, “somos todos macacos”, uma ideia do estafe de Neymar em parceria com a agência de publicidade Loducca ganhou as redes sociais e o apoio até mesmo da presidente Dilma Rousseff [embora haja quem desconfie de tudo isso]. Tudo começou quando Neymar viveu os primeiros casos de racismo na Espanha ao lado do companheiro Daniel Alves; no jogo do Barcelona diante do Espanyol, em março, gritos de macaco foram direcionados aos dois brasileiros e uma banana foi arremessada em campo; pouco mais de um mês depois, na derrota para o Granada, o camisa 11 sofreu ofensas racistas quando deixou o ônibus da equipe no Camp Nou. Guga Ketzer, sócio e vice-presidente de criação da agência Loducca, explica que o movimento surgiu para tirar a força da palavra do agressor preconceituoso. “Como quando somos crianças e sofremos com um apelido. Se você se incomodar muito ele com certeza vai pegar. Por isso a nossa ideia era de não fugir da briga, de encarar a polêmica e engolir o problema.” De acordo com o publicitário, “somos todos macacos” não é uma campanha, mas sim um movimento.

“Estamos sempre em contato com a equipe do Neymar e já vínhamos planejando algum tipo de manifestação. Pensamos nessa ideia, mas não era para sair agora, estávamos esperando o timing certo. E aconteceu agora com o caso do Dani Alves.” O gesto do lateral brasileiro, que comeu uma banana atirada por torcedores do Villarreal dentro de campo no último domingo (28), vem repercutindo nas redes sociais com a hashtag #somostodosmacacos. Em sua conta no Instagram, Dani Alves mandou o seguinte recado logo depois do ocorrido: “Meu pai sempre me falava: filho, coma banana que evita cãibras. Como adivinharam isso? Hahaha.”

Já nesta segunda-feira (28), publicou: “Meu Brasil brasileiro, verde, amarelo, preto, branco e vermelho. Somos um povo alegre com samba no pé e é com alegria e ousadia que a gente tem que se manifestar. Olha a banana, olha o bananeiro... Sou baiano, sou brasileiro... Estamos mais fortes do que nunca, o sorriso é a nossa proteção, a musica é a nossa espada... Nos vemos na Copa... Estamos juntos! #deusnocomando #somostodosmacacos #danidobrasil #amadajuazeiro.”


Nota: Toda e qualquer reação contra o absurdo do racismo é muito bem-vinda, no entanto, essa campanha #somostodosmacacos guarda certa sutileza evolucionista (ainda que talvez Neymar nem tenha se dado conta disso). Na verdade, não somos todos macacos. Ninguém é macaco e somos muito mais do que isso: somos a imagem e semelhança de Deus, o que nos torna qualitativamente superiores aos animais. Na visão criacionista, somos todos criaturas de Deus (Isaías 64:8) e, justamente por isso, iguais, apesar da diversidade étnica. Somos descendentes de um mesmo casal, Adão e Eva, o que nos torna irmãos (Atos 17:26). A cosmovisão criacionista, se aceita, seria a solução para qualquer tipo de racismo, pois aponta para uma mesma origem humana e não considera ninguém mais ou menos “evoluído” do que qualquer outra pessoa. Darwin, em seu livro menos conhecido, The Descent of Man, é que dá margem para pensamentos racistas (confira). Ao assumir que somos todos macacos, estamos, na verdade, aceitando o rebaixamento à condição de animais, o que faz parte da pregação evolucionista. Essa campanha seria bem melhor se usasse como hashtag #SomosTodosCriadosPorDeus. É isso o que nos dá valor ontológico. É isso o que nos torna realmente iguais. É isso o que torna o racismo um absurdo. [MB]